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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

HISTÓRIA DA TV :: UMJ da TV Paraná - Canal 6 (1963)

Unidade Móvel de Jornalismo da TV Paraná - Canal 6, transmitindo ao vivo (naquele tempo ainda não existia o Vídeo Tape), o Carnaval de Curitiba de 1963, direto da Av. Marechal Deodoro, no Centro da cidade.




segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Jornal "O Guarany", de 4 de julho de 1891

Tirinha do jornal "O Guarani", (ano 1, nº 9), por Augusto Stresser, que era o editor do jornal. Foi publicada na edição de 4 de julho de 1891. Há 123 anos atrás... Curitiba ainda era grafada com "y".


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Trajano Joaquim dos Reis


Retrato feito por Augusto Stresser e
inaugurado dia 24/10/1902, quando
da inauguração da instalação do
Gr.´. Or.´. na Rua do Cerrito nº 9
( hoje Solar do Barão )
"Trajano Joaquim dos Reis, nasceu em São Felix, na Bahia, em 19 de março de 1852 e era filho de Joaquim José dos Reis e de Dona Emilia Joaquina Pereira. Formou-se na Faculdade de Medicina de Salvador em 18 de dezembro de 1875 sendo que na mesma data casou-se com Dona Jesephina Cândida Drumond. Poucos dias depois foi nomeado pelo Imperador D. Pedro II para o Corpo de Saúde do Exercito, tendo sido transferido para o Paraná com o posto de Major Cirurgião-Mor. 

Desembarcou em Paranaguá em 19 de Julho de 1876, tendo chegado a Curitiba dia 21 do mesmo mês. Logo se instalou com residência e consultório na Rua dos Alemães (hoje Rua 13 de Maio), cativou a todos com seu jeito simples de ser, extremamente simpático e culto, cercando-se logo de muitos amigos.

Trajava-se com muito esmero, vestindo sempre casaca e cartola o que lhe dava um aspecto singular. Todos logo habituaram-se com sua figura montando um belo cavalo e saindo para atender doentes que residiam mais longe.

Inúmeras vezes velava os seus doentes uma noite inteira, retirando-se ao amanhecer após certificar-se que estava fora de perigo. Esta dedicação logo teve seu reconhecimento. O Curitibano aprendeu a respeitar e estimar tão dedicado médico, sendo seu trabalho agradecido pelos jornais, uma forma de levar ao conhecimento de toda a população o magnífico trabalho desenvolvido, com um detalhe, dos pobres nada cobrava.

Em 1882 é escolhido pelo povo para a Câmara Provincial, fazendo parte de inúmeras comissões, sempre defendendo com ardor os interesses da terra que o acolhera.

Em 1883 a Sociedade Portuguesa Beneficiente publica nos jornais, veemente agradecimento por seus trabalhos médicos gratuitos aos membros protegidos pela instituição. Também em 1883 aparece como Presidente da Câmara Provincial, cargo este obtido visto o magnifico resultado dos trabalhos desenvolvidos, dentre os quais se destaca o projeto que proporcionou a Curitiba iluminação pública por meio de eletricidade.

Por seus relevantes serviços prestados à comunidade, recebeu homenagem que poucos recebem em vida, em outubro de 1883 o prefeito Luiz Alves de Oliveira Belo, determina que a rua que liga a Rua da Imperatriz (atual XV de Novembro) à Estação da Estrada de Ferro, seja denominada Rua Dr. Trajano (hoje Rua Barão do Rio Branco).

Seus trabalhos continuam sendo enaltecidos tanto como médico como político, tendo Silveira Neto, assim descrito sua humilde pessoa num jornal de nossa cidade: "Não é só o desvelo que emprega na missão de seu apostolado, na inteligência com que sabe honrar o seu anel simbólico, nem no extremoso carinho que o enfermo pobre encontra nele, que o denotado médico evidencia as apreciáveis qualidades que firmam a sua reputação; pois, os magnos interesses gerais do lugar onde vive e da sociedade que o rodeia têm, por vezes, achado em sua energia de caráter e na pureza dos seus sentimentos o fidalgo abrigo dos missionários da Ordem e do Direito; e assim é que, elevado à Presidência da Câmara Municipal de Curitiba, no período monárquico, assinalou a sua estada no execício desses cargos com o mais correto procedimento que pode ter o homem compenetrado do seu valor e da austera retidão da dignidade. Estudos estranhos à carreira que tomou para a linha reta da existência como a Linguística, direito etc., constituem o passatempo do operoso clínico baiano".

