sexta-feira, 18 de julho de 2025

Embraer resiste ao Tarifaço de Trump e fecha contrato de R$ 21 bi com a Dinamarca

EMBRAER FECHA ACORDO HISTÓRICO COM DINAMARCA E GANHA FÔLEGO CONTRA TARIFAÇO DOS EUA

Por Ronald Stresser | Sulpost
 
 

Na fábrica da Embraer, em São José dos Campos, o som das ferramentas e o brilho do alumínio refletem mais do que a construção de aeronaves: ali o coração da indústria aeronáutica brasileira segue pulsando. E nesta semana, ele bateu mais forte. Em meio a uma das maiores ameaças comerciais de sua história, a Embraer conseguiu uma vitória estratégica ao fechar a venda de 45 jatos E195-E2 para a Scandinavian Airlines (SAS), da Dinamarca, por impressionantes R$ 21,8 bilhões. O contrato, que prevê ainda opção de compra de 10 aeronaves adicionais, surge como um alento num momento em que o principal mercado da companhia — os Estados Unidos — praticamente fechou as portas.

As primeiras entregas estão previstas para o final de 2027, com remessas adicionais programadas para os quatro anos seguintes. A encomenda representa a maior feita à Embraer por um único cliente desde 1996, e promete manter em movimento milhares de empregos na cadeia industrial que sustenta a aviação comercial no Brasil.

“O E195-E2 é uma aeronave inovadora em termos de eficiência, desempenho e conforto do passageiro”, declarou Arjan Meijer, presidente e CEO da Embraer Aviação Comercial, ao confirmar o acordo. O modelo opera com 100% de combustível sustentável de aviação (SAF), e se alinha ao novo paradigma ambiental exigido pelo transporte global.

Se o céu fecha, a Embraer busca outras rotas

Por trás dos números bilionários e da celebração do governo federal — “Mesmo diante dos desafios para o comércio internacional, a Embraer segue abrindo mercados, gerando emprego e renda”, escreveu Geraldo Alckmin, vice-presidente da República, nas redes sociais — há uma crise silenciosa se formando.

A Embraer vive hoje um momento de encruzilhada histórica. O anúncio recente do tarifaço de 50% sobre aeronaves brasileiras pelos Estados Unidos caiu como uma bomba sobre a empresa. É o tipo de medida que transforma um contrato assinado em papel rasgado. O impacto potencial? Segundo a própria Embraer, R$ 20 bilhões em perdas até 2030, além da ameaça de cancelamento de pedidos, postergação de entregas e redução de investimentos.

“Cinquenta por cento de alíquota é quase um embargo. Não tem como reposicionar essas encomendas. Avião não é commodity”, alertou Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer, em tom grave. “É mais impactante ainda devido ao alto valor agregado do produto”.

A realidade é dura: os EUA são destino de 45% dos jatos comerciais e 70% dos jatos executivos fabricados pela Embraer. Sem esse mercado, o modelo de negócios da empresa toma um baque gigantesco.

Dinamarca: o voo seguro em tempos turbulentos

É neste cenário que o contrato com a Dinamarca ganha dimensão estratégica. A SAS, companhia aérea com sede em Copenhague, aposta no E195-E2 como parte de sua renovação de frota, priorizando sustentabilidade e desempenho. Mais do que uma venda, o acordo sinaliza ao mundo que a Embraer continua sendo relevante, desejada e competitiva.

“Esta negociação é um marco não apenas comercial, mas simbólico. Em um momento em que o Brasil enfrenta sanções injustas, um país europeu aposta em nossa tecnologia e confia em nossos engenheiros”, destaca a economista e analista do setor aéreo, Maria Antonieta Ribeiro.

Com mais de 18 mil colaboradores diretos e uma cadeia de fornecedores que emprega milhares de pessoas em todo o Brasil, a Embraer é hoje a terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, atrás apenas da Boeing e da Airbus.

Criada em 1969 com apoio do Governo Federal, a empresa é um dos maiores orgulhos nacionais. Seu impacto transcende os hangares: é fonte de renda, conhecimento, inovação e soberania tecnológica.

Ainda há esperança com os EUA

Apesar da escalada tarifária, a Embraer ainda busca uma saída negociada com os EUA. Gomes Neto relembra que, nos próximos cinco anos, a empresa pode adquirir US$ 21 bilhões em equipamentos norte-americanos — um trunfo nas conversas diplomáticas.

“Fomos lá para mostrar isso a eles. Eles entendem, mas querem ver uma negociação bilateral avançando”, explica o executivo, citando como exemplo o acordo recente entre EUA e Reino Unido, que eliminou tarifas para o setor aeroespacial.

O governo brasileiro acompanha de perto e, nos bastidores, articula com o Itamaraty e parceiros estratégicos formas de reverter ou atenuar as medidas impostas. Afinal, os impactos do tarifaço não atingem só a Embraer, mas reverberam em toda a indústria nacional de alta tecnologia.

Uma canetada, muitos empregos

Num país onde a desindustrialização avança de forma silenciosa, e onde o setor aéreo vive sob pressão de combustíveis caros e baixa demanda, o acordo com a Dinamarca reacende uma chama de esperança.

“Esse contrato pode ser a diferença entre manter o emprego e ser demitido para muitos brasileiros. É o tipo de notícia que deveria estar nas capas de todos os jornais”, resume o técnico de montagem aeronáutica João Batista, há 22 anos na Embraer.

Se o futuro da empresa ainda voa em zona de turbulência, o anúncio com a SAS mostra que, ao menos por agora, a Embraer mantém o leme firme. Que venham dias melhores — e com eles, novos jatos da Embraer cruzando o céu da Europa, levando no DNA o suor, a inteligência e a esperança de milhares de trabalhadores brasileiros.

📍 Reportagem: Ronald Stresser

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