sábado, 12 de abril de 2025

Marcos Olivrira, o Beiçola da Grande Família, ganha casa de Marieta Severo, que interpretava Dona Nenê

​Um novo lar, um novo começo: o gesto de Marieta Severo que transformou a vida de Marcos Oliveira​ e mostra os fortes laços criados entre o elenco da Grande Família, seriado de maior sucesso da história da Globo

 
Marieta e Marcos Oliveira foram colegas na Grande Família - Divulgação
 

O Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro, na tarde dessa quinta-feira (10), foi o cenário para um reencontro emocionante. É mais um exemplo, dado por uma das maiores divas da TV e do cinema brasileiro, Marieta Severo.

Marcos Oliveira, eternizado como o Beiçola de "A Grande Família", recebeu das mãos de sua antiga colega de elenco, as chaves de uma nova casa — um gesto que simboliza não apenas solidariedade, mas também a força dos laços construídos ao longo de uma vida dedicada à arte.​

Aos 68 anos, Marcos enfrentava uma dura realidade: problemas de saúde e dificuldades financeiras. Em 2023, chegou a expor sua situação nas redes sociais, pedindo ajuda para sobreviver. A resposta veio de Marieta Severo, que, profundamente tocada pela situação do amigo, decidiu construir uma casa para ele no Retiro dos Artistas, instituição que há décadas acolhe profissionais das artes em momentos de vulnerabilidade.​

A nova residência, mobiliada e decorada com fotos que relembram a carreira de Marcos, não oferece apenas um abrigo, mas também traz de volta a dignidade e esperança. "Agora posso dormir tranquilo, seguro, com a Lolita, minha filha de quatro patas, feliz por saber que a Mel e a Preta, minhas filhas mais velhas, estarão bem também e em um espaço bom e feliz para elas, onde sempre poderei visitar", declarou o ator, emocionado.​

Marcos não está sozinho nessa jornada. A advogada e amiga Rose Scalco, que o acompanha de perto, destaca que, apesar das comorbidades e do uso de bolsa de colostomia, o ator está em plena condição de voltar a trabalhar. E ele já tem planos: um filme na próxima semana e a estreia de um espetáculo em São Paulo em maio. "Vamos olhar pra frente, SEMPRE!", afirma com entusiasmo.​

A história de Marcos Oliveira ecoa a de outros artistas que, após anos de sucesso, enfrentam dificuldades na velhice. Guta Stresser, por exemplo, teve sua casa no Rio de Janeiro leiloada pela Caixa Econômica Federal, evidenciando a fragilidade da segurança financeira de muitos profissionais da cultura.​ Guta hoje voltou a morar em Curitiba, sua cidade natal, e está no Rio de Janeiro trabalhando em um novo projeto cultural, com o ator José de Abreu, com quem já havia trabalhado no filme "Antes que eu me esqueça" (2017).

O gesto de Marieta Severo vai além da amizade; é um chamado à empatia e à valorização daqueles que dedicaram suas vidas a entreter e emocionar o público. Em tempos de incerteza, ações como essa reacendem a esperança e lembram que a solidariedade pode ser o alicerce de um novo começo.

 

sexta-feira, 11 de abril de 2025

A tradição da cannabis legalizada nos Estados Unidos

Das raízes da tradição ao verde do futuro: a fazenda centenária que floresce com a cannabis em Nova York

 
 

Por trás da fumaça, há história, suor e muito amor pela terra. Conheça Torrwood Farm, o pedaço de chão que atravessou séculos até florescer no mercado da cannabis legalizada nos Estados Unidos.

 
 

Por sete gerações, a fazenda Torrwood, no interior do estado de Nova York, foi terra de gado, milho, rugas no rosto e histórias em volta da mesa. Hoje, ela também é lar de um dos cultivos de cannabis mais promissores do estado — e símbolo vivo de como a tradição pode caminhar lado a lado com a reinvenção.

Lucas Kerr, 44 anos, é o rosto desse novo capítulo. Nascido e criado entre os riachos e pedras da propriedade da família, ele ainda se lembra da infância assistindo caminhões-tanque enchendo garrafões com a água pura da nascente local — água que um dia foi o grande tesouro do lugar. Mas foi da terra que veio o novo ouro verde da fazenda.

“Eu fico imaginando o que meus antepassados pensariam disso tudo”, diz ele, com um sorriso que mistura reverência e audácia. Desde a legalização do uso recreativo da cannabis no estado, em 2021, Lucas apostou todas as fichas no futuro — e fez do cultivo da planta uma nova herança para a família.

A Torrwood Farm de hoje vende seus produtos para mais de 100 dispensários em Nova York, do Bronx a Albany. “As pessoas querem comprar local, querem saber de onde vem”, explica Lucas. E Torrwood vem de longe: fundada em 1846 por imigrantes escoceses, a fazenda já foi pousada para turistas da cidade, produtora de água mineral e hoje se desdobra entre cultivos sofisticados e um lar repleto de relíquias do passado.

Mais do que plantar, é cuidar da terra

Ao lado de Lucas está Paul Bernal, mestre cultivador vindo de Humboldt, na Califórnia — uma espécie de Meca da cannabis artesanal. Ele traz no bolso o conhecimento de práticas como a Agricultura Natural Coreana e o cuidado com o solo como um organismo vivo. “Você não está cultivando uma planta. Está cuidando da terra”, afirma ele, com a calma de quem conversa com as raízes.

E é justamente nesse equilíbrio entre natureza e técnica que o cultivo floresce. Torrwood produz ao ar livre, em estufas com luz solar estendida, e em um laboratório interno onde desenvolve genéticas exclusivas. É um trabalho diário, com jornadas que começam às três da manhã e só terminam ao pôr do sol. “Todo mundo quer plantar cannabis… até a hora de encarar o campo de verdade”, brinca Lucas.

A operação funciona sete dias por semana e produz até 9 mil cigarros e 10 mil gomas por dia. Tudo é testado rigorosamente para garantir segurança e qualidade. No início, houve erros e gargalhadas: “Era uma roleta-russa canábica”, lembra Shane Pearson, chef e testador de sabores da casa, sobre os primeiros lotes de comestíveis.

Entre antiguidades e buds

A casa principal da fazenda é quase um museu. David Kerr, pai de Lucas, é apaixonado por antiguidades e transformou o antigo lar em um espaço que parece suspenso no tempo: tapetes caucasianos com séculos de história, móveis resgatados de igrejas escocesas, lavabos vindos da Hollywood dos anos 1930. “Tem que se perguntar quem lavava o rosto ali”, diz ele, encantado.

