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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Queres ser Filósofo ou Homem Comum?




"Homem! Examina primeiro de que qualidade é a coisa, depois observa a tua própria natureza para saber se a podes suportar. 

Desejas ser pentatleta ou lutador? Olha teus braços e coxas. Observa teus flancos, pois cada um nasceu para uma coisa. Crês que, sendo filósofo, podes comer do mesmo modo, beber do mesmo modo, ter regras e falta de humor semelhantes? 

É preciso que faças vigílias, que suportes fadigas, que te afastes da tua família, que sejas desprezado pelos servos, que todos riam de ti, que tenhas a menor parte em tudo: nas honras, nos cargos públicos, nos tribunais, em todo tipo de assunto de pequena monta. 

Examina essas coisas se queres receber em troca delas a ausência de sofrimento, a liberdade e a tranquilidade. Caso contrário, não te envolvas. [...] 

É preciso que cultives a tua própria faculdade diretriz ou as coisas exteriores. É preciso que assumas ou a arte acerca das coisas interiores ou acerca das exteriores. Isto é: que assumas ou o posto de filósofo ou o de homem comum."
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Fonte: “Manual de Epicteto”, aforismo 29.5. Editora Createspace PUB, pág. 40 - Imagem: Baruch Espinoza após ser excomungado pela comunidade de rabinos — ilustração de Szmul Hirszenberg (domínio público)

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

10 lições de Benjamin Franklin para você conseguir o que quiser




A face de Ben Franklin estampa a nota de 100 dólares (EUA)*
Franklin foi um homem de ação. Durante a sua vida, a curiosidade e a paixão alimentaram várias áreas do conhecimento: ele foi escritor, editor, diplomata, inventor, etc.

Benjamin Franklin deixou um grande legado aos Estados Unidos e à humanidade. Aliás, ele foi um dos fundadores da maior potência do mundo. Franklin inventou o para-raios, as lentes bifocais e foi o responsável pelo estabelecimento da primeira biblioteca pública dos Estados Unidos.

De toda esta genialidade e da vida do gênio, podemos extrair 10 lições para conseguir qualquer coisa:

1- "Bem feito é melhor do que bem dito"

Falar demasiado sobre um projeto não significa que vás realiza-lo. Deixa de lado a conversa e passa à ação! Quem só fala e nada faz perde a credibilidade. Pode parecer óbvio, mas a melhor forma para conquistares as tuas metas é começares de imediato a trabalhar nelas.

2- "Nunca deixes para amanhã o que podes fazer hoje"

Esta é uma das citações mais famosas de Benjamin Franklin. Com uma lista de feitos enorme, o inventor não era preguiçoso. Portanto, nada de procrastinar. Estabelece metas plausíveis e realiza-as o mais rápido possível.

3- "Se não te preparas, preparas-te para falhar"

Precisas de um plano para alcançar os teus objetivos. Não adianta sobrecarregares-te de metas se não as planeaste. Sê sistemático e realista.

4- "Quando terminares de mudar, terminaste tudo"

Não lutes contra as mudanças, elas são inevitáveis. Pensa na quantidade de coisas que já mudaram desde que nasceste. Muito mudou desde então. Pensa agora em quantos anos tem o planeta e por quantas mudanças passamos ao longo da história. Não há como lutar contra ela, a única hipótese é adaptares-te.

5- "A humanidade está dividida em 3 classes de pessoas: as que são imóveis, as que são móveis e as que se mexem"

As pessoas que se mexem são aquelas que tomam decisões e agem enquanto que os imóveis são aqueles que se sentam a coçar a cabeça e a pensar como é que os outros conseguiram ser tão bem sucedidos. A que grupo queres pertencer?

6- "Não confundas emoção com ação"

Faz com que as tuas ações tenham sentido. Não é porque agiste, que significa que trabalhaste e que fizeste algo de bom. Pensa antes de agir, e de preferência, sempre com o objetivo de ajudar os outros – e a ti também.

7- "Não tenhas medo de errar"

Permite-te errar. Se nos sentimos assustados, temos medo de tentar novas coisas e de inovar. O medo deixa-nos acomodados na nossa zona de conforto mas para atingirmos grandes feitos temos de arriscar.

8- "Está em guerra com os teus vícios, em paz com os teus vizinhos e deixa que cada novo ano te transforme em alguém melhor"

Ou seja, está sempre a crescer. Luta contra as tuas dificuldades, honra os teus amigos e verás que, a cada ano que passa, serás uma pessoa melhor.

9- "Há 3 coisas extremamente duras: o aço, o diamante e o conhecimento de nós próprios"

Compreendermo-nos a nós próprios não é fácil. É muito mais simples ter uma imagem romantizada de nós próprios ou, simplesmente vermo-nos através dos olhos dos outros. Começa a ser brutalmente honesto contigo mesmo e segue a tua jornada mas sendo compreensivo, compassivo e tolerante.

10- "A tragédia da vida é que envelhecemos muito rapidamente e tornamo-nos sábios demasiado tarde"

É provável que já tenhas pensado desta forma: “se ao menos eu soubesse disso naquela época...” Infelizmente, não podemos voltar atrás. Por isso, temos que nos enriquecer culturalmente o quanto antes e agir sempre racionalmente para não nos arrependermos depois.
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Fonte:  Universia Portugal - Imagem: Wikimedia Commons/Autor: Governo dos Estados Unidos  (*obs.: esta é uma imagem de domínio público nos EUA e é reprodução de moeda corrente naquele país, aqui usada com caráter meramente ilustrativo - o uso fraudulento desta imagem acarretará em punição aplicável por lei)

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Introdução ao Fédon de Platão



A morte de Sócrates, de Jacques-Louis David (1787),  Museu Metropolitano de Arte, Nova Iorque (CC BY-SA 3.0)

por Joaquim de Carvalho*

"Para Platão, as almas individuais seriam, pois, a manifestação passageira e puramente fenoménica da Ideia impessoal e eterna.

