quarta-feira, 4 de junho de 2025

Curitiba celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente com orgulho e propósito

Curitiba, onde a natureza é vizinha: capital verde celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente com orgulho e propósito

Por Ronald Stresser*

 
Parque Barigui - Foto: Prefeitura de Curitiba
 

Num país que convive com o desmatamento e reflexos cada vez mais frequentes da emergência climática, Curitiba continua desafiando as estatísticas — e inspirando cidades mundo afora. Nesta quarta-feira, véspera do Dia Mundial do Meio Ambiente, a capital paranaense reafirma sua vocação verde não com discursos, mas com raízes profundas: são 52 parques e bosques públicos, espalhados por bairros centrais e periféricos, que contam histórias de cuidado, memória e futuro.

Curitiba é a cidade onde uma fazenda urbana é perfeitamente possível. Onde capivaras passeiam entre ciclistas, e um balão já levantou voo em pleno Centro — muito antes da palavra “sustentabilidade” entrar na moda. Aqui, natureza não é só paisagem: é política pública, é urbanismo, é identidade. E neste 5 de junho, a cidade celebra com um presente vivo: a distribuição de 10 mil mudas de árvores nativas pela prefeitura, símbolo do compromisso curitibano com as próximas gerações.

Passeio Público: quando o urbanismo venceu o pântano

O mais antigo parque da cidade também é um dos mais simbólicos. Inaugurado em 1886, o Passeio Público nasceu para domar uma área pantanosa no coração da capital — missão cumprida com charme e ousadia pelo engenheiro João Lazzarini e pela sociedade curitibana da época.

Com suas pontes românticas e ilhas arborizadas, o Passeio foi o primeiro zoológico da cidade, palco da ascensão de um balão tripulado em 1909 e de saraus poéticos que marcaram gerações. Hoje, segue como refúgio verde e histórico no Centro, com 69 mil metros quadrados de memória viva.

Barigui: a orla dos curitibanos

Se existe algo parecido com uma "praia curitibana", é o Parque Barigui. Aberto oficialmente nos anos 70, foi uma solução criativa para um problema concreto: as enchentes. O represamento do rio Barigui deu origem a um dos maiores e mais queridos parques da cidade, com 1,4 milhão de metros quadrados, churrasqueiras, pistas de corrida e, claro, as famosas capivaras.

Recentemente, o Barigui passou por uma reforma completa que trouxe mais acessibilidade, com rampas e passarelas, além da modernização da academia e do estacionamento. Um parque que une natureza, funcionalidade e pertencimento como poucos.

São Lourenço: do desastre à arte

Nem todo parque nasce da calma. O São Lourenço é um exemplo disso: surgiu de uma enchente provocada pelo rompimento de um tanque industrial, em 1971. O que poderia ter sido mais uma área degradada transformou-se, dois anos depois, num parque de encontros, cultura e renascimento.

Hoje, abriga o Memorial Paranista, dedicado ao escultor João Turin, e um vibrante centro cultural com biblioteca, ateliês, teatro e eventos comunitários. Uma lembrança de que a cidade pode se reinventar a partir de suas feridas — e florescer com ainda mais força.

Jardim Botânico: ícone curitibano e templo da Mata Atlântica

Talvez o mais fotografado dos espaços verdes de Curitiba, o Jardim Botânico não é só cartão-postal — é unidade de conservação. Inaugurado em 1991, em uma antiga propriedade privada que já protegia a vegetação nativa, homenageia a urbanista Francisca Rischbieter e carrega a assinatura visionária de Jaime Lerner.

A estufa metálica, inspirada no Palácio de Cristal de Londres, abriga espécies da Mata Atlântica e recebe manutenção constante — como a recente limpeza das 3,8 mil peças de vidro. O espaço ganhou ainda a Galeria das Quatro Estações e o Café Escola do Senac, reforçando seu papel como espaço de educação, turismo e pesquisa ambiental.

Uma cidade que planta futuro

Para a pesquisadora Angela Medeiros, da Fundação Cultural de Curitiba, “o meio ambiente também é patrimônio. A natureza reflete a identidade de um povo — e Curitiba é um exemplo vivo disso”.

Com políticas urbanas integradas à preservação ambiental desde o século passado, Curitiba fez do verde uma escolha estratégica, estética e afetiva. Os parques não são apenas áreas de lazer, mas símbolos de resistência, acolhimento e pertencimento. E em tempos de emergência climática, talvez não haja mensagem mais urgente do que essa: viver em harmonia com a natureza é possível — e começa no bairro, na praça, na muda plantada hoje.

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, Curitiba não precisa fazer promessas. Ela já entrega — diariamente — um modelo de cidade que respeita o planeta, sem abrir mão da beleza e da qualidade de vida.

*Ronald Stresser Jr, é jornalista, radialista e arquiteto da informação. Nos parques de Curitiba, já encontrou ideias melhores do que em qualquer reunião de pauta e já se divertiu mais que na Disneylandia.

Sul do Brasil revela elo perdido na origem dos dinossauros

Na terra onde o tempo se dobra: fóssil oculto no Rio Grande do Sul pode reescrever a origem dos dinossauros

Por Ronald Stresser*

 
© Janaína Brand Dillmann
 

Num pequeno trecho de chão batido, entre lavouras e colinas do interior gaúcho, o tempo parece ter parado. Ou, melhor dizendo, escondido. Por mais de 230 milhões de anos, um fóssil repousou em silêncio sob as rochas vermelhas do município de Santa Cruz do Sul. Catalogado, mas não compreendido, ele dormiu por décadas na coleção da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), até que um olhar mais atento — e uma nova pergunta — despertaram o que pode ser uma peça-chave no quebra-cabeça da origem dos dinossauros.

Batizado de Itaguyra oculta — “ave de pedra escondida”, em tradução livre do tupi com o latim —, o fóssil revela mais do que ossos mineralizados: ele revela uma linhagem perdida, um elo esquecido entre a Grande Morte e o nascimento dos titãs que dominariam a Terra por milhões de anos.

O achado, descrito em estudo publicado na última sexta-feira de maio na revista Scientific Reports, da Nature, vem reacender debates científicos antigos com uma boa dose de emoção humana. Afinal, como algo tão importante pôde passar tanto tempo invisível?

O silêncio de 237 milhões de anos

O cenário é o sítio Buriol, em São João do Polêsine — uma paisagem rural típica, cortada por estradas de chão e cercada por campos de soja. Foi ali que, entre os anos 1960 e 1970, pesquisadores encontraram fragmentos fósseis que, na época, não foram completamente identificados.

Hoje, a paleontóloga Janaína Brand Dillmann, uma das responsáveis pela documentação fotográfica da escavação, ainda se emociona ao revisitar o local. “É como visitar um túmulo antigo. Não o de uma pessoa, mas o de uma ideia. Um lugar onde a ciência quase deixou passar um pedaço essencial da nossa história evolutiva.”

A peça-chave da descoberta: dois ossos da cintura pélvica — um ílio e um ísquio. Fragmentos simples à primeira vista, mas reveladores quando comparados com outros fósseis do grupo dos silessauros, um parente próximo (ou, quem sabe, um ancestral direto) dos primeiros dinossauros.

Um dinossauro oculto?

Voltaire Paes Neto, paleontólogo do Museu Nacional da UFRJ e autor principal do estudo, conta que o processo de reinterpretação dos fósseis foi como montar um quebra-cabeça com peças trocadas de caixa.

“Durante muito tempo, achamos que os silessauros estavam à margem da árvore genealógica dos dinossauros. Mas os detalhes anatômicos do Itaguyra oculta sugerem que ele pode ser um ornitísquio primitivo — ou seja, um dos dois grandes ramos dos dinossauros já conhecidos desde o século XIX”, explica.

Se a hipótese for confirmada, o fóssil se torna um dos mais antigos dinossauros do mundo, anterior a muitos dos famosos saurópodes e terópodes que dominaram o planeta nos períodos seguintes.

“Ele não é um T. rex. Não tem dentes afiados nem uma aparência cinematográfica. Mas é um ponto de partida. É como encontrar a primeira sílaba de um épico perdido”, completa Voltaire.