David, hoje com 74 anos, nunca fumou maconha. “Sempre tive medo de ser pego… acho que agora já não importa mais”, brinca. Ainda assim, é ele quem olha com ternura para esse novo ciclo da fazenda, onde as conferências para budtenders (os sommeliers da cannabis) se misturam com festas de família no celeiro remontado peça por peça.

Negócio com alma

Na outra ponta, o desafio do negócio. O ano de 2023 foi duro. O mercado enfrentou a concorrência das lojas clandestinas, a lentidão das licenças e a confusão da regulamentação. Mas 2024 trouxe fôlego: mais dispensários, mais fiscalização, mais espaço para quem quer fazer certo.

Torrwood se destaca pelo foco artesanal e parcerias conscientes. Um de seus sócios é John Morrongiello, fundador da S.T.A. Exotics. Ele começou vendendo maconha aos 11 anos, passou por Rikers Island em 2018, e hoje é exemplo de como o mercado legal pode incluir quem sempre esteve à margem. “A legalização é o futuro — e eu incentivo todos do legado a fazerem essa transição”, diz ele.

Outro parceiro é a Weekenders Cannabis, que aposta em pequenos lotes de produção artesanal. Seu CEO, Kahlil Lozoraitis, compara o cultivo de sol ao suco de laranja fresco: tem alma, tem gosto de verdade.

Dois séculos de passado, olhos no futuro

No fim das contas, Torrwood é mais do que uma fazenda de maconha. É um símbolo. Um lugar onde a terra, mesmo cheia de pedras, ainda dá frutos. Onde o antigo e o novo se olham nos olhos, sem medo. Onde um jovem veterano de guerra pode voltar para casa, plantar algo novo e honrar cada geração que veio antes.

Lucas resume com simplicidade: “Estou feliz que meu avô e meu pai não venderam esse lugar. Agora podemos escrever uma nova história.” E ela já está brotando, folha por folha, na colina onde um dia só havia vacas e silêncio.

Ronald Stresser, com informações do New York Times.

Família perde a vida em trágico acidente de helicóptero

"Eles só queriam celebrar um aniversário": Tragédia no Hudson destrói uma família em passeio turístico por Nova York

Por Ronald Stresser
 
Os últimos momentos da família Escobar - New York Helicopter Tours LLC
 

Era para ser um dia de celebração. Um momento de encanto diante do horizonte de Manhattan, o voo panorâmico sobre a Estátua da Liberdade, os risos infantis embalados pela promessa de aventura. Mas o que começou como uma comemoração em família terminou em silêncio absoluto nas águas do rio Hudson.

Na tarde desta quinta-feira (10), por volta das 16h17 no horário de Brasília, um helicóptero modelo Bell 206 caiu nas águas do Hudson, entre Nova York e Nova Jersey. A bordo estavam Augustín Escobar, presidente da Siemens Mobility na Espanha, sua esposa Merce Camprubi Montal — executiva da Siemens Energy e neta de Agustí Montal Costa, ex-presidente do FC Barcelona —, os três filhos do casal, de 4, 5 e 11 anos, e o piloto da aeronave, um homem de 36 anos cuja identidade ainda não foi revelada. Ninguém sobreviveu.

A família havia chegado recentemente a Nova York, vinda de Barcelona. A viagem era um presente: um dos filhos fazia aniversário, e o passeio de helicóptero marcaria a primeira experiência da família na cidade. Horas antes do voo, uma fotografia publicada no site da empresa New York Helicopter Tours mostrava o grupo sorridente, posando em frente à aeronave. O clique agora é uma cápsula de uma felicidade interrompida.

Vídeos compartilhados nas redes sociais registram o momento angustiante da queda. A cauda do helicóptero já estava ausente quando a fuselagem, girando descontrolada, mergulhou de cabeça nas águas turvas próximo ao píer 40, na altura da West Houston Street. Testemunhas relataram ter ouvido um "estrondo" e viram destroços se espalhando. Um som seco, metálico — e depois, o nada.

Autoridades americanas investigam as causas do acidente. Até agora, não há confirmação oficial sobre falha mecânica, colisão com pássaros ou influência do clima. O que se sabe é que, apenas 16 minutos após a decolagem, o piloto teria enviado uma mensagem ao centro de controle informando que estavam ficando sem combustível. Pouco depois, tudo acabou.

Michael Roth, CEO da New York Helicopter Tours, se mostrou profundamente abalado. “Estou devastado. Sou pai, sou avô... ver crianças ali dentro é algo que me destrói”, disse. “Em 30 anos no setor, nunca vi algo assim. Aparentemente, as pás do rotor principal não estavam mais no helicóptero no momento da queda. É inacreditável.”

O ex-presidente Donald Trump também se manifestou sobre o acidente em sua rede social, classificando-o como “terrível” e expressando solidariedade às famílias das vítimas.

A Siemens, até o momento, não divulgou nota oficial sobre a perda de dois de seus executivos de alto escalão. Em seus perfis profissionais, Escobar era descrito como um líder inspirador, dedicado à modernização da infraestrutura ferroviária global. Merce, por sua vez, era apontada por colegas como uma estrategista brilhante, sensível e apaixonada pelo que fazia.

Mas ontem, nenhum título corporativo fez diferença. Naquele helicóptero, estavam apenas um pai, uma mãe e três crianças pequenas — todos unidos pela alegria simples de estarem juntos, vivendo um sonho em família. Um sonho que durou menos de vinte minutos.

Agora, entre destroços e investigações, fica a dor imensurável de uma ausência que se espalha em ondas, como aquelas do rio Hudson, onde a tragédia encontrou seu cenário final.

Eles só queriam celebrar um aniversário.

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Aécio pode surprender como nome forte da terceira via

Aécio Neves e a reconstrução do centro: a busca por um Brasil menos polarizado em 2026

Por Ronald Stresser - redação Sulpost

 
Aécio ganha força quando o assunto é democracia -Wilson Dias/Agência Brasil Brasil
 

No corredor largo e ruidoso de Brasília, onde os extremos gritam mais alto, Aécio Neves (PSDB) caminha tentando reencontrar um caminho já muito trilhado e agora quase apagado: o do centro político. No alto de seus 65 anos de idade, deputado federal e ex-governador de Minas Gerais, Aécio carrega não só a experiência de quem já chegou muito  perto da Presidência da República, mas também o peso de um nome que por anos simbolizou o próprio PSDB — e, em certa medida, o centro político brasileiro.

