Reta final da COP30 cria força-tarefa para tentar fechar o “Pacote de Belém” — negociações se estendem
Com informações da Agência Brasil, UNFCCC e WWF
A floresta respira e, ao mesmo tempo, prende a respiração do mundo. Em corredores de hotel e salas de negociação, a COP30 montou um “mutirão” — uma força-tarefa entre delegações — para tentar condensar decisões que, por tradição, consumiriam semanas. A Presidência chamou o esforço de Pacote de Belém e informou que trabalhará para adiantar itens centrais já nesta semana.
O embaixador André Corrêa do Lago pediu em carta às partes que “trabalhemos lado a lado, em modo de força-tarefa, para implementar o Pacote de Belém: com rapidez, equidade e respeito por todos”. A convocação coincide com a chegada de ministros, que trazem mandato político para fechar textos complexos — do Objetivo Global de Adaptação ao financiamento para perdas e danos.
O que está em jogo
Estão listados para avanço no primeiro pacote temas que afetam diretamente vidas e territórios: Objetivo Global de Adaptação (GGA), fundos de adaptação, orientações ao Fundo para Resposta a Perdas e Danos, financiamento climático e o programa de transição justa. Também integram a pauta assuntos sobre transparência (Artigo 13) e fundos multilaterais como o Fundo Verde para o Clima. O conteúdo desses textos definirá fluxos de recursos e mecanismos de suporte para populações vulneráveis.
Pressa e fragilidade
Negociadores descrevem noites longas de trabalho e rascunhos ainda por lapidar. Há consenso sobre a necessidade de entregar, mas incerteza sobre o nível de ambição que os textos terão ao serem acelerados. Organizações da sociedade civil e lideranças indígenas alertam que legitimidade não se fabrica apenas com rapidez: depende de participação efetiva e transparência nos métodos.
Reações
O Greenpeace Brasil afirmou que o anúncio traz esperança, colocando temas como proteção florestal e eliminação gradual dos combustíveis fósseis na mesa, embora ainda falte definição sobre o conteúdo final. A WWF destacou que o avanço é encorajador, mas que será necessária liderança política para garantir ambição compatível com o limite de 1,5 °C.
Ritmo decisório
A Presidência planeja aprovar a primeira parte do Pacote de Belém até a plenária de quarta-feira, 19 de novembro, e concluir a segunda parte até sexta-feira, 21 de novembro. Para viabilizar o mutirão, a COP pediu à UNFCCC autorização para estender os horários de negociação por tempo indeterminado, permitindo que cada grupo decida quanto tempo precisa para avançar.
Enquanto os textos ganham e perdem palavras, há uma pergunta que permanece: a pressa desta semana transformará compromissos em dinheiro, políticas e proteção efetiva para quem mais precisa — ou apenas produzirá mais retórica? Em Belém, a resposta, lenta ou rápida, terá efeitos reais sobre florestas, povos e futuros.
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