segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Entre a terra e o infinito: o dia em que o Brasil voltou a olhar para o espaço a partir de Alcântara

Da base de Alcântara ao mercado global, a Operação Spaceward simboliza um passo histórico do Brasil rumo à soberania e à economia espacial

Por Ronald Stresser — 15 de dezembro de 2025

 O foguete HANBIT-Nano — FAB/Divulgação

Ainda é madrugada no Maranhão quando o silêncio começa a ser quebrado por vozes baixas, passos contidos e telas que piscam dentro do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Não há contagem regressiva ainda. Antes do “10, 9, 8…”, existe algo mais profundo: expectativa, responsabilidade e a consciência de que cada decisão tomada ali carrega o peso de um país inteiro olhando para o céu.

Entre os dias 17 e 22 de dezembro, o Brasil abre uma nova janela para o espaço. É nesse intervalo que a Operação Spaceward, coordenada pela Força Aérea Brasileira (FAB) em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), pretende colocar em órbita o foguete HANBIT-Nano, desenvolvido pela empresa sul-coreana Innospace. Mais do que um lançamento, trata-se de um marco histórico: o primeiro lançamento comercial realizado a partir do território brasileiro.

O espaço começa muito antes da decolagem

Engana-se quem imagina que o lançamento começa quando o motor é acionado. Na prática, o foguete começa a subir dias antes, ainda no chão, em forma de planejamento, testes, reuniões técnicas e decisões silenciosas.

Cada etapa segue uma cronologia rigorosa, coordenada pela FAB em conjunto com a empresa responsável pelo veículo espacial. São dezenas de sistemas, equipes especializadas e protocolos internacionais de segurança operando em sincronia absoluta.

“Uma operação como essa envolve uma sequência longa de procedimentos, verificações e decisões técnicas. Cada atividade existe para garantir que, quando o motor for acionado, o sistema esteja no mais alto nível de confiabilidade”, explica o Major Engenheiro Robson Coelho de Oliveira, Chefe da Divisão de Operações do CLA e Adjunto do Coordenador da Operação de Lançamento.

Onde tudo converge: o Centro de Controle

Quando a cronologia é ativada, o coração da missão passa a bater dentro do Centro de Controle. É ali que tudo converge. Telas, rádios, gráficos e dados em tempo real formam uma espécie de orquestra técnica, na qual cada estação precisa estar afinada.

Para o HANBIT-Nano, são cerca de nove horas ininterruptas de atividades até o acionamento do motor. Ao longo desse período, ocorrem os chamados pontos de decisão “GO/NO-GO”, nos quais qualquer divergência — seja climática, técnica ou operacional — pode interromper a contagem.

Cerca de 400 pessoas para um único instante

A Operação Spaceward mobiliza aproximadamente 400 profissionais, entre militares e civis brasileiros e técnicos sul-coreanos. Durante a contagem regressiva, cerca de 30 especialistas atuam diretamente no Centro de Controle, enquanto outros profissionais se distribuem entre áreas como radares, telemetria, meteorologia, segurança de voo, logística e tecnologia da informação.

O Coordenador de Operação de Lançamento (COL), função exercida nesta missão pelo Analista em Ciência e Tecnologia Sênior Jerônimo Donizeti Mendes, centraliza as informações que orientam as decisões críticas.

“O trabalho é multidisciplinar e contínuo. As estações operam com autonomia técnica, mas o processo decisório é centralizado para garantir segurança e precisão em cada etapa”, destaca.

O minuto final e o peso do H0

Nos minutos finais antes do disparo, tudo é monitorado: pressões internas dos tanques, linha de fogo, sistemas de ignição, softwares embarcados e condições meteorológicas. O momento exato do disparo é conhecido como H0.

Após a decolagem, a trajetória do foguete é acompanhada permanentemente. Caso o veículo apresente comportamento divergente, protocolos de segurança permitem a interrupção controlada do voo.

Um marco histórico para o Brasil

O lançamento do HANBIT-Nano representa um avanço estratégico para o Programa Espacial Brasileiro. Com mais de quatro décadas de operação e mais de 500 lançamentos realizados, o CLA consolida sua capacidade técnica e se posiciona como um polo internacional de lançamentos comerciais.

“É um marco que demonstra nossa maturidade técnica e insere o Brasil no mercado global de lançamentos. Alcântara se firma como um polo estratégico espacial, atraindo investimentos, empresas e inovação”, conclui o Major Robson.

O foguete transportará cinco satélites e três experimentos, desenvolvidos por instituições e empresas do Brasil e da Índia, ampliando a relevância internacional da missão.

Entre a terra vermelha de Alcântara e o céu profundo do Maranhão, o Brasil dá mais um passo rumo ao futuro. Um passo técnico, silencioso, preciso — e profundamente humano.

  • Com informações da FAB.