Já foi dada a largada para mais um ciclo eleitoral. 2026 é ano de eleição presidencial e Aécio Neves volta ao debate com um discurso que soa quase anacrônico no atual cenário: ele fala em reconstrução, em diálogo, em equilíbrio. Em entrevista recente, afirmou que há um movimento do eleitorado rumo ao centro, “contrário aos extremismos”. E aposta nesse terreno como palco de um novo protagonismo tucano.  

O centro como resistência

“O que nós não vamos ser são incorporados por um partido, porque isso faria com que o PSDB desaparecesse. Essa fusão tem que permitir o nascimento de uma candidatura ao centro que rivalize com os extremos.” A frase, dita em entrevista ao programa Café com Política, revela não apenas a estratégia do PSDB para 2026, mas também o receio de dissolução, de apagamento, de irrelevância.

Aécio está longe de ser um novato no jogo político. Já foi senador, governador e presidenciável. Também enfrentou denúncias e turbulências que desgastaram sua imagem e abalaram a credibilidade do PSDB. Mesmo assim, segue em cena, defendendo a construção de uma frente de centro, negociando alianças com partidos como Podemos e Solidariedade, e abrindo espaço para possíveis diálogos com MDB, PSD e Republicanos.

Mas o que significa esse centro que Aécio propõe?

Democracia fora da trincheira

Para Aécio, o centro é mais que uma posição entre polos — é uma resposta à radicalização. “Não vamos ter em 2026, Deus queira que eu esteja certo, uma eleição tão polarizada como tivemos em 2018 e 2022, onde o meio foi simplesmente expelido”, afirmou. Ele critica o ambiente político atual, que segundo ele, serve apenas aos extremos, alimentados por discursos inflamados, cancelamentos e uma lógica binária que reduz o Brasil a dois lados.

O centro, então, aparece como uma trincheira desocupada — ou melhor, como uma ponte. Uma ponte entre o liberalismo econômico e a responsabilidade social. Uma ponte entre o passado democrático e um futuro ainda incerto. O certo é que de poucos ou nada adianta um pré candidato ou formador de opinião falar apenas para dentro. A teoria da comunicação manda que falemos para fora.

Num país onde o debate político muitas vezes se transforma em campo de batalha, Aécio tenta relembrar o que é possível construir quando se ouve mais do que se grita. Em suas palavras, “o PSDB vai continuar sendo essencial para apresentar ao Brasil uma alternativa de centro, liberal na economia, responsável do ponto de vista social, que dialogue com os extremos e permita que o Brasil saia dessa polarização tão violenta, tão rasa, que tantos prejuízos vêm trazendo.”

Aécio e 2026: uma peça ou o arquiteto do jogo?

Embora ainda evite confirmar uma candidatura em Minas Gerais, Aécio não descarta voltar ao front eleitoral. “Recebo manifestações diárias de lideranças políticas de Minas Gerais para que eu volte a disputar uma eleição”, diz, com a segurança de quem sabe que ainda tem espaço no tabuleiro.

Mas a grande aposta de Aécio parece ser menos pessoal e mais estratégica: quer ser o arquiteto de uma nova aliança, de um novo discurso. Se conseguirá ou não, ainda é incerto. O fato é que, ao falar em “reconstrução do centro”, Aécio também tenta reconstruir algo em si mesmo — e no próprio PSDB.

Entre o passado e o futuro

O nome Aécio Neves já esteve ligado ao auge e ao abismo. Para uns, ele representa o último respiro da política de conciliação. Para outros, um símbolo de um modelo que se esgotou. Seja como for, ele está de volta ao debate, buscando dar voz ao eleitorado que se sente sufocado entre os gritos de esquerda e direita.

Se conseguirá reerguer o centro, ainda não se sabe. Mas em tempos de ruído e polarização, apenas propor diálogo já é, de certa forma, um ato político relevante.

Em 2026, o Brasil pode não votar com saudade, mas talvez com sede de equilíbrio. E é nesse vazio — e nesse desejo — que Aécio aposta todas as suas fichas.

quarta-feira, 9 de abril de 2025

O planeta que mergulhou rumo à própria morte: Webb flagra espetáculo cósmico inédito

REPORTAGEM | CIÊNCIA E UNIVERSO

Pela primeira vez, astrônomos registram um planeta sendo engolido por sua estrela — não em uma explosão súbita, mas em um lento e inevitável mergulho fatal. A descoberta, feita pelo Telescópio Espacial James Webb, muda o que sabíamos sobre os últimos suspiros de mundos inteiros.

Por Ronald Stresser, da redação.
 
Telescópio Webb registra momento em que estrela 'engole' planeta gigante — Foto: Reprodução
  

Era uma vez um planeta distante. Gigante, gasoso, abrasador. Orbitava sua estrela com a familiaridade de quem conhecia bem o caminho. Mas, como em tantas histórias do cosmos, até mesmo a dança mais estável pode esconder um desfecho trágico. Um dia, esse planeta mergulhou em direção à luz — e foi engolido. Não houve explosão, nem despedida. Apenas o silêncio cósmico de uma órbita que cede, de um corpo que desaparece.

O que poderia soar como ficção científica, agora está registrado como fato histórico: pela primeira vez, cientistas observaram o engolfamento de um planeta por uma estrela. Um evento raro, violento e quase poético, capturado em detalhes pelo Telescópio Espacial James Webb, o mais poderoso já lançado pela humanidade.

“Foi como assistir a um fantasma”, descreve Ryan Lau, astrônomo do NOIRLab da Fundação Nacional de Ciência dos EUA e autor principal do estudo publicado no Astrophysical Journal. “O planeta já havia desaparecido quando o Webb olhou, mas os sinais estavam todos lá: o gás quente, a poeira fria, as cicatrizes deixadas pela colisão.”

Um adeus em câmera lenta

O planeta, acredita-se, era um “Júpiter quente” — um colosso gasoso com pelo menos algumas vezes a massa de Júpiter, queimando em temperaturas elevadas por viver perigosamente próximo de sua estrela. E foi essa intimidade orbital que acabou selando seu destino.

As observações revelaram que a órbita do planeta vinha encolhendo aos poucos. A cada volta, ele se aproximava mais da estrela, até começar a roçar sua atmosfera. “É aí que a queda acelera”, explica Morgan MacLeod, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica. “O planeta começa a ser freado, como se estivesse descendo uma ladeira escorregadia. Sua própria estrutura começa a se desmanchar.”