Esta interpretação, que se apresentou com a robustez da argumentação e a firmeza de algumas bases, encontrou adversários à altura do seu expositor, bastando citar o gigantesco historiador da Filosofia dos Gregos, Edouard Zeller, e, sobretudo, o insigne Alessandro Chiappelli, com a perdurável monografia Della interpretazione panteística di Platone, modelo de erudição e de penetração crítica, além de outros que só incidentalmente dela se ocuparam, como o investigador que mais intimamente devassou os mistérios helénicos do culto da alma e da crença na imortalidade, Erwin Rhode, no famoso livro Psyché.

Com a notável discussão pôs-se a claro uma contradição intrínseca do Platonismo, a saber, o antagonismo da noção de parousia, isto é, da explicação da existência do ser das coisas pela presença das Ideias, com a noção de realidade própria das coisas, visto que a teoria das Ideias tem precisamente a sua motivação na dualidade do sensível e do inteligível, do mutável e do imutável, do fenómeno e da ideia.

A parousia fundamenta a interpretação imanentista ou panteísta, e portanto a impossibilidade lógica da imortalidade das almas individuais — pelo que Teichmüller foi levado a dizer que as referências de Platão à imortalidade tinham carácter mítico e obedeciam a intenções protrépticas, isto é, de doutrinação moral para o povo mas sem valor intrínseco.

A noção de realidade inerente ao sensível, pelo contrário, conduz à interpretação dualista ou transcendentalista das Ideias, na qual a imortalidade das almas encontra justificação teórica.

O debate pode ser considerado sob o ponto de vista geral, em função da totalidade dos escritos platónicos, e sob o ponto de vista particular do Fédon, isto é, da feição que a teoria das Ideias apresenta neste diálogo e da conceção da imortalidade subjacente à conversação de Sócrates.

A exposição do assunto sob o primeiro aspeto importava o exame completivo da teoria das Ideias, o qual nos afastaria do nosso objetivo; por isso, consideraremos apenas o segundo aspeto.

Como dissemos acima, o Fédon não apresenta uma posição terminante e clara quanto ao problema das relações do sensível e do inteligível. Daí a possibilidade de nele se encontrar um panteísmo como que latente, ou talvez mais exatamente irradiante, visto as ideias poderem ser consideradas como essências germinantes das aparições sensíveis; e pode também encontrar-se o transcendentalismo, pois as sucessivas transmigrações implicam a existência das almas independente dos corpos em que podem encarnar-se.

Se deixou este e outros problemas na obscuridade, Platão estabeleceu, no entanto, com clareza o dualismo irredutível do sensível e do inteligível, designadamente com a enumeração das notas características das Ideias, que no Fédon são indicadas como essências sempre idênticas a si mesmas, imutáveis, invisíveis e só apreensíveis pela razão (Hic., pp. 46-7).

A afirmação da existência ôntica do «imaterial», isto é, das Ideias (eidos, palavra que aparece pela primeira vez no Fédon), independente da realidade material sensível, constitui precisamente um dos geniais descobrimentos de Platão. Até ao idealismo platónico, como testemunham os escritos hipocráticos, as ideias eram concebidas corporeamente, isto é, as ideias das qualidades dos corpos eram consideradas materialmente como a água e os outros elementos; por isso, Taylor não hesitou em dizer que um dos méritos do Fédon consiste precisamente no descobrimento da imaterialidade e em ter aplicado a noção de ideia ao Bem e ao Belo.


Tudo isto inclina fortemente para o dualismo da alma e do corpo e para a concessão transcendentalista das Ideias em relação ao espírito, e a inclinação volve-se em certeza, pois, como observou Chiappelli, o Fédon distingue claramente a alma da ideia de vida a que ela participa. É de crer que Platão se não deteve neste assunto com a demora que hoje desejaríamos porque o intento do Fédon não consistia em mostrar como o sensível é explicado pelo inteligível. 

O seu objetivo não era epistemológico nem mesmo ontológico. A par do retrato moral de Sócrates no derradeiro dia de vida, talvez exageradamente encomiástico, Platão quis mostrar como é possível fundamentar racionalmente a crença na imortalidade; por isso, disse da teoria das Ideias e do conhecimento que delas tem a alma apenas o que julgou necessário ao propósito. Disse porém o bastante para levar ao convencimento de que a teoria apoiava a imortalidade das almas individuais, tanto mais que, como observou Rhode, Platão fala sempre «de imortalidade, isto é, da eternidade da alma individual, e em parte alguma da imperecibilidade da «natureza universal» da alma» — o que evidentemente afasta do Platonismo a concessão imanentista ou panteísta das Ideias.

À luz desta interpretação transcendentalista, a imortalidade das almas individuais torna-se compatível com o idealismo platónico; e por conseguinte é com este sentido que deve ler-se o discutido passo em que Cebes reconhece a imperecibilidade da alma:

«Quando a morte se aproxima do homem, segundo parece, morre só a que nele há de mortal; mas a parte imortal, essa retira-se, ilesa à destruição, cedendo o lugar à morte.