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domingo, 14 de dezembro de 2025

Carla Zambelli renuncia ao mandato em meio a cerco judicial e impasse internacional

Da Câmara a uma cela em Roma: a queda política de uma deputada que deixou o Brasil para não ser presa e renunciou ao mandato na Itália

Por Ronald Stresser - 14 de dezembro de 2025

A ex-deputada Carla Zambelli - Lula Marques/ Agência Brasil

A trajetória política de Carla Zambelli (PL-SP) chegou oficialmente ao fim de neste domingo (14), quando a deputada renunciou ao mandato federal em comunicação formal enviada à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. O gesto ocorre em meio a um dos episódios mais graves da história recente do Parlamento brasileiro, envolvendo condenação criminal, fuga internacional, prisão no exterior e um processo de extradição em curso.

Com a renúncia, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deve dar posse já nesta segunda-feira (15) ao suplente Adilson Barroso (PL-SP), encerrando simbolicamente um capítulo marcado por tensão institucional, embates entre Poderes e desgaste profundo da imagem do Legislativo.

Zambelli deixa o cargo dois dias após o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmar, por unanimidade, a cassação imediata de seu mandato, decisão tomada pela Primeira Turma na sexta-feira (12). O colegiado manteve o entendimento do ministro Alexandre de Moraes, que anulou a votação da Câmara que havia decidido preservar o mandato da deputada, apesar de sua condenação definitiva.

Quando o voto do plenário não bastou

Na última quarta-feira (10), a Câmara dos Deputados havia optado por manter o mandato de Zambelli, com 227 votos a favor e 110 contra. Para que a cassação fosse aprovada, seriam necessários 257 votos, o que não foi alcançado.

A decisão provocou reação imediata do STF. Alexandre de Moraes anulou a resolução da Casa e classificou a deliberação como inconstitucional. Segundo o ministro, a Constituição é clara ao determinar que, em casos de condenação criminal transitada em julgado, cabe ao Poder Judiciário decretar a perda do mandato, restando ao Parlamento apenas a função formal de “declarar a perda”.

A Primeira Turma do Supremo acompanhou Moraes de forma unânime, consolidando a cassação e deixando a deputada sem sustentação jurídica para permanecer no cargo.

Da tribuna à fuga

Enquanto o impasse político se desenrolava em Brasília, Carla Zambelli já estava longe do país. Em julho deste ano, a parlamentar foi presa em Roma, na Itália, após deixar o Brasil para evitar o cumprimento de um mandado de prisão expedido pelo STF.

Condenada a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023, Zambelli tentou se amparar em sua dupla cidadania para buscar asilo político em território italiano, alegando perseguição judicial no Brasil.

A prisão ocorreu após cooperação internacional e inclusão de seu nome em sistemas de alerta, encerrando a tentativa de permanecer em liberdade no exterior.

Itália avalia extradição e pede garantias ao Brasil

Nos últimos dias, a situação de Zambelli ganhou novos contornos no cenário internacional. A Justiça italiana adiou a decisão sobre a extradição e solicitou ao governo brasileiro informações detalhadas sobre o sistema prisional feminino, incluindo condições de encarceramento, segurança e garantias de direitos humanos.

O Supremo Tribunal Federal respondeu formalmente, informando que, caso seja extraditada, Zambelli deverá cumprir pena na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia, apontada como unidade compatível com as exigências legais.

A audiência decisiva está marcada para a próxima quinta-feira (18), quando a Justiça italiana poderá avançar para uma definição sobre o futuro da ex-deputada.

O fim de um mandato, o peso de um símbolo

A renúncia de Carla Zambelli não é apenas um ato administrativo. Ela simboliza o colapso de uma carreira política que, nos últimos anos, se tornou um dos rostos mais visíveis da radicalização ideológica no país — e, ao mesmo tempo, um alerta sobre os limites entre mandato popular, responsabilidade criminal e o respeito às instituições.

Entre o plenário da Câmara e uma cela em Roma, Zambelli se torna personagem central de um episódio que expõe fissuras profundas na política brasileira, testa os mecanismos de freios e contrapesos e recoloca em debate o papel do Parlamento diante de decisões judiciais definitivas.

Agora, com a cadeira vaga e um suplente prestes a assumir, o Brasil acompanha, à distância, o desfecho internacional de um caso que já entrou para a história política e jurídica do país.

📌 Próximo capítulo: audiência da Justiça italiana sobre a extradição — quinta-feira, dia 18.

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Fracking: ambientalistas alertam para riscos à água, ao clima e à saúde no Brasil

Audiência pública no STJ expõe preocupações científicas, jurídicas e sociais sobre a exploração de gás por fraturamento hidráulico

Por Ronald Stresser — 14 de dezembro de 2025

Por detrás dos tubos de aço, das altas pressões e promessas de desenvolvimento, existe uma técnica que carrega impactos profundos e duradouros. O fraturamento hidráulico — conhecido mundialmente como fracking — voltou ao centro do debate nacional durante uma audiência pública realizada na quinta-feira (11), no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. Pesquisadores, ambientalistas, representantes do governo e entidades da sociedade civil alertaram para riscos hídricos, climáticos e sanitários associados à exploração de gás natural não convencional no Brasil.

