Sindipetro PR e SC: a força coletiva que reacende esperanças na nova era da Petrobrás
Sindipetro participou da cerimônia de assinatura de projetos socioambientais da Petrobrás no Paraná - Sindipetro PR e SC |
Na última terça-feira de maio (28), o auditório da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária (PR), foi palco de um momento emblemático para os trabalhadores e trabalhadoras do setor petrolífero da região Sul. Mais do que a assinatura de uma nova carteira de projetos socioambientais da Petrobrás no Paraná, o evento marcou o reencontro de uma categoria historicamente combativa com a possibilidade concreta de reconstrução, reparação e futuro.
Entre lideranças comunitárias, representantes de instituições parceiras e da alta gestão da estatal, estavam também dirigentes do Sindipetro Paraná e Santa Catarina, cuja presença não era apenas protocolar — era simbólica. Ali, no coração da Repar, pulsava novamente o espírito coletivo de uma classe que resistiu, debateu, se reergueu e hoje volta a ocupar espaços estratégicos de decisão e transformação.
Alexandro Guilherme Jorge, presidente do Sindicato, usou seu espaço de fala para fazer o que os petroleiros sempre souberam fazer bem: conectar o chão da fábrica com as demandas da sociedade. “O que vem do petróleo pertence a toda a sociedade”, disse, com firmeza, “e retorna em forma de empregos, renda, impostos, royalties e também por meio de ações de responsabilidade social. Isso não é favor de empresa, é política pública. É dever. E quem faz isso acontecer são as pessoas”.
Essas palavras reverberam de forma ainda mais potente neste momento em que a Repar e a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fagen/FAFEN-PR) começam a dar sinais de reativação — não apenas física, mas simbólica. São estruturas que estavam sob ameaça de desmonte, com impactos devastadores para a economia local e para centenas de famílias. A retomada de projetos sociais na região, impulsionada por uma Petrobrás que volta a enxergar seu papel social, representa mais do que investimento financeiro: é a devolução de dignidade, autoestima e esperança para comunidades inteiras.
Da luta à proposta: o papel estratégico do Sindipetro
O compromisso do Sindipetro PR e SC com a categoria não se resume à atuação institucional. No último final de semana, em Curitiba, a realização do 12º Congresso Regional Unificado dos Petroleiros e Petroquímicos do Paraná e Santa Catarina reuniu dezenas de trabalhadores e trabalhadoras da ativa e aposentados para debater os rumos do setor em um momento de transição energética e reestruturação nacional.
Organizado em parceria com o Sindiquímica-PR, o congresso foi um espaço de escuta, análise de conjuntura e elaboração coletiva. As plenárias discutiram desde a defesa de uma Petrobrás pública e estatal até propostas concretas para a universalização de direitos trabalhistas — incluindo o setor privado, muitas vezes alijado das conquistas sindicais. Ao fim, foram aprovadas por unanimidade moções em defesa da reintegração das trabalhadoras da ANSA/FAFEN-PR e em solidariedade aos demitidos da antiga BR Distribuidora (hoje Vibra Energia).
A unidade entre as bases de PR e SC ficou evidente não só na força dos debates, mas também na representatividade da delegação eleita para a 12ª Plenária Nacional da FUP (Plenafup), que reunirá petroleiros de todo o Brasil para discutir o futuro da categoria.
Responsabilidade social: compromisso que vai além da produção
A nova carteira de projetos socioambientais anunciada na Repar tem impacto direto em mais de 30 mil pessoas, com um investimento superior a R$ 53 milhões. São iniciativas que conectam desenvolvimento sustentável, inclusão produtiva e proteção ambiental — como o projeto Entre Mangues e Caranguejos, que restaurará 316 hectares de floresta atlântica em Guaraqueçaba, ou o Observatório Climático, voltado à mitigação dos efeitos da crise ambiental nas bacias dos rios Barigui e Iguaçu.
Outras ações, como o Autonomia e Renda e o Despertar para a Autonomia, promovem a capacitação de grupos minorizados em parceria com o Sesi-Senai e Institutos Federais, reforçando o papel estratégico da Petrobrás na geração de oportunidades para populações vulneráveis.
Ao lado de representantes de instituições como o Instituto Meros do Brasil, SPVS, FAIFSul, Mater Natura e tantos outros parceiros, os dirigentes sindicais puderam testemunhar o reencontro da estatal com sua vocação pública — e reafirmar a importância de uma classe organizada e atenta aos rumos do país.
União que atravessa tempos difíceis
Não foram anos fáceis. A desativação da FAFEN-PR, em 2020, deixou um rastro de insegurança e desemprego. A tentativa de desmonte da Petrobrás, com privatizações e sucateamento, encontrou resistência na base, que se manteve unida mesmo nos momentos mais sombrios. E foi essa união que impediu o esfacelamento de conquistas históricas — e agora impulsiona a reconstrução.
“O Sindicato não é só uma entidade. É uma rede de proteção, de memória e de luta coletiva”, afirma Alexandro. “E é por isso que estamos aqui, novamente, lado a lado com quem faz a Petrobrás acontecer.”
Enquanto o auditório da Repar ecoava falas sobre justiça social, transição energética e respeito ao meio ambiente, do lado de fora, a paisagem de Araucária parecia acompanhar a mudança de ventos. E se há algo que os petroleiros do Paraná e Santa Catarina sabem bem, é que nenhuma mudança acontece sem pressão, sem debate — e sem gente unida para fazer acontecer.
Com projetos, propostas e plenárias, o Sindipetro PR e SC reafirma seu papel de protagonista em uma Petrobrás que, mais uma vez, pertence ao povo. E essa luta, agora, tem um novo combustível: a esperança.
*com informações do Sindipetro PR/SC e FUP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário