Quase R$ 1 bilhão para transformar ruas. Paraná lança programa de pavimentação sobre pedras irregulares. Mais mobilidade, dignidade e segurança para 300 municípios do estado
Por Ronald Stresser| SulpostNas ruas que há décadas soam como lembranças da infância — com os paralelepípedos rangendo sob o peso das rodas e das histórias — o tempo parece ter parado. É sobre essas pedras, muitas vezes irregulares, que ainda caminham mães empurrando carrinhos de bebê, idosos tropeçando em desníveis, ambulâncias desacelerando no socorro e caminhões espirrando água da chuva acumulada nas falhas do calçamento.
Mas o cenário está prestes a mudar.
Em um anúncio que ecoa esperança em mais de 300 municípios paranaenses, o Governo do Paraná lançou nesta terça-feira (15) o Programa Estadual Pavimentação sobre Pedras Irregulares, com investimento robusto de R$ 977 milhões, dos quais R$ 500 milhões serão aplicados já em 2025. A promessa: substituir o desconforto e os riscos das pedras pelo conforto de um asfalto definitivo — e, mais que isso, devolver dignidade e mobilidade a milhares de paranaenses.
O lançamento foi feito pelo secretário estadual das Cidades, Guto Silva, durante encontro no Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), em Curitiba. “Começamos com ruas em leito natural, de chão batido, com poeira, e agora estamos avançando para as vias que têm calçamento com pedras, que já contam com iluminação e galerias pluviais, mas que precisam de um asfalto definitivo. O governador autorizou esse novo investimento, e vamos destinar quase R$ 1 bilhão para essa fase”, afirmou o secretário.
O novo programa é uma espécie de extensão do já conhecido "Asfalto Novo, Vida Nova", que focou em ruas de terra batida e, com R$ 2,7 bilhões em investimentos, se consolidou como a maior iniciativa do tipo na América do Sul, chegando a 377 municípios. Agora, a atenção se volta às vias de pedras, como aquelas revestidas por paralelepípedos e pedras poliédricas — símbolo de épocas em que urbanização era privilégio.
Entre o barulho das rodas e o silêncio das promessas
Para quem vive nas periferias de cidades pequenas, onde o calçamento de pedra ainda é a realidade diária, a notícia do novo programa chega como um sopro de modernidade. É o caso de dona Margarida, 68 anos, moradora de uma rua de pedras em São Mateus do Sul. Ela lembra, com voz pausada, dos sustos que já levou. “Essas pedras parecem que brigam com a gente. Já torci o pé indo pra igreja, e meu neto caiu da bicicleta por causa de um buraco entre as pedras. Dizem que agora vem o asfalto... tomara.”
É justamente para mudar histórias como a dela que o governo aposta na nova frente. Segundo Silva, o objetivo é duplo: ampliar a mobilidade urbana e reduzir custos com a manutenção da malha viária nos municípios, que muitas vezes veem suas equipes de obras atuando repetidamente nos mesmos trechos, sem solução duradoura.
“Estamos falando de saúde, segurança e economia, mas, sobretudo, de respeito com o cidadão que paga seus impostos e convive há anos com calçamentos que já não fazem sentido no mundo de hoje”, destacou o secretário.
Técnica, planejamento e modernidade
Para participar do programa, os municípios deverão apresentar projetos técnicos e manter um Plano Diretor Municipal atualizado, aprovado pela Câmara de Vereadores, conforme exige o Estatuto da Cidade. A execução será feita pelo Paranacidade, órgão vinculado à Secretaria das Cidades. A regulamentação está definida pelo decreto estadual nº 10.547/2025.
A escolha por projetos tecnicamente estruturados foi destacada pelo presidente do IEP, Nelson Luiz Gomez, como ponto alto da iniciativa. “Muitas dessas vias com pedras estão defasadas, são caras de manter e perigosas. O uso do asfalto representa um avanço necessário. Mas o grande diferencial aqui é o planejamento. Sem isso, as obras viram remendos. Com planejamento, viram legado.”
Um novo tempo para as cidades
Além de Guto Silva, estiveram presentes no evento autoridades como Luizão Goulart (Administração e Previdência), Alex Canziani (Inovação e Inteligência Artificial), Jorge Lange (Cohapar), Camila Scucato (Paranacidade), Gilson Santos (Amep), Clodomir Ascari (CREA-PR), Carlos Cade (Sinduscon-PR) e o deputado estadual Alisson Wandscheer.
Cada nome representa uma engrenagem em um projeto que pode mudar, silenciosamente, o cotidiano de milhares. Porque por trás de uma rua asfaltada há mais que concreto — há sonhos de quem deseja apenas chegar ao trabalho com segurança, levar o filho ao posto de saúde sem sacolejos, caminhar à noite com tranquilidade.
No Paraná, as pedras que por tanto tempo sustentaram o progresso agora começam a dar lugar ao novo. E nessa transição entre o passado e o futuro, o asfalto não é apenas pavimento: é símbolo de transformação.
📍Com informações do Governo do Estado do Paraná e Secretaria de Estado das Cidades. Edição: Sulpost.
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