Denúncia contra Bolsonaro e o xadrez político de 2026: um jogo decidido no tapetão?
Por Ronald Stresser
O que era apenas uma investigação, sobre uma suposta conspiração golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, ganha novos atores. O ex-ministro do Superior Tribunal Militar (STM), Flavio Bierrenbach, apresentou à Procuradoria-Geral da República (PGR) um pedido para ampliar a denúncia contra Bolsonaro. A tese sugere que o ex-presidente também deve responder por crime militar. Para muitos observadores, a movimentação parece mais um lance do jogo político que se intensifica à medida em que o país avança rumo às eleições de 2026.
Na reunião com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, Bierrenbach argumentou que Bolsonaro, como capitão reformado do Exército, pode ter violado o artigo 155 do Código Penal Militar, que trata do incitamento à indisciplina. A pena pode chegar a dois anos de reclusão, além da perda de posto e patente. O ex-ministro justificou sua investida com uma frase contundente: "O dever dos militares é defender a Constituição e não enxovalhar a farda com trama golpista."
A denúncia de Bierrenbach levanta uma questão incômoda: há um esforço institucional para inviabilizar Bolsonaro eleitoralmente? Para seus apoiadores, a resposta é clara. Desde que deixou o Planalto, o ex-presidente enfrenta um cerco jurídico crescente, que já inclui investigações sobre ataques às urnas eletrônicas, suposto uso indevido de joias sauditas e agora, possivelmente, um crime militar.
O papel de Bierrenbach no embate
O nome de Flavio Bierrenbach não surge ao acaso nesse enredo. Com uma trajetória que transita entre os três poderes, ele foi vereador e deputado pelo MDB antes de chegar ao STM, nomeado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Curiosamente, sua origem política remonta à militância estudantil nos anos 1960, quando liderou a União Nacional dos Estudantes (UNE), ao lado de José Serra e Marcelo Cerqueira.
Agora, com mais de 80 anos e uma longa carreira na magistratura, Bierrenbach ressurge no cenário público como peça-chave na ampliação do cerco jurídico contra Bolsonaro. Mas sua atuação reacende uma questão maior: as eleições de 2026 serão decididas nas urnas ou nos tribunais?
A quem interessa Bolsonaro inelegível?
A sucessão presidencial se aproxima, e o tabuleiro já se movimenta. Se confirmada a inelegibilidade de Bolsonaro, a direita precisará de novos nomes para fazer frente ao PT. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o do Paraná, Ratinho Júnior, e o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, aparecem como alternativas, mas o apelo popular de Bolsonaro ainda faz dele o principal nome do espectro conservador.
Ao endurecer as acusações, o sistema parece apostar que o melhor caminho para vencer Bolsonaro não é nas urnas, mas no tapetão. Para os eleitores que se identificam com a direita, esse movimento soa como um alerta: é preciso encontrar novas lideranças que possam resistir a essa ofensiva.
Enquanto isso, Bolsonaro segue no centro do furacão, desafiando o cerco jurídico e testando os limites da democracia brasileira. Se 2022 foi marcado por uma eleição polarizada, 2026 promete ser ainda mais acirrada. Mas a grande pergunta permanece: será uma disputa justa ou um jogo de cartas marcadas?