Jovem de 25 anos que estava em coma há quase dois meses veio a óbito e sobe para oito o número de mortes por bebidas adulteradas com metanol em SP
Por Ronald Stresser — 24 de outubro de 2025
![]() |
| © UFPR/Divulgação |
Uma festa interrompida por um telefonema que ninguém queria atender: morreu, nesta quinta-feira (23), Rafael Anjos Martins, 25 anos, que estava internado em coma desde 1º de setembro após consumir gin adulterado com metanol. Com o falecimento de Rafael, sobe para oito o número de óbitos confirmados no estado de São Paulo ligados ao surto de bebidas adulteradas.
Rafael deixou atrás de si uma família que, durante mais de cinquenta dias, viveu entre a esperança e o cansaço dos corredores hospitalares. Segundo relatos médicos e familiares, os primeiros sinais — visão turva, náuseas intensas, dores abdominais e confusão mental — evoluíram rapidamente para um quadro irreversível. A bebida consumida foi identificada como contaminada por metanol após exames laboratoriais.
Um crime que se disfarça de bebida
As investigações apontam para um circuito de falsificação que atuava na região do ABC e na capital: distribuidoras que reengarrafavam produtos e postos que teriam vendido álcool combustível adulterado com metanol para revenda. Autoridades estimam que a cadeia de falsificação envolva atores organizados e diversos elos informais — da compra do insumo tóxico ao envasamento e ao comércio em adegas e bares.
O recorte dos números
No balanço federal mais recente, o Ministério da Saúde registrou dezenas de notificações em investigação e confirmou dezenas de casos em todo o país — com São Paulo concentrando a maior parte dos registros. Em boletins divulgados nos últimos dias, o total de casos confirmados no Brasil chegou a patamares superiores a quarenta, com variações nos números conforme laudos e atualizações das secretarias estaduais.
Esses dados mostram tanto a rapidez do contágio — pelo consumo de bebidas aparentemente comuns — quanto a dificuldade em mapear todas as vítimas. O problema é silencioso e se espalha em pequenos copos, brindes e descuidos.
Vítimas, rostos e falhas
Não se trata apenas de estatística. Entre as oito vítimas há jovens, trabalhadores, amigos que foram a uma mesma reunião, pessoas que compraram a bebida em adegas de bairro — locais que, em muitos casos, são a única opção de consumo social para quem não frequenta grandes estabelecimentos. A economia informal, a sensação de impunidade e a fragilidade na fiscalização criaram o terreno para o envenenamento silencioso.
Parentes contam o atual sentimento: raiva misturada à tristeza. “Era um rapaz que tinha planos”, disse uma parente em depoimento à imprensa. Esse luto atravessa famílias que, agora, precisam de respostas e de medidas concretas para que nenhuma outra vida seja tomada por um copo que parecia seguro.
O perigo do metanol — e o alerta necessário
Metanol não é etanol: é um álcool usado na indústria, inflamável, altamente tóxico para o organismo humano. Em pequenas quantidades pode causar lesões permanentes no nervo óptico (cegueira) e levar à morte por insuficiência múltipla de órgãos. A presença de metanol em destilados é indicativo de adulteração ou processo impróprio de produção.
Profissionais de saúde alertam que sintomas como visão embaçada, náuseas severas, dor abdominal e confusão mental exigem atendimento médico imediato. Cada hora faz diferença.
O que a população deve fazer
- Se você consumiu bebida de procedência duvidosa e apresenta sintomas, procure um pronto-socorro imediatamente e informe ao médico sobre a ingestão.
- Evite comprar bebidas sem selo, lacre ou procedência clara; desconfie de preços baixos e de garrafas reengarrafadas.
- Compartilhe a informação com familiares e vizinhos: prevenção pode salvar vidas.
Responsabilidade pública e cobrança
O episódio acende um holofote sobre duas responsabilidades urgentes: reforço nas investigações policiais para desmontar as redes que produzem e distribuem o produto adulterado; e resposta sanitária que impeça que insumos perigosos circulem livremente para fins de consumo humano. Enquanto isso não ocorre, famílias seguem enterrando filhos e amigos — e a cidade perde mais do que nomes nas estatísticas: perde futuro.
Últimas atualizações
Até a publicação desta matéria (24/10/2025), as autoridades estaduais e federais mantinham boletins atualizados com variações diárias nos números de casos confirmados e investigados. Acompanhar fontes oficiais é essencial para entender a evolução e as medidas preventivas.
Se você tem informações sobre a venda de bebidas adulteradas, entre em contato com a redação do Sulpost ou com as autoridades locais. Sua denúncia pode salvar vidas.
Contato da redação: sulpost@outlook.com.br | WhatsApp: +55 41 99281-4340 | Autor: Ronald Stresser
Esta matéria foi produzida com base em dados públicos e fontes oficiais. Atualizações podem ocorrer conforme novos boletins das secretarias de saúde e do Ministério da Saúde.


Nenhum comentário:
Postar um comentário