Do Paraná nasce a energia que leva os benefícios da ciência para dar um lar a quem mais precisa: Itaipu Binacional leva inovação social à Reunião Anual da SBPC, no Recife
Ronald Stresser | Sulpost
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| Iggor Rocha apresentou o Projeto Moradias na reunião da SBPC - Wellington Reis |
No calor do Nordeste, onde as ideias fervilham e os sonhos científicos ganham forma, a 77.ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) foi, mais uma vez, palco de encontros transformadores. Mas, desta vez, entre robôs, painéis acadêmicos e experimentos didáticos, foi uma usina quem chamou atenção — não apenas por suas turbinas, mas principalmente pelo amor que tem ao povo brasileiro.
Pela primeira vez, a Itaipu Binacional marcou presença com um estande próprio na Expo T&C, dentro da programação da SBPC, realizada no campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Mais do que exibir o poder de uma das maiores geradoras de energia limpa do planeta, Itaipu trouxe consigo uma proposta profundamente humana: o Projeto Moradias.
Tecnologia que abriga sonhos
Apresentado na última sexta-feira (18) no auditório principal da feira, o Projeto Moradias parece simples à primeira vista: construir casas populares. Mas, como toda grande ideia, carrega uma revolução silenciosa. O diferencial está no uso da tecnologia Wood Frame, um sistema construtivo de origem canadense que utiliza madeira de reflorestamento, oferece alto conforto térmico, menor impacto ambiental e agilidade na entrega.
“Existe uma grande pesquisa envolvida na metodologia do Wood Frame”, afirmou o diretor-administrativo da usina, Iggor Rocha, emocionado com a recepção do projeto no evento. “É inovação com propósito. Tecnologia que muda a vida das pessoas.”
E muda mesmo. O projeto prevê a construção de 254 moradias, das quais 52 já têm entrega marcada para o final de julho, nos arredores do bairro Três Bandeiras, em Foz do Iguaçu (PR).
Um teto para quem não tem
As primeiras casas são destinadas a famílias que hoje vivem em situação de vulnerabilidade na Vila Brás, região ribeirinha sujeita a alagamentos, na zona norte da cidade. Ali, entre barrancos e promessas esquecidas, a esperança agora toma forma em paredes de madeira sustentável.
A iniciativa é fruto de uma parceria entre Itaipu, Itaipu Parquetec, Prefeitura de Foz do Iguaçu e o Instituto de Habitação de Foz do Iguaçu (Fozhabita). E vai além da arquitetura: é uma ação de justiça social, que resgata a dignidade por meio do direito ao lar.
Para financiar a empreitada, Itaipu utilizou recursos obtidos em leilões de imóveis da Vila A, bairro de alto valor imobiliário construído nos anos 1980 para abrigar funcionários da usina.
“Estamos pegando o valor de uma terra valorizada e revertendo para quem mais precisa”, destacou Rocha. “É um círculo virtuoso que une passado, presente e futuro.”
Ciência e humanidade de mãos dadas
A SBPC é conhecida por reunir os principais pensadores do país em busca de soluções para os desafios do Brasil. Ver uma estatal como Itaipu — símbolo de engenharia e energia — pautar sua participação por um projeto social, foi visto por muitos como um gesto simbólico.
“O estande de Itaipu foi mais do que uma vitrine. Foi um chamado à responsabilidade social da ciência e da tecnologia”, comentou a professora Rosana Diniz, da UFPE, após visitar a exposição.
Mais do que produzir megawatts, Itaipu mostrou que está produzindo futuro. Um futuro onde o teto é mais do que abrigo — é plataforma para sonhos.
Reconhecimento nacional
O Projeto Moradias já recebeu premiação nacional na área de habitação popular, e a participação na SBPC amplia o alcance de sua mensagem: é possível construir com sustentabilidade, dignidade e eficiência. Não se trata apenas de moradias — trata-se de vidas reconstruídas com base na inovação.
Ponte que liga a ciência ao povo
Recife viu brotar uma ponte entre a potência elétrica do Sul e a alma científica do Nordeste. Uma ponte que liga centros de pesquisa a comunidades marginalizadas. Que conecta a engenharia aos direitos humanos. Que transforma conhecimento em moradia.
E se, como diz o poeta, “a casa é o corpo da gente deitado no chão”, Itaipu mostrou, ali, no coração da ciência brasileira, que o Brasil ainda pode construir seu próprio corpo com justiça, esperança e afeto.
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