O Brasil como berço da evolução

A descoberta reforça o protagonismo do Brasil — e, em especial, do sul do país — como uma espécie de berço geológico da Era Mesozoica. Os pampas gaúchos, marcados por suas rochas avermelhadas e formações triássicas, já haviam revelado outros fósseis importantes, como o Staurikosaurus, um dos primeiros terópodes conhecidos.

“O que temos aqui é um registro contínuo de vida antes e depois da Grande Morte”, afirma Flávio A. Pretto, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e coautor do estudo. “É um testemunho silencioso de como a vida resistiu, renasceu e se reinventou no território que hoje é o Brasil.”

A “Grande Morte” mencionada por Flávio foi o maior evento de extinção da história do planeta, ocorrido há cerca de 252 milhões de anos, no final do período Permiano. Estima-se que 95% das espécies marinhas e 70% das terrestres tenham desaparecido. O mundo levou milhões de anos para se recuperar. E foi nesse intervalo, nesse vácuo ecológico, que os primeiros dinossauros começaram a surgir — pequenos, ágeis, resilientes.

A pedra que canta

O nome Itaguyra oculta não foi escolhido por acaso. Ele é uma homenagem ao passado indígena do território e ao longo silêncio que o fóssil manteve até ser interpretado com os olhos certos.

“É uma ironia bonita: chamar de ‘ave de pedra’ um bicho que viveu muito antes das aves existirem, mas que pode ter sido seu ancestral remoto”, comenta Alexandre Kellner, diretor do Museu Nacional e também coautor do estudo. “E dizer que ele estava ‘oculto’ é reconhecer que a ciência também erra, esquece, e volta para corrigir seus próprios caminhos.”

A redescoberta do fóssil contou com a participação de pesquisadores da UFRGS, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e do Museo Argentino de Ciencias Naturales. O estudo foi financiado por instituições como a Faperj e o INCT-Paleovert, demonstrando a força da ciência colaborativa sul-americana.

Futuro em construção

Ao fim da tarde, no sítio Buriol, o silêncio reina novamente. Mas é um silêncio diferente, carregado de promessas. Nas mãos da ciência, um fóssil reencontrado se transforma em nova pergunta, em hipótese, em luz sobre a escuridão do passado.

Enquanto a poeira se assenta sobre as trilhas abertas pelos paleontólogos, uma certeza se impõe: o Brasil ainda tem muito a contar sobre a pré-história da Terra — e talvez o primeiro capítulo dos dinossauros tenha mesmo começado aqui, entre pedras vermelhas e olhos atentos.


Créditos

✍️ Com informações da Agência Brasil 

📸 Foto do local da escavação: Janaína Brand Dillmann ©

🔬 Pesquisa: UFRGS, UFSM, Unipampa, MN/UFRJ, Museo Argentino de Ciencias Naturales

📚 Estudo publicado em: Scientific Reports (Nature), 30 de maio de 2025

PGR pede prisão preventiva de Carla Zambelli após fuga para o exterior

FUGA ANUNCIADA: Carla Zambelli se exila após condenação, e Justiça pede sua prisão

Por Ronald Stresser, para o Sulpost

 
A deputada federal Carla Zambelli. Foto: Lula Marques/EBC
 

“Não é desistir do país, é resistir.” Com essa frase, Carla Zambelli, deputada federal pelo PL de São Paulo, anunciou sua saída do Brasil, dias após ser condenada a dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal. No mesmo tom desafiador que marcou sua atuação política desde os tempos de lavajatismo inflamado, Zambelli cruzou a fronteira com a Argentina no dia 25 de maio e voou para os Estados Unidos. De lá, pretende seguir para a Itália, onde diz que buscará refúgio sob a proteção de sua cidadania europeia.

A Procuradoria-Geral da República (PGR), no entanto, não viu na viagem um simples afastamento para tratamento médico, como alegado pela parlamentar em um vídeo publicado no YouTube. Nesta segunda-feira (3), a PGR protocolou pedido de prisão preventiva, considerando a fuga deliberada como um ato de obstrução da Justiça. O STF acompanha o caso com atenção redobrada. Para uma advogada constitucionalista,  ouvida pelo Sulpost em caráter reservado, o episódio expôe falhas no protocolo de vigilância de réus condenados com foro privilegiado.

“Exílio voluntário” ou estratégia?

Zambelli foi condenada por unanimidade pela Primeira Turma do STF por envolvimento na invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O caso, relacionado a ações do hacker Walter Delgatti Neto — que atuou sob orientação da deputada —, foi considerado grave o suficiente para lhe render também a inelegibilidade por oito anos. Ainda assim, sua permanência no cargo de deputada federal depende da manifestação da Câmara dos Deputados, que até agora permanece em silêncio. No site da Casa, Zambelli continua listada como parlamentar em exercício.

Em suas declarações públicas, ela afirma que a saída do país foi motivada por um problema de saúde não especificado. “Vou pedir afastamento do cargo”, disse, antes de afirmar que pretende viver na Europa. “Vou me basear na Europa. Tenho cidadania europeia, então estou muito tranquila em relação a isso.”

Mas entre aliados próximos, conforme revelou o blog da jornalista Malu Gaspar, o plano é mais ambicioso — e mais político. Zambelli pretende se instalar na Itália e repetir os passos de Eduardo Bolsonaro, que também teria planos de se distanciar do Brasil em meio ao cerco judicial à sua família. A ideia, segundo fontes, é fazer política de fora, no exílio, transformando-se em uma mártir do bolsonarismo internacionalizado.

Alerta à Justiça

A fuga da deputada acendeu um alerta no STF. De acordo com reportagem da CartaCapital, ministros começaram a discutir mudanças nos protocolos de segurança para casos semelhantes. A avaliação interna é de que houve falha institucional: Zambelli já tinha passaporte restituído, e não havia medidas cautelares ativas que a impedissem de deixar o país, mesmo com a condenação já proferida.

“É preciso repensar a forma como lidamos com parlamentares condenados”, disse à reportagem uma fonte ligada à cúpula do Judiciário. A possibilidade de novos foragidos no contexto de uma Justiça que depende da lentidão do trâmite legislativo para cassações definitivas preocupa o Supremo, que estuda sugerir um novo rito ao Congresso.

Câmara silente, bolha ruidosa

Enquanto isso, a Câmara dos Deputados, presidida por Hugo Motta (Rep-PB), ainda não se manifestou oficialmente sobre o destino do mandato de Zambelli. E, nas redes sociais, ela segue ativa, postando vídeos, mensagens e críticas ao que chama de “ditadura do Judiciário”.

“Estou voltando a ser a Carla de antes das amarras. Estou resistindo”, disse em outro trecho de sua declaração pública. Do outro lado do oceano, prepara o discurso de perseguida política, narrativa já testada e bem recebida em certos círculos da extrema direita global.

Para os críticos, a fuga representa o ápice de um projeto político baseado na confrontação constante com as instituições democráticas — um ciclo que, mesmo após a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro, continua produzindo rupturas e incertezas.

O que vem agora?

A decisão da Justiça sobre o pedido de prisão preventiva será um divisor de águas. Se o STF acatar a solicitação da PGR, Zambelli poderá ser considerada foragida internacional. Com cidadania italiana, pode pleitear abrigo na Europa, o que pode iniciar um impasse diplomático e jurídico de consequências imprevisíveis.

Enquanto isso, o Brasil observa, mais uma vez, uma representante eleita se transformar em símbolo do desgaste institucional. Não pelas ideias que defende, mas pelo desprezo aos limites legais que deveria respeitar como parlamentar da República.

terça-feira, 3 de junho de 2025

Petroleiros unidos: esperança reacende na Repar

Sindipetro PR e SC: a força coletiva que reacende esperanças na nova era da Petrobrás

Por Ronald Stresser, para o Sulpost*

 
Sindipetro participou da cerimônia de assinatura de projetos socioambientais da Petrobrás no Paraná - Sindipetro PR e SC
 

Na última terça-feira de maio (28), o auditório da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária (PR), foi palco de um momento emblemático para os trabalhadores e trabalhadoras do setor petrolífero da região Sul. Mais do que a assinatura de uma nova carteira de projetos socioambientais da Petrobrás no Paraná, o evento marcou o reencontro de uma categoria historicamente combativa com a possibilidade concreta de reconstrução, reparação e futuro.