A 5 de fevereiro de 1893 por problemas de saúde, o Irm.´. Trajano e seus familiares retornam à terra natal, a Bahia. Faltaram espaços nos jornais para as manifestações daqueles que o admiravam e o chamavam de "médico dos pobres". sua despedida na Estação da Estrada de Ferro, juntou um número de pessoas antes nunca visto, presumindo-se que quase metade da população lá estivesse. Na Bahia sua saúde se recuperou logo, e a idéias de regressar à sua querida Curitiba, transformou-se em realidade em janeiro de 1894.

Curitiba se engalanou quando de sua chegada e nova multidão lá estava para receber aquele que tanto amavam. O governador Xavier da Silva confia-lhe o cargo de Inspetor Geral de Higiene, confiante na sua capacidade de trabalho e na certeza de que teria o homem certo para combater inúmeras epidemias que atormentavam a população curitibana.

Neste cargo sua labuta foi imensa, isto sem se descuidar de suas atividades como médico principalmente dos menos afortunados pela sorte. Sua residência passou então a ser na Rua do Serrito nº 19 (hoje Rua Carlos Cavalcanti) onde permaneceria até o final de sua vida.

Mas assim como haviam os bons momentos, haveriam também os maus momentos na vida do Irm.´. Trajano. O primeiro foi sem dúvuda o atentado sofrido por seu filho Albano Reis, magistrado brilhante, que por desavenças políticas quase tem sua vida roubada em um covarde atentado em 18 de maio de 1906. Entretanto a grande provação passada pelo Irm.´. Trajano seria com seu querido filho Jayme Reis que fazia da vida de seu pai um exemplo para si próprio como médico e político. Por motivos não muito claros até hoje, na noite do dia 7 de dezembro de 1912, ao retornar a sua residência é ferido mortalmente num atentado. De nada adiantaria a dedicação e os conhecimentos médicos de Trajano e seus colegas de profissão, vindo Jayme a falecer na noite do dia seguinte. A dor pela morte do filho foi grande, tendo o Irm.´. Trajano se retirado da vida pública, dedicando-se apenas a seu consultório e à Maçonaria.

Mas . . . o tempo passa e aos poucos seus amigos e IIrm.´. o trazem de volta para a vida agitada da política sendo eleito Deputado Estadual em 7 de novembro de 1915. Em 14 de fevereiro de 1916 é eleito por seus companheiros para Presidente do Congresso com 16 votos dos 17 votantes.
Apesar da idade ( 64 anos ), o Irm.´. Trajano consegue além de ser um atuante político, dar conta de seu consultório onde os pobres em número cada vez maior sempre têm a preferência aqueles que podem pagar pela consulta.

Como no ano anterior ele não faltou a nenhuma sessão do Congresso, razão pela qual é reeleito Presidente em 27 de janeiro de 1918. Neste último ano ele fala a seus companheiros: "Mais uma vez agradeço aos nobres colegas a prova de confiança com que acabam de honrar-me, elegendo-me para continuar os trabalhos legislativos. Espero, confiante em Deus, poder corresponder a generosidade de Vossas Excelências".

O maçon trajano

Grão Mestre do Grande Oriente e Supremo Conselho do Paraná, 
de 04/09/1902 a 04/1909. De 24/06/1914 a 17/07/1914. E de 06/1918 a 02/1919.

Da vida maçônica do Irm.´. Trajano o registro mais antigo encontrado é seu Diploma de Mestre, expedido pela Loja "27 de Dezembro" em data de 5 de julho de 1877, aos 25 anos de idade e um ano após sua chegada em Curitiba, o que nos leva a acreditar que tenha sido Iniciado nesta mesma Loja em princípios daquele ano.

Pouca coisa também vai se encontrar até princípios de 1902 quando a Loja "Acácia Paranaense" realiza um congresso Maçônico Estadual, congresso este não reconhecido pelo Gr.´. Or.´. do Brasil, resultando em desentendimento e acarretando a deflagração de um movimento separatista conhecido por Revolta da Acácia, tendo na pessoa do Irm.´. Trajano uma das figuras principais.

Iniciado o movimento que viria a ocasionar a fundação de um Gr.´. Or.´. Estadual. A liderança do Irm.´. Trajano logo se faria notar e seria o escolhido para o comando supremo da nova Potência que nascia, muito embora ele tenha por várias vezes tentado não aceitar a responsabilidade.