— É claro.

— Com toda a certeza, pois ó Cebes, concluiu Sócrates, a alma é imortal e imperecível; e as nossas almas subsistirão realmente no Hades» (Hic., p. 100).

Para além da fundamentação epistemológica e ontológica, podem ainda encontrar-se no Fédon outras razões, mais de ordem moral que dialética, designadamente no prelibar da morte que a Filosofia proporciona à alma, e, apesar de enleadas no mito, nas alusões às sanções futuras, só compatíveis com a imortalidade das almas individuais.

Imortalidade das almas individuais, ou imortalidade das almas pessoais?

É o último tema que cumpre examinar e cuja interrogação só na aparência especiosa, assenta, como é óbvio, na distinção dos conceitos de indivíduo e de pessoa. O problema implica apurar o que da alma Platão considerava imortal e se a sua noção de alma individual tem a densidade ética da nossa atual noção de pessoa.

Dirigindo-se aos juízes que o absolveram, Sócrates disse-lhes que a morte ou é um sono sem sonhos e sem qualquer sensação, ou é o trânsito deste sítio para outro em que o justo conviverá beatificamente com os que outrora foram justos. A disjuntiva exprime, evidentemente, a vacilação da crença e da razão, visto colocar a imortalidade no campo do possível que não no da realidade.

Qualquer que seja a amplitude que se confira ao contraste da Apologia e do Fédon, ou por outras palavras, do Sócrates que admite a possibilidade da imortalidade, do Sócrates que crê e está convencido racionalmente de que as almas humanas são imortais, tudo leva a crer que Platão não levou tão longe a dúvida como o seu Mestre, por haver sentido com vigor o enlevo místico que deu alento às aspirações purificadoras da alma no culto de Diónisos, ao ascetismo das seitas órficas e à crença esotérica e disciplina congregante do Pitagorismo."
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Fonte: joaquimdecarvalho.org (reprodução)
Joaquim de Carvalho GCSE

*Joaquim de Carvalho (1892 — 1958) foi um distinto professor de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde leccionou a disciplina de Filosofia Moderna, Moral, Filosofia Antiga e História da Pedagogia, em ligação às disciplinas de História da Educação e Pedagogia que leccionou no Curso Normal Superior de Coimbra. Recebeu a honra de Cavaleiro da Légion d'Honneur. Leia mais...

Historiador da Filosofia e da Cultura, pensador e ensaísta, erudito e professor, Joaquim de Carvalho foi, nas quatro décadas que vão de 1918 a 1958, ano da sua morte, uma das maiores figuras, em Portugal, dos estudos a que se dedicou, e em todos estes domínios do scibile deixou a marca duradoura da sua personalidade de exceção. Leia mais...

NOTA: "Fédon" é um dos grandes diálogos de Platão de seu período médio, juntamente com a "A República e O Banquete". Fédon, que retrata a morte de Sócrates, também é o quarto e último diálogo de Platão a detalhar os últimos dias do filósofo depois das obras "Eutífron, Apologia de Sócrates" e "Críton". O tema da obra Fédon é considerado ser a imortalidade da alma. O Fédon foi traduzido pela primeira vez do grego para latim por Henry Aristippus em 1155.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

O direito originário dos indígenas às terras que ocupam



Em que consiste o direito originário dos povos indígenas às terras que ocupam?


Ainda no século XVII, a Coroa Portuguesa havia editado diplomas legais que visavam coadunar o processo de colonização com o resguardo de direitos territoriais dos povos indígenas, a exemplo do Alvará Régio de 1680, primeiro reconhecimento, pelo ordenamento jurídico do Estado português, da autonomia desses povos, seguido da Lei de 06 de junho de 1755, editada pelo Marquês de Pombal. 

Juntos, esses diplomas reconheceram o caráter originário e imprescritível dos direitos dos indígenas sobre suas terras, compondo o que o Direito Brasileiro dos séculos XIX e XX chamou de instituto do indigenato, base dos direitos territoriais indígenas posteriormente consagrados no art. 231 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB). 

 Alvará Régio de 1º de abril de 1680 assim consignava:
[...] E para que os ditos Gentios, que assim decerem, e os mais, que há de presente, melhor se conservem nas Aldeias: hey por bem que senhores de suas fazendas, como o são no Sertão, sem lhe poderem ser tomadas, nem sobre ellas se lhe fazer moléstia. E o Governador com parecer dos ditos Religiosos assinará aos que descerem do Sertão, lugares convenientes para neles lavrarem, e cultivarem, e não poderão ser mudados dos ditos lugares contra sua vontade, nem serão obrigados a pagar foro, ou tributo algum das ditas terras, que ainda estejão dados em Sesmarias e pessoas particulares, porque na concessão destas se reserva sempre o prejuízo de terceiro, e muito mais se entende, e quero que se entenda ser reservado o prejuízo, e direito os Índios, primários e naturais senhores delas.
Tal direito – congênito e originário – dos indígenas sobre suas terras, independente de titulação ou reconhecimento formal, consagrado ainda no início do processo de colonização, foi mantido no sistema legal brasileiro, por meio da Lei de Terras de 1850 (Lei 601 de 1850), do Decreto 1318, de 30 de janeiro de 1854 (que regulamentou a Lei de Terras), da Lei nº 6.001/73, das Constituições de 1934, 1937 e 1946 e da Emenda de 1969.

