Com novas marcas, capacitação e foco em sustentabilidade, estado amazônico aposta no turismo como pilar da COP 30 e legado para o futuro
Por Ronald Stresser*O Pará vive uma corrida silenciosa, mas intensa. À sombra das mangueiras de Belém e ao som das marés que banham a Ilha de Marajó, o estado amazônico acelera os preparativos para um dos maiores eventos globais da década: a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 30, que acontecerá em novembro de 2025 na capital paraense.
Mas o Pará não quer apenas sediar. Quer encantar. Quer deixar uma marca. E o turismo — com suas belezas naturais, sua cultura pulsante e sua gastronomia inigualável — é parte central dessa estratégia.
Uma nova cara para o turismo paraense
O pontapé simbólico veio durante o clássico Re-Pa, em abril, quando o Governo do Estado lançou a nova marca do turismo paraense no gramado do Mangueirão, diante de uma multidão apaixonada. O novo conceito, segundo a Secretaria de Turismo, busca alinhar identidade visual, diversidade cultural e compromisso ambiental para posicionar o Pará como destino internacional.
“Nossa marca precisa falar com o mundo, mas sem perder a alma paraense”, destacou André Dias, secretário de Turismo do Estado, na ocasião.
Com a nova marca, vieram também ações concretas. Mais de 1,8 mil vagas foram abertas em cursos gratuitos para formar e qualificar profissionais do setor turístico, com foco em hospitalidade, idiomas, atendimento e práticas sustentáveis. A intenção é clara: oferecer uma experiência inesquecível aos milhares de visitantes esperados para a COP — e para além dela.
Belezas que resistem
Para quem já visitou o Pará, não é difícil entender por que o estado foi escolhido como sede da COP 30. De Alter do Chão, em Santarém — apontado pelo The Guardian como uma das mais belas praias de água doce do mundo — às ilhas selvagens do arquipélago do Marajó, passando pelas trilhas da floresta em Soure, pelos igarapés de Bragança e pela vida ribeirinha às margens do Tapajós, o que não falta é beleza que inspira e natureza que resiste.
Mas a COP 30 não será apenas um encontro climático. Será também um holofote sobre o potencial turístico do bioma amazônico — e sobre a urgência de preservá-lo.
Turismo sustentável como prioridade
Na recente reunião de ministros do Turismo dos países do BRICS, realizada em Goiânia e liderada pelo paraense Celso Sabino, foi aprovada a “Declaração do Cerrado”, um documento que reforça o compromisso com o turismo sustentável e integrado. Sabino aproveitou o encontro para destacar a COP 30 como uma oportunidade única de reposicionar o Brasil — e especialmente a Amazônia — como destino de ecoturismo de classe mundial.
“Não podemos pensar o turismo separado do meio ambiente. O visitante que vem ao Pará quer viver a floresta, quer entender os povos da Amazônia, quer provar o açaí colhido no quintal do ribeirinho. Isso só é possível se cuidarmos de tudo isso”, afirmou o ministro.
Essa visão encontra eco na população. Pesquisa recente divulgada pelo Ministério do Turismo mostra que mais de 80% dos brasileiros hoje priorizam destinos que adotam práticas sustentáveis, como redução de plástico, incentivo à economia local e respeito às comunidades tradicionais.
Integração e interiorização
Outro ponto de atenção tem sido a integração do turismo em regiões mais remotas do estado, como o sul do Pará. O Ministério do Turismo já iniciou uma agenda específica com lideranças locais para promover a interiorização das rotas turísticas, conectando polos emergentes como Parauapebas e Canaã dos Carajás — regiões que, até então, eram mais conhecidas pela mineração.
A proposta é diversificar a economia e criar alternativas sustentáveis. E isso começa com infraestrutura, capacitação e valorização das riquezas naturais e culturais da região.
O desafio e o legado
Receber uma COP não é simples. São dezenas de chefes de Estado, centenas de organizações internacionais e milhares de delegações, ativistas, jornalistas e turistas. É logística, segurança, mobilidade urbana, conectividade. Mas é também oportunidade.
O Pará encara a COP 30 como um divisor de águas. Não apenas pelo impacto internacional, mas pela chance de estruturar seu turismo para as próximas décadas, com respeito à floresta, às águas e aos povos que ali vivem.
O desafio é enorme. Mas o Pará — com seu povo acolhedor, suas paisagens indomáveis e sua vontade de fazer bonito — parece pronto para surpreender o mundo.
E quem sabe, depois da COP, o visitante que veio discutir o clima volte para tomar um tacacá na beira do Ver-o-Peso. Só por prazer.
*com informações da comunicação do Ministério do Turismo e da Secretaria de Turismo do Pará.
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