Mercado Barrageiro 1 ano: entre aromas de pão quente e vozes que se misturam, o Barrageiro reconstruiu laços — e fez da praça de comércio um palco de memórias, trabalho e pertencimento
Na quarta-feira, 26 de novembro, o Mercado Público Barrageiro completou seu primeiro ano. Não foi apenas o aniversário de um equipamento urbano — foi a pequena celebração de uma cidade que redescobre o prazer de se reconhecer nos lugares onde vive.
Caminhar pelo Barrageiro é encontrar uma geografia afetiva: aromas de café e temperos, o brilho das bancas de artesanato, o sorriso de quem acaba de vender o primeiro pão do dia. Em 12 meses, o espaço transformou-se em referência para a região trinacional, reunindo 31 lojas e boxes sociais voltados à agricultura familiar e ao artesanato — pontos de partida para quem busca dignidade pelo trabalho e visibilidade para sua produção.
Memória e reconexão
Era preciso resgatar algo mais que tijolos: resgatar a vida coletiva que ali existia quando o bairro ainda fervilhava ao redor da usina. A abertura do Mercado foi também uma aposta nesse retorno — um gesto de confiança na potência comunitária do lugar.
“A abertura do Mercado Público Barrageiro representa não apenas uma adição à infraestrutura turística, mas o resgate da vida comunitária do local.” — Enio Verri
E a cidade correspondeu. Ao longo do ano, públicos variados — moradores, trabalhadores, turistas — passaram a ocupar aquele corredor como se fosse uma praça da cidade. Mais de 400 mil visitas atestam que o Barrageiro deixou de ser apenas um projeto para virar rotina compartilhada.
Cultura como cotidiano
A programação cultural é parte da alma do Mercado. O Circuito Cultural transformou bancas e calçadas em palco rotativo: cerca de 200 apresentações, mais de 150 artistas, e a certeza de que a música e as linguagens artísticas foram fundamentais para aproximar gerações e tribos.
Não raro, nas tardes de fim de semana, um gaúcho sintoniza presença com um jovem fã de cultura pop — o Barrageiro vira, por instantes, o lugar onde diferenças se encontram em harmonia.
Um aniversário simples, mas significativo
Na véspera do aniversário oficial, lojistas, terceirizados e trabalhadores reuniram-se para cortar um bolo. Um gesto singelo, repetido em milhares de cantos do país, mas que ali reverberou com força: um momento de reconhecimento mútuo, onde rostos conhecidos foram reafirmados como protagonistas da rotina do lugar.
A presença de lideranças e a partilha entre quem faz o Mercado funcionar lembraram algo óbvio e profundo — que espaços públicos sobrevivem quando são ocupados com afeto, quando o trabalho diário recebe visibilidade e quando a cidade encontra motivos verdadeiros para se orgulhar.
Festival Barrageiro — hoje começa a festa
Para marcar a data, o Mercado promove entre os dias 28 e 30 de novembro o Festival Barrageiro: três dias de programação gratuita com atividades para todas as idades. O ápice foi agendado para domingo, quando a Banda Mais Bonita da Cidade sobe ao palco às 19h.
São dias para celebrar, mas também para pensar: como qualificar o espaço para que continue gerando oportunidades e fortalecendo a economia local sem perder a alma de encontro e pertencimento que conquistou em seu primeiro ano.
O que vem pela frente
O Mercado Público Barrageiro chegou até aqui porque muitos o ocuparam — produtores, artistas, trabalhadores e frequentadores. A tarefa agora é manter essa ocupação viva: mais rodas de conversa, programas de formação, rotas turísticas responsáveis e apoio contínuo aos boxes sociais que deram voz à agricultura familiar e ao artesanato local.

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