Por trás da morte clínica, um relato que emociona, intriga e conforta. A história de Dannion Brinkley vai muito além de um acidente raro — é um convite à reflexão sobre o que nos espera do outro lado
Por Ronald Stresser *Tendo recebido várias chances na vida, Brinkley está usando suas histórias para inspirar outras pessoas - Getty Images |
“Eu estava morto. Os médicos disseram. E mesmo assim, aqui estou.”
A voz de Dannion Brinkley não vacila ao recordar o dia em que, literalmente, morreu. Foi em 1975, quando um raio o atingiu enquanto falava ao telefone em sua casa nos Estados Unidos. Um evento com chances de acontecer a menos de uma vez em um milhão. Um episódio que, segundo ele, mudou sua visão sobre a vida — e sobre a própria morte.
Brinkley, então um fuzileiro naval e empresário, teve seu corpo atravessado pela descarga elétrica. “Entrou do lado da minha cabeça, acima da orelha, desceu pela coluna”, lembra. “Me lançou no ar. Vi o teto. Depois, fui arremessado de volta ao chão. Uma bola de fogo atravessou o cômodo e me cegou. Eu estava queimando. Paralisado. Em chamas.”
A ambulância chegou rápido. Mas não o suficiente. No hospital, os médicos o declararam morto. Corpo imóvel, batimentos nulos, nenhuma atividade vital aparente. Foi levado ao necrotério.
Uma jornada fora do corpo
Brinkley conta que, durante os 28 minutos em que esteve “clinicamente morto”, sua consciência não cessou. Pelo contrário. “Senti meu espírito deixando o corpo. Vi uma luz. Revivi minha vida inteira em segundos. Cada ato, cada palavra dita, tudo voltou como um filme.”
A experiência, segundo ele, não foi aterrorizante. Foi esclarecedora. “Não há julgamento. Há aprendizado.”
Dois anos foram necessários para que ele voltasse a andar. Mas a transformação mais profunda foi invisível. Depois desse evento, Dannion dedicou-se a compreender o que havia vivido. A morte, para ele, deixou de ser um fim — passou a ser uma passagem.
Uma segunda chance... e depois outra
Mais de uma década depois, Brinkley encarou novamente a morte, dessa vez durante uma cirurgia cardíaca. Novamente, ele afirma ter deixado o corpo. Novamente, encontrou o que chama de “instrutores angelicais”. Foi aí que, segundo ele, recebeu o que descreve como “dons espirituais” para ajudar outras pessoas no limiar entre a vida e a morte.
Seus relatos, naturalmente, dividiram opiniões. Há quem os veja com ceticismo, há quem encontre neles consolo. A ciência, por sua vez, começa a olhar com mais atenção para o fenômeno.
O Dr. Sam Parnia, professor associado da NYU Langone Health, é um dos que estudam as chamadas experiências de quase-morte. Em entrevista ao *The Post*, afirmou: “Encontramos sinais de atividade cerebral normal — e até consciente — por até uma hora após o início da reanimação. Essas vivências são reais, únicas e universais. Não são sonhos ou alucinações.”
A missão de quem voltou
Aos 74 anos, Brinkley transformou seu passado improvável em propósito. Hoje, ele dedica seu tempo a aconselhar veteranos de guerra e pacientes terminais. O objetivo é um só: ajudá-los a não temer a morte.
“Quando você entende que não morre, que é um ser espiritual, e que não vai para o inferno… isso muda tudo. Você vive melhor. Sem medo. Com mais amor.”
Dannion já escreveu livros, como Saved by the Light, nos quais compartilha suas vivências. Mas talvez a frase que melhor resuma sua jornada esteja em uma de suas entrevistas mais recentes:
“Ninguém morre. Isso nunca acontece. Não faz parte da natureza da realidade.
Em tempos em que a finitude assombra silenciosamente a todos, ouvir alguém dizer isso com tamanha convicção — e experiência — é, no mínimo, reconfortante.
E quem sabe, também, um convite para viver com mais leveza.
*Com informações de 8sNws e KLAS
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