Em Belém, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fez um apelo para unir proteção social e ação climática — discurso que colocou famílias, agricultores e povos tradicionais no centro das políticas públicas
Ronald Stresser — 11 de novembro de 2025
| Ministros Wellington Dias e Marina Silva na COP 30, em Belém (PA) - Agência Brasil |
Sob o calor úmido que marca a capital paraense, a ministra Marina Silva transformou em palavras a experiência de quem perde casas, colheitas e meios de subsistência diante de eventos climáticos extremos. Para ela, combater a fome e a crise climática não é uma opção: é uma única estratégia possível.
Em um painel da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), Marina ressaltou que enchentes, tufões e tornados — como o que devastou parte do Paraná dias antes — arrasam sistemas alimentares, empregos e redes comunitárias, aprofundando vulnerabilidades já existentes.
“As pessoas perdem seus sistemas alimentares, seus locais de trabalho, quando têm uma enchente, um tufão ou um furacão… Elas ficam mais vulneráveis.” — Marina Silva
A ministra pontuou que qualquer estratégia climática que ignore as desigualdades sociais está condenada à ineficácia. “Pensar o enfrentamento da desigualdade junto com o enfrentamento da mudança do clima é algo perfeitamente possível, e é o único caminho para lidar com os dois problemas com eficiência”, disse ela no evento.
Ao lado de Marina, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, pediu que políticas públicas fortaleçam redes de proteção social preparadas para responder às emergências climáticas. Dias destacou, ainda, o papel dos povos tradicionais e da agricultura familiar:
“Não há segurança alimentar nem resiliência climática sem aqueles que cuidam da terra, das águas e das sementes. A agricultura familiar fornece a maior parte dos nossos alimentos.” — Wellington Dias
A fala do ministro reforça uma narrativa que vem ganhando espaço na COP30: a de que conservação ambiental, produção de alimentos e justiça social são elementos de uma mesma equação. A ideia da “floresta produtiva” — apontada por Dias — busca conciliar proteção ecológica com garantia de renda e segurança alimentar para as comunidades locais.
Três dias antes do painel, 43 países e a União Europeia haviam aprovado a Declaração de Belém sobre Fome, Pobreza e Ação Climática Centrada nas Pessoas, documento que busca colocar a proteção social e a segurança alimentar no coração das respostas globais ao clima. A ministra da Cooperação e Desenvolvimento da Alemanha, Reem Alabali Radovan, elogiou a iniciativa, classificando-a como um passo pioneiro na articulação entre ação climática e proteção social.
Em Belém, a mensagem de Marina Silva soou, sobretudo, como um lembrete: é preciso que a política climática tenha rosto, nome e história — que olhe para as comunidades afetadas e para quem trabalha a terra diariamente. Somente assim, defenderam os participantes, será possível construir medidas que protejam tanto o planeta quanto as pessoas.
- Com informações da Agência Brasil — liberação de imprensa sobre o evento na COP30.

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