As camadas gasosas externas foram arrancadas. A colisão aqueceu violentamente o gás da estrela, expeliu matéria e formou uma nuvem empoeirada em expansão. Um verdadeiro túmulo cósmico.

A estrela — que vive a cerca de 12 mil anos-luz da Terra, na constelação da Águia — tem cerca de 70% da massa do nosso Sol e brilha com uma tonalidade mais avermelhada. E foi ela quem, silenciosamente, devorou o planeta. Não com fúria. Mas com a inevitabilidade de quem sempre teve a gravidade do destino ao seu lado.

Um futuro que também é nosso

Embora o planeta não seja mais visível, os traços deixados por sua destruição foram revelados como uma espécie de autópsia cósmica. O Webb, lançado em 2021 e operacional desde 2022, tem se mostrado um verdadeiro arqueólogo do universo — e agora, também um cronista de seus funerais.

Para nós, habitantes de um pequeno ponto azul orbitando uma estrela parecida, a descoberta soa como um lembrete sutil. Dentro de cerca de cinco bilhões de anos, o Sol também se expandirá e poderá engolir seus filhos mais próximos: Mercúrio, Vênus… e talvez até a Terra.

“Nossas observações sugerem que talvez os planetas não precisem esperar a estrela virar uma gigante vermelha para encontrarem seu fim”, diz Lau. “Alguns podem simplesmente perder o equilíbrio gravitacional, e cair, lenta e silenciosamente, como vimos agora.”

Mesmo o céu tem seus finais

No fundo, esse registro é mais do que uma conquista técnica. É uma janela rara para a finitude no universo — e uma oportunidade de enxergar, com humildade, que até mesmo planetas podem ter sua hora.

Não há poesia maior do que saber que, do alto de um telescópio flutuando no vácuo do espaço, conseguimos testemunhar o desaparecimento de um mundo. E se hoje a Terra gira em segurança, amanhã talvez o mesmo Webb registre sua ausência. Tudo é questão de tempo. De órbita. De gravidade.

E, claro, de olhar para o céu com olhos que não se esquecem de que tudo o que vive, um dia, mergulha em direção à luz.

terça-feira, 8 de abril de 2025

Mulhet é presa com maconha em Rolândia e caso lança luz sobre apreensões no Paraná

Tragédia silenciosa nas estradas: mulher é presa com maconha em mulher é presa com maconha em Rolândia e caso lança luz sobre recorde de apreensões no Paraná

 
Foto: BPRv / PR
 

Na manhã de segunda-feira (7), em uma operação de rotina da Polícia Rodoviária Estadual (PRE-PR), um ônibus que fazia a linha Foz do Iguaçu/PR - Brasília/DF foi abordado em frente ao Posto Rodoviário de Rolândia. Entre os passageiros, uma mulher de 40 anos trazia na bolsa dois quilos de maconha. O flagrante foi certeiro. Ela foi presa e levada à delegacia. A droga, encaminhada para os procedimentos cabíveis.

A ocorrência, por si só, não chama atenção apenas pela quantidade apreendida, mas pelo contexto humano que muitas vezes se esconde por trás desses episódios. Não há dados sobre quem é essa mulher ou por que ela carregava aquela droga. Mas é difícil não pensar no que a levou àquela situação. Desemprego? Pressão de terceiros? Promessa de dinheiro fácil? Um desespero silencioso que muitos enfrentam nas margens da sociedade.

Essa prisão é apenas uma entre milhares que revelam um problema profundo: o tráfico de drogas ainda segue como um dos maiores desafios para a segurança pública e para a dignidade humana no Brasil.

No Paraná, as estatísticas comprovam a dimensão do problema. Só em 2024, o estado registrou 444 toneladas de entorpecentes apreendidos – um número que o colocou como o segundo estado que mais retirou drogas de circulação no país. O dado representa um aumento de 11,6% em relação a 2023. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), sozinha, foi responsável por mais da metade desse total: 284 toneladas, sendo mais de 280 toneladas de maconha e 3,6 toneladas de cocaína.

Esses números, embora alarmantes, são também um reflexo do trabalho incansável das forças de segurança. Mas também levantam outra questão: quem são as pessoas por trás dessas apreensões? Quantas são como essa mulher em Rolândia — empurradas para a margem, sem oportunidades reais, atraídas por promessas que se desmancham assim que a sirene toca?

É fácil transformar estatísticas em manchetes. Mais difícil é olhar para essas prisões com humanidade e entender que por trás de cada quilo de droga há histórias atravessadas por pobreza, abandono e escolhas desesperadas.

A ação da PRE em Rolândia é eficiente, necessária e representa um acerto na repressão ao crime. Mas também reforça a urgência de políticas públicas que ofereçam alternativas reais, especialmente para mulheres em situação de vulnerabilidade, muitas vezes usadas como “mulas” por organizações criminosas.

Por ora, essa mulher segue presa, e os dois quilos de maconha já não seguirão adiante em seu caminho. Mas o ciclo que a trouxe até ali – esse ainda precisa ser rompido. Não com algemas, mas com dignidade, acesso e escuta.

Ronald Stresser, da redação.

"Eu morri, e voltei": o homem que foi atingido por um raio e voltou do além para contar o que viu

Por trás da morte clínica, um relato que emociona, intriga e conforta. A história de Dannion Brinkley vai muito além de um acidente raro — é um convite à reflexão sobre o que nos espera do outro lado

Por Ronald Stresser *

 
Tendo recebido várias chances na vida, Brinkley está usando suas histórias para inspirar outras pessoas - Getty Images
 

“Eu estava morto. Os médicos disseram. E mesmo assim, aqui estou.”

A voz de Dannion Brinkley não vacila ao recordar o dia em que, literalmente, morreu. Foi em 1975, quando um raio o atingiu enquanto falava ao telefone em sua casa nos Estados Unidos. Um evento com chances de acontecer a menos de uma vez em um milhão. Um episódio que, segundo ele, mudou sua visão sobre a vida — e sobre a própria morte.

Brinkley, então um fuzileiro naval e empresário, teve seu corpo atravessado pela descarga elétrica. “Entrou do lado da minha cabeça, acima da orelha, desceu pela coluna”, lembra. “Me lançou no ar. Vi o teto. Depois, fui arremessado de volta ao chão. Uma bola de fogo atravessou o cômodo e me cegou. Eu estava queimando. Paralisado. Em chamas.”

A ambulância chegou rápido. Mas não o suficiente. No hospital, os médicos o declararam morto. Corpo imóvel, batimentos nulos, nenhuma atividade vital aparente. Foi levado ao necrotério.

