PNAD mostra menor taxa desde 2012, recorde de carteiras assinadas e renda média em alta — desafio agora é transformar números em mais qualidade de vida para as famílias
| Carteira de trabalho digital. © Marcelo Camargo/Agência Brasil |
No trimestre encerrado em outubro, o Brasil registrou a taxa de desemprego de 5,4% — o menor patamar desde o início da série histórica do IBGE, em 2012. Para quem vive à procura de uma oportunidade, para as famílias que aguardam alívio nas contas e para pequenas histórias de recomeço, esses números representam mais do que estatística: representam portas que se abrem.
O trimestre não trouxe só queda no desemprego. Houve também recorde no número de ocupados com carteira assinada — um passo relevante na direção de empregos com direitos e estabilidade — e a renda média real habitual do trabalhador subiu para R$ 3.528, outro registro histórico na série da PNAD Contínua. Esses resultados confirmam um cenário em que vagas formais e ganho real caminham juntos, mesmo que os desafios permaneçam.
Segundo a pesquisa, o total de ocupados com carteira assinada chegou a 39,182 milhões — um novo pico que reflete a tendência de formalização observada nos últimos meses. No front das vagas formais, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontou um saldo positivo de cerca de 85,1 mil vagas em outubro, e um balanço acumulado de 1,35 milhão de postos formais nos últimos 12 meses, segundo o Ministério do Trabalho. Esses números combinados ajudam a explicar a tração no mercado que a PNAD captou.
Por trás de cada estatística há um rosto: o do jovem que retomou os estudos com a segurança de um contrato, o do trabalhador que voltou a planejar economias, a mãe que pode conviver com menos incerteza na hora de pagar a escola dos filhos. Ainda assim, a recuperação não é homogênea: desigualdades regionais, diferenças por nível educacional e a persistente informalidade em parcelas da economia mostram que o caminho é de consolidação, não de consagração imediata.
Economistas e pesquisadores têm pontuado um alerta prático: números médios podem mascarar sazonalidades e fragilidades locais. A inflação, os custos de transporte e moradia e a qualidade dos postos de trabalho (horas, jornada, proteção social) definirão se a elevação do rendimento realmente se transforma em melhor qualidade de vida. Ou seja: a vitória estatística exige políticas públicas e investimentos que garantam que a renda adicional não se perca para despesas básicas.
A PNAD também mostra redução no contingente de pessoas que procuravam emprego por longos períodos — um indicador de que a procura está sendo transformada em colocação. Menos desalento, menos famílias à espera: é a tradução mais humana do número que agora entra para a história.
O que vem a seguir
O novo panorama abre uma janela de oportunidade para políticas públicas focadas em formação profissional, transição do trabalho informal para o formal e incentivo à sustentabilidade das vagas geradas. Se o país consolidar a melhoria — sobretudo nas regiões que ficaram para trás — a queda para 5,4% pode ser o primeiro capítulo de uma retomada que beneficia famílias e produz cidadania concreta.
Para leitores que acompanham a economia do dia a dia: os números entregam uma mensagem clara — o mercado caminha na direção certa, mas a trajetória ainda pede atenção e esforço coletivo para que a melhora alcance, de fato, todos os lares.
(41) 99281-4340

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