Trump eleva tarifas, promete vitórias, mas quem paga é o consumidor americano, enquanto isso o mundo já procura novos parceiros
Por Ronald Stresser | Sulpost
Enquanto Donald Trump sorri e exibe acordos comerciais como troféus, o americano comum observa silenciosamente as prateleiras dos supermercados. O pacote de arroz está mais caro. A jaqueta importada dobrou de preço. O fogão novo? Fica pra depois. E tudo isso em nome de um plano: “fazer a América grande de novo” — custe o que custar.
Nos últimos meses, Trump decidiu brincar de deus do comércio global. Aumentou tarifas, ameaçou parceiros, exigiu acordos-relâmpago e se gabou das novas receitas como se estivesse jogando Banco Imobiliário. A diferença é que, neste tabuleiro, quem paga a conta são as famílias americanas — e os consumidores ao redor do mundo.
Ele prometeu 90 acordos em 90 dias. Fechou pouco mais de uma dúzia. Alguns com apenas duas páginas. Outros, nem isso. Mas isso não impediu a Casa Branca de declarar vitória.
Enquanto isso, países como Alemanha e Japão levam tapas tarifários de 15%, enquanto o Reino Unido escapou com “apenas” 10% — um alívio, segundo o próprio Trump, como se fosse um presente de Natal antecipado. Já a Índia viu suas exportações para os EUA se tornarem menos interessantes. Por ora. Porque outros países asiáticos, com tarifas mais baixas, já estão prontos para assumir o lugar.
A arrecadação subiu. Trump comemora. Mais de US$ 100 bilhões em tarifas em 2025. Mas o que ele não diz: esse dinheiro saiu direto do bolso dos americanos. Por trás das promessas de empregos e reindustrialização, há prateleiras mais caras, menos opções e uma economia que pode desacelerar quando o impulso artificial das exportações passar.
E quando o eleitor sentir no bolso que o hambúrguer do fim de semana ficou salgado, pode não ser tão fácil explicar que isso é pelo “bem do país”.
A cereja do bolo? O governo agora estuda enviar cheques de reembolso aos mais pobres. Uma espécie de desculpa em forma de papel. Afinal, se a jogada genial é tão boa assim, por que seria preciso compensar os prejudicados?
No fim, o protecionismo de Trump mais parece um castelo de cartas. Ele jura que está protegendo o país. Mas os parceiros comerciais já procuram novos amigos. E se o governo Trump seguir isolando os outros, o jogo pode virar — sem aviso.
Se a promessa era fazer a América vencer de novo, o que se vê por enquanto é um placar apertado, com o consumidor como árbitro... e a fatura ainda por chegar.
📍Com informações do The Economist.
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