O fracking funciona a partir da injeção de milhões de litros de água misturada com areia e produtos químicos em altíssima pressão, com o objetivo de provocar fissuras em rochas do tipo folhelho — também chamadas de xisto. Essas formações têm baixa permeabilidade, o que dificulta a liberação do gás aprisionado. O método, portanto, exige intervenções mais agressivas no subsolo do que a exploração convencional de gás natural.

No Brasil, a discussão não é nova. Desde 2013, setores interessados tentam viabilizar a técnica. Naquele ano, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizou uma licitação para pesquisa e extração por fraturamento hidráulico, concedendo blocos no Paraná e em São Paulo. O avanço, no entanto, foi barrado por ações civis públicas do Ministério Público Federal (MPF), que na prática anularam os efeitos da licitação.

A audiência no STJ teve como objetivo reunir informações técnicas e científicas para subsidiar o julgamento de processos que tratam da legalidade e dos riscos da atividade. E o que emergiu do debate foi um alerta contundente.

Consumo extremo de água e contaminação irreversível

O Instituto Arayara, organização ambiental sem fins lucrativos, destacou que o fracking exige um consumo hídrico extremo: entre 5,7 milhões e 61 milhões de litros de água por poço. Essa água, após misturada com substâncias tóxicas e potencialmente cancerígenas, torna-se imprópria para qualquer uso prioritário.

Além disso, há o risco real de contaminação de aquíferos e mananciais, comprometendo reservas estratégicas de água doce. “Estamos falando de piscinas químicas e radioativas vindas do subsolo, espalhadas por centenas de cidades”, alertou o engenheiro ambiental Juliano Bueno de Araujo, diretor técnico do Instituto Arayara e da Coalização Não Fracking Brasil (Coesus).

Segundo ele, os municípios brasileiros não possuem estrutura técnica nem capacidade de fiscalização para lidar com uma atividade dessa complexidade e risco. Dados do instituto indicam que mais de 524 cidades, em 17 estados, já aprovaram leis municipais que restringem o uso de água de superfície e a emissão de alvarás para atividades que utilizem o fraturamento hidráulico.

Clima, metano e incompatibilidade com metas ambientais

A bióloga Moara Menta Giasson, diretora do Departamento de Políticas de Avaliação de Impacto Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, foi categórica. Em entrevista concedida à Agência Brasil ela afirmou que: não existem padrões de segurança ambiental consolidados para o uso do fracking no Brasil.

Segundo ela, a técnica apresenta altos índices de emissões fugitivas de metano — um gás com potencial de aquecimento global muito superior ao do dióxido de carbono. “Isso torna a exploração não convencional incompatível com as metas climáticas do país”, afirmou.

Giasson também lembrou que, de acordo com a Política Nacional de Recursos Hídricos, a água é um bem público, com uso prioritário para consumo humano e animal. “A água utilizada no fracking perde completamente essa função após a mistura com compostos tóxicos”, destacou.

Para a bióloga, mesmo com regras rígidas, acidentes são inevitáveis. E quando ocorrem em áreas de escassez hídrica ou sobre aquíferos estratégicos, o dano pode ser definitivo. “É a água dos nossos filhos e netos que está em jogo”, alertou.

Impactos à saúde: evidências científicas

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) levou à audiência dados preocupantes sobre os efeitos do fracking na saúde humana. A pesquisadora Bianca Dieile da Silva, da Escola Nacional de Saúde Pública, apresentou estudos que apontam aumento significativo de problemas respiratórios em regiões onde a técnica é utilizada.

“Em estados norte-americanos que adotaram o fracking, houve aumento de 25% nas internações de crianças com asma”, afirmou. Os impactos, segundo ela, vão além: há registros de câncer, especialmente do trato urinário, distúrbios endócrinos, complicações em recém-nascidos, partos prematuros, malformações congênitas e até mortes.

O outro lado: setor energético defende a técnica

Representantes do setor de petróleo e gás defenderam que o fracking pode ser realizado com segurança e trazer benefícios econômicos ao país. O diretor-geral da ANP, Artur Watt Neto, afirmou que as normas brasileiras estão entre as mais rigorosas do mundo e que a técnica só é autorizada quando há isolamento adequado entre as camadas exploradas e os recursos hídricos.

Ele também argumentou que a produção de novas fontes energéticas é estratégica para o desenvolvimento nacional e que a demanda global por combustíveis não desaparece quando um país deixa de produzir. “A atmosfera é uma só”, disse.

Na mesma linha, Adriano Pires Rodrigues, consultor e cofundador da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP), citou o aumento do consumo energético impulsionado por data centers e inteligência artificial. Para ele, a transição energética não pode abrir mão do gás.

