domingo, 10 de agosto de 2025

“Se eleição fosse hoje, Lula seria reeleito”, diz Gilberto Kassab

Kassab recua: “Se eleição fosse hoje, Lula seria reeleito”; Tarcísio só concorre com “quase certeza” e apoio de Bolsonaro

Por Ronald Stresser

Análise: o gesto do PSD redesenha o centro e força a direita a resolver sua própria disputa por hegemonia.

 
 
Kassab reafirmou ter almoçado com Lula na quinta-feira, 7 de agosto, e afirmou que "se a eleição fosse hoje" o presidente seria reeleito.

Em entrevista ao O Globo publicada em 8 de agosto de 2025, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, disse ter mudado de leitura sobre o cenário presidencial: “se a eleição fosse hoje, Lula seria reeleito”. O aceno surge logo após um encontro — um almoço de quinta-feira, 7 — entre Kassab e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O gesto reorganiza o tabuleiro político: com o PSD ocupando três ministérios e ampliando sua capilaridade em capitais e municípios médios, Kassab amplia a barganha do partido e abre uma rota preferencial com o Planalto. Na prática, o movimento reforça uma máquina de alianças que pode entrar em 2026 operando com mais coesão do que a direita.

Tarcísio, a “quase certeza” e o cálculo da direita

Kassab avaliou que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) é competitivo, mas ponderou que ele só lançaria candidatura presidencial se tivesse uma “quase certeza” de vitória — e com apoio explícito de Jair Bolsonaro. Sem essa combinação, a leitura interna do PSD é que Tarcísio permaneceria focado na reeleição estadual, onde a vitória é considerada mais palatável.

Em tom pragmático, o recado de Kassab é claro: lançar um presidenciável sem unidade consolidada do campo de direita e sem guarida do centro é um salto no escuro. Enquanto isso, o PSD trabalha para manter o terreno político e medir, pesquisa a pesquisa, a viabilidade de alianças e palanques regionais.

O centro que decide

Antecipando 2026, o PSD já dialoga sobre palanques com o PT — acordos regionais no Nordeste e negociações no Rio indicam que o partido busca espaço em vagas ao Senado e prefeituras, sem descartar postos executivos. No Sudeste, nomes como Eduardo Paes entram no tabuleiro como peças centrais para a articulação da coalizão presidencial e para a estratégia do PSD.

O silêncio explícito sobre nomes como Ratinho Júnior e Eduardo Leite — citados em momentos anteriores — sinaliza que, em 2026, o PSD prioriza resultado e território em vez de aventuras presidenciais que talvez considere sem lastro. Em resumo prático: o PSD está mais preocupado em garantir governabilidade do que em apostar em candidaturas simbólicas.

“Se a eleição fosse hoje, Lula seria reeleito.” — Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD.

Essa lógica reforça o entendimento do presidencialismo de coalizão no Brasil: se a direita não encontrar unidade — e, sobretudo, o carimbo político de Bolsonaro —, Lula entra em 2026 com a aliança funcionando e com um centro pragmático pronto para operar programas e decisões de governo.

O que muda na disputa

  • O PSD assume papel central de interlocução com o Planalto e amplia sua capacidade de troca por espaços executivos e eleitorais.
  • A direita precisa decidir se unifica em torno de um nome com apoio claro de Bolsonaro ou se seguirá fragmentada — o que favoreceria a manutenção do atual presidente.
  • Nas regiões, negociações já em curso podem desenhar palanques que reduzam o risco de surpresas eleitorais, sobretudo em estados-chave do Nordeste e do Sudeste.

Em termos práticos para 2026: embora pesquisas mostrem Lula em posição de liderança em muitos cenários, o desenlace dependerá da capacidade de montar palanques regionais, do desempenho econômico até o ano eleitoral e da capacidade da direita de articular uma alternativa única e crível.


Fontes e checagem: entrevista de Gilberto Kassab ao O Globo (8/8/2025); repercussões na imprensa nacional; reportagens e análises políticas públicas sobre negociações do PSD e cenários eleitorais (agosto de 2025).

Crédito: Ronald Stresser | Sulpost.

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