Bruxo curitibano afirma ter recebido mensagem espiritual do jornalista falecido durante a pandemia — pedido público por homenagem às autoridades do Paraná.
Por Ronald Stresser |
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Jornalista Fábio Campana e Bruxo Chik Jeitoso - Arquivo/Sulpost |
O Paraná cruza, desde sempre, o jornalismo e o sagrado — vozes que escrevem e rezam, que cobrem e oram. Nesta terça-feira, um desses encontros entre a palavra e a vidência foi tornada pública: o bruxo curitibano Chik Jeitoso afirma ter recebido uma mensagem espiritual do jornalista Fábio Campana, morto em 29 de maio de 2021, pedindo homenagem pública e lembrança institucional.
Segundo nota publicada no blog de Chik Jeitoso em sua página no Facebook, o contato ocorreu no interior do santuário do bruxo, onde — em estado de grande sensibilidade mediúnica — ele teria ouvido a voz e a intenção do jornalista. Na publicação, Jeitoso relata que Campana pediu que as principais autoridades e instituições do Paraná realizem uma homenagem por sua passagem, citando nominalmente o governador do Estado, o presidente da Assembleia Legislativa, o prefeito de Curitiba, o presidente da Câmara Municipal, o presidente do Tribunal de Justiça e do Tribunal de Contas, além de prefeitos, a OAB do Paraná, a Associação Comercial, a FIEP, os Cavalheiros da Boca Maldita e a Maçonaria Grande Oriente do Paraná (GOP).
“No meu santuário, o Escritor Poeta, Jornalista, Publicitário e Editor Fábio Campana … pediu que o Governador do Paraná, o Presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, o Prefeito de Curitiba … realizassem uma homenagem a sua passagem neste estado”, escreveu Jeitoso.
A nota acrescenta que, durante o contato, também foram recebidas revelações de natureza política — entre elas, nomes relacionados ao futuro do governo estadual e da Presidência da República — ainda que o bruxo não tenha divulgado identidades específicas quanto ao Governo do Paraná, é enfático em afirmar que o governador Ratinho Junior será candidato a presidente e enfrentará Lula em um possível segundo turno no ano que vem.
Em vida, Fábio Campana construiu carreira que dialogou com os corredores do poder e com a cultura curitibana. Nascido em Foz do Iguaçu em 1947, radicou-se em Curitiba em 1960 e foi secretário de Comunicação em três governos do Paraná e na Prefeitura de Curitiba nos anos 1990. Foi editor e colunista de jornais relevantes no Estado, além de comentarista em rádios como CBN, Band News e Banda B. Dirigiu publicações e manteve blog próprio, sendo figura de referência no jornalismo político e cultural local.
Campana faleceu em 29 de maio de 2021, aos 74 anos, vítima de complicações da Covid-19. Era casado com Denise de Camargo, com quem dividiu 50 anos de união; deixa os filhos Rubens Campana — diplomata em Israel — e Izabel Campana — advogada e artista plástica radicada em Quito —, além do neto Antonio Campana Leitão.
A relação entre Campana e Chik Jeitoso remonta a afinidades de fala: ambos encontraram na palavra um ofício e um altar. O bruxo, que alcançou amplo público nas redes sociais e se tornou fenômeno de visualizações, afirma que algumas vozes continuam escrevendo depois da morte — e que a mensagem do jornalista deve servir como impulso para reconhecimento público e trabalho social.
Para a cidade, a cena traz um nó entre memória e rito: a solicitação de homenagem pública toca o que entendemos por legado — o espaço em que a obra de um jornalista encontra eco nas instituições e no imaginário coletivo. Se a reivindicação parte de uma experiência espiritual, ela simultaneamente formula uma exigência laica: recordar o papel de um profissional que foi, em vida, peça ativa no debate público paranaense.
Em Curitiba, onde as mesas da Mateus Leme guardam histórias de encontros, debates e caipirinhas partilhadas, o pedido de Campana soa também como um apelo íntimo. Amigos e colegas recordam suas crônicas, sua atuação nos bastidores do poder, a voz firme no rádio e a forma como batia na tecla da responsabilidade pública — traços que, segundo muitos, justificariam uma homenagem institucional de grande porte.
O Sulpost procurou contato com a assessoria do bruxo Chik Jeitoso para obter mais detalhes sobre o contato e o teor das revelações políticas mencionadas; assim que houver posicionamento oficial das partes citadas (instituições e autoridades estaduais e municipais), atualizaremos esta matéria. Enquanto isso, a nota pública do bruxo permanece disponível em sua página e reacende o debate sobre memória, espiritualidade e o lugar do jornalista na história local.
Em meio à névoa das tradições curitibanas — entre a prosa e o ritual — a postagem do bruxo é mais do que um relato de mediunidade: é um convite à lembrança. Para o jornalismo, lembra-nos que as vozes fazem história; para a cidade, que as homenagens são também modos de permanecer. E, como em qualquer memória pública, cabe agora às instituições decidir se transformam o pedido em gesto.
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