Rebate e dados da realidade brasileira

Juliano Bueno de Araujo rebateu os argumentos com dados concretos. Segundo ele, o gás natural representa apenas 9,6% da matriz energética brasileira e 6,3% da matriz elétrica. Mais do que isso: em 2024, 54,3% do gás produzido no país foi reinjetado por falta de demanda. Em 2025, de janeiro a outubro, esse número chegou a 54,4%.

“Ou seja, não falta gás. Falta planejamento energético e compromisso com alternativas realmente sustentáveis”, afirmou.

Lições do cenário internacional

Experiências internacionais também foram trazidas à audiência. A advogada Marcella Torres, da Associação Interamericana para a Defesa do Ambiente (AIDA), apresentou dados oficiais da Argentina, onde o fracking é amplamente utilizado na região de Vaca Muerta.

Segundo ela, os acidentes ambientais em Neuquén saltaram de 863 em 2015 para 2.049 seis anos depois. Entre maio de 2021 e abril de 2022, foram gerados cerca de 389 mil litros de líquidos contaminados por dia.

“Os riscos do fracking não são hipotéticos. Eles estão amplamente documentados. E quando os danos acontecem, são irreversíveis”, afirmou.

A audiência no STJ escancarou um dilema que vai além da técnica: trata-se de uma escolha de modelo de desenvolvimento. Entre a pressa por explorar o subsolo e o dever de proteger a água, o clima e a saúde coletiva, o Brasil se vê diante de uma decisão que marcará gerações.


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sábado, 13 de dezembro de 2025

Entre o escuro e a espera: mais de 400 mil lares paulistanos seguem sem luz enquanto novo ciclone avança sobre o Estado

Por horas que viram dias, São Paulo vive novamente a rotina da incerteza. Depois dos temporais do início da semana que deixaram cerca de 1,5 milhão de lares sem energia elétrica, a capital e a Grande São Paulo enfrentam neste sábado (13) mais um capítulo de tensão: a chegada de um novo ciclone, trazendo chuvas fortes, ventos intensos e o medo de que os estragos se repitam — ou se agravem

Por Ronald Stresser — 13 de dezembro de 2025

Poste caído em SP — Paulo Pinto/Agência Brasil

Na manhã deste sábado, dados da própria concessionária indicavam que mais de 500 mil imóveis ainda estavam sem energia, sendo cerca de 370 mil apenas na cidade de São Paulo, o que representa aproximadamente 2 milhões de pessoas diretamente afetadas. Ao longo do dia, o número diminuiu, mas mais de 417 mil moradores da Grande São Paulo seguem no escuro, aguardando a religação prometida para “até amanhã, domingo”, segundo a Enel.

Enquanto a previsão oficial tenta tranquilizar, a realidade dentro das casas, prédios e ruas é bem menos confortável.

O apagão dentro de casa

No Butantã, zona oeste da capital, a roteirista Erica Chaves vive desde o meio-dia de quarta-feira (10) uma rotina improvisada. O apagão chegou sem aviso, em um momento comum — e simbólico — do cotidiano: a volta do mercado para casa.

“A primeira coisa que eu enfrentei foi chegar com as compras e encontrar a casa sem luz. Algumas coisas a gente conseguiu levar para a casa de uma vizinha para colocar no congelador. Eram comidas que têm uma representatividade afetiva para a gente, que trouxemos de uma viagem e guardávamos para ir comendo aos poucos”, relatou à Agência Brasil.

Nem tudo pôde ser salvo. Parte dos alimentos precisou ser descartada. O prejuízo material dói, mas o impacto emocional se intensifica quando o apagão atravessa questões sensíveis da vida.

O pai de Erica está internado em um hospital. A energia lá não falta, mas em casa ela passou a economizar o uso do celular, racionando bateria e internet para conseguir acompanhar notícias sobre o estado de saúde dele.

“Estou entrando de hora em hora na internet para economizar bateria e ter notícias dele. Avisei a família para ligar no telefone normal em caso de emergência”, contou.

“Queremos luz”: o grito que ecoa nos bairros

No Bixiga, região central da capital, o cansaço virou protesto. Na noite de sexta-feira (12), moradores foram às ruas gritar o essencial: “Queremos luz”. Na manhã deste sábado, o cenário pouco havia mudado.

“Ainda estou sem energia e sem luz”, relatou uma moradora à reportagem.

No condomínio onde ela vive, idosos enfrentam dificuldades para subir escadas, tomar banho, se alimentar e até tomar medicamentos, evidenciando como a falta de energia rapidamente se transforma em uma crise silenciosa dentro dos prédios.

Na Pompeia, também na zona oeste, um protesto chegou a ser marcado para a tarde deste sábado. Pouco antes, a energia foi restabelecida. O alívio veio, mas deixou uma pergunta no ar: por que para uns a luz volta e para outros a espera parece interminável?

