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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Shakespeare: "Soneto 18"

"Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.

Às vezes brilha o Sol em demasia
Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na terna mutação da natureza.

Mas em ti o verão será eterno,
E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:

Nestas linhas com o tempo crescerás.
E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver."

William Shakespeare

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

"Mais ou Menos", Chico Xavier

"A gente pode morar numa casa mais ou menos, numa rua mais ou menos, numa cidade mais ou menos, e até ter um governo mais ou menos.

A gente pode dormir numa cama mais ou menos, comer um feijão mais ou menos, ter um transporte mais ou menos, e até ser obrigado a acreditar mais ou menos no futuro.

A gente pode olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos...

Tudo bem!

O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum... é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos, e acreditar mais ou menos. Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos."

Chico Xavier, (1910/2002) foi um médium, filantropo e um dos mais importantes expoentes do Espiritismo. Psicografou mais de 450 livros, tendo vendido mais de 50 milhões de exemplares e sendo o escritor brasileiro de maior sucesso comercial da história, sempre cedendo todos os direitos autorais à caridade.

       

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Contos Gregos: "O Pomo da Discórdia"

"O Julgamento de Páris", obra de arte por Henrique Simonet (óleo sobre tela - 1904)

"Havia no Olimpo uma deusa, tão má e amiga de transtornar tudo, que por esta razão lhe chamavam Discórdia. Indignado, Júpiter, rei dos deuses, expulsou-a de seu reino; e a deusa sentiu com isso tal indignação que resolveu vingar-se.

Aconteceu, pois, que durante uma reunião realizada na terra e à qual assistiram todas as deusas, exceto a Discórdia, atirou esta para a assembléia uma maçã de ouro, na qual se viam gravadas estas palavras: 'Para a mais formosa'. Discórdia sabia muito bem que, fazendo isto, despertaria ferozes rivalidades entre as suas companheiras; e assim foi, pois não tardou muito que cada uma se proclamasse a mais formosa e, por conseguinte, merecedora do prêmio.

Depois de grande discussão, Juno, Minerva e Vênus foram declaradas as mais formosas; mas como o prêmio era só um, houve tal receio de ofender estas três extraordinárias belezas, que ficou por decidir a qual das três se daria o pomo de ouro.

Então combinou-se que um jovem pastor, chamado Páris, fizesse a eleição. Solicitas, as três deusas ofereceram a Páris preciosas dons. Juno deu-lhe um reino; Minerva prometeu-lhe a vitória numa grande batalha; e Vênus ofereceu-lhe por esposa a mais bela mulher do mundo.

Por fim, Páris indicou Vênus como sendo a mais formosa. Muitos dizem que foi por causa do famoso cinturão da deusa, ao qual se atribuía a virtude de comunicar graça e beleza a quem o trouxesse consigo. Outros afirmam que Páris escolheu Vênus por ela lhe ter prometido a esposa mais bela do mundo inteiro.

Era Páris filhos dos reis de Troia, os quais se tinham desfeito dele quando era menino e mais tarde o haviam feito vir ao seu palácio. O jovem nunca pode esquecer a promessa de Vênus, e quando chegou a ser um valoroso guerreiro e ouviu falar da grande beleza de Helena, disse consigo mesmo: 'É essa a mulher que Vênus me prometeu'.

Reuniu, pois, os seus navios e homens e partiu para o país onde Helena vivia. Ali a encontrou e, raptando-a, levou-a para Troia.

Menelau, o esposo de Helena, foi a Troia com todos os seus principais guerreiros em busca de Helena; e houve entre os homens de Páris e de Menelau uma terrível guerra que durou muitos anos. Nesta guerra foi Páris finalmente morto, e Menelau regressou, com Helena, a Esparta."
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Fonte: "Thesouro da Juventude", volume 17, página 5490 (O Livro dos Contos) - Imagem: Por Enrique Simonet - Webpage Image, Domínio público, Hiperligação

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

"O amor é imaginário", Padre Antonio Vieira

"Os homens não amam aquilo que cuidam que amam. Por quê? 

Ou porque o que amam não é o que cuidam; ou porque amam o que verdadeiramente não há. Quem estima vidros, cuidando que são diamantes, diamantes estima e não vidros; quem ama defeitos, cuidando que são perfeições, perfeições ama, e não defeitos. 

Cuidais que amais diamantes de firmeza, e amais vidros de fragilidade: cuidais que amais perfeições Angélicas, e amais imperfeições humanas. 

Logo os homens não amam o que cuidam que amam. 

Donde também se segue, que amam o que verdadeiramente não há; porque amam as coisas, não como são, senão como as imaginam, e o que se imagina, e não é, não o há no mundo."

Padre António Vieira (1608-1697)
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Imagem: Padre Antonio Vieira, óleo sobre tela de José Rodrigues Nunes (c.1871) Wikimedia Commons

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Se uma atividade é boa e vale a pena prossegui-la, prossiga!

Sinto-me mais feliz simplesmente por ser eu mesmo e deixar os outros serem eles mesmos. Carl Rogers
“Um dos princípios fundamentais que levei muito tempo para reconhecer e que ainda continuo a aprofundar é a descoberta de que, quando sinto que uma atividade é boa e que vale a pena prossegui-la, devo prossegui-la. 

Em outras palavras, aprendi que a minha apreciação “organísmica” total de uma situação é mais digna de confiança do que o meu intelecto. 

Durante toda a minha vida profissional fui levado a seguir direções que pareciam ridículas aos outros e sobre as quais eu mesmo tinha muitas dúvidas. Mas nunca lamentei seguir as direções que eu “sentia serem boas”, mesmo se freqüentemente experimentasse por algum tempo uma sensação de isolamento ou de ridículo.” 

Carl Rogers (1902/1987), foi um Psicólogo estadunidense atuante na terceira força da psicologia e desenvolvedor da Abordagem Centrada na Pessoa.