Uma jornada fora do corpo

Brinkley conta que, durante os 28 minutos em que esteve “clinicamente morto”, sua consciência não cessou. Pelo contrário. “Senti meu espírito deixando o corpo. Vi uma luz. Revivi minha vida inteira em segundos. Cada ato, cada palavra dita, tudo voltou como um filme.”  

A experiência, segundo ele, não foi aterrorizante. Foi esclarecedora. “Não há julgamento. Há aprendizado.”

Dois anos foram necessários para que ele voltasse a andar. Mas a transformação mais profunda foi invisível. Depois desse evento, Dannion dedicou-se a compreender o que havia vivido. A morte, para ele, deixou de ser um fim — passou a ser uma passagem.

Uma segunda chance... e depois outra

Mais de uma década depois, Brinkley encarou novamente a morte, dessa vez durante uma cirurgia cardíaca. Novamente, ele afirma ter deixado o corpo. Novamente, encontrou o que chama de “instrutores angelicais”. Foi aí que, segundo ele, recebeu o que descreve como “dons espirituais” para ajudar outras pessoas no limiar entre a vida e a morte.

Seus relatos, naturalmente, dividiram opiniões. Há quem os veja com ceticismo, há quem encontre neles consolo. A ciência, por sua vez, começa a olhar com mais atenção para o fenômeno.

O Dr. Sam Parnia, professor associado da NYU Langone Health, é um dos que estudam as chamadas experiências de quase-morte. Em entrevista ao *The Post*, afirmou: “Encontramos sinais de atividade cerebral normal — e até consciente — por até uma hora após o início da reanimação. Essas vivências são reais, únicas e universais. Não são sonhos ou alucinações.”

A missão de quem voltou

Aos 74 anos, Brinkley transformou seu passado improvável em propósito. Hoje, ele dedica seu tempo a aconselhar veteranos de guerra e pacientes terminais. O objetivo é um só: ajudá-los a não temer a morte.

“Quando você entende que não morre, que é um ser espiritual, e que não vai para o inferno… isso muda tudo. Você vive melhor. Sem medo. Com mais amor.”

Dannion já escreveu livros, como Saved by the Light, nos quais compartilha suas vivências. Mas talvez a frase que melhor resuma sua jornada esteja em uma de suas entrevistas mais recentes:

“Ninguém morre. Isso nunca acontece. Não faz parte da natureza da realidade.

Em tempos em que a finitude assombra silenciosamente a todos, ouvir alguém dizer isso com tamanha convicção — e experiência — é, no mínimo, reconfortante.  

E quem sabe, também, um convite para viver com mais leveza. 

*Com informações de 8sNws e KLAS

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Europa sinaliza acordo de “tarifa zero” com os EUA

Europa sinaliza acordo de “tarifa zero” com os EUA para bens industriais: “Estamos prontos para um bom acordo”

Por Ronald Stresser*

 
Operadores trabalham no pregão da Bolsa de Nova York, em 07/04/25 - AFP
 

No cerne de um cenário global pressionado por uma severa tensão econômica, a União Europeia estendeu um ramo de oliveira aos Estados Unidos, propondo um ousado acordo de “tarifa zero” para bens industriais. A iniciativa surge como resposta direta à imposição de tarifas de 20% por parte do governo Donald Trump, anunciado semana passada, reacendendo as preocupações sobre uma nova escalada protecionista dos EUA.

“Oferecemos tarifas zero para bens industriais, como já fizemos com sucesso com muitos outros parceiros comerciais”, declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta segunda-feira, ao lado do primeiro-ministro norueguês Jonas Gahr Støre. Em tom firme, mas conciliador, completou: “A Europa está sempre pronta para um bom acordo. Então, mantemos essa proposta sobre a mesa.”

Von der Leyen foi além: “Estamos prontos para negociar com os Estados Unidos. Mas também estamos preparados para responder com contramedidas e defender nossos interesses.”

A proposta europeia visa eliminar tarifas sobre setores como produtos químicos, farmacêuticos, borracha, plásticos, máquinas industriais e automóveis. O comissário de Comércio da UE, Maroš Šefčovič, da Eslováquia, confirmou que o objetivo é abrir caminho para um comércio mais fluido, especialmente diante do impacto das novas medidas tarifárias anunciadas por Donald Trump.

Na semana passada, o ex-presidente norte-americano — e agora novamente figura central na política comercial dos EUA — surpreendeu o mundo com o anúncio de uma tarifa global base de 10%, apelidada por ele de “Dia da Libertação”. A medida, que entra em vigor oficialmente em 9 de abril, inclui também um aumento de 25% nas tarifas sobre carros fabricados fora dos EUA.

A reação nos mercados foi imediata. O índice pan-europeu STOXX Europe 600 despencou 6% logo na abertura desta segunda-feira, refletindo o nervosismo dos investidores. No entanto, os comentários de von der Leyen ajudaram a conter a sangria, encerrando o dia com uma perda menos drástica, de 2,9%.

A proposta da UE surge como tentativa de evitar um confronto comercial mais amplo, especialmente após as tarifas anteriores impostas por Trump sobre o aço e o alumínio — que continuam sem uma resposta definitiva por parte dos europeus.

Entre os que enxergam uma luz no fim do túnel está Elon Musk. Em tom otimista, o bilionário responsável pela Tesla e SpaceX — e agora à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) — declarou estar “esperançoso” quanto à possibilidade de um acordo. “Espero que os Estados Unidos e a Europa possam estabelecer uma parceria muito próxima”, disse. “Na prática, isso criaria uma zona de livre comércio entre a Europa e a América do Norte.”

Esse sonho já esteve mais próximo de virar realidade durante o segundo mandato de Barack Obama, quando as negociações do Acordo Transatlântico de Comércio e Investimento (TTIP) avançavam bem. Mas tudo ruiu em 2016, após o vazamento de documentos pelo Greenpeace, que gerou forte reação pública. Diferenças entre regulamentações alimentares dos dois lados do Atlântico também emperraram os diálogos.

As tratativas do TTIP foram oficialmente encerradas durante o primeiro mandato de Trump, em 2019. Agora, com os ventos mudando — e os mercados em alerta —, resta saber se Washington e Bruxelas conseguirão transformar a tensão em oportunidade e reabrir as portas para um novo pacto comercial.

O mundo assiste. E espera.