Preparando as bases da nova Potência que já contava com algumas Lojas solidárias, em 18 de agosto de 1902 na residência do Irm.´. Trajano são reerguidas as colunas da Loja "Apostolo da Caridade" que estava adormecida. Este evento contou com a presença de 7 IIrm.´. do antigo Quadro e mais 8 da Loja "Acácia Paranaense" dentre os quais o Irm.´. Trajano se incluia. Nesta oportunidade ele é eleito seu Ven.´. provisório, tendo também sido decidido que esta Of.´. ficaria com a guarda provisória dos documentos da Of.´. Chefe do Rito, até a organização definitiva dos Corpos Superiores do futuro Gr.´. Or.´.. Assim pode-se assegurar que a Loja "Apostolo da Caridade" foi o embrião do Gr.´. Or.´. que estava prestes a nascer.

Dando continuidade ao movimento separatista e contando com o apoio do Gr.´. Or.´. do Rio Grande do Sul (também independente), em 22 de agosto de 1902 o Irm.´. Trajano é investido no Grau 33 pelo Supr.´. Cons.´. do Grau 33 do Rio Grande do Sul.

No dia seguinte, 23 de agosto, o Irm.´. Trajano investe mais 8 IIrm.´. no Grau 33 e com eles prepara as bases para a fundação do Supr.´. Cons.´. do Grau 33 do Paraná.

Quatro de setembro de 1902, uma quinta feira, contando com a adesão das Lojas "Acácia Paranaense", "27 de Dezembro", "Apostolo da Caridade", "Luz Invisível" (duplicata), "Filhas da Acácia" (feminina), "Concórdia IVª", "Electra", "Hiram" (Paranaguá), "Guilherme Dias", ( Campina Grande) e "Santo Antonio da Lapa", no Templo da Loja "Acácia" é fundado oficialmente o Gr.´. Or.´. e Supr.´. Cons.´. do Paraná, nesta oportunidade o Irm.´. Trajano é eleito o seu Grão-Mestre provisório.

Em seu discurso de posse, destacmos o seguinte trecho: "O Gr.´. Or.´. do Brasil, no Rio de Janeiro, não pode e não deve murmurar contra nós uma só queixa; não pode e não deve nos censurar; não pode e não deve agastar-se; não pode e não deve malquistar-se conosco; porque deve compreender que atingindo a maioridade emancipa-se o filho da casa paterna, emancipa-se o território e constitui-se uma nação, emancipam-se as associações que por necessidade temporária obedecem a um centro. Continuaremos todos IIrm.´. a nos auxiliar, mas com a diferença que falaremos de Potência para Potência e não como pedintes".

Por gentileza da Baronesa do Serro Azul, que pertencia à Loja "Filhas da Acácia", o Gr.´. Or.´. do Paraná passa a funcionar em seu palacete na Rua do Cerrito nº 9 ( atual Rua Carlos Cavalcanti nº 533 - Fundação Cutural de Curitiba - solar do Barão ), sendo que às 20h30 do dia 24 de outubro de 1902 é inaugurada oficialmente a nova sede com um belissimo Templo, no saguão é inaugurado também um retrato do 1º Grão Mestre de autoria do artista e Irm.´. Augusto Stresser. Nessa oportunidade o Irm.´. Trajano diz em seu discurso: "Não pretendemos o esfacelamento da Maçonaria pátria; o que nos causará imensa mágoa é se não conseguirmos abrir os olhos de nossos IIrm.´., que se obstinam em não prestar-nos o seu auxílio para evitá-lo. Queremo-la forte, unida, mas com a federação, queremos que cada estado brasileiro constitua o seu Gr.´. Or.´. Independente, mas federado, com um poder central no Rio de Janeiro", mais adiante diz ele: "Não nos propomos a destruir o Gr.´. Or.´. do Rio de Janeiro, ele deve tornar-se forte, adotar a federação, tal qual entendemos a trabalhar para que em todos os estados sejam organizados GGr.´. OOr.´., desde que assim seja, contará o Brasil com 21 GGr.´.OOr.´., havendo um poder central que fecha a cadeia". 

Como se pode notar, Trajano não tinha a intenção de desagregar a Maçonaria, mas tão somente de uma descentralização do poder, o que aliás já estava previsto na Constituição do GOB vigente na época que, em seus Artigos 20/21 e 58 a 69 que previam a criação de GGr.´. OOr.´. Estaduais, fato este que é hoje uma realidade.

