Lula abre a COP30 com um apelo à ação global e promete derrotar o negacionismo climático: “A humanidade está diante de uma encruzilhada”
Por Ronald Stresser – 10 de novembro de 2025
| © Bruno Peres/Agência Brasil |
A Amazônia foi o palco e o símbolo. Sob o som dos tambores e das vozes indígenas que ecoavam pela Estação das Docas, o mundo se reuniu em Belém do Pará para o primeiro dia da COP30 — um encontro que, nas palavras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “precisa ser a COP da verdade”.
O clima era de urgência, mas também de esperança. Pela primeira vez na história, a conferência global do clima acontece no coração da floresta amazônica, e o Brasil assumiu o papel de anfitrião não apenas geográfico, mas moral, de um planeta em crise.
“A mudança do clima já não é uma ameaça do futuro — é uma tragédia do presente”
Com a voz firme e olhar voltado aos líderes mundiais, Lula abriu a conferência lembrando que, mais de três décadas após a Rio-92, o mundo retorna ao Brasil — agora diante de uma crise sem precedentes.
“A mudança do clima já não é uma ameaça do futuro. É uma tragédia do presente. As enchentes, as secas e o calor extremo já destroem vidas e economias inteiras. As populações mais pobres são sempre as que mais sofrem.”
O discurso do presidente Lula chamou os líderes mundiais à ação. Lula fez questão de denunciar o atraso global na execução das metas climáticas e o comportamento dos países ricos, que, segundo ele, falham em cumprir compromissos e transferem responsabilidades.
“Estamos reunidos em um mundo que não pode mais esperar. É hora de levar a sério os alertas da ciência. É hora de enfrentar a realidade e decidir se temos coragem.”
A derrota do negacionismo
Entre os trechos mais aplaudidos do discurso, Lula atacou o negacionismo climático, chamando-o de uma das forças mais perigosas do nosso tempo.
“É o momento de impor uma nova derrota aos negacionistas. Eles mentem para proteger interesses imediatos, manipulam a ignorância e atrasam as decisões que o planeta precisa tomar.”
O presidente criticou o uso político da desinformação, lembrando que forças extremistas usam fake news para desacreditar a ciência e travar o avanço das políticas ambientais.
“Enquanto alguns negam os fatos, milhões de pessoas já vivem o colapso. As pessoas talvez não entendam o que são toneladas de carbono, mas sabem o que é poluição, sabem o que é calor extremo, sabem o que é a água contaminada.”
Povos tradicionais no centro da pauta
O primeiro dia também foi marcado por uma mensagem uníssona vinda do Congresso Nacional. Parlamentares brasileiros destacaram, em Belém, que não haverá solução climática sem a valorização dos povos tradicionais.
A deputada Célia Xakriabá (Psol-MG) levou a força simbólica da floresta para dentro do plenário:
“Os povos indígenas são o maior banco de estoque de carbono do planeta. A árvore sumaúma leva quase 900 anos para crescer. Tem coisa que o dinheiro não traz de volta, como o rio Doce. É hora de impedir o adoecimento do planeta.”
Já Carol Dartora (PT-PR) chamou atenção para a realidade das comunidades mais vulneráveis e defendeu que o debate climático chegue a todos os territórios.
“Esse debate precisa alcançar as pequenas cidades, onde vivem as pessoas mais impactadas pelos eventos extremos. Justiça climática é também justiça social.”
O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, Nilto Tatto (PT-SP), destacou a importância do financiamento internacional para florestas e a criação de um fundo global de florestas, estimado em 1,3 trilhão de dólares.
A COP da Amazônia e das ações concretas
A COP30 começou com a assinatura da chamada Agenda de Ações, composta por 111 itens prioritários a serem negociados até o dia 21. Entre eles, destaque para a criação do Fundo Tropical Forests Forever Fund, voltado a financiar a preservação de florestas tropicais com recursos de longo prazo e governança compartilhada entre países do Sul Global.
Lula insistiu que o combate às mudanças climáticas não pode ser tratado como uma questão técnica, mas civilizatória:
“Não se trata apenas de preservar árvores. Trata-se de preservar a vida humana e a dignidade das gerações futuras.”
E encerrou com um chamado que ecoou pelos corredores da conferência:
“A humanidade está diante de uma encruzilhada. Ou escolhemos a solidariedade planetária, ou seremos lembrados como a geração que assistiu o mundo queimar.”
A COP30 começou como uma mistura de memória e urgência, com o som dos povos da floresta encontrando o apelo da ciência. Em Belém, o Brasil voltou a falar ao mundo — não como espectador, mas como guardião da esperança que ainda resiste sob o verde da Amazônia.
- Com informações da Agência Brasil e Agência Câmara dos Deputados
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🧾 Jornalista responsável: Ronald Stresser

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