quinta-feira, 15 de maio de 2025

Julgamento de Diddy mergulha em horror: o dia em que Cassie quebrou o silêncio

Relatos de abusos, drogas e sexo forçado marcam o testemunho da cantora contra o rapper. E o caso está longe de acabar

Por Ronald Stresser*
 
NYP
 

O silêncio que cortou o tribunal — Quando Cassie Ventura atravessou a sala do tribunal federal nesta terça-feira (14), algo mudou no ar. A movimentação parou. O burburinho se calou. Não era só uma testemunha que tomava seu lugar — era uma mulher decidida a romper anos de silêncio. Ex-namorada de Sean “Diddy” Combs, ela descreveu com riqueza de detalhes uma vida marcada por abusos, controle, drogas e sexo sem consentimento.

A audiência ganhou contornos de suspense de tribunal. Um silêncio denso pairava entre os relatos. Uma jurada chorou. A juíza precisou interromper a sessão por alguns minutos. O que começou como uma disputa judicial com cara de tablóide rapidamente se transformou numa denúncia que escancarou o lado mais sombrio da fama.

“Freak offs”, drogas e dominação psicológica

Cassie usou o termo “freak offs” para descrever os eventos sexuais forçados organizados por Diddy. Festas privadas com múltiplos parceiros, substâncias ilícitas e a presença constante de coação psicológica. “Ele dizia que era para meu crescimento espiritual. Mas era só para satisfazer suas fantasias e me manter sob controle”, declarou.

A cantora relatou que vivia como prisioneira em sua própria rotina. Tinha que pedir permissão para sair, escolher roupas aprovadas pelo namorado e aceitar imposições sexuais travestidas de experiências artísticas. “Eu era moldada por ele. E se eu tentava resistir, o castigo vinha.”

Violência física e ciclos de arrependimento

Um dos relatos mais chocantes envolveu uma agressão física ocorrida num quarto de hotel. Após um desentendimento, Cassie diz ter sido espancada por Diddy até perder a consciência. “Acordei e ele estava chorando. Dizia que estava estressado, que não sabia o que tinha acontecido.” O padrão, segundo ela, se repetiu diversas vezes ao longo da relação.

Ela também detalhou momentos em que foi drogada contra sua vontade, levada a situações de extremo desconforto e coagida a interações sexuais com outras pessoas. “Ele me dizia que aquilo era normal, que todo artista de verdade passava por isso. Eu acreditei, por muito tempo.”

20 milhões de dólares por silêncio — mas sem paz

Em 2023, Cassie aceitou um acordo extrajudicial de 20 milhões de dólares para encerrar uma ação civil por abuso. À época, pouco se falou sobre os detalhes. Agora, em pleno tribunal, ela revelou o motivo do silêncio: medo, vergonha e um desejo profundo de escapar da dor.

“Eu aceitei o dinheiro para tentar esquecer, para recomeçar. Mas a paz nunca veio. Eu precisava contar o que vivi”, afirmou diante do júri. A revelação caiu como uma bomba, levando parte da imprensa presente a revisar completamente o tom da cobertura do caso.

Diddy nega tudo — e prepara ataque

Sean Combs permanece firme na cadeira da defesa. Evita reações públicas. Seus advogados, no entanto, já sinalizaram uma estratégia agressiva para o contra-interrogatório, marcado para esta quinta-feira (15). A intenção é pintar Cassie como uma ex ressentida, em busca de vingança e visibilidade.

A defesa também sugere queo relacionamento foi consensual e que os “freak offs” eram eventos privados, fruto de escolhas mútuas. Mas o depoimento de Cassie, entregue com clareza e emoção contida, parece ter tocado profundamente o júri.

O peso das redes e o silêncio da indústria

A repercussão foi imediata. Celebridades começaram a se posicionar. O rapper 50 Cent foi um dos primeiros a se manifestar, cobrando responsabilidade e acusando a indústria de proteger agressores. “Quantas provas mais são necessárias para que alguém aja?”, escreveu ele.

Nos bastidores, fala-se em uma possível reação em cadeia. Antigos colaboradores e pessoas próximas de Diddy estariam sendo contatados por promotores. O julgamento, que começou como um processo civil, pode acabar desaguando em acusações criminais — e na implosão de um império construído ao longo de décadas.

Uma mulher e a coragem de falar

Cassie volta a depor ainda nesta quarta-feira (15). Há expectativa de que novos nomes sejam citados, e que o alcance do caso vá além da relação entre os dois. O tribunal segue como um palco de revelações desconcertantes, onde a celebridade dá lugar à humanidade ferida.

No centro de tudo está a voz de uma mulher que demorou mais de uma década para ser ouvida. Agora, ela fala. E o mundo ouve. O que vem depois disso pode mudar, para sempre, os limites da fama, do poder e da impunidade no universo do entretenimento.

*com informações do The New York Post.

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Pepe Mujica teve despedida em Foz do Iguaçu

Pepe Mujica: uma despedida em Foz do Iguaçu ao estadista que sonhou com uma América Latina unida

Por Ronald Stresser*

 
Pepe Mujica e Enio Verri / Itaipu Binacional
 

Na manhã silenciosa dessa terça-feira, 13 de maio de 2025, a América Latina perdeu mais do que um ex-presidente: perdeu uma de suas consciências mais lúcidas e humanas. José “Pepe” Mujica, aos 89 anos, partiu em casa, em Montevidéu, depois de uma batalha serena contra um câncer de esôfago. Fiel a si mesmo até o fim, enfrentou a doença com a mesma simplicidade e firmeza que marcaram sua vida pública. A notícia de sua morte atravessou fronteiras e provocou uma comoção sincera, especialmente em Foz do Iguaçu, onde ele esteve pela última vez em fevereiro do ano passado.

Naquela ocasião, Mujica participou da Jornada Latino-Americana e Caribenha de Integração dos Povos, evento que reuniu mais de 1.500 lideranças populares na Tríplice Fronteira. O tom de sua fala era o mesmo de sempre — direto, despojado, profundamente comprometido com os ideais que defendeu por toda a vida. “Enquanto o povo não entender que a integração defende os interesses do próprio povo, ela nunca será plena”, disse, provocando reflexões em meio a aplausos emocionados.

Pepe também visitou a usina de Itaipu, símbolo histórico de cooperação entre Brasil e Paraguai. Ao lado do diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, conversou sobre democracia, meio ambiente e os caminhos possíveis para uma América Latina mais igualitária. “Mujica é um homem que dedicou sua vida à democracia e à integração. Sempre acreditou que o futuro do continente passa pela justiça social”, relembrou Verri.

Mas o vínculo de Mujica com Foz não começou ali. Em 2016, ele já havia emocionado estudantes e professores da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) ao proferir a aula magna que abriu o ano letivo. Como sempre, falou com o coração, defendendo a educação como ferramenta de transformação e reafirmando sua crença de que um continente mais unido nasce nas salas de aula, não nas cúpulas políticas.

