Da economia doméstica ao equilíbrio fiscal do Estado, elas fazem a diferença — mas ainda há espaços a conquistar
Suzane Gambetta Dobjenski, primeira mulher a comandar a Receita Estadual do Paraná em seus 170 anos de história - Foto: AEN-PR |
Se tem algo que a história já provou é que as mulheres sempre souberam administrar bem. Da economia doméstica, onde equilibram contas e garantem que cada real tenha destino certo, até a gestão pública, onde fazem o dinheiro render em benefício de toda a sociedade, o talento feminino para a administração é inegável. No Paraná, isso nunca esteve tão evidente quanto agora.
Em 2024, o Estado conquistou a inédita Capag A+, certificação do Tesouro Nacional que atesta excelência fiscal e abre portas para investimentos ainda maiores. Os números também impressionam: um crescimento de 10,5% na arrecadação, fechando o ano com R$ 69,3 bilhões em receitas correntes. Mas por trás desses resultados, há rostos e nomes que merecem ser celebrados.
E muitos deles pertencem a mulheres.
Elas mudaram o jogo na Secretaria da Fazenda
A Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) nunca teve tantas mulheres em posições estratégicas. Das quatro diretorias da pasta, três são comandadas por elas, e o impacto dessa presença feminina é inquestionável.
A Receita Estadual, por exemplo, está nas mãos de Suzane Gambetta, a primeira mulher a ocupar o cargo em 170 anos de história. Com três décadas de experiência no serviço público, ela ajudou a modernizar a arrecadação tributária e fortalecer a justiça fiscal sem comprometer a solidez financeira do Estado.
“Celebramos a força e a coragem de cada mulher que, diariamente, fortalece a administração tributária com dedicação e comprometimento. Que mais mulheres possam ocupar funções de gestão, seja no fisco, na política, na administração pública e em todos os espaços de influência e decisão”, afirma Suzane.
Já no Tesouro Estadual, quem comanda é Carin Deda, peça-chave na obtenção da Capag A+. Sua gestão eficiente permitiu ao Paraná reduzir sua dívida pública ao menor patamar em mais de uma década, garantindo um cenário de dívida negativa — ou seja, o Estado tem hoje mais dinheiro em caixa do que débitos de longo prazo.
E na Contabilidade Geral do Estado, Gisele Carloto revolucionou a transparência dos dados financeiros. Sob sua liderança, o Paraná implantou o Siafic, um sistema integrado que aprimorou a gestão contábil e ajudou o Estado a alcançar o melhor patamar fiscal de sua história.
Essas três mulheres não apenas comandam suas áreas com competência, mas também são inspiração para uma nova geração que, aos poucos, ocupa espaços que antes eram dominados por homens.
Tribunal de Contas: um reduto masculino que precisa mudar
Apesar dessas conquistas, há um espaço estratégico que ainda não reflete essa revolução feminina: o Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR).
A Corte de Contas, responsável por fiscalizar o uso do dinheiro público, ainda é um reduto masculino. Dos sete conselheiros que comandam o órgão, nenhuma mulher ocupa uma cadeira. Uma disparidade evidente, principalmente quando se observa que são mulheres que estão garantindo o equilíbrio financeiro do Estado.
Mas uma oportunidade de mudança está próxima. Com a aposentadoria compulsória do conselheiro Maurício Requião, prevista para os próximos quatro anos, o Paraná terá a chance de corrigir esse desequilíbrio histórico.
A nomeação de uma mulher para o TCE-PR não seria apenas um gesto simbólico. Seria um reconhecimento justo ao papel que as mulheres desempenham na gestão das contas públicas do Estado. Afinal, se elas já demonstraram competência para gerir bilhões na Fazenda Estadual, por que não poderiam fiscalizar esses recursos na Corte de Contas?
A hora é agora
Neste 8 de março, mais do que homenagens, as mulheres paranaenses merecem reconhecimento e oportunidades reais. O Paraná já provou que, quando elas estão no comando, os resultados vêm — e vêm em grande estilo.
Agora, cabe às autoridades políticas garantir que essa revolução não pare. A próxima vaga no TCE-PR pode ser o passo definitivo para um Tribunal de Contas mais representativo, moderno e eficiente.
Se o Paraná quer continuar sendo referência em gestão fiscal, talvez seja hora de se inspirar nas mulheres que já estão fazendo história dentro do governo. Afinal, boas contas não têm gênero — mas, pelo que mostram os números, elas sabem muito bem como administrá-las.
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