Todavia, até os anos 1970, a demarcação das terras indígenas, amparada na Lei 6001/73 (Estatuto do Índio) pautava-se pelo modelo da sociedade dominante, qual seja, a moradia fixa associada exclusivamente ao trabalho agrícola, desconsiderando que a subsistência de vários povos baseia-se na caça, na pesca e na coleta, atividades que exigem extensões mais amplas que o contorno imediato das aldeias. 

Desse modo, a perspectiva etnocêntrica e assimilacionista vigorou na tradição do direito até 1988 quando, devido à luta do movimento indígena e de amplos setores da sociedade civil, em meio ao processo de redemocratização do país, foi sancionado na nova Constituição o princípio da diversidade cultural como valor a ser respeitado e promovido, superando-se definitivamente o paradigma da assimilação e a figura da tutela dos povos indígenas.

Nos anos 1990, a garantia do direito originário dos povos indígenas às suas terras passou a se alicerçar sobre o estudo minucioso da territorialidade dos diferentes povos indígenas, considerando-se não apenas seus usos passados e presentes, mas também a perspectiva de uso futuro, tudo isso "segundo seus usos, costumes e tradições", conforme o artigo 231 do texto constitucional.
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Fonte: web:http://www.funai.gov.br/index.php/2014-02-07-13-26-02 (reprodução)

domingo, 25 de novembro de 2018

O Método da Dúvida, por René Descartes



Método da dúvida

Método da dúvida é um instrumento metodológico longo associado ao filósofo francês Descartes. O método da dúvida também é conhecido como dúvida metódica, dúvida hiperbólica ou dúvida cartesiana.

Técnica

O método de dúvida hiperbólica de Descartes incluía:

  • Aceitar apenas informações que você sabe ser verdade
  • Quebrar essas verdades em unidades menores
  • Resolver os problemas simples primeiro
  • Fazer listas completas de outros problemas

A dúvida hiperbólica significa ter a tendência de duvidar, pois é uma forma extrema ou exagerada de dúvida. Em seu Meditações sobre Filosofia Primeira (1641), Descartes resolveu duvidar sistematicamente de que qualquer uma de suas crenças era verdadeira, a fim de construir, a partir do zero, um sistema de crenças que consistisse apenas em crenças certamente verdadeiras. Considere as linhas iniciais de Descartes em Meditações:

"Já se passaram vários anos desde que me dei conta de que havia aceitado, mesmo desde a minha juventude, muitas opiniões falsas como verdadeiras, e que, consequentemente, o que depois baseei em tais princípios era altamente duvidoso; e desde aquela época eu estava convencido da necessidade de me comprometer uma vez em minha vida de me livrar de todas as opiniões que eu havia adotado, e de começar outra vez o trabalho de construir desde a fundação"...
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Fonte: René Descartes, Meditation I, 1641

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

As três peneiras de Sócrates

"...Sempre que passar pelas três peneiras, conte! Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o mundo e fomentar a discórdia."
Um homem foi ao encontro de Sócrates, levando ao filósofo uma informação que julgava de seu interesse:


- Mestre, o senhor nem imagina o que me contaram a respeito de um amigo seu. Disseram que o ... Nem chegou a completar a frase e Sócrates aparteou:

- Espere um pouco. Disse o mestre. - O que vai me contar já passou pelo crivo das Três Peneiras?

- Peneiras? Que Peneiras, mestre?

- Explico. Disse Sócrates. - A primeira é a peneira da VERDADE: Você tem certeza de que esse fato é absolutamente verdadeiro?

- Não. Não tenho, não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram. Mas eu acho que... E novamente é interrompido.

- Então sua história já vazou a primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira que é a da BONDADE: O que você vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito?

- Claro que não! Deus me livre! Disse o homem, assustado.

- Então. Continua Sócrates - Sua história vazou também a segunda peneira. Vamos ver a terceira peneira, que é a da NECESSIDADE: Convém contar? É realmente importante a divulgação desta informação? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade?

- Devo confessar que não. Disse o homem, envergonhado.

- Então, disse-lhe o sábio, se o que queres me contar não é VERDADEIRO, nem BOM e nem NECESSÁRIO ...

... GUARDE APENAS PARA TI!

E ainda arrematou:

- Sempre que passar pelas três peneiras, conte! Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o mundo e fomentar a discórdia.

Fonte: página "Chico Xavier e amigos", do Facebook (reprodução)

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Dia da Bandeira do Brasil



No dia 19 de novembro comemora-se o Dia da Bandeira do Brasil, a data marca a mudança da antiga bandeira, que representava o Império, para a atual bandeira. Com o fim do período Imperial (1822-1889), a bandeira que representava o império foi substituída. Essa comemoração passou a fazer parte da história do país após a Proclamação da República, no ano de 1889. Esta data não é feriado nacional no Brasil.

Dia da Bandeira no Brasil

Em 19 de novembro de 1889, o então recém-instalado governo republicano do Brasil trocou a antiga bandeira imperial pela bandeira da República. A nova bandeira, desenhada por Décio Vilares, foi adotada pelo decreto nº 4 no dia 19 de novembro de 1889.

No dia 11 de maio de 1992 a bandeira brasileira passou a ter 27 estrelas, no lugar de 22, de forma a incluir os novos estados da federação. A Bandeira do Brasil simboliza a pátria e a união entre os estados e desde o início serviu para aumentar o sentimento de união entre todos os brasileiros.

