quarta-feira, 4 de junho de 2025

Curitiba celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente com orgulho e propósito

Curitiba, onde a natureza é vizinha: capital verde celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente com orgulho e propósito

Por Ronald Stresser*

 
Parque Barigui - Foto: Prefeitura de Curitiba
 

Num país que convive com o desmatamento e reflexos cada vez mais frequentes da emergência climática, Curitiba continua desafiando as estatísticas — e inspirando cidades mundo afora. Nesta quarta-feira, véspera do Dia Mundial do Meio Ambiente, a capital paranaense reafirma sua vocação verde não com discursos, mas com raízes profundas: são 52 parques e bosques públicos, espalhados por bairros centrais e periféricos, que contam histórias de cuidado, memória e futuro.

Curitiba é a cidade onde uma fazenda urbana é perfeitamente possível. Onde capivaras passeiam entre ciclistas, e um balão já levantou voo em pleno Centro — muito antes da palavra “sustentabilidade” entrar na moda. Aqui, natureza não é só paisagem: é política pública, é urbanismo, é identidade. E neste 5 de junho, a cidade celebra com um presente vivo: a distribuição de 10 mil mudas de árvores nativas pela prefeitura, símbolo do compromisso curitibano com as próximas gerações.

Passeio Público: quando o urbanismo venceu o pântano

O mais antigo parque da cidade também é um dos mais simbólicos. Inaugurado em 1886, o Passeio Público nasceu para domar uma área pantanosa no coração da capital — missão cumprida com charme e ousadia pelo engenheiro João Lazzarini e pela sociedade curitibana da época.

Com suas pontes românticas e ilhas arborizadas, o Passeio foi o primeiro zoológico da cidade, palco da ascensão de um balão tripulado em 1909 e de saraus poéticos que marcaram gerações. Hoje, segue como refúgio verde e histórico no Centro, com 69 mil metros quadrados de memória viva.

Barigui: a orla dos curitibanos

Se existe algo parecido com uma "praia curitibana", é o Parque Barigui. Aberto oficialmente nos anos 70, foi uma solução criativa para um problema concreto: as enchentes. O represamento do rio Barigui deu origem a um dos maiores e mais queridos parques da cidade, com 1,4 milhão de metros quadrados, churrasqueiras, pistas de corrida e, claro, as famosas capivaras.

Recentemente, o Barigui passou por uma reforma completa que trouxe mais acessibilidade, com rampas e passarelas, além da modernização da academia e do estacionamento. Um parque que une natureza, funcionalidade e pertencimento como poucos.

São Lourenço: do desastre à arte

Nem todo parque nasce da calma. O São Lourenço é um exemplo disso: surgiu de uma enchente provocada pelo rompimento de um tanque industrial, em 1971. O que poderia ter sido mais uma área degradada transformou-se, dois anos depois, num parque de encontros, cultura e renascimento.

Hoje, abriga o Memorial Paranista, dedicado ao escultor João Turin, e um vibrante centro cultural com biblioteca, ateliês, teatro e eventos comunitários. Uma lembrança de que a cidade pode se reinventar a partir de suas feridas — e florescer com ainda mais força.

Jardim Botânico: ícone curitibano e templo da Mata Atlântica

Talvez o mais fotografado dos espaços verdes de Curitiba, o Jardim Botânico não é só cartão-postal — é unidade de conservação. Inaugurado em 1991, em uma antiga propriedade privada que já protegia a vegetação nativa, homenageia a urbanista Francisca Rischbieter e carrega a assinatura visionária de Jaime Lerner.

A estufa metálica, inspirada no Palácio de Cristal de Londres, abriga espécies da Mata Atlântica e recebe manutenção constante — como a recente limpeza das 3,8 mil peças de vidro. O espaço ganhou ainda a Galeria das Quatro Estações e o Café Escola do Senac, reforçando seu papel como espaço de educação, turismo e pesquisa ambiental.

Uma cidade que planta futuro

Para a pesquisadora Angela Medeiros, da Fundação Cultural de Curitiba, “o meio ambiente também é patrimônio. A natureza reflete a identidade de um povo — e Curitiba é um exemplo vivo disso”.

Com políticas urbanas integradas à preservação ambiental desde o século passado, Curitiba fez do verde uma escolha estratégica, estética e afetiva. Os parques não são apenas áreas de lazer, mas símbolos de resistência, acolhimento e pertencimento. E em tempos de emergência climática, talvez não haja mensagem mais urgente do que essa: viver em harmonia com a natureza é possível — e começa no bairro, na praça, na muda plantada hoje.

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, Curitiba não precisa fazer promessas. Ela já entrega — diariamente — um modelo de cidade que respeita o planeta, sem abrir mão da beleza e da qualidade de vida.

*Ronald Stresser Jr, é jornalista, radialista e arquiteto da informação. Nos parques de Curitiba, já encontrou ideias melhores do que em qualquer reunião de pauta e já se divertiu mais que na Disneylandia.

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