A Itaipu Binacional, que teve a honra de recebê-lo, expressou em nota o sentimento que ecoou por todo o continente: “Perdemos um dos maiores e mais respeitados líderes da América Latina: um político progressista, pensador humanista, reconhecido no mundo inteiro pela defesa da democracia e da justiça social.”

José Mujica deixa um legado raro em tempos de vaidade e espetáculo. Um homem que viveu como pensava — com humildade, coerência e compromisso com os valores humanos mais essenciais. Sua trajetória seguirá inspirando gerações, especialmente aquelas que ainda acreditam que a América Latina pode ser um projeto coletivo, solidário e profundamente humano.

*com informações da Itaipu Binacional, El Huffington Post e Agência Brasil.

Sulpost Mercado - 14/05/25

Sulpost Mercado | Edição de 14 de maio de 2025

Mercado global respira aliviado com trégua comercial e megacontratos; no Brasil, Azul amarga prejuízo bilionário

Por Ronald Stresser, da redação.
 
 

China e Estados Unidos baixam as armas — e o mercado respira

Pela primeira vez em meses, o clima nos mercados globais amanheceu mais leve. Nada de reviravoltas bruscas, ameaças ou tarifas trocadas como munição. Entrou em vigor hoje um acordo entre China e Estados Unidos que promete dar uma trégua na guerra comercial que vinha estremecendo o mundo dos negócios.

O gesto é simbólico, mas concreto: os americanos reduziram tarifas pesadas sobre produtos chineses, e a China fez o mesmo em relação aos bens importados dos Estados Unidos. O mercado financeiro, que andava tenso, reagiu com alívio. O dólar, por exemplo, ficou praticamente imóvel, no menor valor desde outubro. Quando os gigantes param de brigar, o mundo todo agradece.

Catar fecha negócio histórico com a Boeing: 160 jatos no pacote

Enquanto as potências selavam a paz econômica, uma outra movimentação bilionária ganhava as manchetes — dessa vez no setor aéreo. A Qatar Airways decidiu reforçar sua frota com nada menos que 160 aviões da americana Boeing. Valor estimado do contrato? Cerca de 200 bilhões de dólares. Sim, bilhões.

Ainda não se sabe ao certo quais modelos de aeronave estão no pacote, nem se tudo será entregue de uma vez ou ao longo dos anos. O que já se sabe é que esse acordo entra para a história como o maior já assinado pela fabricante americana. Para a Boeing, é um fôlego e tanto. Para a Qatar, um sinal claro de que ela quer continuar crescendo — e voando alto.

Azul toma um tombo e amarga prejuízo de R$ 1,8 bilhão

Do lado de cá, no Brasil, a companhia aérea Azul atravessa um céu bem mais nublado. No balanço divulgado hoje, a empresa revelou um prejuízo pesado: R$ 1,816 bilhão só no primeiro trimestre de 2025. Um número que assustou o mercado e derrubou as ações da companhia em quase 14%.

A Azul atribui parte desse prejuízo a fatores cambiais e ajustes contábeis, mas o impacto foi imediato. Investidores reagiram mal e a confiança na recuperação da empresa ficou abalada. Não é a primeira vez que a companhia encara turbulência — e talvez não seja a última. Mas o recado do mercado foi claro: vai ser preciso mais do que justificativas para recuperar o fôlego.

J&F põe fim a novela judicial e assume de vez a Eldorado

Depois de quase oito anos de disputa, uma das brigas societárias mais longas do país está prestes a acabar. A J&F, holding dos irmãos Batista, vai finalmente assumir o controle total da Eldorado Brasil Celulose. Os 49% que ainda estavam com um grupo indonésio serão comprados, encerrando um litígio que já durava desde 2017.

A assinatura do contrato deve acontecer nas próximas horas. Para o mercado, o desfecho traz previsibilidade. Para a J&F, representa mais controle sobre um dos seus ativos mais estratégicos. E para o setor, um sinal de que, às vezes, até os embates mais arrastados podem ter fim — e com acordo.

Lula volta a defender moeda alternativa ao dólar entre países do Brics

Enquanto o mundo discute tarifas e contratos, o presidente Lula retomou um tema que tem tudo para ganhar força nos próximos anos: a criação de uma moeda alternativa ao dólar para ser usada no comércio entre os países do Brics.

A ideia não é nova, mas Lula tem dado cada vez mais destaque a ela em suas falas. O modelo proposto seria o de uma cesta de moedas — algo que permitiria mais autonomia e menos dependência do dólar nas transações entre países como Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul. Ainda é um projeto em construção, mas que pode mudar bastante o cenário geopolítico se for adiante.

  • Esta coluna é uma produção independente e não possui vínculo com instituições governamentais ou empresariais. Sulpost Mercado traz o que realmente importa no noticiário econômico, do jeito que você entende. Um assunto de cada vez, sem perder a humanidade no caminho. Até a próxima.

Fraudes no INSS: o Brasil que tira de quem tem pouco para enriquecer quem já tem demais

Fraude no INSS: a conta que sobrou para milhões de aposentados enquanto poucos enriqueciam às custas da dor alheia

Por Ronald Stresser*

 
Polícia Federal/MJ
 

Maria das Dores, 72 anos, achava que o valor da aposentadoria estava menor por causa da inflação, ou talvez de algum desconto de farmácia que ela não lembrava de ter autorizado. Moradora de uma vila simples em Belo Horizonte, ela só foi descobrir — depois de meses — que o contracheque vinha sendo corroído por descontos misteriosos, atribuídos a uma tal “associação” da qual ela nunca ouvira falar.

“Eu só queria pagar meus remédios em dia. A gente se mata de trabalhar a vida inteira, e no fim ainda tem que desconfiar do próprio benefício?”, desabafa.

Como a dona Das Dores, milhões de aposentados e demais benefíciários do INSS foram atingidos por um esquema de fraude e corrupção que, mais do que um rombo bilionário nos cofres públicos, representa uma agressão direta à dignidade de quem trabalhou com honestidade e, agora, no momento mais vulnerável da vida, se vê enganado.

Tendo em vista este crime contra a previdência pública, na manhã de hoje, terça-feira (14), a Polícia Federal voltou às ruas. Em Presidente Prudente, interior de São Paulo, agentes cumpriram dois mandados de busca e apreensão em imóveis ligados a um operador financeiro suspeito de lavar dinheiro desviado de aposentados e pensionistas. A esposa dele também é investigada.

Segundo a Polícia Federal, o casal usava o dinheiro das fraudes para comprar veículos de luxo e outros bens incompatíveis com a realidade de quem diz viver de rendimentos modestos. Tudo isso, enquanto do outro lado da equação estavam pessoas como Maria — que contam os centavos para fechar o mês.

Essa é a nova fase da *Operação Sem Desconto*, deflagrada pela primeira vez em abril deste ano. Desde então, os investigadores vêm desmontando um esquema que pode ter causado um prejuízo de até R\$ 8 bilhões. O número é assustador, mas ainda mais brutal é saber que cerca de 9 milhões de beneficiários podem ter sido prejudicados. Gente comum, muitas vezes sem acesso pleno à internet ou ao extrato detalhado do benefício, que só percebe o golpe quando falta dinheiro para o gás ou o mercado.