*Com informações do New York Post

Chegada do outono deixa Brasil em alerta contra queimadas

CHAMAS QUE NÃO SE APAGAM: O Brasil que ainda queima e a urgência de um basta

Por Ronald Stresser

 
Carl de Souza - AFP
 

No coração do Brasil, onde a natureza deveria pulsar com vida, o que se vê, cada vez com mais frequência, é fumaça, cinzas e devastação. De Roraima ao Pantanal, passando por rodovias de cidades como São Carlos, as queimadas criminosas se espalham como um rastro de pólvora, impulsionadas pela ganância e pela impunidade.

Na última quinta-feira (3), a Polícia Federal deflagrou a operação “Chama Clandestina” em Caracaraí (RR), a 140 quilômetros da capital Boa Vista. O alvo: fazendeiros suspeitos de provocar queimadas ilegais em áreas de vegetação nativa. A motivação? Econômica, ligada à atividade pecuária. Os responsáveis podem responder por crime ambiental — mas até quando vamos apenas investigar, e não punir exemplarmente?

As ações fazem parte do Plano Amazônia: Segurança e Soberania (AMAS), do Ministério da Justiça, que vem usando sistemas aéreos de monitoramento. Apesar do avanço tecnológico, o cenário ainda é alarmante: o fogo segue servindo como ferramenta de expansão agropecuária, sob um discurso antigo de desenvolvimento que ignora os limites da sustentabilidade e da legalidade.

Pantanal em alerta — e em chamas

Se há um retrato claro da irresponsabilidade ambiental no Brasil, ele está no Pantanal. Um levantamento do Ministério Público de Mato Grosso do Sul revela que, nos últimos cinco anos, 33 fazendas foram responsáveis por quase 18% da área devastada por incêndios. Sozinhas, essas propriedades queimaram cerca de 1 milhão de hectares — uma área maior que o território do Distrito Federal.

Mesmo diante desses números gritantes, a responsabilização ainda é tímida. Em 2023, das 147 ignições registradas, apenas 75 foram vistoriadas e, dessas, apenas quatro resultaram em multas. Um número que escancara a fragilidade da fiscalização frente à magnitude do crime.

Luciano Furtado Loubet, diretor do Núcleo Ambiental do MPMS, afirma que o foco das autoridades está na prevenção, com orientações sobre manejo integrado do fogo. Mas diante de propriedades reincidentes, onde o fogo “começa sozinho” três vezes em cinco anos, até quando será possível tratar o problema apenas com diálogo?

Estradas tomadas pelo fogo, visibilidade engolida pela fumaça

Em São Carlos (SP), as queimadas às margens das rodovias SP-215 e SP-310 trouxeram mais que prejuízo ambiental: colocaram vidas em risco. A fumaça espessa comprometeu a visibilidade de motoristas, exigindo interdições e ações emergenciais do Corpo de Bombeiros. A origem? Queima irregular de entulho — prática ainda comum, ainda ignorada, ainda impune.

O contraste com o esforço do poder público é evidente. O Governo de São Paulo investiu R$ 260 milhões em equipamentos e operações contra incêndios em 2024 — um recorde. Só em aeronaves e combustível para combate aéreo foram mais de R$ 18 milhões. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) também ampliou contratos de roçada e capina para conter o avanço do fogo. Mas o investimento perde força se a legislação não acompanhar com o mesmo rigor.

Tolerância zero: a única saída possível

O Brasil não pode mais tolerar o fogo que consome nossas florestas, nossa fauna, nossa segurança e nossa dignidade ambiental. A leniência com os crimes ambientais é um convite para novas tragédias. É hora de endurecer. De aplicar multas pesadas, como as que a nova legislação prevê — R$ 3 mil por hectare atingido, dobrando em casos graves. De responsabilizar quem lucra com a destruição. De entender que não se trata apenas de natureza, mas de vidas humanas em risco, de ecossistemas inteiros à beira do colapso.

O fogo não começa sozinho. E quando criminosamente aceso, precisa ser combatido com rigor, sem acordos ou omissões. O Brasil precisa queimar, sim — mas de indignação. E agir, com urgência, para apagar de vez essa página vergonhosa da nossa história ambiental. 

A floresta não fala, nós sim. É hora de gritar por justiça. Tolerância zero para crimes ambientais já!

domingo, 6 de abril de 2025

Papa faz aparição pública de surpresa

Um aceno que cura: a volta emocionada do Papa Francisco à Praça São Pedro

 
 

Era para ser “apenas” mais uma missa no Vaticano, uma celebração especial dentro do Jubileu dos Enfermos. Mas o que ninguém esperava era o que aconteceu ali, bem no fim, quando o inesperado rompeu o protocolo e trouxe lágrimas aos olhos de milhares de fiéis. O Papa Francisco, depois de 38 dias internado por causa de uma grave pneumonia, apareceu — de cadeira de rodas, com uma cânula no nariz, visivelmente fragilizado, mas com aquele mesmo olhar doce e firme que o mundo aprendeu a reconhecer.

Foi só um breve momento. Um aceno. Um sorriso tímido. Uma bênção rápida. Mas foi o suficiente para transformar a Praça São Pedro num mar de comoção. Quase 20 mil pessoas testemunharam esse reencontro. Muitos se ajoelharam. Outros choraram em silêncio. Alguns apenas fecharam os olhos, como quem agradece por uma presença que, por pouco, poderia ter se tornado ausência.

Francisco acompanhou a missa pela televisão, do quarto onde segue se recuperando. A celebração foi presidida pelo arcebispo Rino Fisichella, que leu a homilia preparada pelo próprio Papa — e ali estava tudo o que ele não conseguiu dizer com a voz, mas disse com o coração.

“Com vocês, irmãos e irmãs doentes, compartilho muito neste momento: a experiência da enfermidade, de me sentir frágil, de depender dos outros, de precisar de apoio”, escreveu. Palavras que tocam porque são reais. Palavras que confortam porque vêm de quem também passou pela dor.

Francisco não escondeu sua vulnerabilidade — ao contrário, fez dela uma ponte. “Nem sempre é fácil, mas é uma escola onde aprendemos a amar e a nos deixar amar, sem exigir, sem recusar, sem lamentar. Agradecidos a Deus e aos irmãos pelo bem que recebemos.”

Durante a homilia, ele falou sobre algo que muitos esquecem: Deus não se afasta nos momentos difíceis. Pelo contrário. “Na doença, Deus não nos deixa sozinhos. E se nos entregamos a Ele, onde nossas forças falham, podemos experimentar a consolação da Sua presença.”