Impactos que vão além das casas

O apagão não atinge apenas residências. Sem energia, semáforos deixam de funcionar, o abastecimento de água é prejudicado, o trânsito se torna mais caótico e o comércio acumula prejuízos. Mercadorias estragam, estabelecimentos fecham as portas e trabalhadores ficam sem renda em plena sequência de dias úteis interrompidos.

Segundo informações da MetSul Meteorologia, os temporais associados ao ciclone extratropical causaram estragos significativos e mantêm o Estado em alerta para o fim de semana, com previsão de chuva forte, novos temporais e rajadas de vento — um cenário preocupante para quem ainda depende de reparos na rede elétrica.

A resposta da Enel e a pressão da Justiça

Em nota, a Enel, concessionária responsável pelo fornecimento de energia na Grande São Paulo, afirmou ter mobilizado um “número recorde de equipes em campo” desde a última quarta-feira (10) e garantiu que o serviço deve ser totalmente normalizado até o fim do dia de domingo.

“As condições meteorológicas adversas impactaram significativamente as operações de restabelecimento, pois as rajadas contínuas causaram novas interrupções enquanto as equipes trabalhavam para religar os clientes”, informou a empresa.

Na sexta-feira à noite, a situação ganhou contornos jurídicos. A Justiça de São Paulo, atendendo a um pedido do Ministério Público e da Defensoria Pública, determinou que a Enel restabeleça a energia elétrica em até 12 horas, sob pena de multa de R$ 200 mil por hora de descumprimento.

A concessionária respondeu afirmando que ainda não foi intimada oficialmente da decisão, mas reforçou que segue trabalhando de forma ininterrupta.

Entre a promessa e a realidade

Enquanto comunicados oficiais falam em prazos, moradores seguem contando o tempo de outra forma: pela comida que estraga, pela escada que precisa ser vencida no escuro, pela bateria do celular que vai acabando, pela ansiedade que cresce a cada nova previsão de chuva.

São Paulo, mais uma vez, vive o contraste entre a potência de uma metrópole e a fragilidade de sua infraestrutura diante de eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes.

Até que a luz volte por completo, o que permanece aceso é o sentimento coletivo de que energia elétrica, em tempos como estes, não é conforto — é dignidade.

Com informações da Agência Brasil; Enel Distribuição São Paulo; MetSul Meteorologia.

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Galeão entra em nova rota e vai a leilão: um aeroporto entre o passado, a retomada e o futuro

Entre números, voos e destinos humanos, o maior aeroporto do Rio (GIG) entra em um novo capítulo, cercado de expectativas, disputas e a promessa de um recomeço estrutural

Por Ronald Stresser — 13 de dezembro de 2025

O aeroporto internacional do Rio, um dos mais movimentados da América Latina, está à venda - Guilherme Amâncio/Aeromagazine

O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão (GIG) — oficialmente Antônio Carlos Jobim — sempre foi mais do que concreto, pistas e terminais. É um lugar de encontros e despedidas, de abraços apertados e silêncios longos, de quem parte em busca de futuro e de quem retorna carregando saudade. Agora, esse espaço simbólico da cidade e do país entra em um novo e delicado capítulo da sua história: o Galeão está oficialmente à venda.

Na última quinta-feira (11), a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aprovou o edital da chamada venda assistida do aeroporto, mecanismo que busca repactuar o contrato de concessão e garantir a sobrevivência financeira e operacional do maior terminal aeroportuário do Rio de Janeiro. O documento deve ser publicado no Diário Oficial da União na próxima segunda-feira (15), abrindo caminho para um processo que mistura urgência econômica, estratégia política e expectativa social.

O leilão está marcado para 30 de março de 2026, no auditório da B3, em São Paulo, com um lance mínimo de R$ 932 milhões. O modelo adotado é um processo competitivo simplificado, pensado para atrair investidores capazes de assumir não apenas um ativo bilionário, mas também um símbolo nacional que, nos últimos anos, oscilou entre o abandono e a retomada.

A solução foi validada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e incorpora ajustes regulatórios que buscam garantir três pilares centrais: a sustentabilidade da concessão até o fim do contrato, a continuidade dos serviços e a preservação dos investimentos já realizados. Não se trata apenas de vender um aeroporto, mas de evitar que ele volte a ser um retrato do desperdício de potencial.

E os números ajudam a explicar por que o Galeão voltou ao centro das atenções. Segundo o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, o aeroporto vive uma recuperação expressiva. “Saímos, em pouco menos de dois anos, de 4,8 milhões de passageiros em 2023, e este ano vamos passar de 18 milhões”, afirmou.

O edital também estabelece mudanças estruturais importantes, como a saída da Infraero da administração do aeroporto até março de 2026 e a criação de uma contribuição variável de 20% sobre o faturamento bruto da concessionária até 2039, mantendo o interesse público vinculado ao desempenho do terminal.

