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domingo, 30 de janeiro de 2022

'A Hora da Estrela', por Clarice Lispector

Trechos do livro 'A Hora Da Estrela', de Clarice Lispector

“Mas o vazio tem o valor e a semelhança do pleno. Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir e somente acreditar que o silêncio que eu creio em mim é resposta a meu – a meu mistério”

“Mas o vazio tem o valor e a semelhança do pleno. Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir e somente acreditar que o silêncio que eu creio em mim é resposta a meu – a meu mistério”.

“Se tivesse a tolice de se perguntar ”quem sou eu?” cairia estatelada e em cheio no chão. É que “quem sou eu?” provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto”.

“... minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. Embora não agüente bem ouvir um assovio no escuro, e passos”.

“... quero aceitar minha liberdade sem pensar o que muitos acham: que existir é coisa de doido, caso de loucura. Porque parece. Existir não é lógico”.

“É melhor eu não falar em felicidade ou infelicidade – provoca aquela saudade desmaiada e lilás, aquele perfume de violetas, as águas geladas da maré mansa em espumas pela areia. Eu não quero provocar porque dói”.

“Mas quem sou eu para censurar os culpados? O pior é que preciso perdoá-los. É necessário chegar a tal nada que indiferentemente se ame ou não se ame o criminoso que nos mata. Mas não estou seguro de mim mesmo: preciso amar aquele que me trucida e perguntar quem de vós me trucida. E minha vida, mais forte do que eu, responde que quer porque quer vingança e responde que devo lutar como quem se afoga, mesmo que eu morra depois. Se assim é, que assim seja”.

“... irei até onde o ar termina, irei até onde a grande ventania se solta uivando, irei até onde o vácuo faz uma curva, irei aonde meu fôlego me levar”.


Clarice Lispector, nascida Chaya Pinkhasivna Lispector (Chechelnyk, 10 de dezembro de 1920), foi uma escritora e jornalista brasileira nascida na Ucrânia. Autora de romances, contos, e ensaios, é considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX e a maior escritora judia desde Franz Kafka. Faleceu no Rio de Janeiro em 9 de dezembro de 1977.


sábado, 22 de janeiro de 2022

'Não Quero Me Adaptar'

"Não quero me adaptar  Homofobia  Aporofobia  Xenofobia  Não quero me adaptar  Fanatismo  Misoginia  Fascismo  Não quero me adaptar  Corrupção  Racismo  Negacionismo  Não quero me adaptar  Intolerância  Censura  Genocídio  Não quero me adaptar  Desmatamento  Agrotóxico  Retrocesso  Não Quero Me Adaptar  Ditadura  Feminicídio  Transfobia  Não quero  Não vou me adaptar" - Pádua Dias

"Não quero me adaptar

Homofobia

Aporofobia

Xenofobia

Não quero me adaptar

Fanatismo

Misoginia

Fascismo

Não quero me adaptar

Corrupção

Racismo

Negacionismo

Não quero me adaptar

Intolerância

Censura

Genocídio

Não quero me adaptar

Desmatamento

Agrotóxico

Retrocesso

Não Quero Me Adaptar

Ditadura

Feminicídio

Transfobia

Não quero

Não vou me adaptar"

 Pádua Dias


Fonte: @padduadias - via: instagram (repost)


terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Rumi: 'Um Ser Ondulante' (Shams de Tabriz, o segredo de Allah)


"O amor não é condescendência, 

nem livros ou qualquer marca em papel, 

nem o que uma pessoa diz para a outra.

O amor é uma árvore 

com seus galhos se elevando a eternidade, 

suas raízes se aprofundando na eternidade 

e nenhum tronco! 

Você o viu? 

A mente é cega para ele. 

Seu desejo é incapaz de observá-lo. 

A saudade que sente desse amor 

vem do seu interior. 

Quando se tornar o Amigo,  

sua saudade será como o náufrago no oceano 

agarrado a um pedaço de madeira... 

Eventualmente, madeira, homem e oceano 

se tornam um ser ondulante: 

Shams de Tabriz, o segredo de Allah."

 

Rumi

 

    


segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Fernando Pessoa: 'Como é por dentro outra pessoa?'

"Como é por dentro outra pessoa?  Quem é que o saberá sonhar?  A alma de outrem é outro universo  Com que não há comunicação possível,  Com que não há verdadeiro entendimento.    Nada sabemos da alma  Senão da nossa;  As dos outros são olhares,  São gestos, são palavras,  Com a suposição  De qualquer semelhança no fundo." - Fernando Pessoa

"Como é por dentro outra pessoa?

Quem é que o saberá sonhar?

A alma de outrem é outro universo

Com que não há comunicação possível,

Com que não há verdadeiro entendimento.


Nada sabemos da alma

Senão da nossa;

As dos outros são olhares,

São gestos, são palavras,

Com a suposição

De qualquer semelhança no fundo."


Fernando Pessoa