O Dia da Bandeira é comemorado com várias atividades, onde normalmente se canta o Hino à Bandeira. Em Brasília (DF), a principal cerimônia envolvendo o assunto é a da troca da Bandeira Nacional, que ocorre a cada primeiro domingo do mês. Há um sistema de rodízio entre as Forças Armadas e o governo do Distrito Federal na coordenação do evento. 

No dia da cerimônia, a Bandeira Nacional é hasteada no mastro da Praça dos Três Poderes. Com 280 metros quadrados, a bandeira é a maior do País. No ensino fundamental, são obrigatórias as aulas sobre os símbolos nacionais: a Bandeira Nacional, o Hino Nacional, as Armas Nacionais e o Selo Nacional.

Características e Cores da Bandeira do Brasil

A Bandeira Nacional, um dos principais símbolos do Brasil, reúne uma série de detalhes obrigatórios que devem ser obedecidos, de acordo a com a legislação. O tamanho, a precisão nas cores, a disposição das estrelas que representam os estados e da faixa central devem ser seguidos à risca, assim como a forma como ela é homenageada e guardada. 

As cores oficiais da bandeira brasileira são o verde, amarelo, azul e branco, com a frase "Ordem e Progresso".

Cada cor possui um significado distinto:

  • "branco", significa o desejo pela paz
  • "azul", simboliza o céu e os rios brasileiros
  • "amarelo", simboliza as riquezas do país
  • "verde", simboliza as matas (a rica floresta brasileira)

No entanto, as cores verde e amarelo já estavam presentes na antiga bandeira brasileira imperial. O verde significava o Casa de Bragança, de Dom Pedro I e o amarelo, a Casa dos Habsburgos, de Dona Leopoldina.

O pavilhão verde e amarelo foi criação do pintor francês Jean-Baptiste Debret.

Vista da fachada do Palácio do Planalto e do Pavilhão Nacional do Brasil em Brasília (Flickr / CC-BY-2.0)

Hino à Bandeira

O hino à Bandeira tem letra do poeta Olavo Bilac e música de Francisco Braga. Foi adotado em 1906 e é tocado especialmente em Brasília, por ocasião da troca de bandeiras e em comemorações cívicas.

"Salve lindo pendão da esperança!
Salve símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.

Recebe o afeto que se encerra
em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever,
E o Brasil por seus filhos amado,
poderoso e feliz há de ser!

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre, sagrada bandeira
Pavilhão da justiça e do amor!

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!"

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Fonte: Governo do Brasil, Força Aérea Brasileira, Portal Brasil, Calendarr e Wikipédia - Imagem: Flickr

domingo, 18 de novembro de 2018

"O Solitário": por Nietzsche, em "A Gaia Ciência"

Martin Heidegger, caminhando pela Floresta Negra

O Solitário


"Para mim é odioso seguir e também guiar.
Obedecer? Não! E tampouco — governar!

Quem não é terrível para si, a ninguém aspira terror: E somente quem aspira terror é capaz de comandar. Para mim já é odioso comandar a mim mesmo! 

Gosto, como os animais da floresta e do mar, 
De por algum tempo me perder,
De permanecer num amável recanto a cismar, 
E enfim me chamar pela distância,
Seduzindo-me para — voltar a mim."

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Fonte: Friedrich Wilhelm Nietzsche, in A Gaia Ciência – poema 33, p. 33. São Paulo: Companhia das Letras, 2001 - Imagem: Martin Heidegger caminhando pela Floresta Negra, na pequena cidade de Meßkirch [sua cidade natal], distrito de Kaden, no interior da Alemanha (domínio público)

sábado, 17 de novembro de 2018

As 13 virtudes de Benjamin Franklin



Benjamin Franklin
Benjamin Franklin (1706/1790) foi um grande jornalista, editor, autor, filantropo, político, abolicionista, funcionário público, cientista, diplomata, inventor e enxadrista dos Estados Unidos. 

Um dos líderes da Revolução Americana, é mundialmente conhecido por suas citações e experiências com a eletricidade. Religioso, calvinista, e uma figura representativa do iluminismo, foi um dos principais dignitários da maçonaria americana. Correspondeu-se com membros da sociedade lunar e foi eleito membro da Royal Society.
“Nunca cheguei à perfeição que eu tinha sido tão ambicioso em obter, e fiquei muito aquém dela. Mas eu era, pelo esforço, um homem melhor e mais feliz do que eu deveria ter sido se não tivesse tentado isso.” ~Ben Franklin
Em 1726, com 20 anos, Benjamin Franklin criou um sistema para desenvolver seu caráter. Em sua autobiografia, Franklin listou as 13 virtudes abaixo:

  1. Temperança: coma sem se empanturrar; beba sem se elevar.
  2. Silêncio: Não fale se não beneficiar outros ou a si próprio; evite conversações superficiais.
  3. Ordem: Faça suas coisas terem seus lugares; faça cada parte dos seus afazeres terem seu horário.
  4. Resolução: Decida quais ações irá realizar; realize sem falhas o que decidir.
  5. Frugalidade: Não crie gastos exceto para fazer bem a você ou outros; não desperdice nada.
  6. Indústria: Não perca tempo; esteja sempre empregado em algo útil; corte todas as ações desnecessárias.
  7. Sinceridade: Não engane; pense inocentemente e de forma justa, e, se falar, fale de acordo com isso.
  8. Justiça: A ninguém prejudicar fazendo-lhe injustiça ou furtando-se a fazer-lhe o bem que lhe seja devido.
  9. Moderação: Evite extremos; tolere injúrias o quanto puder.
  10. Limpeza: Não tolere a sujeira no corpo, roupas ou habitação.
  11. Tranquilidade: Não se perturbe com trivialidades ou acidentes comuns ou inevitáveis.
  12. Castidade: Não use o sexo exceto para fins de saúde e procriação; nunca até a languidez, fraqueza ou de modo a atacar a reputação de outro ou de si mesmo.
  13. Humildade: Imite Jesus e Sócrates.

