sábado, 19 de julho de 2025

"Guerra Fria tropical": EUA retaliam Supremo um dia após tornozeleira em Bolsonarop

Trump coloca soberania brasileira em xeque: EUA revogam visto de Moraes e "aliados do STF". Medida vem após tornozeleira em Bolsonaro. Secretário Marco Rubio acusa ministro de censura e perseguição, escancarando a tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos

Por Ronald Stresser | Sulpost

 
 Ministro Alexandre de Moraes - © Marcelo Camargo/Agência Brasil
 

Na manhã de sexta-feira, o Brasil despertou em meio a um turbilhão de decisões judiciais, operações policiais e — como se não bastasse — um gesto diplomático inédito vindo de Washington. A notícia caiu como uma bomba: o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou a revogação dos vistos do ministro Alexandre de Moraes, de seus familiares e de supostos “aliados na Corte”. O anúncio foi feito horas depois da deflagração da nova operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, culminando em tornozeleira eletrônica, recolhimento noturno e uma série de restrições que ecoam o fim de um ciclo político.

A reviravolta internacional reacendeu a tensão entre Brasil e EUA — mas desta vez, em uma guerra que não se trava em trincheiras, e sim nos bastidores do poder, nos salões da diplomacia, nas salas virtuais do Supremo Tribunal Federal.

O estopim: cautelares contra Bolsonaro

A manhã de sexta começou com um ruído diferente para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, a PF realizou buscas e apreensões em endereços ligados ao ex-presidente, além de impor medidas cautelares que o colocam, na prática, em regime de semiliberdade.

As medidas — que ainda estão em votação na Primeira Turma do STF — incluem o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno, proibição de frequentar embaixadas e consulados, contato com autoridades estrangeiras e até mesmo o uso de redes sociais. O placar, até o fechamento desta reportagem, está em 4 a 0 pela manutenção das restrições, com os votos de Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e o próprio Moraes. Falta apenas o voto do ministro Luiz Fux.

Para a ministra Cármen Lúcia, há "numerosas postagens" e indícios robustos de que Jair e Eduardo Bolsonaro buscaram interferir no curso da Ação Penal 2.688, que trata da trama golpista investigada pelo STF.

O gesto de Washington: diplomacia ou retaliação?

Foi nesse contexto que Marco Rubio — figura-chave na diplomacia trumpista que hoje reassumiu as rédeas da política externa americana — publicou um comunicado que acirrou ainda mais os ânimos:

“A política de caça às bruxas de Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura que viola os direitos dos brasileiros e também atinge os americanos.”

A revogação imediata dos vistos, embora ainda envolta em nebulosidade — sem lista oficial dos ministros ou familiares atingidos —, tem peso político gigantesco. Nunca, na história recente, o governo dos Estados Unidos havia tomado medida tão direta contra integrantes do Supremo Tribunal Federal brasileiro. O gesto foi visto por especialistas em relações internacionais como uma retaliação frontal ao Judiciário brasileiro, num contexto de clara ingerência internacional.

Procurado, o STF não se pronunciou oficialmente até agora.

O elo Eduardo Bolsonaro – Trump

Nada disso acontece no vácuo. Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, é hoje peça central nesse tabuleiro. Em março deste ano, o deputado federal pediu licença do mandato e se mudou para os Estados Unidos, alegando perseguição política. Sua atuação direta junto ao governo Donald Trump — hoje novamente no poder — é investigada no mesmo inquérito que atinge o pai.

A PF apura se Eduardo articulou com a administração Trump formas de pressionar o governo brasileiro, enfraquecer o Supremo e interferir na ação penal contra Bolsonaro. A licença de Eduardo termina neste domingo, mas sua permanência nos EUA, sob proteção política de aliados, pode indicar que não há retorno imediato no horizonte.

O que está em jogo

O gesto dos EUA não é apenas diplomático. É simbólico. É político. E é, sobretudo, uma demonstração de que o caso Bolsonaro — longe de se encerrar — entrou definitivamente em terreno internacional. O uso do aparato diplomático norte-americano para proteger figuras políticas ligadas ao ex-presidente sugere um novo grau de polarização, onde as instituições brasileiras se veem diretamente desafiadas por uma superpotência estrangeira.

Por outro lado, o STF dá sinais de que não recuará. A maioria dos votos pela manutenção das cautelares foi enfática ao sustentar que há risco real à democracia e que tentativas de obstrução da Justiça não podem ser toleradas, venha de onde vierem — de dentro ou de fora do país.

Entre a soberania e o impasse

A revogação de vistos é um aviso de que os Estados Unidos estão prontos para intervir — ao menos simbolicamente — nos rumos da democracia brasileira. A defesa de Bolsonaro ganha fôlego com apoio externo, enquanto o STF reforça sua posição como guardião institucional. Nesse fogo cruzado, o Brasil caminha numa corda bamba entre a soberania nacional e as tensões diplomáticas.

Para os brasileiros, o que se desenha é uma nova fase de instabilidade, em que Judiciário, política e diplomacia se entrelaçam num enredo cada vez mais tenso. Mais do que nunca, é hora de se unir em defesa da soberania nacional — o Brasil não é quintal de Washington, nem puxadinho de Trump. Nenhuma potência estrangeira tem o direito de ditar ordens a um país livre.

E, ao fundo, o cidadão comum assiste à escalada de conflitos tentando entender onde tudo isso vai parar. Afinal, quem defende a democracia? Quem ameaça a soberania? E até onde vai o braço de Washington?


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