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sábado, 28 de novembro de 2020

'Soneto de Fidelidade', por Vinícius de Moraes


"De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.


Quero vivê-lo em cada vão momento

E em louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.


E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama


Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure."

Vinícius de Moraes



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domingo, 22 de novembro de 2020

'Pode UC O orgulho na pantera', música libertadora de Tupac


"Diz-se que todo ato revolucionário é um ato de amor

E este é um ato de amor

Todo o poder ao povo


Eu disse que o P é de poder, de A para a ação

O NT, porque agora é o momento para fazê-lo

Veja o C é para o coração, e E para o efeito

Os R mantenha-o no fim do respeito

Quem sou eu?

A pantera


Quem sou eu? A pantera

Quem sou eu? A pantera

O que eu tenho Eu tenho alma, o que eu tenho Eu tenho amor

O que eu tenho eu tenho orgulho, o que eu quero ser LIVRE

Levante suas mãos no ar se você se sentir como eu


Quem sou eu? A pantera

Quem sou eu? A pantera

O que eu tenho Eu tenho alma, o que eu tenho Eu tenho amor

O que eu tenho eu tenho orgulho, o que eu quero ser LIVRE


Levante suas mãos no ar se você se sentir como eu

Você pode ver o orgulho na pantera


Como ele brilha em esplendor e graça?

Mesmo com obstáculos colocados

No caminho da evolução de sua raça?

Você pode ver o orgulho na pantera


Como ela alimenta seus filhos, sozinho?

A semente deve crescer, não obstante

Do fato de que é plantada na pedra

Você não pode ver o orgulho dos panteras


Como eles unificam, como uma?

A flor desabrocha com brilho

E supera os raios do sol

Suplanta, como o sol

Brilha como o sol

Brilha como o sol

Traz a luz, como o sol


P é de poder, de A para a ação

O NT, porque agora é o momento para fazê-lo

Veja o C é para o coração, e E para o efeito

Os R mantenha-o no fim do respeito


Quem sou eu?

A pantera

Quem sou eu? A pantera

Quem sou eu? A pantera


O que eu tenho Eu tenho alma, o que eu tenho Eu tenho amor

O que eu tenho eu tenho orgulho, o que eu quero ser LIVRE

Levante suas mãos no ar se você se sentir como eu..."


"Esta música é dedicada a todos aqueles que vivem e morrem para a luta

Panteras, filhos dos Panteras, ou todos aqueles que se esforçam para

Mentes livres, almas livres, corpos livres ..

E o amor .. amor .. o amor é o motor da revolução."

Tupac


Tupac Amaru Shakur (1971/1996), conhecido também como 2Pac, foi um famoso e influente rapper norte-americano. Ativista da causa negra, é considerado por muitos como um dos melhores e mais importantes rappers de todos os tempos. Clique aqui e conheça a libertadora obra de Tupac...


quarta-feira, 11 de novembro de 2020

'O Cão Sem Plumas', por João Cabral de Melo Neto

Poema integrante da obra 'O cão sem plumas', 1º poema de fôlego de João Cabral de Melo Neto, lançado em 1950, foi uma criação decisiva do jovem poeta, que na época vivia em Barcelona, com 30 anos. Este volume reúne também os quatro primeiros livros do poeta - 'Pedra do sono,' 'Os três mal-amados,' 'O engenheiro' e 'Psicologia da composição,' além de seus primeiros poemas, escritos entre 1937 e 1940, mas só publicados décadas mais tarde. Juntas, essas obras nos mostram os passos iniciais do poeta, que atingiu muito cedo a maturidade artística, criando uma obra inigualável na poesia brasileira.


 "A cidade é passada pelo rio

como uma rua

é passada por um cachorro;

uma fruta

por uma espada.


O rio ora lembrava

a língua mansa de um cão

ora o ventre triste de um cão,

ora o outro rio

de aquoso pano sujo

dos olhos de um cão.


Aquele rio

era como um cão sem plumas.

Nada sabia da chuva azul,

da fonte cor-de-rosa,

da água do copo de água,

da água de cântaro,

dos peixes de água,

da brisa na água.


Sabia dos caranguejos

de lodo e ferrugem.


Sabia da lama

como de uma mucosa.

Devia saber dos povos.

Sabia seguramente

da mulher febril que habita as ostras.


Aquele rio

jamais se abre aos peixes,

ao brilho,

à inquietação de faca

que há nos peixes.

Jamais se abre em peixes."


João Cabral de Melo Neto


Fonte: poema integrante da obra 'O cão sem plumas', 1º poema de fôlego de João Cabral de Melo Neto, lançado em 1950, foi uma criação decisiva do jovem poeta, que na época vivia em Barcelona, com 30 anos. Este volume reúne também os quatro primeiros livros do poeta - 'Pedra do sono', 'Os três mal-amados', 'O engenheiro' e 'Psicologia da composição', além de seus primeiros poemas, escritos entre 1937 e 1940, mas só publicados décadas mais tarde. Juntas, essas obras nos mostram os passos iniciais do poeta, que atingiu muito cedo a maturidade artística, criando uma obra inigualável na poesia brasileira.


quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Olavo Bilac: 'Via-Láctea' XIII

 Via-Láctea XIII


Poema Via-Láctea (13º) de Olavo Bilac, escrito com imagem da Via-Láctea ao fundo

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo

Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,

Que, para ouvi-las, muita vez desperto

E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto

A via-láctea, como um pálio aberto,

Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,

Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!

Que conversas com elas? Que sentido

Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi:”Amai para entende-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas”.


Olavo Bilac