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sábado, 23 de maio de 2020

Carl Sagan: "Pálido Ponto Azul"

Pálido Ponto Azul, the Pale Blue Dot, por Carl Sagan


Pálido Ponto Azul (em inglês: Pale Blue Dot) é uma fotografia da Terra tirada em 14 de fevereiro de 1990 pela sonda Voyager 1, de uma distância de seis bilhões de quilômetros (40,5 AU) da Terra, como parte de uma série de imagens do Sistema Solar denominada Retrato de Família. Nessa fotografia, o tamanho aparente da Terra é menor do que um pixel; o planeta aparece como um pequeno ponto na imensidão do espaço, no meio de um raio solar captado pela lente da câmera.

Pálido Ponto Azul (em inglês: Pale Blue Dot) é uma fotografia da Terra tirada em 14 de fevereiro de 1990 pela sonda Voyager 1, de uma distância de seis bilhões de quilômetros (40,5 AU) da Terra, como parte de uma série de imagens do Sistema Solar denominada Retrato de Família.

Nessa fotografia, o tamanho aparente da Terra é menor do que um pixel; o planeta aparece como um pequeno ponto na imensidão do espaço, no meio de um raio solar captado pela lente da câmera.

A Voyager 1, que tinha completado sua missão principal e estava deixando o Sistema Solar, recebeu comandos da NASA para virar sua câmera e tirar uma última fotografia da Terra em meio a vastidão espacial, a pedido do astrônomo e escritor Carl Sagan...

Sobre a foto, Carl Sagan, autor do livro Pale Blue Dot, fez um pequeno discurso, numa palestra proferida na Universidade de Cornell, em13 de outubro de1994. Sábias palavras de um homem adiante de seu tempo, que devem ser ensinadas nas escolas por todo o mundo. Um texto merecedor de profunda meditação e reflexão por parte de todos nós.

O nosso planeta é um espécime solitário na grande e envolvente escuridão cósmica. Em nossa obscuridade, em meio a toda esta imensidão, não há nenhum indício de que, de algum outro mundo, virá socorro que nos salve de nós mesmos.

Disse Carl Sagan:

"A espaçonave estava bem longe de casa. Eu pensei que seria uma boa idéia, logo depois de Saturno, fazer ela dar uma ultima olhada em direção de casa.

De Saturno, a Terra apareceria muito pequena para a Voyager apanhar qualquer detalhe, nosso planeta seria apenas um ponto de luz, um "pixel" solitário, dificilmente distinguível de muitos outros pontos de luz que a Voyager avistaria: Planetas vizinhos, sóis distantes. Mas justamente por causa dessa imprecisão de nosso mundo assim revelado valeria a pena ter tal fotografia.

Já havia sido bem entendido por cientistas e filósofos da antiguidade clássica, que a Terra era um mero ponto de luz em um vasto cosmos circundante, mas ninguém jamais a tinha visto assim. Aqui estava nossa primeira chance, e talvez a nossa última nas próximas décadas.

Então, aqui está - um mosaico quadriculado estendido em cima dos planetas, e um fundo pontilhado de estrelas distantes. Por causa do reflexo da luz do sol na espaçonave, a Terra parece estar apoiada em um raio de sol. Como se houvesse alguma importância especial para esse pequeno mundo, mas é apenas um acidente de geometria e ótica. Não há nenhum sinal de humanos nessa foto. Nem nossas modificações da superfície da Terra, nem nossas maquinas, nem nós mesmos. Desse ponto de vista, nossa obsessão com nacionalismo não aparece em evidencia. Nós somos muito pequenos. Na escala dos mundos, humanos são irrelevantes, uma fina película de vida num obscuro e solitário torrão de rocha e metal.

Considere novamente esse ponto. É aqui. É nosso lar. Somos nós. Nele, todos que você ama, todos que você conhece, todos de quem você já ouviu falar, todo ser humano que já existiu, viveram suas vidas. A totalidade de nossas alegrias e sofrimentos, milhares de religiões, ideologias e doutrinas econômicas, cada caçador e saqueador, cada herói e covarde, cada criador e destruidor da civilização, cada rei e plebeu, cada casal apaixonado, cada mãe e pai, cada crianças esperançosas, inventores e exploradores, cada educador, cada político corrupto, cada "superstar", cada "lidere supremo", cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu ali, em um grão de poeira suspenso em um raio de sol.

A Terra é um palco muito pequeno em uma imensa arena cósmica. Pense nas infindáveis crueldades infringidas pelos habitantes de um canto desse pixel, nos quase imperceptíveis habitantes de um outro canto, o quão frequentemente seus mal-entendidos, o quanto sua ânsia por se matarem, e o quão fervorosamente eles se odeiam. Pense nos rios de sangue derramados por todos aqueles generais e imperadores, para que, em sua gloria e triunfo, eles pudessem se tornar os mestres momentâneos de uma fração de um ponto. Nossas atitudes, nossa imaginaria auto-importância, a ilusão de que temos uma posição privilegiada no Universo, é desafiada por esse pálido ponto de luz.