E essa presença estava ali, viva, pulsando na fé dos peregrinos, nos gestos silenciosos dos cuidadores, no olhar cansado dos pacientes que participaram da celebração. Gente vinda de mais de 90 países: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, voluntários, cada um com sua história entrelaçada ao cuidado com a dor do outro.

Antes de aparecer na praça, Francisco participou do sacramento da reconciliação na Basílica de São Pedro e passou pela Porta Santa — um gesto simbólico de renovação, de recomeço. Ao fim da missa, uma última mensagem sua foi lida, com um agradecimento cheio de ternura: “Do fundo do coração, o Papa agradece as orações e deseja que esta peregrinação seja rica de frutos.”

E foi. Porque às vezes um gesto basta. Um olhar. Um aceno. Uma palavra escrita à mão. Um Papa que não esconde a dor, mas a transforma em partilha. Que não finge força, mas encontra nela o espaço para amar mais e melhor.

Hoje, quem estava na Praça São Pedro saiu de lá diferente. Com o coração mais leve, talvez. Com mais fé. Com mais humanidade.

E para quem acompanhou de longe, a mensagem também chegou: até na doença, há espaço para a esperança. Até no cansaço, pode nascer algo novo. Como disse o próprio Francisco, citando Isaías:

“Vou realizar algo de novo, que já está a aparecer: não o notais?”

Sim, Papa. Notamos.

Redação com informações do Vatican News



sábado, 5 de abril de 2025

BRICS vai criar moeda para desdolarizar comércio entre o bloco

BRICS em marcha: ouro, poder e a moeda que desafia o dólar

Por Ronald Stresser*

 
Dilma e Putin. A brasileira tem mais 5 anos à frente go Bsnvo dos BRICS - Sputnik
 

Em meio a um cenário global cada vez mais volátil, um grupo de países antes considerados periféricos à hegemonia financeira internacional parece estar reescrevendo as regras do jogo. Com uma presidência brasileira ativa, novas descobertas minerais estratégicas e movimentos silenciosos — mas consistentes — para reduzir a dependência do dólar, o BRICS dá sinais claros de que seu papel no tabuleiro global não é mais coadjuvante.

No centro dessa movimentação, está uma mulher que conhece tanto as engrenagens do poder político quanto a complexidade das finanças internacionais: Dilma Rousseff. Reconduzida à presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como o “Banco do BRICS”, Dilma ganhou um segundo mandato após um período inicial marcado por forte aporte de crédito em infraestrutura e aumento de liquidez para os países membros.


Ela não teve um ciclo completo, e ainda assim entregou muito”, resume Henrique Domingues, vice-chefe do Fórum Internacional dos Municípios BRICS. “Dilma deu fôlego ao banco num momento em que muitos esperavam hesitação.”

Mas há algo ainda mais denso por trás de sua recondução: a geopolítica. Desde que a Rússia passou a enfrentar uma avalanche de sanções econômicas ocidentais, o BRICS tem buscado nomes com maior margem de articulação política internacional. “Um político russo, por exemplo, teria dificuldades até para viajar”, explica Augusto Rinaldi, professor de Relações Internacionais da PUC-SP. “Dilma é uma escolha estratégica.”

Entre o ouro e a moeda

Enquanto os holofotes se voltam para o futuro do bloco, um anúncio vindo da China, divulgado discretamente em novembro, pode ter implicações colossais: cientistas encontraram um depósito de ouro “supergigante” na província de Hunan. A estimativa? Até 1.100 toneladas de ouro, com qualidade superior à média global e um valor potencial de US$ 83 bilhões.

A descoberta não apenas consolida a China como a maior produtora mundial do metal, como também fortalece a musculatura de reservas do BRICS — grupo que já reúne cerca de 40% do PIB mundial em paridade de poder de compra e 48,5% da população global. E ouro, vale lembrar, é sinônimo de confiança para qualquer projeto de moeda alternativa.

Com os Estados Unidos utilizando o dólar como uma espécie de “arma invisível” — impondo tarifas, sanções e restringindo transações internacionais —, cresce a vontade dos países do BRICS de encontrar caminhos menos dependentes da moeda americana. E aqui entra um tema que, embora oficialmente negado, nunca sai da mesa: a criação de uma nova moeda comum.

O embaixador Maurício Lyrio, sherpa do BRICS pelo Brasil, garante que isso não está em discussão no momento. “O foco é reduzir os custos das operações comerciais e financeiras entre os países membros, usando moedas locais”, disse, em tom firme, durante coletiva recente em Brasília.

Por trás da negativa, no entanto, há sinais de algo mais profundo em curso: sistemas de pagamento transfronteiriços, acordos entre bancos centrais e mecanismos de crédito mútuo. Tudo isso constrói as fundações para uma arquitetura monetária paralela àquela comandada por Washington.

Mais comércio, menos dependência

Os números também ajudam a entender a força do bloco. Só em 2023, o fluxo comercial entre Brasil e os países do BRICS chegou a US$ 210 bilhões, com superávit brasileiro de US$ 33 bilhões. É quase metade do saldo comercial total do país. “É um grupo que funciona — e beneficia a economia real”, afirma Lyrio.

No campo das reservas internacionais, os países do BRICS também impressionam. A China lidera com US$ 3,3 trilhões, seguida pela Índia (US$ 574,5 bilhões) e Rússia (US$ 442,5 bilhões). O Brasil, com US$ 346,4 bilhões, aparece entre os dez primeiros. Essas reservas — compostas majoritariamente por dólares — são como poupanças emergenciais dos países, utilizadas em momentos de crise ou para garantir credibilidade no mercado financeiro global.

Mas há um paradoxo aí. Esses mesmos dólares, acumulados para proteção, são emitidos por um país que os utiliza como instrumento de controle geopolítico. A busca pela “desdolarização” — conceito cada vez mais discutido nos círculos econômicos — é, portanto, uma tentativa de escapar desse ciclo de dependência.

Entre a utopia e a estratégia

A moeda do BRICS, por enquanto, ainda é mais desejo do que plano concreto. Mas desejos, quando compartilhados por nações com quase metade da população mundial, tendem a se tornar realidade com mais frequência do que se imagina.

Com a COP30 batendo à porta e sendo sediada em Belém (PA), o Brasil pretende também liderar uma articulação conjunta do bloco para cobrar o financiamento climático prometido pelos países ricos — e nunca entregue. “A promessa era de US$ 100 bilhões por ano. Nunca cumpriram. E o que precisamos agora é mais de US$ 1,3 trilhão por ano”, alertou Lyrio.

