Ratinho Junior e a BR do Mar: entre o luxo náutico e a lei ambiental
Por Ronald Stresser*Ratinho Junior apresenta o Canal do Varadouro ao lado de Marcio Nunes e Ernani Paciornik, em evento náutico (set. 2024). Foto: Jonathan Campos/AEN. |
No litoral do Paraná, um projeto ambicioso do governador Ratinho Junior (PSD) tem gerado polêmica e levantado questionamentos sobre o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental. A proposta de criar uma rota náutica ligando o litoral paranaense a São Paulo, conhecida como "BR do Mar", visa impulsionar o turismo de luxo na região. No entanto, a iniciativa enfrenta críticas por supostamente ignorar legislações ambientais e afetar comunidades tradicionais.
O plano, que tem como foco principal o Canal do Varadouro — uma hidrovia aberta no século XIX —, foi idealizado com a colaboração do empresário Ernani Paciornik, CEO do Grupo Náutica. Em setembro de 2024, durante o 9º Congresso Internacional Náutica, Ratinho Junior mencionou publicamente a participação de Paciornik no desenvolvimento do projeto. Contudo, documentos indicam que os governos do Paraná e de São Paulo já haviam firmado um protocolo de intenções em março de 2023 para fomentar o turismo na região, sugerindo que as tratativas estavam em andamento há mais tempo do que divulgado.
A proposta tem sido alvo de investigações por parte do Ministério Público Federal (MPF), que abriu um inquérito para apurar possíveis ilegalidades no projeto. Além disso, a iniciativa enfrenta resistência de comunidades locais e ambientalistas, que alertam para os riscos de degradação ambiental e impactos sociais negativos.
Em meio às controvérsias, o governo estadual defende a BR do Mar como uma oportunidade de desenvolvimento econômico e turístico para a região. Ratinho Junior afirma que o projeto será conduzido com responsabilidade ambiental e respeito às comunidades afetadas. O governador também destaca que todas as etapas seguirão os trâmites legais e que eventuais irregularidades serão devidamente apuradas pelas autoridades competentes.
A situação coloca em evidência o desafio de conciliar crescimento econômico com sustentabilidade e respeito às leis ambientais. Enquanto o projeto avança, a sociedade civil e os órgãos de fiscalização permanecem atentos, cobrando transparência e responsabilidade na condução da BR do Mar.
A confiança nas instituições e o compromisso com a legalidade serão fundamentais para garantir que o desenvolvimento não ocorra às custas da degradação ambiental e das comunidades tradicionais. O desfecho desse caso poderá servir como um importante precedente para futuras iniciativas de infraestrutura no país.
*com informações do Intercept Brasil.
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