terça-feira, 13 de maio de 2025

Coluna Papo Reto – 12 e 13 de maio de 2025

Brasil em ebulição: entre fantasmas do passado, desafios do presente e o papel global de Lula

Por Ronald Stresser*

 
© Ricardo Stuckert / PR
 

No coração da política brasileira, os dias 12 e 13 de maio foram marcados por um turbilhão de acontecimentos que retratam um país em plena ebulição: fantasmas de golpes frustrados ainda assombram Brasília, aposentados são pegos de surpresa por descontos irregulares, a esquerda se vê em uma encruzilhada e, em meio ao fogo cruzado, Lula tenta manter o Brasil como mediador de paz em uma guerra que parece sem fim.

Os EUA, o golpe que não foi e os bastidores da democracia

A revelação do ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, caiu como uma bomba no cenário político: segundo ele, os Estados Unidos tiveram um papel decisivo para impedir o golpe de Estado que rondava o Brasil em 8 de janeiro de 2023. O que antes era especulação passou a ter nome, sobrenome e, sobretudo, endereço internacional. O recado foi claro: a democracia brasileira, embora resiliente, sobreviveu graças também a pressões externas.

Esse episódio relança o debate sobre a soberania do país e os limites da interferência internacional — justamente no momento em que o ex-presidente Donald Trump, com chances reais de retornar ao poder, ressurge no radar geopolítico com seu interesse na chamada “Amazônia Azul” e em ilhas estratégicas como Fernando de Noronha. A coincidência não é inocente. O blog do jornalista Mauro Lopes sugere que o arquipélago poderia se tornar palco de disputas geopolíticas, com forte apelo militar e ambiental.

Bolsonaro, Dirceu e a política do medo

Enquanto isso, no campo da política doméstica, o ex-presidente Jair Bolsonaro continua a agir como réu sem tornozeleira, mas com medo visível da cadeia. José Dirceu, figura histórica da esquerda e ex-ministro da Casa Civil, rompeu o silêncio com uma frase certeira: “Bolsonaro fica choramingando com medo da prisão; eu enfrentei”. O contraste entre os dois não é apenas jurídico, mas simbólico — representa a diferença entre quem assume seus atos e quem ainda tenta reescrever a história.

Na Câmara, o deputado Hugo Motta pediu uma “autocrítica entre os Poderes” após a decisão do STF de anular a nomeação de Alexandre Ramagem para a Abin, feita ainda durante o governo Bolsonaro. A decisão reforça a tese de que o bolsonarismo instrumentalizou o Estado para fins pessoais, algo que agora precisa ser enfrentado com responsabilidade institucional.

Aposentados no alvo: descontos indevidos e a dor silenciosa

Longe dos gabinetes refrigerados de Brasília, milhões de aposentados foram surpreendidos com notificações do INSS sobre descontos irregulares nos benefícios. Muitos descobriram que vinham pagando, sem saber, por serviços não solicitados — como seguros, clubes de compras e associações obscuras. Para quem vive com um salário mínimo, qualquer centavo faz falta. A resposta do governo ainda é tímida, mas o escândalo revela uma vulnerabilidade cruel do sistema que deveria proteger os mais velhos.

Lula e a esquerda na encruzilhada

No meio de tantos fronts, Lula se vê diante de uma encruzilhada que pode definir sua presidência: como liderar uma frente progressista que precisa, ao mesmo tempo, preservar alianças institucionais e atender às demandas populares? Em artigo contundente, o jornalista Breno Altman afirma que o presidente precisa ir além da governabilidade e reencontrar a mobilização social que o elegeu. A esquerda, adverte Altman, corre o risco de perder sua identidade em nome de uma estabilidade que, no Brasil, nunca foi sinônimo de justiça.

Ucrânia pede ajuda a Lula: diplomacia brasileira em cena

Em uma reviravolta diplomática, mesmo após críticas duras à postura do Brasil em relação à guerra no Leste Europeu, a Ucrânia pediu oficialmente a Lula que interceda junto a Vladimir Putin para negociar o fim do conflito. O gesto mostra que, apesar das divergências ideológicas, o Brasil ainda é visto como um país confiável para mediação — especialmente sob a liderança de alguém que fala com os Estados Unidos, China e Rússia sem subserviência.

Entre Noronha e Kiev, um Brasil em disputa

Os dois dias condensaram as múltiplas faces do Brasil: uma nação que tenta curar suas feridas democráticas, que lida com desigualdades gritantes, mas que também é chamada a participar das decisões mais urgentes do mundo. De Fernando de Noronha à Ucrânia, passando pelas ruas de Sobradinho e pelas salas do STF, o país pulsa com intensidade e contradição.

Resta saber se, no meio de tantos ruídos, haverá espaço para escutar o que de fato importa: a voz do povo. E essa, como sempre, ainda precisa gritar mais alto.

*com informações de várias agências e do site Brasil 247.

Vídeos do presidente Lula sendo recebido pelo presidente chinês Xi Jinping, em Pequim:

 



 

Lula e Xi: um aceno ao multilateralismo em meio à guerra comercial

Enquanto o mundo ergue barreiras e trava guerras comerciais em nome de uma segurança que muitas vezes serve só aos mais ricos, Lula e Xi Jinping se encontraram para dizer o óbvio que muitos esqueceram: o planeta precisa de pontes, não de muros.

Em meio a uma nova escalada protecionista — especialmente vinda dos Estados Unidos — os dois líderes defenderam o livre comércio e criticaram as tarifas que sufocam países em desenvolvimento. Não foi apenas uma fala técnica. Foi um posicionamento político com cheiro de resistência.

De um lado, a China, gigante que tenta manter o crescimento em um mundo cada vez mais fechado. Do outro, o Brasil de Lula, que busca espaço para seus produtos, mas também para sua voz. Juntos, lembraram que a saída não está em isolar, mas em negociar. Não está em punir, mas em cooperar.

Na prática, o recado é claro: o Sul global quer respirar. E não aceita mais respirar por aparelhos controlados por Washington.

*com informações da Agência Brasil.

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