Medida histórica promete aliviar o bolso de milhões e marca o menor índice de desigualdade já registrado no país, segundo o presidente
Por Ronald Stresser – 01 de dezembro de 2025
Brasília amanheceu diferente nesta segunda-feira (1). Ainda reverbera, pelos lares brasileiros e pelos corredores largos do Palácio do Planalto, o pronunciamento feito na noite de domingo (30) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em seis minutos transmitidos em cadeia nacional, ele anunciou não apenas uma promessa cumprida, mas uma mudança que toca diretamente o cotidiano do país: a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e uma nova forma de taxar os que estão no topo da pirâmide.
O que ficou, no entanto, não foi só a mudança fiscal. Foi o tom, o gesto político, a frase que imediatamente ganhou o país: “A desigualdade no Brasil é hoje a menor da história.” Em um país marcado por abismos, a fala trouxe um raro momento de respiro coletivo.
O trabalhador que acorda antes do sol
No final de um mês apertado — como tantos no Brasil — Lula falou diretamente com quem acorda antes do sol para manter o país funcionando. Ele se dirigiu à pessoa que ganha R$ 4.800 por mês e que, segundo os cálculos apresentados no pronunciamento, poderá economizar cerca de R$ 4 mil ao ano com a isenção. “É quase um décimo quarto salário”, disse o presidente. Uma frase simples, mas poderosa.
Para milhões, esse valor não cabe apenas numa conta: vira comida na mesa, material escolar melhor para os filhos, um curso que estava sendo adiado, a chance de zerar uma dívida que atravessa anos.
A engrenagem da mudança
A sanção da nova lei aconteceu na última quarta-feira (26). A partir de janeiro, a vida financeira dos trabalhadores até a faixa dos R$ 5 mil muda de forma imediata. A medida, porém, não corrige toda a tabela do IR — algo que custaria mais de R$ 100 bilhões por ano — mas altera o eixo principal: quem ganha menos, respira.
Para equilibrar a conta, o governo mira 140 mil contribuintes enquadrados como “super-ricos”, aqueles que recebem mais de R$ 600 mil por ano. Eles passarão a pagar uma alíquota extra progressiva de até 10%. Lula lembrou que, hoje, este grupo paga uma alíquota efetiva média de apenas 2,5%, enquanto a maioria dos trabalhadores entrega entre 9% e 11% do que ganha.
A lógica que se desenha é clara: quem tem mais, paga mais. Quem tem menos, ganha fôlego.
R$ 28 bilhões voltam para as mãos do povo
Segundo o governo, a mudança deve injetar R$ 28 bilhões na economia já no primeiro ano. E esse dinheiro não ficará parado: ele corre pelo mercadinho da esquina, pela farmácia, pela mecânica, pelo pequeno comércio que sustenta bairros e famílias. É economia real, viva, circulando onde o Brasil realmente acontece.
Um país menos desigual — mas ainda desigual
No pronunciamento, Lula não ignorou um dado duro: o 1% mais rico detém 63% da riqueza do país, enquanto a metade mais pobre fica com apenas 2%. É um abismo que define a história brasileira.
Ele citou programas como Pé-de-Meia, Luz do Povo e Gás do Povo como parte essencial da redução da desigualdade nos últimos anos. Mas reforçou que a reforma do IR “é apenas o primeiro passo”. O objetivo, segundo o presidente, é garantir que a riqueza produzida pelo brasileiro volte para ele mesmo.
O que continua igual
Apesar das mudanças, quem ganha acima de R$ 7.350 segue pagando a alíquota máxima de 27,5%. A tabela segue estruturada nas mesmas cinco faixas tradicionais:
- 0%
- 7,5%
- 15%
- 22,5%
- 27,5%
Rendimentos como heranças, ganhos de capital, aposentadorias por moléstia grave e doações ainda seguem regras específicas.
Entre números e gente
No fim, o pronunciamento deste domingo não soou técnico. Soou humano. Lula falou como quem encontra, no meio da rua, alguém que luta mês após mês para fechar as contas. O recado foi direto: “O Estado pode, sim, aliviar seu bolso.”
A economia agradece. As famílias agradecem. E o Brasil, de forma silenciosa, respira um pouco mais.

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