Entre lideranças comunitárias, representantes de instituições parceiras e da alta gestão da estatal, estavam também dirigentes do Sindipetro Paraná e Santa Catarina, cuja presença não era apenas protocolar — era simbólica. Ali, no coração da Repar, pulsava novamente o espírito coletivo de uma classe que resistiu, debateu, se reergueu e hoje volta a ocupar espaços estratégicos de decisão e transformação.

Alexandro Guilherme Jorge, presidente do Sindicato, usou seu espaço de fala para fazer o que os petroleiros sempre souberam fazer bem: conectar o chão da fábrica com as demandas da sociedade. “O que vem do petróleo pertence a toda a sociedade”, disse, com firmeza, “e retorna em forma de empregos, renda, impostos, royalties e também por meio de ações de responsabilidade social. Isso não é favor de empresa, é política pública. É dever. E quem faz isso acontecer são as pessoas”.

Essas palavras reverberam de forma ainda mais potente neste momento em que a Repar e a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fagen/FAFEN-PR) começam a dar sinais de reativação — não apenas física, mas simbólica. São estruturas que estavam sob ameaça de desmonte, com impactos devastadores para a economia local e para centenas de famílias. A retomada de projetos sociais na região, impulsionada por uma Petrobrás que volta a enxergar seu papel social, representa mais do que investimento financeiro: é a devolução de dignidade, autoestima e esperança para comunidades inteiras.

Da luta à proposta: o papel estratégico do Sindipetro

O compromisso do Sindipetro PR e SC com a categoria não se resume à atuação institucional. No último final de semana, em Curitiba, a realização do 12º Congresso Regional Unificado dos Petroleiros e Petroquímicos do Paraná e Santa Catarina reuniu dezenas de trabalhadores e trabalhadoras da ativa e aposentados para debater os rumos do setor em um momento de transição energética e reestruturação nacional.

Organizado em parceria com o Sindiquímica-PR, o congresso foi um espaço de escuta, análise de conjuntura e elaboração coletiva. As plenárias discutiram desde a defesa de uma Petrobrás pública e estatal até propostas concretas para a universalização de direitos trabalhistas — incluindo o setor privado, muitas vezes alijado das conquistas sindicais. Ao fim, foram aprovadas por unanimidade moções em defesa da reintegração das trabalhadoras da ANSA/FAFEN-PR e em solidariedade aos demitidos da antiga BR Distribuidora (hoje Vibra Energia).

A unidade entre as bases de PR e SC ficou evidente não só na força dos debates, mas também na representatividade da delegação eleita para a 12ª Plenária Nacional da FUP (Plenafup), que reunirá petroleiros de todo o Brasil para discutir o futuro da categoria.

Responsabilidade social: compromisso que vai além da produção

A nova carteira de projetos socioambientais anunciada na Repar tem impacto direto em mais de 30 mil pessoas, com um investimento superior a R$ 53 milhões. São iniciativas que conectam desenvolvimento sustentável, inclusão produtiva e proteção ambiental — como o projeto Entre Mangues e Caranguejos, que restaurará 316 hectares de floresta atlântica em Guaraqueçaba, ou o Observatório Climático, voltado à mitigação dos efeitos da crise ambiental nas bacias dos rios Barigui e Iguaçu.

Outras ações, como o Autonomia e Renda e o Despertar para a Autonomia, promovem a capacitação de grupos minorizados em parceria com o Sesi-Senai e Institutos Federais, reforçando o papel estratégico da Petrobrás na geração de oportunidades para populações vulneráveis.

Ao lado de representantes de instituições como o Instituto Meros do Brasil, SPVS, FAIFSul, Mater Natura e tantos outros parceiros, os dirigentes sindicais puderam testemunhar o reencontro da estatal com sua vocação pública — e reafirmar a importância de uma classe organizada e atenta aos rumos do país.

União que atravessa tempos difíceis

Não foram anos fáceis. A desativação da FAFEN-PR, em 2020, deixou um rastro de insegurança e desemprego. A tentativa de desmonte da Petrobrás, com privatizações e sucateamento, encontrou resistência na base, que se manteve unida mesmo nos momentos mais sombrios. E foi essa união que impediu o esfacelamento de conquistas históricas — e agora impulsiona a reconstrução.

“O Sindicato não é só uma entidade. É uma rede de proteção, de memória e de luta coletiva”, afirma Alexandro. “E é por isso que estamos aqui, novamente, lado a lado com quem faz a Petrobrás acontecer.”

Enquanto o auditório da Repar ecoava falas sobre justiça social, transição energética e respeito ao meio ambiente, do lado de fora, a paisagem de Araucária parecia acompanhar a mudança de ventos. E se há algo que os petroleiros do Paraná e Santa Catarina sabem bem, é que nenhuma mudança acontece sem pressão, sem debate — e sem gente unida para fazer acontecer.

Com projetos, propostas e plenárias, o Sindipetro PR e SC reafirma seu papel de protagonista em uma Petrobrás que, mais uma vez, pertence ao povo. E essa luta, agora, tem um novo combustível: a esperança.

*com informações do Sindipetro PR/SC e FUP.

Aparições de jubartes em águas paranaenses são um indicativo da recuperação da espécie, que, até 2014, estava ameaçadas de extinção

Baleias-jubarte reaparecem no litoral do Paraná e indicam boa saúde do ecossistema — mesmo com as obras da ponte de Guaratuba

Por Ronald Stresser*

 
Baleia-jubarte de 12 metros nada em Guaraqueçaba - Foto: LEC-UFPR
 

O céu estava limpo, o mar calmo. Eram pouco mais de 9h quando moradores de Guaraqueçaba e turistas de passagem se reuniram na areia, hipnotizados por uma cena rara — e inesquecível: uma baleia-jubarte, de cerca de 12 metros, emergia e mergulhava suavemente nas águas do litoral paranaense. O enorme mamífero parecia alheio ao vaivém humano e à engenharia que cresce sobre o mar. E talvez essa seja justamente a melhor notícia.

Os avistamentos, registrados entre os dias 26 de maio e 1º de junho, acenderam um alerta positivo entre especialistas: a presença de baleias jubarte e golfinhos,  no litoral do estado, é mais do que um espetáculo natural. É um indicativo da recuperação da espécie e, muito provavelmente, uma evidência de que as obras da ponte — iniciadas entre polêmicas e precauções ambientais — não estão afastando a vida marinha.

“O que vimos foi um jovem-adulto, nadando tranquilamente próximo à Baía das Laranjeiras, em Guaraqueçaba. Isso reforça que a espécie está se recuperando e que o litoral do Paraná faz parte dessa rota migratória que leva as jubartes da Antártica ao litoral da Bahia”, explica Rafael Galvão, técnico do Instituto Água e Terra (IAT).

A cena motivou uma força-tarefa. Durante sete dias, técnicos do IAT e pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Conservação da UFPR, com apoio do Centro de Operações Aéreas (COA), percorreram o litoral em busca de mais sinais da presença dos gigantes do mar. Encontraram golfinhos, toninhas e uma segunda baleia. Cada avistamento foi meticulosamente registrado: posição, comportamento, tamanho, padrão de cores na cauda — tudo conta para mapear o fluxo migratório das jubartes em águas paranaenses.

Sinal de que o mar respira

Para a bióloga Camila Domit, pesquisadora da UFPR, esse movimento das baleias é carregado de significado. “Essas aparições são excelentes indicativos de saúde ambiental. Até 2014, essa espécie estava ameaçada de extinção. Agora, elas estão não só sobrevivendo, mas voltando a se aproximar da costa”, afirma.

Na década de 1980, estima-se que restassem apenas mil jubartes em todo o litoral brasileiro. Hoje, graças à proibição da caça comercial e aos esforços de conservação, a população gira em torno de 30 mil indivíduos. A volta das jubartes ao Paraná, onde costumavam passar ao largo, longe da costa, é um marco ecológico.

Segundo Camila, essa mudança de comportamento pode ser um efeito direto da recuperação populacional: com mais baleias, há uma maior distribuição espacial. “Elas estão ocupando áreas onde antes não se via nenhuma. E isso requer responsabilidade. A presença delas na zona costeira exige mais cuidado com as atividades humanas, como navegação, pesca, mineração e obras costeiras.”