De acordo com a Controladoria-Geral da União, tudo começava com convênios entre o INSS e entidades associativas — sindicatos, clubes e instituições que, teoricamente, prestariam algum tipo de serviço ou representação aos aposentados. Só que muitos desses convênios eram firmados sem transparência, e os descontos começavam a ser feitos automaticamente, sem que o beneficiário sequer soubesse da existência da tal “entidade”.

Parte desses recursos, em vez de custear serviços legítimos, ia parar nas mãos de dirigentes e operadores financeiros. Durante a primeira fase da operação, a PF apreendeu R\$ 1,7 milhão em dinheiro vivo, além de joias e carros de luxo. Seis servidores do INSS foram afastados, e o então presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, acabou exonerado.

A nova etapa da investigação busca aprofundar o rastro da lavagem de dinheiro. A PF acredita que o operador de Presidente Prudente tinha papel central na ocultação dos valores desviados. Segundo os investigadores, a movimentação financeira dele era completamente incompatível com sua renda declarada — e a esposa atuava como laranja em algumas transações.

O INSS afirma que está colaborando com as investigações e promete buscar mecanismos para ressarcir os beneficiários prejudicados. Mas, na prática, o caminho é longo e tortuoso. Muitas vítimas sequer sabem que foram lesadas. Outras não têm acesso a orientação jurídica ou canais claros para pedir o estorno. A CGU e a PF, por sua vez, mantêm os canais de denúncia abertos, incentivando a população a reportar qualquer irregularidade.

“Eu só quero justiça”, diz Maria. “Não é nem pelo dinheiro. É porque não é certo brincar com a vida da gente desse jeito.”

A Operação Sem Desconto ainda deve ter novos desdobramentos. Enquanto isso, o Brasil segue assistindo a um triste espetáculo: o de quem tem quase nada sendo lesado por quem já tem demais — e nem disfarça.



Amazônia Azul: o oceano sob disputa e o alerta por trás do silêncio

Amazônia Azul: o oceano sob disputa e o alerta por trás do silêncio em se saber dizer "nao", quando nossa soberania pode estar sob ameaça

Por Ronald Stresser*
 
Arte: Sulpost
 

No cenário das tensões globais, onde os holofotes geralmente recaem sobre a floresta amazônica, há um território marítimo igualmente vital — e agora alvo de cobiça internacional: a Amazônia Azul. O conceito, que engloba a imensa zona econômica exclusiva do Brasil no Atlântico Sul, voltou ao centro do debate político nos últimos dias. E desta vez, com um elemento novo (e perturbador): Donald Trump.

O ex-presidente norte-americano, que tenta voltar à Casa Branca com um discurso ainda mais agressivo, não esconde seu interesse estratégico em pontos como o arquipélago de Fernando de Noronha. Em artigo publicado no Brasil 247, o jornalista Mauro Lopes denuncia que a ultradireita dos EUA mira o controle indireto dessas áreas sob o argumento de “defesa ambiental”, mas com intenções militares e econômicas inconfessáveis.

Em tempos de guerra híbrida, as ameaças nem sempre vêm com tanques. Elas chegam através de acordos de cooperação, fundos internacionais e narrativas que pintam o Brasil como um país incapaz de proteger seus próprios recursos. É nesse contexto que a Amazônia Azul entra na mira: rica em biodiversidade marinha, petróleo, rotas estratégicas e cabos de internet submarinos.

Fernando de Noronha como símbolo

Fernando de Noronha, patrimônio natural da humanidade, é uma joia geopolítica no meio do Atlântico. Sua posição estratégica entre América do Sul e África a torna um ativo disputado em tempos de reconfiguração das alianças militares. Segundo Lopes, há pressões para transformar a ilha em uma espécie de base de vigilância para interesses estrangeiros, disfarçados de investimentos em infraestrutura e turismo.

Enquanto isso, o Brasil — que mal consegue proteger suas águas costeiras da pesca predatória — precisa lidar com um tabuleiro internacional que inclui OTAN, China, Rússia e agora, potencialmente, Trump de volta ao jogo. A defesa da soberania sobre a Amazônia Azul exige mais do que navios da Marinha: exige visão política e coragem para dizer “não” quando for preciso.

O mar também é Brasil

Com a COP 30 se aproximando e a crise climática se aprofundando, cresce a urgência de olhar para os oceanos como parte indissociável da agenda ambiental. E aí, novamente, o Brasil é chamado a fazer escolhas. Entre seguir como ator passivo dos interesses externos ou afirmar-se como nação soberana, defensora de seus povos e territórios — inclusive os que vivem do mar.

Em um país que ainda chora suas florestas e despreza seus pescadores, talvez seja hora de lembrar que o azul também é verde. E que defender a Amazônia Azul é proteger o próprio futuro.

*com informações de Mauro Lopes e Brasil 247.

Turismo em transformação: o Pará se prepara para receber o mundo na COP 30

Com novas marcas, capacitação e foco em sustentabilidade, estado amazônico aposta no turismo como pilar da COP 30 e legado para o futuro

Por Ronald Stresser*

 

O Pará vive uma corrida silenciosa, mas intensa. À sombra das mangueiras de Belém e ao som das marés que banham a Ilha de Marajó, o estado amazônico acelera os preparativos para um dos maiores eventos globais da década: a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 30, que acontecerá em novembro de 2025 na capital paraense.

Mas o Pará não quer apenas sediar. Quer encantar. Quer deixar uma marca. E o turismo — com suas belezas naturais, sua cultura pulsante e sua gastronomia inigualável — é parte central dessa estratégia.

Uma nova cara para o turismo paraense

O pontapé simbólico veio durante o clássico Re-Pa, em abril, quando o Governo do Estado lançou a nova marca do turismo paraense no gramado do Mangueirão, diante de uma multidão apaixonada. O novo conceito, segundo a Secretaria de Turismo, busca alinhar identidade visual, diversidade cultural e compromisso ambiental para posicionar o Pará como destino internacional.

“Nossa marca precisa falar com o mundo, mas sem perder a alma paraense”, destacou André Dias, secretário de Turismo do Estado, na ocasião.

Com a nova marca, vieram também ações concretas. Mais de 1,8 mil vagas foram abertas em cursos gratuitos para formar e qualificar profissionais do setor turístico, com foco em hospitalidade, idiomas, atendimento e práticas sustentáveis. A intenção é clara: oferecer uma experiência inesquecível aos milhares de visitantes esperados para a COP — e para além dela.

Belezas que resistem

Para quem já visitou o Pará, não é difícil entender por que o estado foi escolhido como sede da COP 30. De Alter do Chão, em Santarém — apontado pelo The Guardian como uma das mais belas praias de água doce do mundo — às ilhas selvagens do arquipélago do Marajó, passando pelas trilhas da floresta em Soure, pelos igarapés de Bragança e pela vida ribeirinha às margens do Tapajós, o que não falta é beleza que inspira e natureza que resiste.

