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sexta-feira, 1 de maio de 2020

O Dia Internacional dos Trabalhadores e a pandemia da COVID-19

Editorial SULPOST de 1 de maio de 2020:



O Dia Internacional dos Trabalhadores é a principal data comemorativa internacional, dedicada aos trabalhadores, celebrada anualmente no 1 de maio, em quase todos os países do mundo, sendo feriado em muitos deles. 

Em 2020 vivemos um Dia dos trabalhadores atípico, sem comemoração, manifestações ou reuniões nas ruas e praças, por todo mundo, como é de costume desde 1 de maio de 1886, quando uma greve foi iniciada na cidade norte-americana de Chicago, com o objetivo de conquistar condições melhores de trabalho, principalmente a redução da jornada de trabalho diária.

Acontece que desde janeiro a imprensa começou a reportar casos sobre um "misterioso vírus que causava problemas respiratórios", tendo este vírus depois sido classificado como um coronavírus, causador da COVID-19. O vírus é responsável pela pandemia que assola a humanidade desde o final de 2019, com milhões de casos registrados em todo mundo, matando centenas de milhares de pessoas.

O Dia dos Trabalhadores de 2020, provavelmente marca uma nova era na relação de trabalho em todo planeta. Com quase metade da população mundial em quarentena, evitando sair de casa para diminuir o ritmo de contágio pelo novo coronavírus, a humanidade passa por uma fase de readaptação. Provavelmente o mundo jamais voltará a ser como antes.

Após décadas consecutivas de agressões à natureza, em nome de um progresso industrial, comercial e tecnológico; que a pandemia mundial agora mostra ser questionável, principalmente no que tange à relação custo/benefício de tais "avanços", somos levados a repensar valores e prioridades. Podemos levar o homem à Lua, mas somos ineficazes em dar uma resposta rápida, imediata, na criação de uma medicação ou vacina que cure ou previna contra a doença.

As pessoas tem demonstrado enorme gratidão aos profissionais de saúde, que também estão adoecendo por estarem na "linha de frente", e a tantos outros trabalhadores que, por conta de uma "flexibilização" do isolamento e distanciamento social, se colocam em risco de contágio, levando este risco também para dentro de seus lares. 

Estas mesmas pessoas que demonstram agora gratidão, são em sua maioria gente que pode permanecer em suas casas, em isolamento, evitando assim a infecção pela COVID-19. Quem precisa trabalhar realmente, para sobreviver, não está podendo ter o mesmo privilégio, de se manter em casa, evitando contagiar-se. Isto não parece justo.

Os grandes avanços tecnológicas da humanidade, que nos levaram a façanhas que permitiram ao homem chegar à Lua e colocar veículos controlados remotamente em Marte, se mostram agora pouco eficientes no controle e combate à pandemia mundial. O progresso alcançado até hoje pela raça humana se apresenta pouco eficaz em conter um minúsculo vírus, que está mudando para sempre o modo como vivemos e como nos relacionamos uns com os outros.

Enquanto um cientista ganha cerca de 1800 euros, na Europa um jogador de futebol pode receber em média 1 milhão de euros por mês. Afinal, qual é mais importante? Foram gastos bilhões de euros para construir estádios de futebol, os grandes coliseus da era contemporânea, que agora em países como o Brasil estão sendo usados para abrigar hospitais de campanha. Porque não construir mais hospitais e menos estádios? Mais pontes e menos muros?

Estamos reaprendendo dar o merecido valor e respeito às funções mais essenciais do circuito social em que nos inserimos, aos seres humanos, mulheres e homens de valor que podemos chamar de irmãos. Entregadores, comerciantes, repositores de estoque, operários, agricultores, caminhoneiros, e outros tantos e diversos profissionais que atuam nas áreas de serviços básicos e comércio.

