quarta-feira, 14 de maio de 2025

Pepe Mujica teve despedida em Foz do Iguaçu

Pepe Mujica: uma despedida em Foz do Iguaçu ao estadista que sonhou com uma América Latina unida

Por Ronald Stresser*

 
Pepe Mujica e Enio Verri / Itaipu Binacional
 

Na manhã silenciosa dessa terça-feira, 13 de maio de 2025, a América Latina perdeu mais do que um ex-presidente: perdeu uma de suas consciências mais lúcidas e humanas. José “Pepe” Mujica, aos 89 anos, partiu em casa, em Montevidéu, depois de uma batalha serena contra um câncer de esôfago. Fiel a si mesmo até o fim, enfrentou a doença com a mesma simplicidade e firmeza que marcaram sua vida pública. A notícia de sua morte atravessou fronteiras e provocou uma comoção sincera, especialmente em Foz do Iguaçu, onde ele esteve pela última vez em fevereiro do ano passado.

Naquela ocasião, Mujica participou da Jornada Latino-Americana e Caribenha de Integração dos Povos, evento que reuniu mais de 1.500 lideranças populares na Tríplice Fronteira. O tom de sua fala era o mesmo de sempre — direto, despojado, profundamente comprometido com os ideais que defendeu por toda a vida. “Enquanto o povo não entender que a integração defende os interesses do próprio povo, ela nunca será plena”, disse, provocando reflexões em meio a aplausos emocionados.

Pepe também visitou a usina de Itaipu, símbolo histórico de cooperação entre Brasil e Paraguai. Ao lado do diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, conversou sobre democracia, meio ambiente e os caminhos possíveis para uma América Latina mais igualitária. “Mujica é um homem que dedicou sua vida à democracia e à integração. Sempre acreditou que o futuro do continente passa pela justiça social”, relembrou Verri.

Mas o vínculo de Mujica com Foz não começou ali. Em 2016, ele já havia emocionado estudantes e professores da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) ao proferir a aula magna que abriu o ano letivo. Como sempre, falou com o coração, defendendo a educação como ferramenta de transformação e reafirmando sua crença de que um continente mais unido nasce nas salas de aula, não nas cúpulas políticas.

A Itaipu Binacional, que teve a honra de recebê-lo, expressou em nota o sentimento que ecoou por todo o continente: “Perdemos um dos maiores e mais respeitados líderes da América Latina: um político progressista, pensador humanista, reconhecido no mundo inteiro pela defesa da democracia e da justiça social.”

José Mujica deixa um legado raro em tempos de vaidade e espetáculo. Um homem que viveu como pensava — com humildade, coerência e compromisso com os valores humanos mais essenciais. Sua trajetória seguirá inspirando gerações, especialmente aquelas que ainda acreditam que a América Latina pode ser um projeto coletivo, solidário e profundamente humano.

*com informações da Itaipu Binacional, El Huffington Post e Agência Brasil.

Um comentário:

Gostou?
Então contribua com qualquer valor
Use a chave PIX ou o QR Code abaixo
(Stresser Mídias Digitais - CNPJ: 49.755.235/0001-82)

Sulpost é um veículo de mídia independente e nossas publicações podem ser reproduzidas desde que citando a fonte com o link do site: https://sulpost.blogspot.com/. Sua contribuição é essencial para a continuidade do nosso trabalho.