Nosso planeta é um espécime solitário na grande e envolvente escuridão cósmica. Na nossa obscuridade, em toda essa vastidão, não ha nenhum indicio que ajuda possa vir de outro lugar para nos salvar de nos mesmos. A Terra é o único mundo conhecido até agora que sustenta vida. Não ha lugar nenhum, pelo menos no futuro próximo, no qual nossa espécie possa migrar. Visitar, talvez, se estabelecer, ainda não. Goste ou não, por enquanto, a terra é onde estamos estabelecidos.

Foi dito que a astronomia é uma experiência que traz humildade e constrói o caráter. Talvez, não haja melhor demonstração das tolices e vaidades humanas que essa imagem distante do nosso pequeno mundo. Ela enfatiza nossa responsabilidade de tratarmos melhor uns aos outros, e de preservar e estimar o único lar que nós conhecemos... o pálido ponto azul."

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Charlie Chaplin: "Discurso à Humanidade"


Este discurso para a humanidade, "Discurso final de ‘O grande ditador’, de Charlie Chaplin (1940)", é único! Um discurso que merece ser ouvido por todos e, tendo em vista uma humanidade mais fraterna, justa e realmente humana, deve ser ensinado nas escolas por todo o mundo.


Este momento é um chamado ao ser humano para voltar a ser humano!

O DISCURSO:

"Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio… negros… brancos.

Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens… levantou no mundo as muralhas do ódio… e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloquente à bondade do homem… um apelo à fraternidade universal… à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora… milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas… vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia… da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais… que vos desprezam… que vos escravizam… que arregimentam as vossas vidas… que ditam os vossos atos, as vossas ideias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar… os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela… de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo… um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!" ...

sexta-feira, 1 de maio de 2020

O Dia Internacional dos Trabalhadores e a pandemia da COVID-19

Editorial SULPOST de 1 de maio de 2020:



O Dia Internacional dos Trabalhadores é a principal data comemorativa internacional, dedicada aos trabalhadores, celebrada anualmente no 1 de maio, em quase todos os países do mundo, sendo feriado em muitos deles. 

Em 2020 vivemos um Dia dos trabalhadores atípico, sem comemoração, manifestações ou reuniões nas ruas e praças, por todo mundo, como é de costume desde 1 de maio de 1886, quando uma greve foi iniciada na cidade norte-americana de Chicago, com o objetivo de conquistar condições melhores de trabalho, principalmente a redução da jornada de trabalho diária.

Acontece que desde janeiro a imprensa começou a reportar casos sobre um "misterioso vírus que causava problemas respiratórios", tendo este vírus depois sido classificado como um coronavírus, causador da COVID-19. O vírus é responsável pela pandemia que assola a humanidade desde o final de 2019, com milhões de casos registrados em todo mundo, matando centenas de milhares de pessoas.

O Dia dos Trabalhadores de 2020, provavelmente marca uma nova era na relação de trabalho em todo planeta. Com quase metade da população mundial em quarentena, evitando sair de casa para diminuir o ritmo de contágio pelo novo coronavírus, a humanidade passa por uma fase de readaptação. Provavelmente o mundo jamais voltará a ser como antes.

Após décadas consecutivas de agressões à natureza, em nome de um progresso industrial, comercial e tecnológico; que a pandemia mundial agora mostra ser questionável, principalmente no que tange à relação custo/benefício de tais "avanços", somos levados a repensar valores e prioridades. Podemos levar o homem à Lua, mas somos ineficazes em dar uma resposta rápida, imediata, na criação de uma medicação ou vacina que cure ou previna contra a doença.

As pessoas tem demonstrado enorme gratidão aos profissionais de saúde, que também estão adoecendo por estarem na "linha de frente", e a tantos outros trabalhadores que, por conta de uma "flexibilização" do isolamento e distanciamento social, se colocam em risco de contágio, levando este risco também para dentro de seus lares. 

Estas mesmas pessoas que demonstram agora gratidão, são em sua maioria gente que pode permanecer em suas casas, em isolamento, evitando assim a infecção pela COVID-19. Quem precisa trabalhar realmente, para sobreviver, não está podendo ter o mesmo privilégio, de se manter em casa, evitando contagiar-se. Isto não parece justo.

Os grandes avanços tecnológicas da humanidade, que nos levaram a façanhas que permitiram ao homem chegar à Lua e colocar veículos controlados remotamente em Marte, se mostram agora pouco eficientes no controle e combate à pandemia mundial. O progresso alcançado até hoje pela raça humana se apresenta pouco eficaz em conter um minúsculo vírus, que está mudando para sempre o modo como vivemos e como nos relacionamos uns com os outros.

