"Os homens não amam aquilo que cuidam que amam. Por quê?
Ou porque o que amam não é o que cuidam; ou porque amam o que verdadeiramente não há. Quem estima vidros, cuidando que são diamantes, diamantes estima e não vidros; quem ama defeitos, cuidando que são perfeições, perfeições ama, e não defeitos.
Cuidais que amais diamantes de firmeza, e amais vidros de fragilidade: cuidais que amais perfeições Angélicas, e amais imperfeições humanas.
Logo os homens não amam o que cuidam que amam.
Donde também se segue, que amam o que verdadeiramente não há; porque amam as coisas, não como são, senão como as imaginam, e o que se imagina, e não é, não o há no mundo."
Padre António Vieira (1608-1697)
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Imagem: Padre Antonio Vieira, óleo sobre tela de José Rodrigues Nunes (c.1871) Wikimedia Commons
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