Ponte em harmonia com o oceano?

Diante desse novo cenário, surge uma pergunta inevitável: a construção da ponte de Guaratuba, que corta justamente uma região sensível da fauna marinha, está sendo conduzida de forma sustentável?

“Os primeiros sinais indicam que sim. A presença das jubartes, tão próximas ao canteiro de obras, é um bom indício de que os protocolos ambientais estão funcionando e de que as intervenções não estão afastando a biodiversidade marinha”, avalia Galvão. Segundo ele, o monitoramento contínuo será fundamental para garantir que isso se mantenha. “Não se trata de barrar o desenvolvimento, mas de construir com responsabilidade.”

A pesquisa também vai subsidiar novos processos de licenciamento ambiental. A ideia é que cada nova intervenção no litoral paranaense — seja um porto, uma estrada ou qualquer outro projeto — leve em conta não só a presença, mas o bem-estar das baleias e de outras espécies.

Educação para convivência

Mas o desafio não é apenas técnico. Com a proximidade desses animais da costa, cresce a necessidade de sensibilizar a população sobre como conviver com eles. Isso inclui regras básicas, como manter distância durante passeios de barco, evitar ruídos e respeitar áreas de alimentação e reprodução.

“Precisamos ensinar que esse espetáculo não é uma atração turística comum. São seres vivos, sensíveis, que precisam de espaço e tranquilidade”, afirma Camila. “Educar é o caminho para que essa coexistência seja possível.”

Gigantes gentis

A baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) é uma das espécies mais carismáticas do oceano. Com até 16 metros de comprimento e 40 toneladas, suas nadadeiras peitorais são tão longas que podem chegar a um terço do corpo. Saltam, cantam e se organizam em pequenos grupos, geralmente de dois ou três indivíduos. Migram anualmente dos mares gelados da Antártica para o calor tropical do Brasil — uma jornada de mais de 6 mil quilômetros.

A costa brasileira, especialmente entre o Espírito Santo e a Bahia, é uma das principais áreas de reprodução do mundo. O Paraná, embora não seja destino final, é uma importante rota de passagem. E agora, com as águas mais limpas e a espécie se recuperando, esse corredor ecológico ganha nova vida.

Entre saltos e borrifos no ar, as jubartes parecem dar seu recado: o mar ainda tem fôlego. Cabe a nós garantir que continue assim — inclusive quando pontes forem erguidas sobre suas rotas milenares.

Se encontrar uma baleia no mar: mantenha distância, evite barulhos e nunca tente tocá-la. Denúncias de irregularidades podem ser feitas ao IAT pelo telefone 181.

*com informações da AEN-PR. Foto: Laboratório de Ecologia e Conservação da UFPR.

Sulpost Mercado - 03/06/2025

Haddad volta a falar em reformas estruturais após rebaixamento da perspectiva do Brasil: “Não vamos abrir mão das metas”

Por Redação de Economia, blog Sulpost.

 
 

Em meio à turbulência provocada pelo recuo da agência de classificação Moody’s, que rebaixou a perspectiva da nota de crédito do Brasil de positiva para estável, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, resolveu mirar longe. Disse que o momento exige mais do que medidas paliativas: é hora de retomar a trilha das reformas estruturais.

“Imagina todo ano a gente ter que repetir o que fizemos no fim do ano passado para fechar o orçamento de 2025. Isso não é bom”, afirmou o ministro, nesta terça-feira (3), em pronunciamento em Brasília.

A crítica implícita ao improviso fiscal dos últimos anos veio acompanhada de um recado claro ao Congresso e ao mercado: a Fazenda não vai abrir mão de suas metas e espera apoio político para um novo ciclo de reestruturação do Estado brasileiro.

Sinal amarelo no radar

O alerta soou na última sexta-feira (30), quando a Moody’s justificou o rebaixamento da perspectiva da nota brasileira pela piora do cenário fiscal, a rigidez do orçamento e a fragilidade da credibilidade da política fiscal — mesmo reconhecendo avanços recentes. Os analistas enxergam um dilema no horizonte: o país até conseguiu crescer no primeiro trimestre e apresentar metas fiscais, mas não convenceu com relação à sustentabilidade dessas conquistas.

A classificação de crédito não afeta apenas a imagem institucional do país: ela tem reflexos concretos. Piora os juros cobrados em financiamentos internacionais e reduz o apetite de investidores estrangeiros. É como se o Brasil estivesse tentando obter crédito com o nome sujo na praça.

“O que interessa mais à Fazenda”

Segundo Haddad, há duas rotas possíveis. “Uma é resolver de forma regulatória, para cumprir as metas do ano, como um paliativo. A outra, que interessa mais à Fazenda, é voltar às reformas estruturais que conseguimos fazer, sobretudo no primeiro ano”, afirmou, sem detalhar quais reformas seriam priorizadas. O recado, no entanto, é claro: é preciso coragem política para encarar o essencial e não apenas o emergencial.

No centro da atual tensão está a discussão em torno do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O governo estuda um substitutivo ao aumento do tributo e deve anunciar ainda hoje um pacote alternativo, entre R$ 35 bilhões e R$ 40 bilhões, com foco em receitas de petróleo. A ideia é contornar o desgaste político do IOF e, ao mesmo tempo, encontrar lastro fiscal para o próximo biênio.

“Não é uma coisa para resolver 2025, é algo com impacto duradouro ao longo do tempo”, frisou o ministro.

Galípolo e o IOF: um imposto fora do lugar

A resistência ao uso do IOF como ferramenta de ajuste também vem de dentro do próprio governo. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou que o imposto deve manter seu caráter regulatório — e não ser usado nem para arrecadação nem para controle monetário. “Não é desejável que se escolha um produto financeiro por causa de arbitragem tributária”, alertou, em aceno direto ao mercado.

Mercado: entre o ceticismo e os dados

Mesmo com o cenário fiscal sob pressão, o boletim Focus, divulgado toda segunda-feira pela manhã, trouxe sinais de otimismo moderado. A projeção de crescimento do PIB para este ano subiu de 1,70% para 1,80%. Já para 2025, houve leve queda, de 2,14% para 2,13%. A inflação, medida pelo IPCA, também recuou nas expectativas — de 5,5% para 5,46% até o fim do ano.

Câmbio e taxa Selic permanecem inalterados nas projeções. O mercado, no entanto, ainda aguarda os dados do relatório JOLTS sobre o mercado de trabalho nos EUA e o payroll de sexta-feira, que podem influenciar os rumos da política monetária global — e, por tabela, os fluxos de capitais para países emergentes como o Brasil.

No curto prazo, o alívio vem na bomba

Enquanto Brasília discute pacotes bilionários e reformas fiscais, o consumidor comum sente um respiro modesto no bolso. A Petrobras anunciou nesta terça-feira uma redução de R$ 0,17 no preço da gasolina vendida às distribuidoras — a primeira em mais de um ano e meio. O corte de 5,6% coloca o preço médio do litro nas refinarias em R$ 2,85.

Ainda que o impacto imediato nas bombas dependa de fatores como impostos estaduais e volume de importações, a medida reforça um ponto: o governo precisa combinar responsabilidade fiscal com sensibilidade social.

O desafio da coerência

Em seu discurso, Haddad se esforçou para reafirmar compromisso com as metas e, ao mesmo tempo, buscar alternativas viáveis ao aumento de impostos. “O plano de voo está bem montado”, disse, prometendo apresentar as propostas ainda hoje ao presidente Lula, antes da viagem internacional do chefe do Executivo.

Mas o verdadeiro teste será mais à frente — quando as escolhas deixarem de ser retóricas e passarem a exigir votos no Congresso, cortes reais no orçamento e enfrentamento de interesses.

Enquanto isso, as agências de classificação seguem observando, prontas para punir ou premiar conforme a iniciativa e a coerência. O jogo segue pesado no cassino global.

Adaptação climática vira ativo estratégico

Adaptação climática vira ativo estratégico: estudo revela retorno de 10 para 1 e BNDES aposta no mercado que já movimenta trilhões

Por Redação Sulpost*

 
 

Imagine um investimento capaz de salvar vidas, proteger cidades, garantir empregos e ainda devolver, para cada dólar aplicado, outros dez em benefícios ao longo de uma década. Parece sonho — mas é ciência. Um estudo recém-divulgado pelo World Resources Institute (WRI) mostra que a adaptação climática pode ser não só um imperativo moral diante do aquecimento global, mas também uma estratégia econômica das mais rentáveis. E o Brasil, aos poucos, já começa a surfar essa onda com o apoio do BNDES.

