Tragédia silenciosa nas estradas: mulher é presa com maconha em mulher é presa com maconha em Rolândia e caso lança luz sobre recorde de apreensões no Paraná
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Foto: BPRv / PR |
Na manhã de segunda-feira (7), em uma operação de rotina da Polícia Rodoviária Estadual (PRE-PR), um ônibus que fazia a linha Foz do Iguaçu/PR - Brasília/DF foi abordado em frente ao Posto Rodoviário de Rolândia. Entre os passageiros, uma mulher de 40 anos trazia na bolsa dois quilos de maconha. O flagrante foi certeiro. Ela foi presa e levada à delegacia. A droga, encaminhada para os procedimentos cabíveis.
A ocorrência, por si só, não chama atenção apenas pela quantidade apreendida, mas pelo contexto humano que muitas vezes se esconde por trás desses episódios. Não há dados sobre quem é essa mulher ou por que ela carregava aquela droga. Mas é difícil não pensar no que a levou àquela situação. Desemprego? Pressão de terceiros? Promessa de dinheiro fácil? Um desespero silencioso que muitos enfrentam nas margens da sociedade.
Essa prisão é apenas uma entre milhares que revelam um problema profundo: o tráfico de drogas ainda segue como um dos maiores desafios para a segurança pública e para a dignidade humana no Brasil.
No Paraná, as estatísticas comprovam a dimensão do problema. Só em 2024, o estado registrou 444 toneladas de entorpecentes apreendidos – um número que o colocou como o segundo estado que mais retirou drogas de circulação no país. O dado representa um aumento de 11,6% em relação a 2023. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), sozinha, foi responsável por mais da metade desse total: 284 toneladas, sendo mais de 280 toneladas de maconha e 3,6 toneladas de cocaína.
Esses números, embora alarmantes, são também um reflexo do trabalho incansável das forças de segurança. Mas também levantam outra questão: quem são as pessoas por trás dessas apreensões? Quantas são como essa mulher em Rolândia — empurradas para a margem, sem oportunidades reais, atraídas por promessas que se desmancham assim que a sirene toca?
É fácil transformar estatísticas em manchetes. Mais difícil é olhar para essas prisões com humanidade e entender que por trás de cada quilo de droga há histórias atravessadas por pobreza, abandono e escolhas desesperadas.
A ação da PRE em Rolândia é eficiente, necessária e representa um acerto na repressão ao crime. Mas também reforça a urgência de políticas públicas que ofereçam alternativas reais, especialmente para mulheres em situação de vulnerabilidade, muitas vezes usadas como “mulas” por organizações criminosas.
Por ora, essa mulher segue presa, e os dois quilos de maconha já não seguirão adiante em seu caminho. Mas o ciclo que a trouxe até ali – esse ainda precisa ser rompido. Não com algemas, mas com dignidade, acesso e escuta.
Ronald Stresser, da redação.