Mais do que um ativo financeiro, o Galeão segue sendo um espaço profundamente humano. A venda assistida é uma aposta para que o aeroporto volte a cumprir seu papel estratégico, econômico e simbólico. Um lugar onde o código GIG represente não apenas partidas e chegadas, mas também reconstrução e futuro.

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sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

EUA retiram Alexandre de Moraes da lista Magnitsky

Decisão do Departamento do Tesouro dos EUA reverte sanções que marcaram meses de tensão entre Brasília e Washington; gesto abre espaço para reaproximações e levanta perguntas sobre política e justiça

Por Ronald Stresser —12 de dezembro 2025

Viviane Barci e Alexandre de Moraes — Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

Na manhã desta sexta-feira, um comunicado curto do Office of Foreign Assets Control (OFAC), do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, atravessou mapas e gabinetes: Alexandre de Moraes foi oficialmente removido da lista de sanções da Lei Magnitsky. Junto ao seu nome, foram excluídos da lista a advogada Viviane Barci de Moraes e a LEX — Instituto de Estudos Jurídicos Ltda., organização vinculada à família.

O anúncio encerra um capítulo recente e turbulento — iniciado em julho, quando a inclusão de um ministro do Supremo Tribunal Federal em um rol de pessoas sancionadas por Washington provocou surpresa, indignação e intensa mobilização diplomática em Brasília. A decisão de hoje é, ao mesmo tempo, técnica e simbólica: ela toca vidas, move instituições e reposiciona a relação entre Brasil e Estados Unidos. É uma vitória da diplomacia brasileira, integra o rall das melhores do mundo.

O que mudou

Estar na lista da Global Magnitsky Human Rights Accountability Act significa enfrentar bloqueio de bens, restrição de transações financeiras e impedimento de entrada nos Estados Unidos. Para um ministro do STF, o peso é ainda maior: mexe com as relações entre Estados e coloca holofotes internacionais sobre decisões internas.

Com a exclusão oficial, essas restrições deixam de existir para os três nomes brasileiros. A remoção apareceu no boletim de atualização da lista de “Specially Designated Nationals” (SDN) do OFAC, publicado nesta sexta-feira.

Por que foi sancionado — e por que foi revogado

Quando as sanções foram aplicadas, o governo Trump acusou Moraes de violar a liberdade de expressão e autorizar “prisões arbitrárias”, mencionando decisões sobre o julgamento da tentativa de golpe de Estado e medidas contra plataformas norte-americanas.

A revogação de hoje, por outro lado, veio seca — como é comum nos comunicados técnicos de Washington. Não trouxe uma explicação detalhada. Mas diplomatas e analistas veem sinais de reposicionamento político, busca de reaproximação e até revisão do desgaste bilateral provocado pela medida.

O impacto humano e institucional

Estar em uma lista como a Magnitsky provoca efeitos concretos na vida pessoal: viagens interrompidas, contas monitoradas, reputações submetidas a escrutínio internacional. A exclusão alivia esse peso — mas não apaga os meses de tensão vividos desde julho.

No campo institucional, a mudança deve repercutir no STF, no Itamaraty e em setores que acompanham a política externa. Também reacende o debate sobre o uso da Lei Magnitsky como ferramenta de pressão diplomática.

O que vem a seguir

A retirada dos nomes abre margem para diálogos mais calmos entre Brasília e Washington. Ainda assim, permanece a pergunta: a sanção e a revogação foram gestos de coerência jurídica ou movimentos de oportunidade política?

Nos próximos dias, o governo brasileiro deve se manifestar formalmente, enquanto setores do Judiciário e da política observam os desdobramentos dessa reviravolta diplomática.

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quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

A conta que não fecha: SMC denuncia assédio, salários baixos e benefícios bilionários à ClearCorrect e Neodent

Nelsão da Força faz denúncia de irregularidades em fábrica que tem isenção de impostos do Governo do Paraná, localiza na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) 

Por Ronald Stresser — 11 de dezembro de 2025
No chão de fábrica da ClearCorrect e da Neodent — marcas do Grupo Straumann — trabalhadores denunciam assédio moral, pressão por metas e remuneração média de R$ 3.500,00

O Grupo Straumann reportou em 2024 um faturamento global de aproximadamente CHF 2,504 bilhões, cerca de R$ 27 bilhões, resultado de um crescimento orgânico robusto que refletiu expansão em mercados internacionais. No Brasil, entretanto, documentos mostram que empresas ligadas ao setor receberam renúncias fiscais federais que somam cerca de R$ 31,8 milhões entre 2021 e 2024.

Ano

Valor (R$)
20242.533.348,00
202312.926.092,15
202210.409.472,72
20215.983.403,54

Total acumulado (2021–2024): R$ 31.852.316,41.