Ben fez um caderninho em que conferia dia a dia como havia se comportado em relação às virtudes listadas. 

O objetivo era diminuir o número de pontos, indicando uma ‘vida limpa’, livre do vício ou virtuosa.

Ele também se preocupou em dar foco em um objetivo a cada semana, colocando o título na parte superior do cartão, seguido de uma breve descrição. 

Dessa forma, após 13 semanas, ele havia se preocupado por todas as 13 virtudes e então poderia iniciar o processo novamente.

Mesmo que com o passar do tempo, ele viu as marcas diminuírem nos cartões, nunca chegou a cumprir sua meta de perfeição moral, devido à suas falhas mais do que conhecidas (mulherengo e beberrão, que davam-lhe problemas com a castidade e temperança), mas sentiu que se beneficiou com essa tentativa.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

O Crime de Existir, por Arthur Schopenhauer



Considerada uma das obras clássicas da filosofia alemã, 'As dores do mundo', publicado em 1850, apresenta uma série de reflexões de Arthur Schopenhauer sobre a existência, propondo uma nova forma de se pensar a dor e a felicidade. 

Temas como o amor, a morte, a arte, a moral, a religião, a política, o homem e a sociedade ilustram a teoria exposta por Schopenhauer na presente obra, que é indicada a todos os estudiosos e pensadores da conduta humana. 

O Crime de Existir

"É um fato deveras notável e realmente digno de atenção, que o objeto de toda a alta poesia seja a representação do lado medonho da natureza humana, a dor sem nome, os tormentos dos homens, o triunfo da maldade, o domínio irônico do acaso, a queda irremediável do justo e do inocente: é este um sinal notável da constituição do mundo e da existência... 

Não vemos nós na tragédia os entes mais nobres, após longos combates e prolongados sofrimentos, renunciarem para sempre aos desígnios que até ali perseguiam com violência, ou desviarem-se de todos os gozos da vida voluntariamente e com prazer: como o príncipe de Calderon; Gretchen no Fausto, Hamlet a quem o fiel Horácio seguiria da melhor vontade, mas que lhe promete ficar e viver ainda algum tempo num mundo tão cruel, tão cheio de dores, para contar o destino de Hamlet e purificar-lhe a memória; assim também Joana d'Arc, e a noiva de Messine: todos morrem purificados pelos sofrimentos, isto é, depois de se extinguir neles a vontade de viver...

O verdadeiro sentido da tragédia é essa observação profunda, que as faltas expiadas pelo herói não são as deles, mas as faltas hereditárias, isto é, o próprio crime de existir: Pois, o delito maior é o de o homem ter nascido."

Arthur Schopenhauer nasceu em Dantzig, Prússia (atual Polônia), em 1788, e faleceu em 1860 em Frankfurt, Alemanha. Também conhecido como "filósofo do pessimismo", foi importante expoente da doutrina metafísica da vontade, em reação ao idealismo hegeliano. Seus escritos influenciaram a filosofia existencialista e a psicanálise freudiana.
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Fonte: Arthur Schopenhauer, in "As Dores do Mundo" - Imagem: Obra de Paul Rumsey

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

15 de Novembro: Proclamação da República



"Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós! Das lutas na tempestade, dá que ouçamos tua voz!"

"Proclamação da República", óleo sobre tela de Benedito Calixto (1893)

O Dia da Proclamação da República do Brasil é comemorado anualmente dia 15 de novembro e é considerado um feriado nacional. Foi neste dia, em 1889, que a Proclamação da República do Brasil foi realizada.

O evento aconteceu no Rio de Janeiro, a então capital do país, por um grupo de militares liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, que deu um golpe de estado no Império. Deodoro da Fonseca instituiu uma república provisória e, posteriormente, se consagrou como o 1º Presidente do Brasil.

Naquela época o Brasil ainda era o único país independente do continente americano governado por um imperador. A independência do Brasil, de Portugal, já havia sido conquistada em 7 de setembro de 1822, através da assinatura do decreto por Dona Leopoldina e da ação de Pedro I.

Origem da Proclamação da República do Brasil

Logo após a Guerra do Paraguai, os militares brasileiros passaram a exigir mais reconhecimento por parte do governo e a oposição ao Império também partia da igreja, pois o Imperador detinha o poder de interferir na organização do clero no Brasil. O incidente da "Questão Religiosa" provocou um grande descontentamento nos bispos, padres e demais membros da Igreja Católica.

Entretanto, o fato que acabou mesmo por fortalecer o movimento republicano foi a abolição da escravatura, através da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel em 13 de maio de 1888. Com a assinatura dessa lei, que libertava todos os escravos no país, os grandes proprietários rurais escravocratas também passaram a se opor ao império, pois não receberam nenhum tipo de indenização pela perda da propriedade dos seus escravos.

Sem querer provocar uma guerra fratricida entre os brasileiros, Dom Pedro II acaba aceitando por ser banido do Brasil, na madrugada do dia 17 de novembro de 1889.

