Amazônia Azul: o oceano sob disputa e o alerta por trás do silêncio em se saber dizer "nao", quando nossa soberania pode estar sob ameaça
Por Ronald Stresser*![]() |
Arte: Sulpost |
No cenário das tensões globais, onde os holofotes geralmente recaem sobre a floresta amazônica, há um território marítimo igualmente vital — e agora alvo de cobiça internacional: a Amazônia Azul. O conceito, que engloba a imensa zona econômica exclusiva do Brasil no Atlântico Sul, voltou ao centro do debate político nos últimos dias. E desta vez, com um elemento novo (e perturbador): Donald Trump.
O ex-presidente norte-americano, que tenta voltar à Casa Branca com um discurso ainda mais agressivo, não esconde seu interesse estratégico em pontos como o arquipélago de Fernando de Noronha. Em artigo publicado no Brasil 247, o jornalista Mauro Lopes denuncia que a ultradireita dos EUA mira o controle indireto dessas áreas sob o argumento de “defesa ambiental”, mas com intenções militares e econômicas inconfessáveis.
Em tempos de guerra híbrida, as ameaças nem sempre vêm com tanques. Elas chegam através de acordos de cooperação, fundos internacionais e narrativas que pintam o Brasil como um país incapaz de proteger seus próprios recursos. É nesse contexto que a Amazônia Azul entra na mira: rica em biodiversidade marinha, petróleo, rotas estratégicas e cabos de internet submarinos.
Fernando de Noronha como símbolo
Fernando de Noronha, patrimônio natural da humanidade, é uma joia geopolítica no meio do Atlântico. Sua posição estratégica entre América do Sul e África a torna um ativo disputado em tempos de reconfiguração das alianças militares. Segundo Lopes, há pressões para transformar a ilha em uma espécie de base de vigilância para interesses estrangeiros, disfarçados de investimentos em infraestrutura e turismo.
Enquanto isso, o Brasil — que mal consegue proteger suas águas costeiras da pesca predatória — precisa lidar com um tabuleiro internacional que inclui OTAN, China, Rússia e agora, potencialmente, Trump de volta ao jogo. A defesa da soberania sobre a Amazônia Azul exige mais do que navios da Marinha: exige visão política e coragem para dizer “não” quando for preciso.
O mar também é Brasil
Com a COP 30 se aproximando e a crise climática se aprofundando, cresce a urgência de olhar para os oceanos como parte indissociável da agenda ambiental. E aí, novamente, o Brasil é chamado a fazer escolhas. Entre seguir como ator passivo dos interesses externos ou afirmar-se como nação soberana, defensora de seus povos e territórios — inclusive os que vivem do mar.
Em um país que ainda chora suas florestas e despreza seus pescadores, talvez seja hora de lembrar que o azul também é verde. E que defender a Amazônia Azul é proteger o próprio futuro.
*com informações de Mauro Lopes e Brasil 247.
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