A pesquisa analisou 320 iniciativas em 12 países, com um total de US$ 133 bilhões em investimentos. O potencial de retorno ultrapassa US$ 1,4 trilhão em dez anos — um verdadeiro tesouro escondido sob camadas de lama, seca, maré alta e calor extremo. E o mais impressionante: metade dos ganhos econômicos previstos se concretiza mesmo que nenhuma catástrofe ocorra.

“Os projetos de adaptação não precisam de desastres para gerar valor. Eles produzem benefícios todos os dias: mais empregos, mais saúde e economias locais mais fortes”, afirma Carter Brandon, pesquisador sênior do WRI. Em outras palavras, proteger é também desenvolver.

Três dividendos e um caminho

O estudo se baseia no conceito do “triplo dividendo da resiliência” (TDR, na sigla em inglês): perdas evitadas, ganhos econômicos e benefícios socioambientais. Em exemplos práticos, isso significa que proteger uma área costeira contra a erosão também garante a manutenção de habitats marinhos, lazer para a população e renda para pescadores.

Em certos setores, como o da saúde, o retorno pode ser ainda mais expressivo: os ganhos chegam a ultrapassar 78%. Ainda assim, apenas 8% das avaliações econômicas de projetos de adaptação medem de fato o valor financeiro de seus benefícios. Um sinal, segundo o estudo, de que falta ao mercado uma metodologia clara para calcular o valor da resiliência.

Sam Mugume Koojo, co-presidente da Coalizão de Ministros das Finanças para Ação Climática, vai direto ao ponto: “É hora de os líderes reconhecerem que a adaptação climática não é apenas uma rede de segurança, mas uma plataforma para o desenvolvimento.”

Um mercado que já move trilhões

Com o aquecimento global impondo novos desafios aos governos e às populações, o setor de adaptação ganha tração nos mercados. Um levantamento da Climate Policy Initiative apontou que 90% das iniciativas atuais ainda dependem de recursos públicos — mas o cenário pode estar prestes a mudar.

“Essas evidências fornecem aos atores não estatais exatamente o que precisam no caminho para a COP30: um argumento econômico claro para dar escala na adaptação”, destaca Dan Ioschpe, campeão de alto nível da Conferência da ONU sobre o Clima, que será realizada este ano em Belém (PA). O evento deve marcar um divisor de águas nas finanças climáticas, especialmente no Sul Global.

Ioschpe lembra que 2025 é um ano crucial para incluir a resiliência climática como prioridade nos planos nacionais. “Investir em adaptação é, também, destravar potencial de crescimento sustentável. É proteger hoje para prosperar amanhã.”

BNDES aposta no Brasil resiliente

No Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já se posiciona como protagonista nessa transformação. Em junho, a instituição lançou um edital de R$ 43 milhões para proteção de recifes de corais e ilhas oceânicas — ecossistemas vitais e altamente vulneráveis às mudanças climáticas.

Além disso, o BNDES prepara o lançamento de blue bonds — títulos de dívida voltados à preservação dos oceanos — com foco na chamada economia azul. É uma inovação que dialoga com o mercado internacional de títulos sustentáveis e pode atrair capital privado para soluções de adaptação costeira.

“Estamos vivendo a transição de um modelo de financiamento baseado em perdas para uma visão de oportunidades”, disse em nota a presidência do banco. A ideia é ampliar a escala de investimentos que protejam populações vulneráveis e, ao mesmo tempo, gerem valor econômico.

Belém e o futuro

A COP30, marcada para novembro em Belém, deve colocar a adaptação climática no centro do debate global. Pela primeira vez, a agenda da resiliência chega munida de números sólidos, metodologia clara e apoio crescente de atores públicos e privados.

É também uma chance única para o Brasil demonstrar liderança. Com seu território diverso, desafios ambientais complexos e um dos maiores bancos de fomento do mundo engajado, o país tem tudo para ser referência em desenvolvimento resiliente.

Na equação climática do futuro, investir em adaptação não é mais um custo. É uma oportunidade — e das mais rentáveis.

“Uma boa adaptação é também um bom desenvolvimento.”

Trecho do relatório Global Landscape of Climate Finance 2024: Insights for COP29

*com informações da Agência Brasil.

Portugal notifica mais de 5 mil brasileiros para deixar o país

Portugal notifica quase 34 mil imigrantes para deixar o país; entre eles, mais de 5 mil brasileiros - Em pouco mais de um mês, o número de imigrantes que tiveram os pedidos de residência rejeitados em Portugal quase dobrou

 
  

Segundo declarou o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, António Leitão Amaro, 33.983 pessoas receberão notificações para abandonar o país de forma voluntária - ou à força, se necessário.

A declaração foi feita durante uma conferência de imprensa de cerca de hora e meia sobre a resolução de pendências da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) e do primeiro ano do Plano de Acção para as Migrações, reportou o jornal português Publico. 

"[A AIMA] está numa fase de emissão de cerca de 2 mil notificações por dia", afirmou o ministro. "Nós tínhamos 18 mil indeferimentos, agora são quase 34 mil. Desses, estamos na ordem de um milhar em que já foram emitidas as notificações [de abandono voluntário]", adiantou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, durante declaração na sede do Governo, em Lisboa. Brasileiros somam 5.386 dos notificados; maioria dos casos é de imigrantes da Ásia.

 
 

O governo português anunciou que vai notificar quase 33.983 imigrantes cujos pedidos de residência foram rejeitados, determinando que deixem voluntariamente o território. Segundo o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, esse total corresponde quase ao dobro dos cerca de 18 mil indeferimentos registrados no início de maio. Dentre esses imigrantes notificados, 5.386 são brasileiros, a segunda nacionalidade mais afetada depois dos indianos.

Cidadãos da Ásia formam a maioria dos afetados. O grupo mais numeroso é o dos indianos (13.466 pessoas), seguidos por imigrantes de Bangladesh (3.750), Nepal (3.279) e Paquistão (3.005). Também aparecem na lista 1.054 argelinos, 603 marroquinos, 236 colombianos, 234 venezuelanos e 180 argentinos, além de outros 2.790 estrangeiros de diversas nacionalidades.

Leitão Amaro explicou que a notificação formal impõe inicialmente a saída voluntária do país. Em seus termos, “essa notificação, no regime português, permite o abandono voluntário e só leva ao abandono coercivo depois de um novo procedimento”. Ele acrescentou que todo o processo realizado pela Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) é acompanhado pelas forças de segurança, que podem ser acionadas para efetivar a expulsão em caso de descumprimento das normas. O ministro observou ainda que a AIMA está emitindo cerca de 2.000 notificações por dia para esse processo.

Dados oficiais indicam que havia cerca de 440 mil processos pendentes vinculados à antiga “manifestação de interesse” em Portugal. Destes, 184.059 já foram avaliados pela AIMA: 150.076 foram deferidos (aprovados) e quase 34 mil indeferidos (recusados). Em termos percentuais, a taxa de indeferimento ficou em torno de 18,5% – ou seja, cerca de duas em cada dez solicitações de residência foram rejeitadas até o momento.

A medida tem provocado reação diplomática no Brasil. Fontes informam que o Itamaraty entrou em contato com autoridades portuguesas para entender os desdobramentos da nova política migratória. Embora ainda sem nota oficial, diplomatas brasileiros acompanham o caso e avaliam o impacto sobre a comunidade de imigrantes brasileiros em Portugal, que é a maior entre todas as nacionalidades estrangeiras no país.

Redação Sulpost, com informações da Lusa, Reuters e Euronews. Edição: Ronald Stresser.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Paraná, um pedaço do Brasil que está dando certo

Paraná, o Brasil que deu certo: estado lidera ranking de sustentabilidade e ruma para ser vitrine global da Agenda 2030 da ONU na COP 30

Por Ronald Stresser*
 
Harpia, ave de rapina natural do Paraná, repousa segura em meio às Araucárias.
Foto: Raphael Santos/ Arquivo Pessoal

 

Entre os três estados, que compõe a Região Sul do Brasil, existe um que têm brilhado mais, o Paraná tem provado que é possível crescer sem agredir o meio ambiente – e mais: que é possível ser exemplo nacional e internacional de políticas públicas sustentáveis.

