Trabalhadores, com o respaldo do SMC, conquistam data-base em dezembro, piso metalúrgico e benefícios que mudam o cotidiano
Por Ronald Stresser – 24 de novembro de 2025
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| Trabalhadores da Simoldes aprovam proposta em dois turnos - Divulgação/SMC |
Na manhã desta segunda-feira, 24 de novembro, durante a troca de turno, os trabalhadores da Simoldes Plásticos confirmaram em assembleia — por ampla maioria — a aprovação da proposta de Acordo Coletivo de Trabalho apresentada pela diretoria da empresa. A votação, organizada pelo sindicato dos metalúrgicos (SMC), marcou um momento de virada: não se tratou apenas de números numa ata, mas de decisões que repercutirão na vida de quem produz todos os dias.
As demandas trazidas pelos trabalhadores e encaminhadas pelo SMC foram claras e práticas: garantir reajuste real alinhado ao piso da categoria, fixar a data-base em dezembro, criar faixas salariais que reconheçam tempo de casa, assegurar o pagamento do Programa de Participação nos Resultados (PPR) com valores garantidos e escalonados, e ampliar benefícios que aliviam o cotidiano — entre eles vale-mercado, melhorias nas refeições, kit institucional e uniformes novos. Havia também pedidos firmes por maior transparência nas regras de terceirização e compromisso com a efetivação de trabalhadores temporários.
A proposta aprovada incorpora boa parte dessas reivindicações: a data-base passa a ser dezembro, o piso salarial metalúrgico será aplicado com aumentos escalonados nos próximos dois anos, e faixas por tempo de empresa oferecem ganhos adicionais para quem tem mais de dois e cinco anos na companhia. O PPR foi desenhado com valores garantidos e metas negociadas com o sindicato — uma tentativa de balancear previsibilidade para o empregado e sustentabilidade para a empresa.
Do ponto de vista humano, as medidas aprovadas significam algo concreto: mais segurança para planejar a vida, poder comprar alimentos com um vale-mercado garantido, e sentir que a experiência acumulada na fábrica vale e é reconhecida. Pequenos itens — como a renovação de uniformes e kits de confraternização — traduzem também cuidado com a dignidade cotidiana de quem passa horas no chão de fábrica.
O acordo prevê, ainda, o abono das horas paradas em assembleias — um gesto importante de respeito à organização coletiva — e compromissos formais para negociar metas do PPR com transparência. A empresa, no entanto, deixou explícito o limite de suas garantias: devido às oscilações sazonais da demanda, não há possibilidade de assegurar emprego contínuo em todos os cenários. Foi um reconhecimento franco das limitações econômicas, apresentado com a intenção de evitar promessas que não possam ser cumpridas.
A aprovação na assembleia revela, acima de tudo, a força da negociação coletiva quando acompanhada de articulação sindical sólida. Não foi uma vitória apenas da diretoria ou do sindicato: foi a vitória cotidiana de homens e mulheres que, unidos, conseguiram transformar reivindicação em cláusula, voz em condição escrita. Para muitos, a sensação é de alívio; para outros, a confirmação de que a luta coletiva vale a pena.
Ainda que o acordo não elimine todas as incertezas do mercado, ele redesenha o equilíbrio entre trabalho e reconhecimento dentro da Simoldes. E, num cenário onde direitos às vezes são disputados até no detalhe, a deliberação de 24 de novembro deixa uma mensagem clara: quando trabalhadores e sindicato se unem com propostas sólidas, a diretoria responde — e a fábrica avança.
O que muda na prática
- Data-base em dezembro e aplicação imediata do piso metalúrgico.
- Aumentos escalonados ao longo dos próximos dois anos.
- Faixas salariais por tempo de empresa (com acréscimos a partir de 2 e 5 anos).
- PPR com valores garantidos e metas negociadas; pagamento escalonado.
- Vale-mercado para todos os empregados, melhorias nas refeições, kit churrasco e uniformes.
- Compromisso com negociação sobre terceirização e possibilidade de efetivação de temporários.
- Abono de horas perdidas em assembleias como reconhecimento à participação coletiva.


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