Mas a COP 30 não será apenas um encontro climático. Será também um holofote sobre o potencial turístico do bioma amazônico — e sobre a urgência de preservá-lo.

Turismo sustentável como prioridade

Na recente reunião de ministros do Turismo dos países do BRICS, realizada em Goiânia e liderada pelo paraense Celso Sabino, foi aprovada a “Declaração do Cerrado”, um documento que reforça o compromisso com o turismo sustentável e integrado. Sabino aproveitou o encontro para destacar a COP 30 como uma oportunidade única de reposicionar o Brasil — e especialmente a Amazônia — como destino de ecoturismo de classe mundial.

“Não podemos pensar o turismo separado do meio ambiente. O visitante que vem ao Pará quer viver a floresta, quer entender os povos da Amazônia, quer provar o açaí colhido no quintal do ribeirinho. Isso só é possível se cuidarmos de tudo isso”, afirmou o ministro.

Essa visão encontra eco na população. Pesquisa recente divulgada pelo Ministério do Turismo mostra que mais de 80% dos brasileiros hoje priorizam destinos que adotam práticas sustentáveis, como redução de plástico, incentivo à economia local e respeito às comunidades tradicionais.

Integração e interiorização

Outro ponto de atenção tem sido a integração do turismo em regiões mais remotas do estado, como o sul do Pará. O Ministério do Turismo já iniciou uma agenda específica com lideranças locais para promover a interiorização das rotas turísticas, conectando polos emergentes como Parauapebas e Canaã dos Carajás — regiões que, até então, eram mais conhecidas pela mineração.

A proposta é diversificar a economia e criar alternativas sustentáveis. E isso começa com infraestrutura, capacitação e valorização das riquezas naturais e culturais da região.

O desafio e o legado

Receber uma COP não é simples. São dezenas de chefes de Estado, centenas de organizações internacionais e milhares de delegações, ativistas, jornalistas e turistas. É logística, segurança, mobilidade urbana, conectividade. Mas é também oportunidade.

O Pará encara a COP 30 como um divisor de águas. Não apenas pelo impacto internacional, mas pela chance de estruturar seu turismo para as próximas décadas, com respeito à floresta, às águas e aos povos que ali vivem.

O desafio é enorme. Mas o Pará — com seu povo acolhedor, suas paisagens indomáveis e sua vontade de fazer bonito — parece pronto para surpreender o mundo.

E quem sabe, depois da COP, o visitante que veio discutir o clima volte para tomar um tacacá na beira do Ver-o-Peso. Só por prazer.

*com informações da comunicação do Ministério do Turismo e da Secretaria de Turismo do Pará.

terça-feira, 13 de maio de 2025

Assembleia do Paraná aprova “naming rights” e endurece regras contra discursos ofensivos

Propostas distintas avançam no plenário: enquanto uma busca atrair recursos da iniciativa privada para revitalizar espaços públicos, outra quer impor mais rigor ao comportamento dos parlamentares

 
Texto que cria o "naming" é aprovado em primeiro turno - Orlando Kissner/Alep
 

Está sendo uma semana movimentada na Assembleia Legislativa do Paraná. Entre debates sobre gestão pública e o papel ético dos parlamentares, dois projetos importantes foram discutidos e aprovados: a criação de uma política estadual de naming rights, que permite a cessão do nome de bens públicos a empresas privadas, e um pacote de medidas para endurecer o combate a discursos ofensivos e radicais dentro da Casa.

Aprovado em plenário, o projeto dos naming rights autoriza o uso de marcas e nomes comerciais em prédios e equipamentos públicos do Estado. Espaços como bibliotecas, arenas esportivas, centros culturais e salas multiuso poderão, a partir de agora, receber nomes de patrocinadores — desde que cumpram critérios éticos e legais. Ficam de fora da medida os prédios que sediam os Três Poderes, os que já possuem nomes estabelecidos por lei, ou que fazem referência a pessoas, fatos históricos ou geográficos protegidos.

O objetivo da nova política é claro: abrir caminho para parcerias que ajudem na manutenção, reforma e revitalização de espaços públicos sem depender exclusivamente do orçamento estadual. Entre os exemplos citados estão a transformação da Pedreira do Atuba em área de lazer e o novo centro de convenções que será construído no terreno do antigo estádio do Pinheirão.

Além disso, a proposta cria a figura da “adoção social” de bens públicos, permitindo que empresas, organizações ou mesmo pessoas físicas se responsabilizem por melhorias e conservação desses espaços, mediante contrapartidas como visibilidade institucional.

Mas nem tudo se resumiu à estrutura física dos bens públicos. Na mesma semana, a Assembleia aprovou a abertura de um estudo para mudanças no Regimento Interno, com o objetivo de tornar mais rígido o Código de Ética dos deputados estaduais. O estopim foi a crescente preocupação com o tom de alguns discursos em plenário, marcados por ataques pessoais, radicalismos e manifestações que extrapolam o debate democrático.

A partir de agora, falas consideradas ofensivas ou desrespeitosas poderão ser encaminhadas diretamente ao Conselho de Ética, sem a necessidade de representação formal de outro deputado. A intenção é acelerar a apuração de condutas incompatíveis com o mandato parlamentar.

A presidência da Casa também defende a simplificação dos processos que podem levar à cassação de mandatos, especialmente em casos recorrentes de quebra de decoro. Atualmente, o trâmite exige diversas etapas — desde manifestações públicas até votação em plenário. A ideia é estabelecer regras mais claras e objetivas, com possibilidade de sanções mais rápidas e efetivas.

As duas propostas não têm relação direta, mas refletem movimentos paralelos da Assembleia para lidar com desafios distintos: de um lado, a sustentabilidade dos bens públicos; do outro, a integridade do ambiente político. Em comum, carregam o esforço de reposicionar o Legislativo paranaense como uma instituição moderna, aberta a parcerias — mas também firme em seus princípios.

Ronald Stresser, com informações da ALEP.

Coluna Papo Reto – 12 e 13 de maio de 2025

Brasil em ebulição: entre fantasmas do passado, desafios do presente e o papel global de Lula

Por Ronald Stresser*

 
© Ricardo Stuckert / PR
 

No coração da política brasileira, os dias 12 e 13 de maio foram marcados por um turbilhão de acontecimentos que retratam um país em plena ebulição: fantasmas de golpes frustrados ainda assombram Brasília, aposentados são pegos de surpresa por descontos irregulares, a esquerda se vê em uma encruzilhada e, em meio ao fogo cruzado, Lula tenta manter o Brasil como mediador de paz em uma guerra que parece sem fim.

Os EUA, o golpe que não foi e os bastidores da democracia

A revelação do ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, caiu como uma bomba no cenário político: segundo ele, os Estados Unidos tiveram um papel decisivo para impedir o golpe de Estado que rondava o Brasil em 8 de janeiro de 2023. O que antes era especulação passou a ter nome, sobrenome e, sobretudo, endereço internacional. O recado foi claro: a democracia brasileira, embora resiliente, sobreviveu graças também a pressões externas.