Em 14 de novembro de 1902, o Irm.´. Trajano é oficialmente eleito Grão-Mestre do Gr.´. Or.´. do Paraná, tendo tomado posse no mesmo dia.

Pelo Decreto nº 5 de 13 de dezembro de 1902, o Irm.´. promulga a Constituição do Gr.´. Or.´. do Rio Grande do Sul. E em 20 de janeiro de 1903 pelo Decreto nº 9 é promulgado também o Regulamento Geral.

Muito embora contando com pouco tempo de atividade, a nova Potência logo grajearia reconhecimento internacional. Assim foi que em 7 de junho de 1.903 o Irm.´. Trajano recebe o titulo de Membro Honorário do Gr.´. Or.´. e Supr.´. Cons.´. do Grau 33 da Italia. Em 16 de junho e designado Garante de Amizade do Gr.´. Or.´. e Supr.´. Cons.´. do Grau 33 do Egito e em 30 de junho o Gr.´. Or.´. e Supr.´. Cons.´. da Italia também o designam como Garante de Amizade.
Quatro de setembro de 1903, o Gr.´. Or.´. do Paraná comemora seu primeiro aniversário. O irm.´. Trajano certamente estave sendo pressionado pelo Gr.´. Or.´. do Brasil e no seu discurso se refere a seus opositores com palavras duras e da seguinte forma: "Escravos da ambição, das posições oficiais, do servilismo, só merecem despreso e escarneo". 

No segundo aniversário do Gr.´. Or.´. em 4 de setembro de 1904, em seu discurso o Irm.´. Trajano lamenta o recente falecimento do Irm.´. Antonio Antunes Ribas, Grão-Mestre do Gr.´. Or.´. do Rio Grande do Sul, seu grande amigo e incentivador da fundação do GOP.
No terceiro aniversário do GOP em 1905, o Irm.´. Trajano faz brilhante retrospectiva da Maçonaria Mundial que empolga a platéia presente, relatando tudo o que de bom a nossa Ordem tem feito através dos tempos.

Trinta de novembro de 1905, o Irm.´. Trajano é reeleito para mais um mandato de Grão-Mestre, período 1906/1909.

Três de março de 1906, o Irm.´. Trajano é reempossado como Grão-Mestre. Sua confiança nos destinos do Gr.´. Or.´. do Paraná é claramente notada ao declarar: "Meus IIrm.´. as nossa relações com o mundo maçônico são as mais amplas e fraternas. Mui poucas são as Potências estrageiras que não vem trocando conosco os seus garantes de amizade".

Ele certamente se referia aos GGr.´. OOr.´. da Itália, Egito, França e Bélgica e a Gr.´. Loj.´. Suiça alpina. Isto sem contar com os GGr.´. OOr.´. do Rio Grande do Sul, São Paulo e da Bahia.
Quatro de setembro de 1906, mais um aniversário do Gr.´. Or.´. é comemorado. O Irm.´. Trajano como sempre elabora um verdadeiro tratado sobre os ideais e objetivos da Maçonaria. Em determinado trecho diz ele: "Meus IIrm.´. sempre que o dever me conduz a ocupar a vossa atenção, embora mui pequeno e sem valor, me animo a pregar doutrina consona com os principios maçônicos, na medida de meus exiguos conhecimentos. Vos recomendo união, tolerância, aperfeiçoamento, trabalho honesto, auxílio mútuo, resignação na adversidade, perdão e crença inabalável no Supr.´. A.´. .´. U.´.". No final do seu pronunciamento ele faz uma afirmação um tanto interessante: "As nossas relações tanto interna como externas cada vez mais se dilatam e se firmam. A Loja Frei Miguelinho ao Or.´. de Natal passou a pertencer à nossa Jurisdição". Por mais que tenhamos pesquisado, até hoje não conseguimos maiores informações a respeito da referida Loja, o que nos parece é que tenha sido uma Loja provisória com vida bastante curta.

Ao se comemorar o 5º aniversário do Gr.´. Or.´. em 4 de setembro de 1907, como já se tornara tradição, o Irm.´. Trajano em mais um de seus eloquentes discursos diz: "O Homem qualquer que seja a sua posição no meio, é ao mesmo tempo um mendigo e um opulento; um protegido e um protetor; um infeliz e um feliz; um pequeno e um grande; um humilhado e um humilhador; e por issso, entendei bem: para que obtenhamos, necessitamos de dar; para que encontremos, urge espalhar; para que nos julguem com acerto, convém que julguemos com justiça. O único passadiço seguro é o exercício da caridade. Dos pés do Senhor, onde é nobre nos prostarmos como pequenos, humildes, necessitados, mendicantes, nos levantaremos plenos de graça para por nossa vez as distribuirmos". Mais adiante complementa de forma insofismável o modo que tinha de encarar os seus opositores: "Calúnias e injustiças acreditais, são espumas de pouca espessura, inconsistentes, que evaporam-se dado o prazo para o esquecimento e reparação".