Precisamos nos lembrar que economias se recuperam, países se reconstroem, empregos se criam novos ou se resgatam os que já havia, entretanto vidas humanas não. A ciência ainda não criou um meio de ressuscitar os mortos e salvo a reencarnação, ou ressurreição, a morte é o final daquela vida que se vai. 

As vidas que se perde para a pandemia, e que poderiam ser poupadas pela adoção de medidas sanitárias mais severas, de contenção na propagação do vírus, vão ficar na conta dos políticos e governantes; que valorizam mais a questão econômica, que a saúde propriamente dita, da população que lhes confiou os mandatos. 

Numa pandemia que se espalhou pelo mundo, levada pelos mais ricos, que faziam viagens internacionais a trabalho ou lazer. São os pobres, é a classe operária e trabalhadora a que agora mais sofre. 

Hoje vemos claramente o que já é o óbvio, que profissionais de saúde tem mais importância para a sociedade que operadores do mercado financeiro ou jogadores de futebol. Um rapaz que trabalha com entregas pode tem o mesmo valor que o dono do comércio que contrata os seus serviços. A duras penas surge clara a mais simples verdade, a de que e é a base da pirâmide que sustenta o topo.

É a história se reescrevendo. Quando olhamos para grandes construções megalíticas do passado, vemos claramente que só restaram as fundações; os grandes blocos que davam sustento às essas obras, que também foram erigidas através do suor e sacrifício das classes menos abastadas, para servir como locais de moradia ou de culto às classes mais abastadas.

Agradecemos neste dia 1 de maio de 2020 a todos os trabalhadores e trabalhadoras do nosso amado Planeta, que se sacrificam e colocam suas vidas em risco para poder atender aos que podem ficar isolados em casa, se mantendo a salvo no conforto de seus lares. Trabalhadores que na verdade, se houvesse boa vontade  política e humanidade, poderiam ter também a oportunidade de se resguardar, ficando a salvo dentro de suas casas, garantindo assim o achatamento da curva de contágio.

Agradecemos aos trabalhadores! Só fica difícil agradecer aos que colocam nossas vidas em risco, pelo afrouxamento da quarentena, com a reabertura de atividades não essenciais à manutenção básica das necessidades primordiais da população. Riscos desnecessários estão sendo corridos em nome do progresso, mas onde não há ordem não há progresso, onde não há caridade, não há salvação.

A velocidade de infecção pelo novo coronavírus é muito acelerada e, em muitos lugares já faltam vagas nas UTIs, levando equipes médicas a ter que decidir quem tem prioridade no uso de ventiladores, respiradores artificiais. Equipamentos necessários à manutenção da vida do paciente, pelo período necessário à restauração da saúde respiratória, que em parte dos casos é prejudicada por uma pneumonia decorrente da infecção viral. Todos que desenvolvem a forma mais grave da doença precisam dos respiradores para ter mais chances de sobreviver.

A humanidade ainda tem muito que progredir, em especial no que tange à ciência, às relações humanas que são primordiais para manutenção de uma sociedade saudável, pacífica e produtiva, e, é claro, quanto às relações de trabalho. Até onde vai o limite? Mais amor, por favor!

Viva todos os trabalhadores do nosso amado e frágil planeta Terra. Nossa casa comum, que passa por um período de profunda mudança e que jamais será o mesmo após o término da pandemia do novo coronavírus. Vivemos também uma emergência climática e tudo precisará ser reavaliado e revisto para saber o rumo que a humanidade irá tomar. 

Nas horas de crises globais como esta é que vem as grandes transformações, o verdadeiro progresso, fundado em base sólida, para construção de um mundo melhor.

Como disse o espírito Emmanuel, através do renomado médium brasileiro Chico Xavier: "A união fraternal é o sonho sublime da alma humana, entretanto, não se realizará sem que nos respeitemos uns aos outros, cultivando a harmonia, à face do ambiente que fomos chamados a servir. Só alcançaremos tal realização 'procurando guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz'."

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