Esse episódio relança o debate sobre a soberania do país e os limites da interferência internacional — justamente no momento em que o ex-presidente Donald Trump, com chances reais de retornar ao poder, ressurge no radar geopolítico com seu interesse na chamada “Amazônia Azul” e em ilhas estratégicas como Fernando de Noronha. A coincidência não é inocente. O blog do jornalista Mauro Lopes sugere que o arquipélago poderia se tornar palco de disputas geopolíticas, com forte apelo militar e ambiental.

Bolsonaro, Dirceu e a política do medo

Enquanto isso, no campo da política doméstica, o ex-presidente Jair Bolsonaro continua a agir como réu sem tornozeleira, mas com medo visível da cadeia. José Dirceu, figura histórica da esquerda e ex-ministro da Casa Civil, rompeu o silêncio com uma frase certeira: “Bolsonaro fica choramingando com medo da prisão; eu enfrentei”. O contraste entre os dois não é apenas jurídico, mas simbólico — representa a diferença entre quem assume seus atos e quem ainda tenta reescrever a história.

Na Câmara, o deputado Hugo Motta pediu uma “autocrítica entre os Poderes” após a decisão do STF de anular a nomeação de Alexandre Ramagem para a Abin, feita ainda durante o governo Bolsonaro. A decisão reforça a tese de que o bolsonarismo instrumentalizou o Estado para fins pessoais, algo que agora precisa ser enfrentado com responsabilidade institucional.

Aposentados no alvo: descontos indevidos e a dor silenciosa

Longe dos gabinetes refrigerados de Brasília, milhões de aposentados foram surpreendidos com notificações do INSS sobre descontos irregulares nos benefícios. Muitos descobriram que vinham pagando, sem saber, por serviços não solicitados — como seguros, clubes de compras e associações obscuras. Para quem vive com um salário mínimo, qualquer centavo faz falta. A resposta do governo ainda é tímida, mas o escândalo revela uma vulnerabilidade cruel do sistema que deveria proteger os mais velhos.

Lula e a esquerda na encruzilhada

No meio de tantos fronts, Lula se vê diante de uma encruzilhada que pode definir sua presidência: como liderar uma frente progressista que precisa, ao mesmo tempo, preservar alianças institucionais e atender às demandas populares? Em artigo contundente, o jornalista Breno Altman afirma que o presidente precisa ir além da governabilidade e reencontrar a mobilização social que o elegeu. A esquerda, adverte Altman, corre o risco de perder sua identidade em nome de uma estabilidade que, no Brasil, nunca foi sinônimo de justiça.

Ucrânia pede ajuda a Lula: diplomacia brasileira em cena

Em uma reviravolta diplomática, mesmo após críticas duras à postura do Brasil em relação à guerra no Leste Europeu, a Ucrânia pediu oficialmente a Lula que interceda junto a Vladimir Putin para negociar o fim do conflito. O gesto mostra que, apesar das divergências ideológicas, o Brasil ainda é visto como um país confiável para mediação — especialmente sob a liderança de alguém que fala com os Estados Unidos, China e Rússia sem subserviência.

Entre Noronha e Kiev, um Brasil em disputa

Os dois dias condensaram as múltiplas faces do Brasil: uma nação que tenta curar suas feridas democráticas, que lida com desigualdades gritantes, mas que também é chamada a participar das decisões mais urgentes do mundo. De Fernando de Noronha à Ucrânia, passando pelas ruas de Sobradinho e pelas salas do STF, o país pulsa com intensidade e contradição.

Resta saber se, no meio de tantos ruídos, haverá espaço para escutar o que de fato importa: a voz do povo. E essa, como sempre, ainda precisa gritar mais alto.

*com informações de várias agências e do site Brasil 247.

Vídeos do presidente Lula sendo recebido pelo presidente chinês Xi Jinping, em Pequim:

 



 

Lula e Xi: um aceno ao multilateralismo em meio à guerra comercial

Enquanto o mundo ergue barreiras e trava guerras comerciais em nome de uma segurança que muitas vezes serve só aos mais ricos, Lula e Xi Jinping se encontraram para dizer o óbvio que muitos esqueceram: o planeta precisa de pontes, não de muros.

Em meio a uma nova escalada protecionista — especialmente vinda dos Estados Unidos — os dois líderes defenderam o livre comércio e criticaram as tarifas que sufocam países em desenvolvimento. Não foi apenas uma fala técnica. Foi um posicionamento político com cheiro de resistência.

De um lado, a China, gigante que tenta manter o crescimento em um mundo cada vez mais fechado. Do outro, o Brasil de Lula, que busca espaço para seus produtos, mas também para sua voz. Juntos, lembraram que a saída não está em isolar, mas em negociar. Não está em punir, mas em cooperar.

Na prática, o recado é claro: o Sul global quer respirar. E não aceita mais respirar por aparelhos controlados por Washington.

*com informações da Agência Brasil.

Fentanil: o alerta silencioso que bate à porta do Brasil

O fentanil já chegou no Brasil: a nova droga, que mata em minutos e ameaça calar vidas no Brasil, já está circulando, mas ainda há tempo de evitar o pior

Por Ronald Stresser*

 
 

O mundo já perdeu a guerra contra as drogas. Essa constatação, ainda incômoda para muitos, precisa ser o ponto de partida para qualquer conversa séria sobre o assunto. Há décadas, assim como acontece com outros países em desenvolvimento — inclusive em alguns desenvolvedos —, nosso país aposta na repressão e na criminalização. O problema é que os dados, as ruas e as famílias escancararam o óbvio: o combate violento só multiplicou o sofrimento. Hoje, o que se impõe, por se mostrar eficaz, é um caminho mais humano — orientar, educar, acolher. E quando o uso se transforma em abuso, só uma política realmente prática tem se mostrado efetiva: a redução de danos.

É nesse contexto que um novo e assustador capítulo começa a se desenhar: a chegada do fentanil.

O perigo tem nome e sobrenome

O fentanil é uma droga sintética, da família dos opioides, inicialmente criada para uso hospitalar. No ambiente médico, salva vidas ao aliviar dores intensas, como as causadas por câncer ou por cirurgias complexas. Fora dali, no entanto, o mesmo medicamento se transforma em um veneno mortal. Bastam dois miligramas — o equivalente a dois grãos de sal — para provocar uma overdose. É até 50 vezes mais potente que a heroína e cem vezes mais forte que a morfina.

Nos Estados Unidos, essa substância devastou comunidades inteiras. Milhares de jovens morreram dormindo, acreditando ter consumido um comprimido de ecstasy ou uma carreirinha de cocaína, quando, na verdade, o que havia ali era fentanil — muitas vezes misturado sem o seu conhecimento. O risco não é apenas o vício extremo e quase imediato, mas a letalidade silenciosa. Em poucos minutos, o corpo para de respirar.

E agora, o Brasil já começou a registrar os primeiros sinais de que o mesmo pesadelo pode estar batendo à nossa porta.

