Vitória coletiva que reforça não só ganhos salariais — mas o compromisso humano de uma categoria que não abandona quem sofre
Por Ronald Stresser —
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| Nelsão da Força, Manuh e Fernanda Queiroz. A filha do casal de sindicalistas prestou e Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), domingo passado - Reprodução/Redes Sociais |
O encontro desta manhã não foi apenas uma votação técnica: foi a confirmação de um pacto entre quem produz e quem representa. Dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) e representantes da empresa construíram, passo a passo, uma proposta que depois foi levada à base. O resultado foi claro e celebrado — a aprovação de um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) que assegura um vale-mercado de R$ 1.400,00 e reajuste salarial com reposição integral do INPC mais 2% de ganho real.
Para os cerca de 60 profissionais que atuam na produção de peças para colheitadeiras e tratores, o acordo representa algo além do bolso: é a garantia de dignidade no trabalho e a manutenção do poder de compra em momentos de instabilidade econômica. É também a expressão de que negociação e mobilização podem caminhar juntas.
“Foi uma negociação construída com diálogo e firmeza. O resultado é fruto da mobilização dos trabalhadores e do respeito que o sindicato tem por cada companheiro da base”, declarou Nelsão da Força, vice-presidente do SMC, ao Sulpost.
A cena na porta da fábrica teve a leveza das conversas imediatas e a seriedade das decisões que afetam famílias — mães e pais que dependem do salário para educação, saúde e sonhos simples. Essa mescla de cotidiano e consciência é o que transforma acordos em legado.
Solidariedade em movimento
A vitória sindical veio acompanhada de um chamado à empatia: Nelsão recebeu, ao longo do dia, chamadas de colegas e filiados pedindo apoio às vítimas do tornado que atingiu Rio Bonito do Iguaçu, no sudoeste do Paraná. O SMC está organizando o envio de ajuda — entre as demandas, a arrecadação de 2.000 telhas para reconstruir lares danificados.
Não é gesto simbólico: é rede prática. Os metalúrgicos, acostumados a erguer estruturas de aço, mostram que também sabem erguer vidas quando a tempestade passa — e que solidariedade, assim como um acordo coletivo, se constrói com mãos e vontade.
Em tempos em que o mundo exige resposta rápida e presença, a manhã de 11 de novembro de 2025 reafirmou um princípio simples e profundo: a luta por melhores condições de trabalho anda lado a lado com a responsabilidade social. A aprovação do ACT na Cabs/Nítida é, portanto, notícia de ganhos salariais — e de reafirmação de um compromisso coletivo que atravessa o chão da fábrica e chega à comunidade.
Vale lembrar: decisões como essa não nascem do acaso. Nascem de diálogo, de assembleia, de representatividade. E nascem, sobretudo, da persistência diária de quem acredita que o trabalho organizado transforma realidades.



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