Telefonema com tom bastante cordial: Lula e Trump reatam canal direto após 30 minutos e Lula pede fim do ‘tarifaço’ contra produtos brasileiros
Uma conversa curta, direta e com ecos longos: o telefonema entre os dois presidentes abriu espaço para negociações que atravessam economia, diplomacia e clima
Por Ronald Stresser – Sulpost
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| Trump (Reuters) e Lula (Stuckert) |
Na manhã desta segunda-feira, 6 de outubro de 2025, um telefonema de cerca de 30 minutos entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou no ar a sensação — rara e concreta — de que velhas arestas podem ser aparadas quando os líderes conversam diretamente e com vontade de escutar. O Palácio do Planalto registrou que o tom foi “bastante cordial” e que o contato decorreu por iniciativa do governo americano.
O coração da conversa foi econômico, mas a linguagem que a envolveu foi humana: Lula pediu a revisão do que tem sido chamado no Brasil de “tarifaço” — sobretaxas elevadas aplicadas a produtos brasileiros pelo governo americano — e defendeu que a parceria entre os dois países deve priorizar comércio justo, empregos e cadeias produtivas que sustentam famílias em ambos os lados do hemisfério. A solicitação de retirada dessas sobretaxas foi comunicada de forma direta ao presidente Trump.
Do lado brasileiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou o diálogo como “positivo do ponto de vista econômico”, um reconhecimento público de que o tom amistoso não apenas acalma mercados como também abre trilhas para negociações técnicas posteriores. Fontes que acompanharam a conversa dizem que, após os 30 minutos iniciais entre os presidentes, houve um momento técnico em que equipes e ministros trataram dos detalhes que realmente movimentam comércio e tarifas.
Um gesto simbólico chamou atenção: os dois líderes chegaram a trocar telefones particulares para manter uma via direta de comunicação, fora da cadeia protocolar habitual — um sinal de que, quando há interesse mútuo, a diplomacia pode ganhar formas menos cerimoniosas e mais eficazes. Na sequência, o governo americano designou interlocutores para dar prosseguimento às tratativas com a equipe brasileira, o que indica que o diálogo terá desdobramentos formais nas próximas semanas.
A conversa também deixou um convite comum à diplomacia presencial: ambos acertaram que poderão se encontrar em breve — a Cúpula da ASEAN, na Malásia, foi sugerida como um possível palco — e Lula estendeu o convite para que Trump participe da COP30 em Belém. O troca-troca de agendas e convites, mais do que protocolo, revela um movimento prático: transformar um telefonema cordial em negociações concretas, com equipes técnicas a bordo.
Agora a tarde o presidente dos EUA disse em sua rede social que gostou de ter conversado com Lula, o que pode ser o marco de um novo começo para as relações Brasil/Estados Unidos.
O que está em jogo
Por trás das cifras e das manchetes estão trabalhadores, exportadores e cadeias inteiras que respiram através do comércio exterior. Para produtores de café, aço, aeronaves e outros setores brasileiros que chegam aos portos e embarcam para os Estados Unidos, uma sobretaxa — seja 40%, seja 50% — significa preços mais altos, mercados mais estreitos e decisões duras sobre empregos e investimentos. O pedido de Lula, por isso, tem também uma leitura doméstica: proteger renda e manter portas abertas para quem vive do trabalho de produzir e exportar.
De Brasília, analistas e fontes que conversaram com o Sulpost destacam que o gesto de abrir canal direto não apaga divergências políticas — há pontos sensíveis, sanções e tensões políticas que permanecem —, mas oferece uma ponte para traduzir desacordos em negociações técnicas, onde os interesses comerciais podem ser conciliados sem acirrar rupturas institucionais. É um trabalho de paciência e afinco, feito por equipes que agora têm sinal verde para negociar.
Humanidade em meio à geopolítica internacional
O que torna este episódio relevante — além do impacto econômico imediato — é a imagem de dois chefes de Estado que, por meia hora, optaram por falar diretamente. Em tempos de polarizações e ruídos, a cena lembrou que diplomacia também é gesto: trocar números de telefone, convocar uma videoconferência, ouvir sem interromper e marcar presença quando importa. Pequenas escolhas assim podem desatar nós que, à primeira vista, pareciam intransponíveis.
Para o Brasil, a tarefa agora será transformar cordialidade em resultados concretos: acompanhar de perto as negociações técnicas, manter interlocução com setores produtivos e preparar uma agenda clara para eventuais encontros presenciais. Para nós cidadãos e cidadãs, resta observar — e cobrar — que esse canal aberto reverta em políticas que protejam empregos, abracem a Justiça, não apenas comercial.
A diplomacia brasileira precisa reverter as sanções aplicadas pelos EUA a ministros dos STF e seus parentes. Os norte-americanos precisam saber que Eduardo Bolsonaro foi para lá mentir e usar o povo dos Estados Unidos em benefício próprio, com pretensões particulares e políticas, colocando em risco a soberania de seu próprio país. A democracia não aceita traições e ambos os países, tanto Brasil quanto EUA, tem tradição na defesa de suas democracias.


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