Em votação na porta da fábrica, trabalhadores garantem reajuste pelo IPCA e um alívio concreto no vale-alimentação — vitória que tem nome, suor e conta a história de quem faz o aço acontecer
Por Ronald Stresser — 18 de novembro de 2025| Votação na porta da Aramebras (CIC) - Divulgação/SMC |
Na manhã de ontem,segunda-feira, 17 de novembro de 2025, os portões da Aramebras na Cidade Industrial de Curitiba foram palco de uma decisão simples na forma e enorme em conteúdo: 46 trabalhadores votaram secretamente sobre a proposta do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT-2025) da unidade — resultado: 35 a favor, 11 contra.
Não foi apenas uma soma de votos. Foi a soma de histórias — das mãos calejadas que alinham arames e treliças, das mesas compartilhadas em casas pequenas, das contas que crescem mais rápido que o salário. O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) coordenou a votação, com presença do RH da empresa, e a proposta aprovada traz três pontos centrais: reajuste salarial pelo IPCA acumulado (dez/2024 a nov/2025), subida do vale-alimentação de R$ 633 para R$ 800 (alta de 26,4%) e o compromisso da Aramebras em cumprir integralmente as cláusulas da convenção coletiva.
Quando números encontram vidas
Falamos de porcentagens, índices e cláusulas, mas o impacto concreto toca o que uma família compra na feira, como paga o transporte das crianças, se consegue ou não adiar uma conta emergencial. O salto para R$ 800 no vale-mercado é, em muitas planilhas domésticas, a diferença entre racionar itens essenciais e voltar a planejar uma refeição com alguma folga.
Para a unidade CIC, que emprega cerca de 60 profissionais, o acordo abre uma folga imediata no orçamento e reafirma que a negociação coletiva continua sendo instrumento direto de apropriação de dignidade pelo trabalhador.
Diálogo entre sindicato, trabalhadores e fábrica
A presença do RH durante a votação dá à cena um tom de reconhecimento mútuo: nem acordo unânime, nem conflito aberto — um encontro onde as partes aceitaram submeter a decisão final à vontade de quem produz. É uma foto que vale mais do que notas oficiais: é o momento em que a instituição encontra a pessoa real por trás do crachá.
O SMC iniciou a semana com mais um acordo salarial conquistado na Grande Curitiba: em votação secreta na porta de fábrica, a maioria dos metalúrgicos da Aramebras (unidade CIC) aprovou a proposta do ACT-2025.
O que muda — em resumo
- Reajuste salarial: aplicação do IPCA acumulado (dez/2024 — nov/2025).
- Vale-alimentação: de R$ 633,00 para R$ 800,00 (26,4% de aumento).
- Compromisso empresarial: cumprimento integral das cláusulas da convenção coletiva de trabalho.
Por trás do voto
Cada um dos 35 votos a favor carrega escolhas cotidianas: a mãe que precisa comprar leite em pó, o servidor que divide o salário com a casa dos pais, o jovem que sonha em terminar um curso. Para muitos, o ACT é menos sobre abstractos econômicos e mais sobre ter um pão com mais dignidade na mesa no fim do mês.
Também há os 11 votos contrários — que não são apenas números, mas vozes que sinalizam insatisfações, desejos por propostas diferentes ou desafios que o acordo não resolve. O ato de votar, numa manhã qualquer, é parte do exercício coletivo de democracia no trabalho.
O que fica para 2025
O acordo não encerra a jornada. Abre-a: trabalhadores e sindicato terão de acompanhar a aplicação do reajuste e a manutenção das cláusulas. As negociações futuras poderão surgir a partir daqui — com a mesma força do diálogo que agora foi reconhecido pela maioria.
Para a Região, o efeito tende a ser também econômico: renda maior para consumo local, leve aumento do poder de compra e, para quem vende e compra na vizinhança da CIC, um reflexo direto nas compras do dia a dia.

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