Atividades para o Dia da Proclamação da República

Normalmente, para comemorar a Proclamação da República, a maioria das escolas brasileiras realizam durante a semana atividades lúdicas em homenagem a data que é comemorada com feriado nacional e diversas atividades cívicas são realizadas por todo país.

Hino à Proclamação à República do Brasil

A letra do Hino da Proclamação da República foi escrita por Medeiros de Albuquerque, e a música composta por Leopoldo Miguez:

"Seja um pálio de luz desdobrado.
Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus!
Seja um hino de glória que fale
De esperança, de um novo porvir!
Com visões de triunfos embale
Quem por ele lutando surgir!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre País...
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis.
Somos todos iguais! Ao futuro
Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro,
Brilha, ovante, da Pátria no altar!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Se é mister que de peitos valentes
Haja sangue em nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou este audaz pavilhão!
Mensageiros de paz, paz queremos,
É de amor nossa força e poder
Mas da guerra nos transes supremos
Heis de ver-nos lutar e vencer!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Do Ipiranga é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado,
Sobre as púrpuras régias de pé.
Eia, pois, brasileiros avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso País triunfante,
Livre terra de livres irmãos!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!"


quarta-feira, 14 de novembro de 2018

“Carpe Diem”, poema de Walt Whitman

“Carpe Diem”, o belo e encantador poema de Walt Whitman que irá motivá-lo a lutar por seus sonhos - via Pensar Contemporâneo*


Carpe Diem é uma frase em latim de um poema de Horácio, e é popularmente traduzida para colha o dia ou aproveite o momento. É também utilizada como uma expressão para solicitar que se evite gastar o tempo com coisas inúteis ou como uma justificativa para o prazer imediato, sem medo do futuro.


Vindo da decadência do império Romano o termo Carpe Diem era dito para retratar o “cada um por si”, devido o império estar se desfazendo, naquele momento a visão de que cada dia poderia ser realmente o último era retratado pela frase que hoje é utilizada como uma coisa boa, porém sua origem vem do desespero da destruição de um grande império antigo.



No filme “A Sociedade dos Poetas Mortos”, o personagem de Robin Williams, Professor Keating, utiliza-a assim:



“Mas se você escutar bem de perto, você pode ouvi-los sussurrar o seu legado. Vá em frente, abaixe-se. Escute, está ouvindo? – Carpe – ouve? – Carpe, carpe diem, colham o dia garotos, tornem extraordinárias as suas vidas.”



O poema relacionado à ideia de Carpe Diem, de autoria de Walt Whitman, utilizado como mote no filme:



Aproveita o dia 

(Walt Whitman¹)


"Aproveita o dia,

Não deixes que termine sem teres crescido um pouco.
Sem teres sido feliz, sem teres alimentado teus sonhos.
Não te deixes vencer pelo desalento.
Não permitas que alguém te negue o direito de expressar-te, que é quase um dever.
Não abandones tua ânsia de fazer de tua vida algo extraordinário.
Não deixes de crer que as palavras e as poesias sim podem mudar o mundo.
Porque passe o que passar, nossa essência continuará intacta.
Somos seres humanos cheios de paixão.
A vida é deserto e oásis.
Nos derruba, nos lastima, nos ensina, nos converte em protagonistas de nossa própria história.
Ainda que o vento sopre contra, a poderosa obra continua, tu podes trocar uma estrofe.
Não deixes nunca de sonhar, porque só nos sonhos pode ser livre o homem.
Não caias no pior dos erros: o silêncio.
A maioria vive num silêncio espantoso. Não te resignes, e nem fujas.
Valorize a beleza das coisas simples, se pode fazer poesia bela, sobre as pequenas coisas.
Não atraiçoes tuas crenças.
Todos necessitamos de aceitação, mas não podemos remar contra nós mesmos.
Isso transforma a vida em um inferno.
Desfruta o pânico que provoca ter a vida toda a diante.
Procures vivê-la intensamente sem mediocridades.
Pensa que em ti está o futuro, e encara a tarefa com orgulho e sem medo.
Aprendes com quem pode ensinar-te as experiências daqueles que nos precederam.
Não permitas que a vida se passe sem teres vivido…"

1- Walter Whitman (1819 – 1892) foi um jornalista, ensaísta e poeta americano considerado o “pai do verso livre” e o grande poeta da revolução americana. Sua obra é publicada até os dias de hoje...
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Fonte: *Reprodução de: Pensar Contemporâneo: Um espaço destinado a registrar e difundir o pensar dos nossos dias - Imagem: Walt Whitman (CC0)

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Como checar credibilidade de instituições financeiras



Crédito: pxhere/CC0
Internet é meio para checar credibilidade de instituições financeiras - Ferramentas virtuais ajudam aqueles que querem investir - Agência Brasil*

Com o aumento no número de fintechs, empresas de inovação no setor financeiro, que oferecem investimentos, cresce também a insegurança em relação a fraudes ou à perda o dinheiro aplicado.

Segundo o diretor da Associação Brasileira de Fintechs (ABFitechs) e o fundador do Yubb, buscador de investimentos online, Bernardo Pascowitch, a insegurança em relação às instituições de investimento menores e menos conhecidas faz com que muitos brasileiros hesitem em aplicar seu dinheiro. 

“Percebemos que o principal fator na hora de uma pessoa fazer um investimento, principalmente para as pessoas que vão fazer a primeira aplicação, é saber se aquela empresa é confiável, se não é uma fraude. Esse é o principal fator de insegurança das pessoas.”

