"Meu dinheiro sumiu sem eu saber": INSS começa a ressarcir aposentados e pensionistas vítimas de descontos indevidos
Por Ronald Stresser*Imagem J.A./Agência Brasil |
O aposentado Carlos — nome fictício — não lembrava de ter assinado nada. Quando olhou o extrato do benefício, lá estavam os descontos: mês após mês, um valor sumia da aposentadoria sem explicação clara. “Vamos dizer assim: foi de repente. E ninguém avisou. Só veio o corte”, conta ele, indignado.
Histórias como a de Carlos estão finalmente recebendo atenção. A partir desta terça-feira, o INSS começou a notificar milhões de aposentados, pensionistas e outros beneficiários que foram vítimas de cobranças indevidas feitas por associações, sindicatos e entidades diversas. A promessa é clara: quem foi lesado terá a chance de recuperar o que perdeu — e com mais segurança daqui pra frente.
O primeiro passo é simples: a notificação aparece no aplicativo “Meu INSS”. Nela, o beneficiário vê exatamente qual entidade fez o desconto, em qual valor e por quanto tempo. Se o nome ou a cobrança não forem reconhecidos, basta contestar ali mesmo, no app, ou pelo telefone 135 — não se esqueça de ativar às notificações do app no seu dispositivo.
“Esses descontos começaram, pra muita gente, lá atrás, em 1994. E a pessoa nem lembra de ter autorizado. Mas agora o processo é transparente: ou a entidade apresenta prova da autorização, ou devolve o dinheiro”, explica um dos servidores envolvidos na operação.
Para quem vive de um salário limitado, cada centavo faz diferença. E os números impressionam: ao longo dos últimos anos, bilhões de reais podem ter sido retirados de forma indevida das aposentadorias e pensões. Em alguns casos, por meio de supostas associações que sequer tinham contato direto com os beneficiários.
A medida é parte de uma força-tarefa que busca moralizar o sistema e proteger quem mais precisa. O processo de contestação é simples, e, caso a entidade envolvida não comprove que o desconto foi autorizado, o ressarcimento será realizado. O próprio INSS deve devolver os valores diretamente aos segurados, e o governo estuda, inclusive, usar recursos públicos para garantir que ninguém fique no prejuízo enquanto os responsáveis não devolvem o que devem.
Mas a preocupação vai além da devolução do dinheiro. A ideia é criar um ambiente mais seguro, com menos espaço para golpes. “Hoje em dia, com tanta fraude acontecendo pela internet, é fundamental orientar o segurado: se alguém bate na sua porta, diz que é do INSS ou pede pra assinar algo, desconfie. Não autorize nada sem ter certeza. Confie apenas em canais oficiais e, se precisar, peça ajuda de alguém de confiança — um filho, um irmão, alguém próximo”, alerta o próprio presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior.
Para quem perdeu um familiar que era beneficiário e teve descontos indevidos, a notícia também traz esperança: os herdeiros poderão solicitar o ressarcimento, de forma simples, presencialmente nas agências do INSS.
Mais do que recuperar valores, a medida representa um acerto de contas com quem, por anos, confiou no sistema e foi traído por ele. É uma tentativa de devolver dignidade e respeito a quem ajudou a construir o país e que, na velhice, merece proteção — não prejuízo.
*com informações da Ag. Brasil e do INSS.
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