“A empresa cresce, mas o trabalhador paga a conta”

O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), Nelsão da Força, acompanha a mobilização e denuncia que a direção da fábrica tem tentado encaminhar negociações apenas pelo sindicato patronal — o SINDMETAL — negando, na prática, a autonomia e a voz da categoria.

“A convenção coletiva serve como um piso, mas não pode ser usada para tolher negociações locais. O problema na Neodent é antigo: assédio moral, excesso de horas e jornadas que empurram trabalhadores de segunda a sábado. Mais de 800 trabalhadores votaram internamente e a empresa se recusa a negociar. Se o Estado não intervir, a saída será o protesto ou a greve.” — Nelsão da Força

O depoimento dos trabalhadores

Operários relatam rotinas em que precisam cobrir múltiplas máquinas, proibições para trocar folgas em feriadões, PLR congelada mesmo após aumento expressivo de produção, e ameaças veladas a quem tenta se organizar. A sensação entre muitos é que direitos são sacrificados para manter a lógica do lucro.

Um trabalhador, que preferiu não se identificar, sintetizou a frustração: “Sem nós nada disso existe. Mas quem fica com todos os benefícios nunca somos nós.”

O que exigem os trabalhadores

  • Mediação do Governo do Estado para evitar uma greve de grande amplitude;
  • Negociação direta com o sindicato representativo dos trabalhadores (SMC);
  • Investigação imediata das denúncias de assédio moral e pressões indevidas;
  • Revisão das contrapartidas vinculadas às isenções fiscais, priorizando empregos dignos e salários compatíveis.

Contrapartidas fiscais e responsabilidade pública

As renúncias fiscais, justificadas pelo Estado como instrumento para atrair investimento e preservar empregos, carregam também um imperativo ético: exigir contrapartidas sociais e transparência. Se incentivos públicos ajudam a manter operações industriais, é razoável e necessário que resultem em condições de trabalho dignas e respeito aos direitos básicos.

A resolução que se espera

A solução proposta pelos representantes dos trabalhadores passa por diálogo mediado pelo governo, com uma mesa que reúna Estado, direção da empresa, SMC e representantes dos empregados. Uma reunião no Palácio Iguaçu — com disposição real para fiscalização das contrapartidas — poderia demonstrar que o Paraná entende desenvolvimento como progresso que contempla pessoas, não apenas números.

Sérgio Butka (presidente do SMC) já declarou que a entidade está pronta para conversar: “Se o governador chamar, estaremos lá. Nós queremos negociar.” A reportagem continuará acompanhando cada passo até obter respostas concretas do Governo do Estado e da diretoria das empresas.

Atualização (12/12/2025, às 14h08): Nelsão está na frente da fábrica esperando todos os trabalhadores e trabalhadoras chegarem para protestar contra as demissões em massa.


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quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Coluna do Daniel Vicente –

Navegar às cegas: quando a economia global prende a respiração e o investidor precisa de calma

Por Daniel Vicente — Wura Invest / XP Investimentos · quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Há meses em que o mercado decide falar menos e testar a paciência dos investidores. Novembro se tornou um deles: o longo *shutdown* nos Estados Unidos produziu uma zona de silêncio em estatísticas cruciais — e, quando os pontos de referência se apagam, o caminho exige mais prudência do que coragem. A seguir, um relato humano e prático sobre o que aconteceu e o que isso significa para sua carteira.

O farol apagou — e o Fed teve de seguir sem mapa

O acordo que pôs fim ao *shutdown* em meados de novembro trazia alívio político imediato, mas não apagou o estrago: a paralisação impediu a coleta de dados do mês de outubro pelo Bureau of Labor Statistics (BLS), levando ao cancelamento de relatórios como o CPI de outubro e ao adiamento de outras publicações macroeconômicas. Esse vazio informacional transformou a última reunião do Federal Reserve do ano em um exercício de navegação às cegas, aumentando a volatilidade e elevando o peso de indicadores privados.

Ruídos privados — e sinais que ganharam eco

Sem o compasso oficial, pesquisas e relatórios de instituições privadas ganharam importância desproporcional: vimos dados que apontavam intenções recordes de cortes de vagas em tecnologia e contratações mais fracas nas empresas menores — indícios de que o aquecimento do mercado de trabalho pode estar arrefecendo mais rápido do que muitos imaginavam. O mercado, naturalmente, reagiu com picos de nervosismo.

A euforia da IA sob escrutínio

A grande narrativa de 2023–2025 foi, sem dúvida, a força das empresas ligadas à Inteligência Artificial. Mas novembro deixou claro que qualquer rali concentrado enfrenta o teste da realidade: questionamentos sobre sustentabilidade de ganhos e episódios de correção e rotatividade no setor lembraram que inovação e volatilidade caminham juntas. Investidores começaram a pedir validação nos resultados, não apenas nas promessas.