No site do Banco Central (BC), é possível consultar se uma instituição financeira está autorizada a funcionar pela autarquia. Além disso, o cliente pode registrar reclamação no BC, caso tenha algum problema de relacionamento. Outra opção é o site consumidor.gov.br, um serviço público que permite a interlocução direta entre usuários e empresas para solução de conflitos de consumo.

Hoje (12) foi lançada uma outra ferramenta que pode ajudar os investidores na hora de escolher a instituição financeira. É uma plataforma do Yubb em que os próprios investidores avaliam as empresas em categorias como atendimento, custos, taxas e rentabilidade. Segundo Pascowitch, na fase inicial, em que a novidade estava aberta apenas para alguns usuários selecionados, cerca de 5 mil avaliações foram feitas sobre bancos grandes, médios, financeiras, corretoras, robôs de investimentos, fintechs e outras empresas.

A bancária Thaynã Idalice Veras dos Santos, de 32 anos, disse que avaliou a corretora em que abriu uma conta. “Achei interessante porque a empresa vai escutar minha opinião, deixa o cliente mais próximo”, disse.

"Percebemos que ter recomendações, seja de amigos, conhecidos ou outros investidores, é um dos principais fatores que levam as pessoas a escolher instituições para investir. Por isso, criamos a plataforma para as pessoas consultarem e pesquisarem informações sobre as empresas de investimento antes de realizar uma aplicação, visualizando avaliações com base na satisfação de quem já investiu", explicou Pascowitch.

Segundo Pascowitch, ter acesso a recomendações é crucial para quem está conhecendo uma empresa, mas ainda tem medo e insegurança de aplicar seu dinheiro em uma instituição financeira média ou pequena. “Entretanto, são justamente essas instituições que oferecem, muitas vezes, as melhores opções para a população brasileira aplicar seu dinheiro”, destacou.

De acordo com ele, o consumidor não terá dados pessoais, nem mesmo o nome, divulgado na plataforma por questão de segurança. Se o cliente tiver algum problema com a instituição em que investiu, pode optar por enviar a reclamação pelo site. A instituição, assim, poderá responder ao cliente por meio da ferramenta.

Ao fazer a avaliação, os usuários precisam concordar que não estão vinculados com a empresa avaliada (por exemplo, não podem ser funcionários, parentes de funcionários, sócios, entre outros), não receberam nenhuma recompensa ou benefício e que a farão de forma honesta e sincera.
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Fonte: *Kelly Oliveira/Talita Cavalcante/Agência Brasil - Imagem: pxhere (CC0/Domínio Público)

domingo, 11 de novembro de 2018

Dia do Armistício de Compiègne e final da 1ª Guerra Mundial



Junto ao vagão, após a assinatura do armistício:
 em primeiro plano, o marechal Ferdinand Foch,
ladeado pelos almirantes britânicos Hope
e Rosslyn Wemyss (11 de novembro de 1918)
O Armistício de Compiègne, foi um armistício assinado em 11 de novembro de 1918 entre os Aliados e a Alemanha, dentro de um vagão-restaurante, na floresta de Compiègne, com o objetivo de encerrar as hostilidades na frente ocidental da Primeira Guerra Mundial.

Um ano depois foi realizado o Tratado de Versalhes (1919), que foi um tratado de paz assinado pelas potências europeias, encerrando oficialmente a Primeira Guerra Mundial.

Após seis meses de negociações, em Paris, o tratado foi assinado como uma continuação do armistício de Novembro de 1918, em Compiègne, que tinha posto um fim aos confrontos.

A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra ou Guerra das Guerras até o início da Segunda Guerra Mundial) foi uma guerra global centrada na Europa, que começou em 28 de julho de 1914, durando até 11 de novembro de 1918.

A partilha da África e Ásia, nacionalismos, concorrência econômica, corrida armamentista. Principais causas (motivos) que provocaram a Primeira Guerra Mundial: - A partilha das terras da África e Ásia, na segunda metade do século XIX, gerou muitos desentendimentos entre as nações européias.

O fato que deflagrou a Primeira Guerra foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, e sua esposa no dia 28 de junho de 1914. O arquiduque e sua esposa foram mortos a tiros em Sarajevo, capital da Bósnia. O assassino foi um estudante nacionalista sérvio.

O conflito, que custou a vida a 10 milhões de pessoas, entre 1914-1918, terminou a bordo de um comboio. Na floresta de Compiègne, em França, alemães e aliados assinarem o Armistício, às 11 horas dos dia 11 do mês 11 de 1918.

Principais Consequências da Primeira Guerra Mundial:

- Durante a Primeira Guerra Mundial morreram, aproximadamente, 9 milhões de pessoas (entre civis e militares). O número de feridos, entre civis e militares, ficou em cerca de 30 milhões.

- Desenvolvimento de vários armamentos de guerra como, por exemplo, tanques de guerra e aviões.

- Desintegração dos impérios Otomano e Austro-Húngaro.

- Fortalecimento dos Estados Unidos no cenário político e militar mundial.

- Criação da Liga das Nações, com o objetivo de garantir a paz mundial.

- Assinatura do Tratado de Versalhes que impôs uma série de penalidades a derrotada Alemanha.

- Geração de crise econômica na Europa, em função da devastação causada pela Grande Guerra e também dos elevadíssimos gastos militares.

- Fortalecimento e desenvolvimento da industrialização brasileira.

- Surgimento do sentimento de revanchismo na Alemanha, em função das duras penalidades impostas pelo Tratado de Versalhes.