Enquanto um cientista ganha cerca de 1800 euros, na Europa um jogador de futebol pode receber em média 1 milhão de euros por mês. Afinal, qual é mais importante? Foram gastos bilhões de euros para construir estádios de futebol, os grandes coliseus da era contemporânea, que agora em países como o Brasil estão sendo usados para abrigar hospitais de campanha. Porque não construir mais hospitais e menos estádios? Mais pontes e menos muros?

Estamos reaprendendo dar o merecido valor e respeito às funções mais essenciais do circuito social em que nos inserimos, aos seres humanos, mulheres e homens de valor que podemos chamar de irmãos. Entregadores, comerciantes, repositores de estoque, operários, agricultores, caminhoneiros, e outros tantos e diversos profissionais que atuam nas áreas de serviços básicos e comércio.

Precisamos nos lembrar que economias se recuperam, países se reconstroem, empregos se criam novos ou se resgatam os que já havia, entretanto vidas humanas não. A ciência ainda não criou um meio de ressuscitar os mortos e salvo a reencarnação, ou ressurreição, a morte é o final daquela vida que se vai. 

As vidas que se perde para a pandemia, e que poderiam ser poupadas pela adoção de medidas sanitárias mais severas, de contenção na propagação do vírus, vão ficar na conta dos políticos e governantes; que valorizam mais a questão econômica, que a saúde propriamente dita, da população que lhes confiou os mandatos. 

Numa pandemia que se espalhou pelo mundo, levada pelos mais ricos, que faziam viagens internacionais a trabalho ou lazer. São os pobres, é a classe operária e trabalhadora a que agora mais sofre. 

Hoje vemos claramente o que já é o óbvio, que profissionais de saúde tem mais importância para a sociedade que operadores do mercado financeiro ou jogadores de futebol. Um rapaz que trabalha com entregas pode tem o mesmo valor que o dono do comércio que contrata os seus serviços. A duras penas surge clara a mais simples verdade, a de que e é a base da pirâmide que sustenta o topo.

É a história se reescrevendo. Quando olhamos para grandes construções megalíticas do passado, vemos claramente que só restaram as fundações; os grandes blocos que davam sustento às essas obras, que também foram erigidas através do suor e sacrifício das classes menos abastadas, para servir como locais de moradia ou de culto às classes mais abastadas.

Agradecemos neste dia 1 de maio de 2020 a todos os trabalhadores e trabalhadoras do nosso amado Planeta, que se sacrificam e colocam suas vidas em risco para poder atender aos que podem ficar isolados em casa, se mantendo a salvo no conforto de seus lares. Trabalhadores que na verdade, se houvesse boa vontade  política e humanidade, poderiam ter também a oportunidade de se resguardar, ficando a salvo dentro de suas casas, garantindo assim o achatamento da curva de contágio.

Agradecemos aos trabalhadores! Só fica difícil agradecer aos que colocam nossas vidas em risco, pelo afrouxamento da quarentena, com a reabertura de atividades não essenciais à manutenção básica das necessidades primordiais da população. Riscos desnecessários estão sendo corridos em nome do progresso, mas onde não há ordem não há progresso, onde não há caridade, não há salvação.

A velocidade de infecção pelo novo coronavírus é muito acelerada e, em muitos lugares já faltam vagas nas UTIs, levando equipes médicas a ter que decidir quem tem prioridade no uso de ventiladores, respiradores artificiais. Equipamentos necessários à manutenção da vida do paciente, pelo período necessário à restauração da saúde respiratória, que em parte dos casos é prejudicada por uma pneumonia decorrente da infecção viral. Todos que desenvolvem a forma mais grave da doença precisam dos respiradores para ter mais chances de sobreviver.

A humanidade ainda tem muito que progredir, em especial no que tange à ciência, às relações humanas que são primordiais para manutenção de uma sociedade saudável, pacífica e produtiva, e, é claro, quanto às relações de trabalho. Até onde vai o limite? Mais amor, por favor!

Viva todos os trabalhadores do nosso amado e frágil planeta Terra. Nossa casa comum, que passa por um período de profunda mudança e que jamais será o mesmo após o término da pandemia do novo coronavírus. Vivemos também uma emergência climática e tudo precisará ser reavaliado e revisto para saber o rumo que a humanidade irá tomar. 

Nas horas de crises globais como esta é que vem as grandes transformações, o verdadeiro progresso, fundado em base sólida, para construção de um mundo melhor.

Como disse o espírito Emmanuel, através do renomado médium brasileiro Chico Xavier: "A união fraternal é o sonho sublime da alma humana, entretanto, não se realizará sem que nos respeitemos uns aos outros, cultivando a harmonia, à face do ambiente que fomos chamados a servir. Só alcançaremos tal realização 'procurando guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz'."