A partir de 1909, o Irm.´. Trajano preferiu não mais se candidatar para o cargo de Grão-Mestre que vinha ocupando magistralmente à frente do Gr.´. Or.´., dando oportunidade assim para que outros IIrm.´. ocupassem o primeiro Malhete da Potência. Entretanto seu trabalho em prol do GOP continuava nos bastidores, sendo aquele conselheiro que a todos suxiliava e socorria quando situações difíceis ou inesperadas se apresentavam. O baque com a perda do seu estimado filho e Irm.´. Jayme Reis, quase o tevaram a desacreditar de tudo, mas graças aos amigos e IIrm.´. que o cercavam, levantou a cabeça e aceitou o desígnio do G.´.A.´.D.´.U.´., passando a encarar com naturalidade o destino, já que de longa data vinha tendo interesse muito especial pela doutrina espiritualista cujos ensinamentos e principalmente publicações compartilhava com seu grande amigo Monsenhor Celso.

Em 1914 vamos encontrar novamente o Irm.´. Trajano novamente sendo eleito para o cargo de Grão-Mestre, lamentavelmente são poucos os registros encontrados desse período, excessão feita à publicação de um discurso de posse da diretoria da Loja Concórdia IVª, em 15 de março de 1917, quando faz alusão às qualidades do povo alemão, povo este representado na quase totalidade dos membros da Loja.

O fim de uma vida dedicada a grandes ideais

O Irm.´. Trajano como era de seu costume, não faltava a uma Sessão seja do Congresso ou do Gr.´. Or.´.. No caminho conversava com os amigos e clientes, quase todas as pessoas que encontrava na rua o conheciam e de alguma forma algum favor lhe deviam. Lia muito e escrevia, companheiro da esposa, pai carinhoso sempre preocupado com seus filhos Albano e Ormuzde. Bricava com os netos que na época eram em número de 16, transmitindo-lhes todo o amor e sabedoria que possuía. Andava muito pela chácara, usufruindo a paz concedida aos justos e bons. 

Levantava-se muito cedo, tanto é que no dia 12 de agosto de 1919, foi visto por volta da 7 horas conversando com seu fiel amigo, compadre e Irm.´. Benjamin Lins.

Às 7h30m corre por toda a cidade a notícia dolorosa: "falecera de síncope cardíaca, o Dr. Trajano Joaquim dos Reis".

Muitos custaram aacreditar e para confirmar dirigiam-se à sua residência. Lamentavelmente aquele que fora conhecido como o "médico dos pobres", havia partido para o Or.´. Eterno. Foi um dia de luto para toda a cidade. As LLoj.´. do Gr.´. Or.´. do Paraná e do Gr.´. Or.´. do Brasil, suspenderam seus trabalhos. Por mais que houvesse divergencias na Maçonaria paranaense, o respeito de todos pelo Irm.´. Trajano estava acima de tudo.

O Governador do Estado, nosso Irm.´. Afonso Camargo, decretou luto oficial por três dias, suspendendo o expediante nas repartições publicas, e comunicando à família que as despesas do funeral correriam por conta do Governo.

A Universidade Federal, cujo reitor era seu genro e também Irm.´. Desembargador Vieira Cavalcanti, suspendeu as aulas em sinal de luto.

Antes de sair o féretro, houve a tradicional e comovente Cerimônia de Pompa Funebre, tendo usado da palavra os IIrm.´. Afonso Camargo em nome do Governo e da população e Benjamin Lins em nome da Maçonaria.

Parte o féretro, atrás do coche negro, seguiam todas as Lojas Maçônicas de Curitiba incorporadas e uma multidão incalculável, onde pobres e ricos lado a lado caminhavam em silêncio, conduzindo o bondoso médico à sua ultima morada.

Havia acabado a missão terrena do Irm.´. Trajano Reis, mas seu exemplo ficava marcado nas páginas da história, afinal ele fora mais paranaense do que muitos que aqui nasceram."

(Transcrito da revista maçônica "A Trolha", nº 77 - Março/1993 - Autor: Carlos Alberto Brantes.)