PT passa o bastão a Edinho Silva — partido traça rumos para o futuro com raízes fincadas na base e projeto para a reeleição do presidente Lula
Por Ronald Stresser | Sulpost
Era domingo, mas o clima em Brasília parecia de campanha à Presidência da República. Foi um dia em que o Partido dos Trabalhadores (PT) não apenas empossou um novo presidente — Edinho Silva — como reafirmou, com força e emoção, que está disposto a reescrever sua própria história. E a escrevê-la com as mãos da militância de base.
Sob aplausos e olhos marejados, Edinho subiu ao palco ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da primeira-dama Janja. O 17º Encontro Nacional do PT, iniciado na sexta-feira (1º), teve sua culminância neste 3 de agosto com falas carregadas de afeto, memória, indignação e visão voltada para 2026.
“Temos a responsabilidade de construir o Partido dos Trabalhadores quando o presidente Lula não estiver mais nas urnas disputando o nosso projeto”, disse Edinho, com voz firme. “Porque Lula terá o direito ao descanso. E quem o substituirá será o partido. Um PT forte, organizado, dialogando com o povo.”
O novo presidente, ligado à corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), não fez rodeios. Ex-prefeito de Araraquara, ex-ministro de Dilma Rousseff, ele criticou duramente o presidente norte-americano Donald Trump, a quem chamou de “maior líder do fascismo do século XXI”. Referiu-se ainda à imposição de tarifas sobre produtos brasileiros, que entram em vigor nesta quarta-feira (6), como parte de uma estratégia de guerra econômica.
“Estamos enfrentando Trump. É só ver o que ele tem feito com os imigrantes. Ele representa um projeto de exclusão, ódio e dominação. Nós representamos o povo e sua diversidade”, afirmou.
Edinho também foi direto: o foco imediato do PT é reeleger Lula em 2026. E, nas entrelinhas, o que se constrói agora é mais do que uma reeleição. É uma travessia geracional.
Petistas cantam o Hino Nacional - Afonso Marangoni |
A força da mulher
Gleisi Hoffmann, que conduziu o partido nos últimos oito anos — e hoje ocupa a pasta da Secretaria de Relações Institucionais de Lula —, emocionou-se ao agradecer a militância por manter o partido de pé durante os piores dias da Lava Jato.
“Foi nos momentos mais difíceis, quando a gente só tinha a gente para segurar esse rojão”, disse a ministra, emocionada. “Obrigada dirigentes, obrigada militância, por não abaixarmos a cabeça.”
Gleisi ainda reafirmou o compromisso internacional do PT. Denunciou o genocídio em curso na Faixa de Gaza e a omissão de governos globais. Em tom de alerta, chamou a atenção para a urgência da aprovação da MP 1.303, que taxa bancos, casas de apostas e grandes fortunas.
“Nossa luta não é só nacional, ela também é internacional. E nós precisamos mostrar de que lado estamos,” enfatizou a ministra.
Lula, por sua vez, passou o bastão a Edinho com serenidade. Mas sua presença ali — como militante, não como presidente da República — parecia dizer: ainda estou aqui e não vou arredar o pé. Com seu carisma intacto, agradeceu a Gleisi e desejou boa sorte a Edinho.
“Gleisi foi uma das melhores coisas que aconteceram para o PT. E já posso dizer que é a melhor ministra da articulação política que este país já teve, mesmo com poucos meses”, afirmou Lula, arrancando aplausos entusiasmados da plateia.
Lula vale a luta
No entanto, não faltaram alertas. Lula disse que o partido precisa aprender com seus próprios erros, consolidar uma base no Congresso Nacional e falar com seu povo.
“A direção do PT tem que falar com o PT. Depois a gente fala com o resto”, disse o Presidente da República.
A fala foi uma defesa firme de sua ex-presidenta, Gleisi, contra as críticas que a acusavam de falar apenas para a militância petista.
Entre as bandeiras erguidas no encontro, três letras guiaram muitos discursos: BBB — bets, bancos e bilionários. A proposta é clara: taxar quem nunca foi taxado. E redistribuir riquezas com coragem e justiça.
Outra bandeira — literalmente — foi resgatada. A do Brasil. De mãos em punho e vozes vibrantes, os militantes do PT fizeram questão de reafirmar que a bandeira verde e amarela pertence ao povo. E que é possível amar o Brasil sem ódio, sem exclusão e sem medo de ser feliz.
Paraná forte na esquerda
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Edinho Silva e Arilson Chiorato, presidente reeleito do PT Paraná |
O Paraná marcou presença. A ministra Gleisi Hoffmann, o deputado federal Zeca Dirceu — nome forte para concorrer ao Senado nas próximas eleições — e o deputado estadual Arilson Chiorato, reeleito presidente do PT Paraná, representaram a força do do estado que é considerado o celeiro do Brasil. O trio simboliza o elo entre o que foi construído e o que está por vir.
Além de Lula e Janja, participaram do encontro ministros como Márcio Macedo, Paulo Teixeira, Luciana Santos, Wellington Dias, Camilo Santana, Anielle Franco, Luiz Marinho e Macaé Evaristo. Parlamentares, vereadores, lideranças de base, intelectuais e jovens militantes — uma mistura viva do que é o PT.
Gesto de resistência
O 17º Encontro Nacional não foi apenas um ato político. Foi um gesto de resistência e de reinvenção. O recado dado por Lula, por Gleisi e por Edinho Silva é de que o PT não pretende sobreviver ao lulismo. Pretende transcendê-lo. Com raízes profundas e galhos floridos, prontos para gerar frutos.
As dificuldades superadas no dia a dia, de governar um país de dimensões continentais e enfrentar o jogo desleal da oposição, mostram que quando um partido não se rende, quando olha nos olhos da sua base e diz “estamos juntos”, não é apenas uma sigla, ele vira casa. E uma casa cheia de gente sem medo de ser feliz é lugar de esperança.
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Zeca Dirceu e Edinho Silva, companheirismo e união |
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