Um país ainda despreparado

As primeiras apreensões da droga em território brasileiro ligaram o alerta. Foram frascos, cápsulas e ampolas desviadas de hospitais ou trazidas por rotas clandestinas. O que antes parecia distante agora já faz parte da realidade das periferias e centros urbanos do país.

A diferença é que aqui ainda não há estrutura suficiente para lidar com o problema. Poucos profissionais de saúde estão capacitados para identificar ou tratar overdoses causadas por fentanil. A naloxona — antídoto eficaz contra opioides — é praticamente inacessível fora dos hospitais. E, pior, a população em geral sequer sabe que essa droga existe, muito menos que ela pode estar disfarçada em outras substâncias mais conhecidas.

Enquanto isso, traficantes e atravessadores já enxergam no fentanil uma “nova mercadoria” poderosa e barata para aumentar o efeito de outras drogas e fisgar novos consumidores.

Redução de danos: a escolha possível

Diante dessa ameaça, a única resposta realista é abandonar o discurso moralista e abraçar a redução de danos como política pública. Isso não significa incentivar o uso — significa salvar vidas. É fornecer informações claras, distribuir antídotos em pontos estratégicos, garantir que usuários tenham acesso a atendimento digno e seguro, e criar campanhas que falem abertamente sobre o risco real do fentanil.

Mais do que nunca, precisamos ouvir quem está na ponta: profissionais da saúde, agentes comunitários, famílias que já perderam alguém. O que eles dizem, quase em uníssono, é que o acolhimento salva. O julgamento, não.

Ainda dá tempo de agir

O Brasil tem a chance de evitar uma epidemia — como acontece nos EUA. Mas o tempo é curto. O fentanil já está aqui, circulando pelas mãos de quem vende e de quem consome sem saber. Fingir que o problema não chegou só vai antecipar tragédias.

Essa é uma escolha que precisa ser feita agora — não nos gabinetes, mas nas ruas, nas escolas, nas unidades de saúde, nas conversas entre pais e filhos. O futuro pode ser diferente do que se viu lá fora. Mas só se olharmos para o presente com coragem.

A guerra está perdida. Mas a vida, essa ainda pode ser salva.

*com informações do Conselho Federal de Farmácia, BBC e CNN.

Descontaram sem avisar: INSS começa a devolver dinheiro a aposentados lesados por fraude

"Meu dinheiro sumiu sem eu saber": INSS começa a ressarcir aposentados e pensionistas vítimas de descontos indevidos

Por Ronald Stresser*

 
Imagem J.A./Agência Brasil
 

O aposentado Carlos — nome fictício — não lembrava de ter assinado nada. Quando olhou o extrato do benefício, lá estavam os descontos: mês após mês, um valor sumia da aposentadoria sem explicação clara. “Vamos dizer assim: foi de repente. E ninguém avisou. Só veio o corte”, conta ele, indignado.

Histórias como a de Carlos estão finalmente recebendo atenção. A partir desta terça-feira, o INSS começou a notificar milhões de aposentados, pensionistas e outros beneficiários que foram vítimas de cobranças indevidas feitas por associações, sindicatos e entidades diversas. A promessa é clara: quem foi lesado terá a chance de recuperar o que perdeu — e com mais segurança daqui pra frente.

O primeiro passo é simples: a notificação aparece no aplicativo “Meu INSS”. Nela, o beneficiário vê exatamente qual entidade fez o desconto, em qual valor e por quanto tempo. Se o nome ou a cobrança não forem reconhecidos, basta contestar ali mesmo, no app, ou pelo telefone 135 — não se esqueça de ativar às notificações do app no seu dispositivo.

“Esses descontos começaram, pra muita gente, lá atrás, em 1994. E a pessoa nem lembra de ter autorizado. Mas agora o processo é transparente: ou a entidade apresenta prova da autorização, ou devolve o dinheiro”, explica um dos servidores envolvidos na operação.

Para quem vive de um salário limitado, cada centavo faz diferença. E os números impressionam: ao longo dos últimos anos, bilhões de reais podem ter sido retirados de forma indevida das aposentadorias e pensões. Em alguns casos, por meio de supostas associações que sequer tinham contato direto com os beneficiários.

A medida é parte de uma força-tarefa que busca moralizar o sistema e proteger quem mais precisa. O processo de contestação é simples, e, caso a entidade envolvida não comprove que o desconto foi autorizado, o ressarcimento será realizado. O próprio INSS deve devolver os valores diretamente aos segurados, e o governo estuda, inclusive, usar recursos públicos para garantir que ninguém fique no prejuízo enquanto os responsáveis não devolvem o que devem.

Mas a preocupação vai além da devolução do dinheiro. A ideia é criar um ambiente mais seguro, com menos espaço para golpes. “Hoje em dia, com tanta fraude acontecendo pela internet, é fundamental orientar o segurado: se alguém bate na sua porta, diz que é do INSS ou pede pra assinar algo, desconfie. Não autorize nada sem ter certeza. Confie apenas em canais oficiais e, se precisar, peça ajuda de alguém de confiança — um filho, um irmão, alguém próximo”, alerta o próprio presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior.

Para quem perdeu um familiar que era beneficiário e teve descontos indevidos, a notícia também traz esperança: os herdeiros poderão solicitar o ressarcimento, de forma simples, presencialmente nas agências do INSS.

Mais do que recuperar valores, a medida representa um acerto de contas com quem, por anos, confiou no sistema e foi traído por ele. É uma tentativa de devolver dignidade e respeito a quem ajudou a construir o país e que, na velhice, merece proteção — não prejuízo.

*com informações da Ag. Brasil e do INSS.

BR do Mar, progresso ou agressão ao meio-ambiente?

Ratinho Junior e a BR do Mar: entre o luxo náutico e a lei ambiental

Por Ronald Stresser*

 
Ratinho Junior apresenta o Canal do Varadouro ao lado de Marcio Nunes e Ernani Paciornik, em evento náutico (set. 2024). Foto: Jonathan Campos/AEN.
  

No litoral do Paraná, um projeto ambicioso do governador Ratinho Junior (PSD) tem gerado polêmica e levantado questionamentos sobre o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental. A proposta de criar uma rota náutica ligando o litoral paranaense a São Paulo, conhecida como "BR do Mar", visa impulsionar o turismo de luxo na região. No entanto, a iniciativa enfrenta críticas por supostamente ignorar legislações ambientais e afetar comunidades tradicionais.

O plano, que tem como foco principal o Canal do Varadouro — uma hidrovia aberta no século XIX —, foi idealizado com a colaboração do empresário Ernani Paciornik, CEO do Grupo Náutica. Em setembro de 2024, durante o 9º Congresso Internacional Náutica, Ratinho Junior mencionou publicamente a participação de Paciornik no desenvolvimento do projeto. Contudo, documentos indicam que os governos do Paraná e de São Paulo já haviam firmado um protocolo de intenções em março de 2023 para fomentar o turismo na região, sugerindo que as tratativas estavam em andamento há mais tempo do que divulgado.

