0s ventos da mudança sopram em direção ao PT Paraná

Rumo à renovação: Zeca Dirceu lidera o primeiro turno e acende esperança de mudança no PT do Paraná

Por Ronald Stresser| Sulpost

 

Zé Dirceu e o Filho Zeca - Reprodução/Redes Sociais

 

Após sofrer derrotas e ver sua representatividade encolher no Paraná, os ventos da mudança parecem soprar em direção ao PT Paraná, e eles vêm do Oeste.

Com 7.616 votos, o deputado federal Zeca Dirceu venceu o primeiro turno das eleições internas do Partido dos Trabalhadores no estado e agora segue para o segundo turno do Processo de Eleições Diretas (PED), marcado para 27 de julho. Mais que números, o resultado representa um chamado coletivo — o desejo de reencontro entre o PT e suas origens, entre as lideranças e a militância, entre o projeto e o povo.

Zeca derrotou o atual presidente estadual, Arilson Chiorato, que somou 7.190 votos. Também participaram da disputa os deputados Tadeu Veneri (1.605 votos) e o professor Hermes Leão (790 votos). A eleição, que marcou o retorno do PED após seis anos e teve participação expressiva dos filiados, com destaque para a mobilização nas pequenas cidades, onde o PT tem suas raízes mais profundas.

"O PT do Paraná quer mudança e as urnas deram esse recado claro. Resgatamos o orgulho da militância. Agora, o desafio é ainda maior: transformar esse sentimento em organização e estratégia para reeleger Lula com uma votação expressiva no estado", afirmou Zeca à reportagem.

Nos últimos anos, o campo progressista no Paraná encolheu, acumulado derrotas importantes nas urnas, vendo o avanço da extrema-direita e o enfraquecimento de espaços de poder conquistados com décadas de luta. Em meio a esse cenário, a candidatura de Zeca tem sido encarada por muitos como uma retomada de fôlego — um ponto de mutação.

Durante a entrevista exclusiva concedida ao Sulpost, ainda na campanha do primeiro turno, Zeca foi categórico:

"O PT precisa voltar a ser aquilo que nos fez fortes: partido de base, de luta popular, de enraizamento no território. Se a gente não reconectar com o povo, com a juventude, com a cultura, vamos continuar perdendo eleições em que deveríamos vencer. Essa eleição não é sobre cargos internos. É sobre o futuro do PT no Paraná."

A força do coletivo

A campanha de Zeca percorreu mais de 80 municípios durante o primeiro turno, mobilizando centenas de lideranças que estavam distantes da estrutura partidária e que agora voltam a se engajar. Segundo sua equipe, a rápida apuração paralela e a capilaridade foram decisivas para indicar a liderança antes mesmo da confirmação oficial.

Um dos pontos altos da campanha foi a participação do ex-ministro José Dirceu, que percorreu cidades ao lado do filho e reforçou a simbologia da candidatura:

"É hora de reconstruir o partido. Precisamos de um PT vivo, forte e protagonista para reeleger Lula, ampliar nossa bancada e fortalecer o projeto nacional", disse José Dirceu em ato com militantes em Curitiba.

Zeca agradeceu os votos recebidos com emoção. “Essa votação mostra que o PT está vivo. São gestos de confiança que nos mostram o quanto essa mudança é necessária. O Paraná quer um PT atuante, combativo, que volte a dar esperança para quem mais precisa", declarou.

Unidade e diálogo no segundo turno

Com o avanço ao segundo turno, Zeca tem reforçado o diálogo com outras forças do partido. Ele já iniciou conversas com Tadeu Veneri e Hermes Leão, reconhecendo em ambos lideranças que compartilham a visão de um PT mais conectado com os movimentos sociais, com as lutas populares e com as novas gerações.

“Temos visões convergentes. Vamos trabalhar juntos para garantir que o PT seja cada vez mais democrático e conectado com a classe trabalhadora. Unidade não significa uniformidade, mas compromisso com um projeto maior”, explicou.

O desafio da virada

O Paraná é um dos estados onde o bolsonarismo mais se enraizou nos últimos anos. Em 2022, Lula perdeu no segundo turno para Jair Bolsonaro por larga vantagem — reflexo de um esvaziamento da esquerda em territórios que antes eram redutos petistas. Para Zeca, mudar isso exige mais do que discursos:

“O PT precisa deixar de ser um partido que aparece só em época de eleição. Temos que voltar a fazer trabalho de base, visitar acampamentos, quilombos, favelas, escolas, universidades. O povo não abandonou o PT. O PT é que se afastou do povo em muitos momentos. Está na hora de corrigir isso.”

O apoio do presidente nacional do partido, Edinho Silva, eleito em primeiro turno, tem reforçado a credibilidade da candidatura. “O que o Zeca está fazendo no Paraná é exatamente o tipo de mobilização que o PT precisa em todo o Brasil”, disse Edinho. Ele já declarou que Zeca, que deixou a liderança do PT na Câmara dos Deputados para disputar a presidência do PT no Paraná, será parte estratégica de sua gestão nacional.

O PT que quer voltar a vencer

Mais do que vencer uma disputa interna, Zeca busca virar uma chave histórica. “Essa eleição é uma convocação para a militância. Se queremos um Brasil democrático, justo e solidário, precisamos começar por dentro do partido. Vamos reconstruir o PT do Paraná com coragem e com o povo ao lado”, finalizou o deputado.

O segundo turno será realizado no dia 27 de julho. Resta saber se a militância confirmará nas urnas o que já parece ser um sentimento crescente nos diretórios, nas comunidades e nas ruas: o de que o tempo da mudança chegou — e que ela tem nome e sobrenome.