Tarifação em massa adotada pelos EUA abala mercados e assusta empresários ao redor do mundo
Por RonaldStresser*Donald Trump exibe ordem executiva ao anunciar um plano de tarifas sobre produtos importados na quarta-feira, enquanto - Washington Post |
A nova rodada de forte tarifação de importados imposta pelo governo Donald Trump está provocando uma verdadeira tsunami nos mercados financeiros ao redor do planeta e deixa empresários em alerta. As fortes taxações, que entraram em vigorar já nesta quinta-feira (03), estão reconfigurando totalmente cenário econômico mundial e despertam temores de uma recessão iminente. Por outro lado alguns operadores do mercado financeiro veem o cenário como uma reinicialização, uma oportunidade para investir em criptoativos.
O impacto imediato já foi sentido em Wall Street: desde a abertura do pregão o índice S&P 500 despencou mais de 3,7%, enquanto o Nasdaq caiu 4,8%. O Dow Jones desabou, com uma queda impressionante de 1.300 pontos, isso logo nas primeiras horas do dia. As principais bolsas da Ásia e da Europa também registraram quedas significativas, embora algumas tenham conseguido se recuperar antes do fechamento dos mercados.
Uma mudança radical na economia
Especialistas alertam que os custos para os consumidores e para empresas dos Estados Unidos poderão chegar a bilhões de dólares ainda neste ano. Para a economista-chefe da KPMG, Diane Swonk, a medida "aumentou dramaticamente os riscos de uma recessão" e pode levar os EUA a um cenário que combina inflação com recessão, um estouro de bolha que os mercados não veem há décadas. No entanto outros veem a previsão como demasiadamente pessimista.
Na última quarta-feira, Donald Trump anunciou que os Estados Unidos vão tarifar em 10% todas as importações. A medida entou vigor já no sábado passado. Concomitantemente vão ocorrer aumentos progressivos, que poderão chegar a até 50% sobre produtos de alguns países, já a partir do próximo dia 9. Também foi anunciada uma tarifa de 25% sobre todos os veículos importados pelo mercado dos EUA, que entrou em vigor na madrugada de hoje.
Reação global
Os governos ao redor do mundo estão avaliando quais medidas adotar. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, por exemplo, pediu "cabeças frias" e diplomacia, enquanto a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou as tarifas como "um golpe significativo"e prevê uma "guerra comercial" em curso.
A China, principal alvo de boa parte das medidas do presidente Norte-americano, foi atingida com uma tarifa extra de 34%, somando-se aos 20% já aplicados anteriormente. Pequim prometeu retaliação, mas ainda não determinou exatamente como. O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, cujo país foi menos afetado, com uma tarifa de apenas 10%, declarou: "Isto não é um ato de amizade".
Impacto nas empresas
Para muitos empresários e investidores, a mudança abrupta pode ser um golpe devastador. Anjali Bhargava, proprietária de uma pequena empresa que vende misturas de chá e cúrcuma, para grandes redes como Whole Foods, calculou os impactos na noite de quarta-feira. O custo do chá da Índia deve subir 26%, o da cúrcuma da Tailândia, 36%, e o do gengibre e canela do Vietnã, 46%. "Estou sinceramente chocada. Não sei se consigo manter meu negócio em pé", lamentou a empresária.
Por outro lado, algumas indústrias estão comemorando a decisão da administração Trump. O Instituto Americano do Petróleo agradeceu a exclusão do setor de petróleo e gás das novas tarifações, enquanto o Instituto Americano do Aço celebra a medida como um reforço à indústria nacional.
Uma estratégia arriscada
Trump defende que as tarifas vão estimular a produção doméstica e gerar empregos nos EUA. "Se queremos fazer dos Estados Unidos um polo de manufatura de alta tecnologia, precisamos trabalhar lado a lado com tarifas", disse Joseph LaVorgna, economista-chefe da SMBC Nikko Securities e ex-assessor econômico da Casa Branca.
Os próximos dias serão determinantes para a avaliação do impacto real do tarifaço estadunidense sobre a economia global. O que parece certo é que as tensões comerciais entre os EUA e seus aliados atingiu um patamar inédito, que tem o potencial de redefinir a balança econômica mundial nos próximos anos.
Com informações do W.P.
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