A proposta tem sido alvo de investigações por parte do Ministério Público Federal (MPF), que abriu um inquérito para apurar possíveis ilegalidades no projeto. Além disso, a iniciativa enfrenta resistência de comunidades locais e ambientalistas, que alertam para os riscos de degradação ambiental e impactos sociais negativos.

Em meio às controvérsias, o governo estadual defende a BR do Mar como uma oportunidade de desenvolvimento econômico e turístico para a região. Ratinho Junior afirma que o projeto será conduzido com responsabilidade ambiental e respeito às comunidades afetadas. O governador também destaca que todas as etapas seguirão os trâmites legais e que eventuais irregularidades serão devidamente apuradas pelas autoridades competentes.

A situação coloca em evidência o desafio de conciliar crescimento econômico com sustentabilidade e respeito às leis ambientais. Enquanto o projeto avança, a sociedade civil e os órgãos de fiscalização permanecem atentos, cobrando transparência e responsabilidade na condução da BR do Mar.

A confiança nas instituições e o compromisso com a legalidade serão fundamentais para garantir que o desenvolvimento não ocorra às custas da degradação ambiental e das comunidades tradicionais. O desfecho desse caso poderá servir como um importante precedente para futuras iniciativas de infraestrutura no país.

*com informações do Intercept Brasil.

segunda-feira, 12 de maio de 2025

Alerta: nossos oceanos estão doentes

Oceanos em agonia: por que a saúde do mar é a nossa própria sobrevivência?

Por Ronald Stresser, da redação 

 
A Grande Mancha de Lixo do Pacífico - Ocean Cleanup/Reprodução
 

Sob a superfície azul que cobre mais de 70% da Terra, existe um ecossistema pulsante que nos sustenta – ainda que a maioria de nós raramente pense nisso. Os oceanos são muito mais que paisagens bonitas em cartões-postais. São eles que amansam o calor dos verões cada vez mais extremos, que produzem o oxigênio que nos mantém vivos, que abrigam incontáveis formas de vida – das menores criaturas planctônicas aos grandes mamíferos marinhos – e que alimentam, com peixe fresco e sustento diário, milhões de famílias espalhadas pelo mundo. Eles nos protegem. E agora, estão pedindo socorro.

O problema é que esse grito vem do fundo e soa abafado. Um colapso silencioso se instala onde a maioria não enxerga. O mar, antes refúgio, está ficando sufocado: plástico por toda parte, temperatura em alta, desequilíbrio em cadeia. E, ainda que tudo isso aconteça longe dos olhos, o impacto chega até nós – no clima, no alimento, na economia, na saúde.

A cena que se repete em diferentes partes do mundo parece saída de um filme distópico, mas é real e cotidiana. Em pleno Oceano Pacífico, um arquipélago de lixo vaga à deriva, carregando resquícios da vida moderna: escovas de dente esquecidas, redes de pesca rasgadas, brinquedos sem dono, garrafas que um dia saciaram nossa sede e hoje boiam como testemunhas silenciosas do descaso.

A Grande Mancha de Lixo do Pacífico não é só um acúmulo de resíduos – é uma ferida aberta no maior oceano do planeta. Um tumor flutuante que cresce devagar, alimentado por tudo aquilo que descartamos sem pensar duas vezes. Ali, entre as ondas, o que descartamos sem pensar – por pressa, por conveniência, por hábito – ganha outra forma. Vira armadilha. Vira ameaça. Redes fantasma aprisionam tartarugas, fragmentos de plástico se confundem com alimento, golfinhos nadam entre detritos como se fosse normal. A vida marinha resiste como pode, sufocada por um mundo que não aprendeu a cuidar do que é essencial. Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), mais de 14 milhões de toneladas de plástico acabam nos oceanos todos os anos. E, enquanto esse ciclo não é quebrado, o mar segue se enchendo – não de vida, mas de rastros do nosso próprio descuido.

Parte desse material é engolida por tartarugas, aves e peixes. Outra parte se desintegra em partículas minúsculas, os microplásticos, que já foram encontrados em águas profundas, em fetos humanos e, sim, no nosso prato de comida.

Limpar ou prevenir?

Diante desse cenário, a ONG The Ocean Cleanup, fundada em 2013, tem ganhado destaque mundial com suas operações de remoção de plástico em alto-mar. Usando sistemas em formato de U e barreiras flutuantes instaladas em mil rios ao redor do mundo, o grupo diz ser capaz de retirar até 90% do plástico flutuante dos oceanos. Desde 2018, já coletou 10 mil toneladas da Grande Mancha, apenas 0,5% do total acumulado. A meta ambiciosa: eliminar toda a mancha em até 10 anos, a um custo de US$ 7,5 bilhões.

“A humanidade tem as ferramentas necessárias para limpar o oceano. A única coisa que falta é quem garantirá que esse trabalho seja feito”, disse Boyan Slat, fundador da organização.

Mas nem todos estão convencidos. ONGs como a OceanCare e a Agência de Investigação Ambiental alertam que focar em limpezas massivas pode ser uma distração cara e paliativa, desviando recursos daquilo que realmente impediria o desastre: parar o fluxo de plástico na origem. Além disso, críticos apontam que os próprios sistemas de coleta geram emissões e podem ferir a vida marinha. E há ainda a desconfiança de que empresas financiadoras da iniciativa, como Coca-Cola e a petrolífera Saudi-Aramco, estejam usando a ação como greenwashing – uma forma de “lavar” sua imagem sem mudar suas práticas poluentes.

O ar-condicionado global em pane

O que está em jogo, porém, vai muito além do plástico visível. Os oceanos vêm atuando como um imenso ar-condicionado da Terra. Desde o século XIX, eles absorveram 90% do calor extra e 30% do CO₂ emitido por humanos. Essa função essencial os aqueceu em 1,5°C e os tornou mais ácidos – um cenário devastador para corais, plânctons e todo o ecossistema marinho.

“De 1999 a 2008, as ondas de calor marinhas eram raras. Desde 2016, passaram a acontecer praticamente todo ano”, alerta a oceanógrafa Regina Rodrigues, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Seu estudo publicado na Nature Communications mostra que o Atlântico Sul, especialmente próximo à costa brasileira, vive sob ameaça tripla: calor, acidificação e perda de clorofila – substância vital para a fotossíntese dos organismos marinhos.

Esses três fatores combinados estão matando corais, reduzindo estoques pesqueiros e afetando diretamente a segurança alimentar de comunidades costeiras. E não para aí: um colapso completo da Amoc, a grande corrente de circulação do Atlântico, pode estar mais próximo do que se pensava. Essa corrente transporta calor do sul para o norte e regula o clima em diversas partes do mundo. Se ela parar, secas, invernos extremos e eventos climáticos descontrolados podem se tornar realidade em questão de décadas – ou anos.

Oceano cada vez mais seco

No sul da África, os impactos já são sentidos em terra firme. Um estudo da Universidade de Bonn, na Alemanha, revelou que a elevação do solo em partes da África do Sul tem relação direta com a perda de água subterrânea, provocada por longas secas. A situação lembra o drama vivido pela Cidade do Cabo entre 2015 e 2019, quando o “dia zero” – o momento em que a água potável acabaria – bateu à porta. E a tendência é que isso se repita em outros lugares, inclusive no Brasil, onde cidades litorâneas dependem do mar tanto para o sustento quanto para o abastecimento de água doce, via ciclo hidrológico.