Pelo quarto ano consecutivo, o estado foi eleito o mais sustentável do Brasil pelo Ranking de Competitividade dos Estados, elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP). Por trás desse resultado estão ações concretas, lideranças comprometidas e uma gestão que funciona – da agricultura à água tratada, da educação à preservação da fauna.

Por trás dos avanços sustentáveis que colocam o Paraná na vanguarda nacional, há rostos, ideias e um senso coletivo de responsabilidade. As ações necessárias, para que o estado alcance os 17 ODS da Agenda 2030 da ONU, não acontecem sozinhas: elas são geradas com o trabalho diário, de gestores públicos que decidiram levar a sério o futuro do nosso planeta – e o bem-estar da população.

O Governo do Estado ganhou recentemente um reforço de peso, o do secretário Rafael Greca, ex-prefeito de Curitiba, que hoje comanda a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e de Obras Públicas (SEDU).

O Paraná conta também com um time de mulheres extremamente competentes, assim é Keli Guimarães, a Superintendente Geral de Desenvolvimento Econômico e Social, que vem surgindo como um nome forte na agenda ambiental brasileira.

Ambos integram o núcleo estratégico do Governo do Paraná, composto por 24 secretarias, e são peças-chave numa política pública que olha para o futuro com trabalho duro, com planejamento e coragem para agir e construir no presente.

Na liderança está o governador Ratinho Junior, cuja forma de governar tem chamado a atenção dentro e fora do Estado. Sua gestão aposta em metas claras, diálogo com os diferentes setores e uma visão sistêmica que conecta sustentabilidade ambiental, crescimento econômico e equilíbrio fiscal – provando que é possível fazer diferente, com seriedade e resultados.

Sustentabilidade com responsabilidade fiscal

Desde 2019, Ratinho Junior vem promovendo uma verdadeira revolução silenciosa no Paraná. Ao mesmo tempo em que enxugou a máquina pública, reduziu impostos e modernizou a administração estadual, o governador não abriu mão da responsabilidade ambiental, muito pelo contrário: fez dela uma das colunas centrais do seu governo. O resultado é o estado que mais cresce no país, com menos burocracia e mais cuidado com os recursos naturais.

“Mais uma vez o Paraná é destaque no Ranking de Competitividade dos Estados, em especial na sustentabilidade ambiental, o que demonstra que ações que implementamos nesses anos têm surtido o efeito planejado, com a consequente melhoria dos serviços oferecidos à população paranaense”, declarou à imprensa o governador Ratinho Junior.

Comprovadamente o Paraná se tornou um dos estados com o melhor ambiente de negócios do Brasil, com saldo positivo de empregos, recorde em exportações do agronegócio e destaque na agenda verde — não por acaso, escolhido como sede da COP 30 das Cidades pela ONU-Habitat.

Mais verde onde antes havia cinza

Com uma política que exige contrapartidas ambientais para qualquer obra ou empreendimento instalado no território, o Paraná conseguiu algo raro: ampliar a cobertura vegetal mesmo em tempos de crescimento. Só na revitalização da Orla de Matinhos, por exemplo, a regra foi clara: para cada metro quadrado ocupado, cinco devem ser reflorestados. O resultado? Segundo o MapBiomas, 75% dos municípios paranaenses aumentaram sua área verde nos últimos anos.

“Temos programas como o Prospera, que capacita pessoas e dá poder e visibilidade sobre as agendas globais para o desenvolvimento sustentável no Estado do Paraná”, afirm a superintendente Keli Guimarães. “Trabalhar o tema de planejamento urbano sustentável e levantamento de dados conectado com a localização dos ODS vai ser importante para a implementação de políticas no território”, declarou ainda, recentemente, ao firmar uma parceria entre o Estado do Paraná e a a ONU-HABITAT.

Tolerância zero ao desmatamento ilegal

O estado também endureceu o jogo contra os crimes ambientais. Entre 2021 e 2024, houve um salto de 65% no número de autuações por desmatamento ilegal, com multas que ultrapassaram R$ 134 milhões. A repressão deu resultado: redução de 64% na perda de vegetação nativa e 71% dos municípios com desmatamento zero em 2024, de acordo com a SOS Mata Atlântica e o MapBiomas.

“A Mata Atlântica há de permanecer. Queremos e vamos multiplicar essa magnífica área de patrimônio natural, seja por reflorestamento ou por conservação. A nossa casa comum merece, o nosso mundo merece, o nosso Paraná merece”, destacou o secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca, que coordena as políticas urbanas e ambientais do estado, tudo com base em planejamento inteligente e na integração com os municípios.

Água como bem comum — e tratado com zelo

A água também recebe atenção especial. Com a Sanepar atingindo 100% de tratamento do esgoto coletado e uma das menores perdas de água do país, o estado é referência em saneamento básico. Além disso, a Resolução nº 122, elaborada pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos, estabelece normas para o reúso da água em áreas urbanas, rurais e industriais — um passo fundamental para enfrentar as mudanças climáticas.

Entre 2019 e 2025, mais de 670 poços artesianos foram perfurados em comunidades rurais e indígenas, levando água potável a quem mais precisa. E a recuperação de 6.900 nascentes, somada ao plantio de quase 4 milhões de mudas em matas ciliares, reforça o compromisso com a vida dos rios que nascem, cruzam e alimentam o estado.

Lixo com destino certo

Outra frente em que o Paraná avança com firmeza é a gestão dos resíduos sólidos. Programas de consórcios entre municípios para criação de aterros sanitários regionais, somados ao envio de equipamentos modernos como caçambas e caminhões, têm melhorado a coleta seletiva e a destinação final do lixo urbano e da construção civil. São medidas que reduzem custos, aumentam a eficiência e impactam diretamente a saúde pública.

Fauna protegida, biodiversidade valorizada

A fauna silvestre também não foi esquecida. Em parceria com universidades e ONGs, o estado construiu uma rede de apoio e reabilitação de animais silvestres que já salvou 1.483 vidas apenas nos primeiros quatro meses de 2025. São centros de triagem, clínicas e áreas de soltura que acolhem desde tamanduás-bandeira a aves de rapina, vítimas de atropelamentos, tráfico ou queimadas.

Vitrine global

Com esse conjunto de ações, o Paraná não apenas vem cumprindo com os 17 ODS da ONU — ele os traduz em resultados concretos. E não à toa, o estado tem sido chamado para compartilhar suas experiências em fóruns internacionais. Na COP 30, será vitrine. Mas, aqui dentro, já virou referência.

Assim como Radael e Keli, todas as secretárias e secretários de estado do governo Ratinho Junior mostram, dia após dia, que o futuro sustentável que tantos desejam é possível — e já começou. “Aqui, o discurso é seguido de prática. É isso que muda realidades”, resume Keli.

O Paraná de hoje não é apenas um estado. É uma ideia. Uma ideia que inspira, que lidera e que prova, com dados e com alma, que é possível construir um país melhor começando pelo quintal de casa.

*com informações da AEN-PR.

'Jogavam futebol com cabeças de inimigos': diz procurador sobre facção do Ceará escondida na Rocinha

No topo da Rocinha, o bunker do horror: como uma mansão de luxo virou quartel-general de assassinos cearenses no coração do Rio

Redação Sulpost*

 
Mansão era bunker de assassinos escondidos na Rocinha - O Globo/Reprodução
 

O sol ainda nem havia tocado o topo da favela quando os primeiros helicópteros cortaram o céu da Rocinha. Lá de cima, o contraste era quase cínico: enquanto boa parte da comunidade acordava para mais um dia de luta, no alto da localidade conhecida como Dioneia, agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) cercavam uma mansão com duas piscinas aquecidas, área gourmet e equipamentos de academia recém-instalados. Parecia o cenário de um retiro de luxo. Mas tratava-se, na verdade, do quartel-general de uma das facções criminosas mais violentas do país — um braço cearense do Comando Vermelho, responsável por mais de mil homicídios no Nordeste em apenas dois anos.

