quinta-feira, 31 de julho de 2025

Tarifaço de Trump castiga redutos bolsonaristas — e o Paraná está na linha de frente

Tarifaço de Trump atinge em cheio redutos bolsonaristas — e Paraná agora amarga preço de alianças ideológicas

Por Ronald Stresser | Sulpost
 
 

Foi nos Estados que deram a vitória a Jair Bolsonaro que o novo tarifaço de Donald Trump vai doer mais fundo. Justo eles. Justo os Estados que aplaudiram o ex-presidente brasileiro — e que hoje enfrentam as consequências de alianças mal costuradas no escuro dos bastidores. Entre eles, o Paraná.

Na quarta-feira (30), o governo americano oficializou um aumento de 50% em tarifas sobre centenas de produtos brasileiros. A lista de exceções é extensa. Petróleo, suco de laranja e aviões, por exemplo, escaparam. Mas para outros setores — especialmente os que sustentam a economia de exportação — a pancada será dura.

Sete Estados concentraram 80% das exportações brasileiras aos EUA no último ano: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Com exceção de Minas, todos escolheram Bolsonaro no segundo turno de 2022. Agora, são justamente esses que pagam a fatura.

No Paraná, o governador Ratinho Jr. esteve recentemente ao lado de Tarcísio de Freitas, de São Paulo, num ato com Bolsonaro. Os três sorriram sob o mesmo palanque. Nenhuma palavra, porém, sobre o lobby de Eduardo Bolsonaro nos EUA — movimento que pode ter influenciado diretamente a decisão de Trump.

Enquanto isso, Eduardo ataca. Em suas redes, ironizou os políticos que se preocupam mais com “a economia” do que com a “liberdade” — referindo-se à prisão dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. Ignora, no entanto, o impacto real do tarifaço sobre trabalhadores, produtores e empresários brasileiros. Gente que precisa vender, embarcar, exportar.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, rompeu o silêncio. Disse que o que a família Bolsonaro fez nos EUA foi "imperdoável". Mas a maioria dos governadores prefere mirar Lula. Dizem que faltou diálogo com os americanos. Que o presidente brasileiro deveria ter telefonado, negociado, apaziguado.

Mas, no fundo, como explica a analista Isabela Kalil à BBC Brasil, há medo. Medo de romper com a base bolsonarista, que ainda tem força eleitoral. Medo de dizer o óbvio: a sabotagem veio de dentro. Veio de quem se diz patriota, mas acende fósforo sobre a própria lavoura.

O tarifaço não escolhe lado. Não pergunta em quem você votou. Mas sua origem tem nome, sobrenome — e palanque.

📍 Com informações da BBC Brasil.

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