O que está sendo feito – e o que falta fazer

A luta pela sobrevivência dos oceanos passa por múltiplos caminhos. Há ações locais de contenção de poluentes, avanço tecnológico nas limpezas, pesquisa científica e pressão diplomática por tratados internacionais que limitem a produção de plástico. Também há esperanças depositadas em novas formas de monitoramento por satélite e modelos hidrológicos, capazes de prever impactos antes que eles ocorram.

Mas a mensagem dos cientistas é clara: sem uma redução drástica das emissões de gases de efeito estufa e sem a transformação dos modelos de produção e consumo, todos os esforços serão insuficientes. “Estamos perto do ponto de não retorno”, alerta Regina Rodrigues. “Proteger os oceanos é proteger nosso futuro – e o tempo está se esgotando.”

A escolha é nossa

Entre discursos e debates, o mar segue falando sua linguagem. Está nas manchas que boiam na superfície, nas águas quentes que matam corais, nas secas que revelam o quanto dependemos dele mesmo em terra firme. Os oceanos estão nos dizendo que não há tempo para soluções parciais. E talvez a pergunta mais importante neste momento não seja “quem vai limpar?”, mas sim “quem vai impedir que a sujeira continue vindo?”

Porque quando os oceanos adoecem, todo o planeta adoece com eles.

domingo, 11 de maio de 2025

Brasil e China estreitam laços comerciais

Gigante do Oriente e o Brasil de braços dados: Lula costura alianças com a China em meio à turbulência global

Por Ronald Stresser*
 
Presidente Lula e primeira-dama Janja da Silva desembarcam em Pequim - Ricardo Stuckert/PR

Num momento em que o mundo segura a respiração diante das turbulências da geopolítica, Lula pousa em Pequim com algo que vai além de propostas — carrega esperança. É um presidente que conhece o peso da responsabilidade, mas também a força de um país que não se encolhe diante dos gigantes. Pela terceira vez, ele aperta a mão de Xi Jinping, e nesta segunda visita à China desde que voltou ao Planalto, o gesto ganha contornos maiores do que a mera diplomacia. Em meio ao clima tenso entre Pequim e a América de Donald Trump, Lula se movimenta com a destreza de quem entende o jogo — e faz do Brasil um jogador respeitado, sem abaixar a cabeça nem sair do prumo.

O momento não poderia ser mais sensível. Desde que Trump voltou à Casa Branca, a relação entre Brasília e Washington esfriou. A elevação de tarifas sobre produtos brasileiros, a ausência de diálogo direto entre os presidentes e a hostilidade do governo norte-americano ao grupo dos BRICS criaram um vácuo que Lula tenta preencher com inteligência estratégica — sem se alinhar cegamente a nenhum dos lados. “Não queremos ser quintal de ninguém”, já afirmou o presidente em visita à Rússia, num recado claro aos dois polos hegemônicos do planeta.

Sinergias em construção

Do outro lado do mundo, a China de Xi Jinping acena com oportunidades que o Brasil parece pronto para abraçar — com cautela. O plano é conectar os ambiciosos projetos da Nova Rota da Seda, lançada por Pequim em 2013, com o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Juntas, as iniciativas podem mobilizar bilhões de dólares em infraestrutura, conectividade, energia, indústria naval, finanças e obras de integração continental. Mas, diferente de outros países latino-americanos, o Brasil optou por não aderir formalmente à Rota da Seda — o que não impediu a criação de uma força-tarefa para avaliar, caso a caso, onde os interesses se cruzam.

Entre as propostas já em discussão, está a conclusão de corredores bioceânicos que cortam a América do Sul e podem encurtar o caminho das exportações brasileiras rumo à Ásia. Outra frente mira investimentos em metrôs, VLTs, rodovias, ferrovias e portos. Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, só os leilões de rodovias previstos para este ano podem atrair até US$ 50 bilhões.

Além de infraestrutura, a agenda inclui saúde, energia e até símbolos de diplomacia. Dois pandas, por exemplo, podem ser enviados ao Brasil como gesto de amizade — tradição chinesa reservada a poucos aliados. Também está na mesa a venda de até 20 aeronaves Embraer para operar em rotas regionais dentro da China. O acordo, travado desde 2023, ainda depende de alinhamentos finais, mas tem potencial de abrir novas avenidas para a indústria aeronáutica nacional.

Empresariado e política de mãos dadas

A comitiva brasileira em Pequim reúne nomes de peso. De multinacionais como Vale, Raízen, Eurofarma, Suzano e Weg a representantes de estatais, bancos e órgãos públicos, o encontro empresarial sino-brasileiro simboliza o esforço coletivo para transformar afinidades políticas em negócios concretos.

Nos bastidores, ministros como Simone Tebet (Planejamento), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Carlos Fávaro (Agricultura) articulam os detalhes dos novos acordos. Governadores e o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, também participam. O pano de fundo é uma visão clara: o Brasil quer — e precisa — atrair investimentos que gerem empregos, divisas e infraestrutura moderna.

Equilíbrio delicado

Mesmo com os laços estreitos com Xi, Lula evita criar a imagem de um alinhamento automático. A palavra de ordem no Itamaraty é "equilíbrio". O governo reforça que a aproximação com a China não significa oposição aos EUA — ainda que Trump, com sua retórica agressiva, insista em tratar a América Latina como quintal exclusivo.

Na diplomacia climática e no multilateralismo, porém, Brasil e China falam a mesma língua. A expectativa é que Lula e Xi façam uma defesa enfática da cooperação entre países emergentes no BRICS e da importância de mecanismos globais justos e representativos. A sintonia também se estende à guerra na Ucrânia. Lula e Xi têm tentado convencer Vladimir Putin a aceitar um cessar-fogo, por meio de uma proposta conjunta batizada de “Amorim-Wang Yi”, em referência ao ex-chanceler brasileiro e ao ministro chinês.

O Brasil que se posiciona

Entre discursos, fóruns e jantares diplomáticos, o que se desenha é um Brasil que volta a ter protagonismo. Um país que, sob a liderança de um presidente experiente, consegue transitar entre potências sem se submeter — e que aproveita a janela histórica para atrair investimentos estruturantes, com foco em soberania e desenvolvimento sustentável.

Lula talvez não precise dizer em voz alta. Mas seu gesto é eloquente: ao costurar com a China um novo capítulo da relação bilateral, ele reafirma a velha vocação brasileira para o diálogo e o pragmatismo — e mostra que, pela terceira vez, pode usar o prestígio internacional a favor de quem mais precisa: o povo brasileiro.

Nas entrelinhas de uma viagem de Estado, o que se vê é o retrato de um país que quer crescer — sem pedir licença, mas também sem pagar pau ou bater porta. Vamos que vamos!

*com informações da Agência Brasil e de agências internacionais diversas.

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