No centro da operação, o nome de um homem se repetia em quase todas as comunicações policiais: Anastácio Paiva Pereira, conhecido como Doze ou Paizão. Natural do interior do Ceará, ele é apontado como um dos líderes do grupo que, de dentro da Rocinha, comandava execuções brutais, esquartejamentos com motosserra e outras atrocidades que vinham sendo registradas e divulgadas nas redes sociais como forma de intimidação. "Eles jogavam futebol com as cabeças dos inimigos", revelou, estarrecido, o procurador-geral de Justiça do Rio, Antonio José Campos Moreira, durante coletiva no Quartel-General da PM.

Uma festa antes do cerco

Quando os policiais finalmente conseguiram acessar o interior da mansão, encontraram os resquícios de uma noite de celebração: gelo derretendo em baldes de inox, garrafas de bebidas caras, restos de carne ainda espalhados na churrasqueira. Um clima quase festivo — quebrado apenas pela evidência de que aquele era um bunker vigiado por homens armados com cerca de 70 fuzis, segundo estimativas das equipes de inteligência.

Ao lado do imóvel, uma espécie de alojamento improvisado recebia, segundo os investigadores, integrantes recém-chegados do Ceará. A mansão, estrategicamente situada no alto da comunidade, dava aos criminosos ampla visão do entorno. Um verdadeiro “home office do crime”, como definiu o secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Cesar Carvalho dos Santos.

Operação integrada e fuga em massa

A ofensiva deste sábado envolveu uma complexa articulação entre os Grupos de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) dos Ministérios Públicos do Rio e do Ceará. Cerca de 400 policiais militares, entre eles tropas do Bope, foram mobilizados. Drones, helicópteros e monitoramento remoto direto do QG da PM garantiram a execução da operação, que tinha como objetivo o cumprimento de 29 mandados de prisão e 14 de busca e apreensão.

Mas o plano não saiu como o esperado. A movimentação das forças de segurança deflagrou uma fuga em massa: segundo informações obtidas pelo jornal O GLOBO, aproximadamente 400 criminosos escaparam para a mata que circunda a Rocinha. Houve troca de tiros. Um policial militar foi atingido no pescoço, mas está fora de perigo após ser socorrido ao Hospital Miguel Couto.

Durante a ação, foram apreendidos quatro fuzis, duas pistolas, um revólver, um fuzil de airsoft e drogas ainda em fase de contabilização. Apenas um criminoso com mandado em aberto foi preso.

Violência que cruza fronteiras

Embora a operação tenha ocorrido no Rio, a ferida é aberta no Nordeste. O grupo de Paizão, oriundo de Santa Quitéria (CE), se aproveitou da estrutura do Comando Vermelho para fincar raízes na capital fluminense. Com apoio logístico e armamento pesado, atuava à distância com uma eficácia brutal — e um grau de crueldade que chocou até os promotores mais experientes.

“O Rio de Janeiro virou esconderijo de criminosos do Brasil inteiro”, lamenta o secretário de Segurança. “Esse fenômeno começou a crescer após a ADPF 635, que limitou operações policiais em favelas durante a pandemia. O crime organizado não só se adaptou — ele se sofisticou.”

A operação de ontem é apenas uma peça de um quebra-cabeça muito maior. Mas ela revela, em cores fortes, a capacidade das facções de se reinventar, de se deslocar e de usar o próprio território urbano como escudo.

Uma mansão sobre um barril de pólvora

Para os moradores da Rocinha, o episódio é mais um capítulo de um cotidiano instável. “A gente já sabia que tinha coisa errada ali em cima”, contou um morador que prefere não se identificar. “Mas ninguém fala, ninguém sobe. Quem mora aqui aprende a se proteger com o silêncio.”

Entre a piscina aquecida e a mata fechada, o luxo e o terror coexistiram por meses — ou anos. Em um lugar onde muitos sobrevivem com o básico, a mansão com cascata, academia e festas noturnas servia de símbolo de uma impunidade que parecia inabalável.

Agora, sob os olhos atentos do país, ela virou prova material de um sistema de violência que não respeita fronteiras nem geografias. E que, mesmo alvejado por uma megaoperação, ainda segue pulsando, reinventando-se — em alguma outra colina, em outro esconderijo, longe dos olhos e perto do abismo.

*com informações de Vera Araújo / O Globo - Imagem: Divulgação / Reprodução TV Globo / X (antigo Twitter)

domingo, 1 de junho de 2025

IR 2025: Enviou sua declaração? Tem restituição a receber?

Imposto de Renda 2025: quem não entregou no prazo, e agora?

Por Redação Sulpost
 
 

O relógio marcava 23h59min59s da última sexta-feira, 30 de maio de 2025, quando o sistema da Receita Federal se fechou para o envio das declarações do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF). Foi o ponto final de um ciclo que movimentou milhões de brasileiros, tecnologias de ponta, salas de controle, escutas sociais em tempo real e, para muitos, também algumas doses de ansiedade.

Mas e quem não conseguiu declarar dentro do prazo? O que acontece agora? A resposta é simples, embora não muito agradável: o contribuinte que perdeu o prazo já está automaticamente sujeito à multa. O valor mínimo é de R$ 165,74, mas pode chegar a 20% do imposto devido, com acréscimo de 1% ao mês de atraso.

A boa notícia? Ainda é possível se regularizar. Mas antes, vamos entender o que tornou o IR 2025 tão especial — e por que milhões de brasileiros viveram um processo muito mais fluido do que em anos anteriores.

Tecnologia que virou aliada

A entrega da declaração neste ano foi marcada por um marco histórico: metade dos contribuintes utilizou a declaração pré-preenchida, um recurso que aproveita automaticamente dados de fontes como bancos, empregadores e instituições financeiras, tornando o preenchimento mais rápido e com menos chances de erro.

Essa inovação só foi possível graças à operação tecnológica liderada pelo Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), em parceria com a Receita Federal. “É uma operação de altíssima escala. Nosso papel é garantir fluidez, segurança e eficiência”, disse Alexandre Amorim, presidente do Serpro.

Com testes rigorosos, 250 profissionais atuando em regime de revezamento e até um núcleo de escuta ativa nas redes sociais, a Receita ouviu o cidadão em tempo real e ajustou a rota quando necessário. O Distrito Federal foi o grande destaque: mais de 61% das declarações vieram pré-preenchidas por lá — recorde nacional.

Restituição histórica já começou

Quem entregou a declaração antecipadamente e está nos grupos prioritários já começou a receber hoje, 30 de maio, o maior lote de restituição da história: são R$ 11 bilhões para 6,25 milhões de contribuintes.

Esse primeiro lote contempla:

  • Idosos com 60 anos ou mais;
  • Pessoas com deficiência física, mental ou doença grave;
  • Contribuintes cuja principal renda vem do magistério;
  • Quem usou a declaração pré-preenchida e escolheu receber via Pix.

A consulta pode ser feita no site da Receita, na aba "Meu Imposto de Renda", ou pelo aplicativo oficial.

Os próximos quatro lotes serão liberados nas seguintes datas:

  • 28 de junho
  • 31 de julho
  • 30 de agosto
  • 30 de setembro

Quem perdeu o prazo: o que fazer agora

Se você não entregou sua declaração até o prazo final, o primeiro passo é não entrar em pânico. Ainda dá para declarar, mas agora com multa. A recomendação é simples: regularize sua situação o quanto antes, para evitar aumento do valor devido com os juros mensais.

Passo a passo para acertar as contas com o Leão:

1. Acesse o site da Receita Federal ou o app “Meu Imposto de Renda”;

2. Preencha e envie sua declaração normalmente;

3. Após o envio, será emitida uma notificação de lançamento da multa;

4. Pague o DARF da multa até a data de vencimento para evitar acréscimos;

5. Caso haja imposto a pagar, o contribuinte pode parcelar o valor em até 8 cotas mensais, com o primeiro vencimento para o último dia útil do mês de envio da declaração.

Importante: mesmo quem não teve renda tributável em 2024, mas se enquadra em outras situações obrigatórias — como ter posse de bens acima de R\$ 800 mil —, também precisa declarar.

“Não consegui enviar, e agora estou com medo”

Se você se identificou com essa frase, saiba que não está sozinho. Muita gente, especialmente trabalhadores informais, idosos e pessoas com menor acesso digital, esbarrou em dificuldades. A escuta social ativa promovida pela Receita detectou muitas dessas queixas, e ajustes foram feitos ao longo do período.