Ou seja, além da moeda, o BRICS quer ser protagonista nos grandes debates do nosso tempo: clima, tecnologia, saúde e soberania financeira. Pode ainda não haver uma nova moeda circulando nas mãos de cidadãos em Xangai, Joanesburgo ou São Paulo. Mas os pilares desse futuro já estão sendo fincados — com reservas de ouro, diplomacia multilateral e uma ambição que não cabe mais nos moldes do século passado.

*com informações de Sputnik News, Valor Econômico e Agência Brasil.

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Reginaldo da Saúde confirma pré-candidatura para 2026

Reginaldo da Saúde confirma pré-candidatura a deputado estadual em 2026: “Quero ser a voz do povo trabalhador do Paraná”

 
 

Com uma trajetória marcada pela defesa de quem dedica a vida ao cuidado e à segurança da população, Reginaldo da Saúde confirmou sua pré-candidatura a deputado estadual em 2026. O nome de Reginaldo já circula com força entre lideranças comunitárias, movimentos sociais e profissionais da educação, segurança e saúde pública — áreas que ele coloca no centro de suas propostas.

“Professor, policial, enfermeiro, técnico... são trabalhadores que seguram o Paraná de pé. E não dá mais pra aceitar que ganhem tão pouco diante de tudo que fazem. Minha luta é por salário digno, valorização e respeito”, afirma Reginaldo, que tem histórico de atuação em projetos sociais voltados às periferias e comunidades do interior do estado.

Conhecido como “guerreiro de Deus” entre os seus apoiadores, ele pretende formar dobradinhas com pré-candidatos a deputado federal comprometidos em destinar recursos para estrutura e apoio a iniciativas de base, inclusive o custeio de cabos eleitorais ligados a causas populares.

Reginaldo da Saúde acredita que é possível fazer política com os pés no barro e o coração no povo. “Eu não quero ser deputado pra ficar em gabinete. Quero andar, ouvir e resolver. O Paraná precisa de representantes que lutem com coragem, com verdade, com fé.”

A pré-candidatura deve focar em agendas comunitárias, visitas a cidades-polo do estado e escuta ativa junto às categorias que ele pretende representar na Assembleia Legislativa. Mais do que votos, Reginaldo busca confiança: “O povo vai saber que comigo é compromisso, não promessa.”

quinta-feira, 3 de abril de 2025

Política tarifária dos EUA abala mercados ao redor do mundo

Tarifação em massa adotada pelos EUA abala mercados e assusta empresários ao redor do mundo

Por RonaldStresser*

 
Donald Trump exibe ordem executiva ao anunciar um plano de tarifas sobre produtos importados na quarta-feira, enquanto  - Washington Post
 

A nova rodada de forte tarifação de importados imposta pelo governo Donald Trump está provocando uma verdadeira tsunami nos mercados financeiros ao redor do planeta e deixa empresários em alerta. As fortes taxações, que entraram em vigorar já nesta quinta-feira (03), estão reconfigurando totalmente cenário econômico mundial e despertam temores de uma recessão iminente. Por outro lado alguns operadores do mercado financeiro veem o cenário como uma reinicialização, uma oportunidade para investir em criptoativos.

O impacto imediato já foi sentido em Wall Street: desde a abertura do pregão o índice S&P 500 despencou mais de 3,7%, enquanto o Nasdaq caiu 4,8%. O Dow Jones desabou, com uma queda impressionante de 1.300 pontos, isso logo nas primeiras horas do dia. As principais bolsas da Ásia e da Europa também registraram quedas significativas, embora algumas tenham conseguido se recuperar antes do fechamento dos mercados.

Uma mudança radical na economia

Especialistas alertam que os custos para os consumidores e para empresas dos Estados Unidos poderão chegar a bilhões de dólares ainda neste ano. Para a economista-chefe da KPMG, Diane Swonk, a medida "aumentou dramaticamente os riscos de uma recessão" e pode levar os EUA a um cenário que combina inflação com recessão, um estouro de bolha que os mercados não veem há décadas. No entanto outros veem a previsão como demasiadamente pessimista.

Na última quarta-feira, Donald Trump anunciou que os Estados Unidos vão tarifar em 10% todas as importações. A medida entou vigor já no sábado passado. Concomitantemente vão ocorrer aumentos progressivos, que poderão chegar a até 50% sobre produtos de alguns países, já a partir do próximo dia 9. Também foi anunciada uma tarifa de 25% sobre todos os veículos importados pelo mercado dos EUA, que entrou em vigor na madrugada de hoje.

Reação global

Os governos ao redor do mundo estão avaliando quais medidas adotar. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, por exemplo, pediu "cabeças frias" e diplomacia, enquanto a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou as tarifas como "um golpe significativo"e prevê uma "guerra comercial" em curso.

A China, principal alvo de boa parte das medidas do presidente Norte-americano, foi atingida com uma tarifa extra de 34%, somando-se aos 20% já aplicados anteriormente. Pequim prometeu retaliação, mas ainda não determinou exatamente como. O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, cujo país foi menos afetado,  com uma tarifa de apenas 10%, declarou: "Isto não é um ato de amizade".

Impacto nas empresas

Para muitos empresários e investidores, a mudança abrupta pode ser um golpe devastador. Anjali Bhargava, proprietária de uma pequena empresa que vende misturas de chá e cúrcuma, para grandes redes como Whole Foods, calculou os impactos na noite de quarta-feira. O custo do chá da Índia deve subir 26%, o da cúrcuma da Tailândia, 36%, e o do gengibre e canela do Vietnã, 46%. "Estou sinceramente chocada. Não sei se consigo manter meu negócio em pé", lamentou a empresária.

Por outro lado, algumas indústrias estão comemorando a decisão da administração Trump. O Instituto Americano do Petróleo agradeceu a exclusão do setor de petróleo e gás das novas tarifações, enquanto o Instituto Americano do Aço celebra a medida como um reforço à indústria nacional.

Uma estratégia arriscada

Trump defende que as tarifas vão estimular a produção doméstica e gerar empregos nos EUA. "Se queremos fazer dos Estados Unidos um polo de manufatura de alta tecnologia, precisamos trabalhar lado a lado com tarifas", disse Joseph LaVorgna, economista-chefe da SMBC Nikko Securities e ex-assessor econômico da Casa Branca.

Os próximos dias serão determinantes para a avaliação do impacto real do tarifaço estadunidense sobre a economia global. O que parece certo é que as tensões comerciais entre os EUA e seus aliados atingiu um patamar inédito, que tem o potencial de redefinir a balança econômica mundial nos próximos anos.

Com informações do W.P.

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