Mas, para quem ficou de fora, a recomendação é procurar ajuda — seja com um contador, pelo atendimento virtual da Receita ou, em alguns casos, pessoalmente nas unidades físicas.

Um IR cada vez mais digital e inteligente

A diretora de Negócios Econômico-Fazendários do Serpro, Ariadne Fonseca, resume bem o espírito que marcou o IRPF 2025: “Desde o encerramento do ciclo anterior, já estávamos planejando as melhorias para este ano. O foco foi entregar soluções que realmente impactem positivamente a vida do cidadão”.

E o impacto veio: mais agilidade, mais segurança, menos erros e, pela primeira vez, um canal direto com o sentimento da população em tempo real.

Para muitos brasileiros, declarar o Imposto de Renda ainda é sinônimo de dor de cabeça. Mas, para metade dos contribuintes em 2025, essa história começa a mudar — e a ideia é que, no ano que vem, a outra metade também faça parte dessa revolução silenciosa, mas eficiente.

SERVIÇO:

Perdeu o prazo? Acesse: [www.gov.br/receitafederal]

Consulta de restituição: App Meu Imposto de Renda ou site da Receita

Multa mínima por atraso: R$ 165,74

Multa máxima: 20% do imposto devido

Juros de mora: 1% ao mês

Se o Leão rugiu mais alto este ano, ao menos foi com dentes um pouco menos afiados — graças à tecnologia, à escuta ativa e a um sistema que, aos poucos, entende que simplificar a vida do cidadão não é um favor: é uma obrigação.

^com a supervisão de Ronald Stresser

sábado, 31 de maio de 2025

PF apreende narcosubmarino no coração da Amazônia Azul

Na trilha dos narcosubmarinos: ação inédita da PF no Pará revela força da segurança nacional e compromisso com a soberania do Brasil

Por Ronald Stresser*

Narcosubmarino apreendido pela Marinha Colombiana em outubro de 2023
  

O silêncio das águas da Ilha do Marajó, coração da nossa bela e rica Amazônia Azul, foi rompido durante este sábado (31). A Polícia Federal brasileira foi, mais uma vez, a proragonista de uma operação digna dos grandes manuais de repressão às organizações criminosas internacional.

Sob o céu úmido e pesado da floresta, uma força-tarefa integrada pela Polícia Federal, Força Aérea Brasileira e Marinha do Brasil localizou e apreendeu uma embarcação semissubmersível — popularmente conhecida como “narcosubmarino” — projetada para levar cocaína sulamericana para a Europa.

A embarcação, cuidadosamente camuflada sob a superfície barrenta de um igarapé estratégico, representa mais que um avanço logístico das organizações criminosas: é um alerta sobre o grau de sofisticação e ousadia que o narcotráfico tem empreendido na América do Sul. Entretanto, também simboliza a vigilância, a capacidade técnica e a maturidade das instituições brasileiras em fazer frente a esse desafio — em defesa da segurança pública e da nossa soberania.

De acordo com a assessoria de imprensa da corporação, esta foi a primeira apreensão desse tipo de embarcação realizada em operação sob o comando da PF. Um marco que comprova o avanço do trabalho de inteligência e a importância da articulação entre as forças e agências de segurança nacionais e internacionais.

A operação foi desencadeada após investigações que remontam a março deste ano, quando uma embarcação similar foi interceptada nas águas de Portugal. Ambas, segundo as apurações, teriam sido fabricadas na mesma região do Pará.

A semissubmersível, apreendida hoje, seria usada para o transporte clandestino de cocaína com destino à Europa. E sua existência confirma que o território nacional continua a ser uma das principais rotas do narcotráfico internacional, por outro lado também deixa claro o preparo cada vez maior que possuímos para impedir que o Brasil se torne um corredor livre para redes internacionais de contrabando dessas substancias entorpecentes - que enquanto ilegais só fazem enriquecer os narcotraficantes - em especial da cocaina com alto teor de pureza, advinda dos altiplanos do Peru, da Colômbia, Venezuela e Bolívia.

Este tipo embarcação não é novidade, muitos semisubmergíveis como o apreendido neste último dia de maio ja foram capturados no Golfo do México e representam uma tentativa de inovação logística, por parte do crime organizado. Mas, assim como o DEA, a agência de repressão a entorpecentes ilegais dos EUA, nossa Polícia Federal também reafirma estar constantemente vigilante, juntamente com as Forças Armadas, com respeito à soberania do território nacional.

Cooperação internacional e inteligência integrada

O sucesso sa operação se deve em grande parte a uma engrenagem precisa, que com esforços e coordenação conjunta, de órgãos de inteligência internacionais, que trocam informações entre a Polícia Nacional da Espanha, a Polícia Judiciária de Portugal o DEA norte-americana (Drug Enforcement Administration) e a nossa PF. Essa aliança virtuosa mostra que o Brasil deixou para trás o discurso do isolamento, da pátria pária, e voltou a ser uma peça ativa e de suma importância no enfrentamento global ao crime organizado.

Por trás da apreensão está um Brasil que voltou a dialogar com o mundo, trocando saberes, dados e estratégias. Um Brasil que aposta em diplomacia técnica, em investigações de longo prazo, em compartilhamento de informações, tecnologias e na reconstrução de pontes que foram abaladas em anos recentes, quando o país chegou a flertar com o status de pátria pária — um Estado isolado, desacreditado e sob risco institucional.

O crime se adapta, mas o Estado também

A existência de uma embarcação com essa complexidade tecnológica — capaz de cruzar o Atlântico —, produzida em pleno território nacional, acende um alerta importante: o crime se reinventa, busca novos caminhos, investe em inovação. Mas os dados revelados pela operação também mostram que as instituições democráticas estão mais sólidas do que nunca.

Com essa operação, o Governo Federal reafirma seu compromisso com a reconstrução do Brasil — não apenas no campo econômico, mas também no simbólico. A segurança pública não é tratada como espetáculo, mas como instrumento de soberania, de justiça e de respeito ao pacto democrático.

“A inteligência brasileira mostrou que não apenas resiste, mas também inova. O que estamos vendo aqui é fruto de anos de capacitação, persistência e, sobretudo, de uma política de segurança que entende que combater o crime internacional é proteger o cidadão comum”, diz um analista do setor de defesa que acompanha operações transnacionais.

Um país que voltou a crescer, em todos os sentidos

Há poucos anos, o Brasil parecia navegar perigosamente rumo ao abismo. Isolado do cenário internacional, desacreditado, e com suas instituições sendo testadas por dentro, chegou a viver o risco real de ruptura não só institucional mas como também democrática.

Sorte nossa, ao que podemos vividamente perceber, que as mesmas instituições, inclusive as da área de segurança e justiça, que agora combatem o narcotráfico usando de uma precisão — não é exagero dizer — cirúrgica, foram aquelas mesmas que impediram que a democracia fosse abolida por um golpe, uma conspirata violenta e covarde.

Ao contrário do que sonharam os que queriam transformar o país em um Estado de exceção, o Brasil hoje, mais uma vez e agora com mais potência, reafirma seu lugar no mundo com operações como essa — integradas, coordenadas, eficazes e, acima de tudo, republicanas, totalmente dentro da legalidade.

A apreensão do narcosubmarino na Ilha do Marajó não é apenas uma vitória contra o narcotráfico. É um lembrete poderoso de que a reconstrução de um país começa com respeito às instituições, à soberania e à inteligência estratégica. Novamente vemos agir, na prática, o Espírito contido no Brasão de Armas do Brasil, que simboliza a República. É assim, passo a passo, operação por operação, que o Brasil se levanta. Não como pária, mas como uma pátria de verdade, no real sentido da palavra, que a cada dia mais se firma como protagonista em um mundo interconetado na velocidade da luz.

E dessa vez, nos reerguemos com os olhos bem abertos, vigilantes, seja entre as verdes matas, em meio aos centros urbanos ou áreas rurais, mirando nosso céu azul ou mergulhados nas águas profundas da real grandeza dos mares, mostramos que também cuidamos da nossa outrora esquecida Amazônia Azul.

*com informações da comunicação social da PF.

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