Brasil: desinflação que abre portas — e incerteza fiscal que fecha outras

No Brasil, a evolução benigna da desinflação trouxe fôlego e alimentou apostas por um adiantamento do início do ciclo de cortes de juros. A curva de renda fixa começa a incorporar taxas reais mais baixas, ainda que os prêmios de prazo maior sigam sensíveis à incerteza fiscal. Em suma: há oportunidade, mas ela convive com riscos políticos e fiscais que pedem atenção redobrada.

O que fazer na prática — conselho humano, aplicado

Quando os dados oficiais falham e os ruídos aumentam, a resposta mais sensata para o investidor médio não é tentar adivinhar o próximo número do PIB ou o próximo recado do mercado. É voltar ao básico:

  • Diversificação real: renda fixa, renda variável, internacionalização, e alocações setoriais que não dependam exclusivamente de uma narrativa (como IA).
  • Gerenciamento de risco: revisitar o perfil de risco, ajustar pesos e garantir liquidez suficiente para oportunidades.
  • Qualidade e resiliência: priorizar emissores e empresas com balanços sólidos e fluxos previsíveis.
  • Horizonte e disciplina: lembrar que mercado é feita de ruído — e que estratégia é sobre resistência ao longo do tempo.

Diversificação não é moda; é proteção. Não existe isenção de perdas, mas existe formato de carteira que reduz o impacto delas sobre sua vida e seus planos.

Para fechar o ano

Entramos no último capítulo de 2025 com perguntas maiores do que certezas. O silêncio estatístico dos EUA, a reavaliação dos valores atrelados à IA e os sinais domésticos de desinflação abrem um cenário de oportunidades e armadilhas simultâneas. Para quem me pergunta o que fazer agora, respondo como faço com meus clientes: preparar a carteira para resistir ao inesperado e aproveitar o que surgir — com calma, disciplina e diversificação.

Daniel Vicente
Especialista em alocação de ativos, patrimônio e planejamento financeiro · Wura Invest – XP Investimentos

📍Acompanhe minha coluna todas as quartas-feiras aqui no Sulpost

💼 Fale comigo pelo Whatsapp ou e-mail: daniel.vicente@wurainvest.com.br

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Cine Passeio: o Natal dos perrengues que reúne a cidade

Do quartel à sala escura: como o Cine Passeio reconstruiu memórias, acolheu a cidade e transformou o terraço em um Natal de afeto — com filmes que celebram os perrengues da vida em família

Por Ronald Stresser — 09 de dezembro de 2025

Fachada requalificada do Cine Passeio, na Rua Riachuelo — edifício histórico recuperado para cultura. Foto: Prefeitura de Curitiba/Divulgação

Curitiba tem uma capacidade cotidiana e discreta de reinventar o que parecia perdido. O prédio que hoje abriga o Cine Passeio já foi quartel do Exército, testemunha de tempos difíceis e corredores de silêncio. A Prefeitura transformou aquele lugar de hierarquia e cerne militar em um lugar de luzes, projeção e conversa — um centro cultural que devolve à cidade parte da sua memória e do seu afeto.

O Natal dos perrengues — e por que importa

Todo mundo já passou por um Natal que deu errado: o peru esquecido, a ceia que não ficou pronta, o presente sem graça que vira piada no amigo secreto. É por aí que o Cine Passeio segura nossas mãos neste fim de ano. No Terraço Passeio, de quinta (11/12) a domingo (14/12), sempre às 19h, quatro noites de sessões ao ar livre contam histórias de natais imperfeitos, com risos, sustos e reconhecimento.

Programação confirmada — Terraço do Cine Passeio (sempre às 19h)

  • 11/12 (quinta) — Krampus: O Terror de Natal (EUA, 2015) — A fúria de uma criatura que prende a família na própria sombra do Natal. (Sessão: 19h). 
  • 12/12 (sexta) — Férias Frustradas de Natal (National Lampoon’s Christmas Vacation, EUA, 1989) — Clark Griswold, 20 mil luzes e o peru que não coopera. (Sessão: 19h). 
  • 13/12 (sábado) — Um Natal Muito, Muito Louco (EUA, 2004) — Comédia familiar para a noite de sábado. (Sessão: 19h). 
  • 14/12 (domingo) — Os Rejeitados — Encerramento da mostra no domingo à noite. (Sessão: 19h). 

Observações de serviço: a entrada para as sessões do terraço é gratuita; os ingressos são distribuídos uma hora antes de cada sessão, por ordem de chegada; em caso de chuva, as sessões ao ar livre podem ser canceladas ou adiadas. Capacidade aproximada do terraço: 60 cadeiras.

Terraço do Cine Passeio - Foto: Cido Marques/FCC

A história do prédio: memória e requalificação

O edifício da Rua Riachuelo, 410, passou por vários capítulos: foi sede de empresas gráficas, abrigou a Impressora Paranaense e, por décadas, funcionou como quartel — função que marcou sua relação com a cidade. Depois de anos de ocupação militar e posterior abandono, o imóvel foi adquirido pelo município, tombado e requalificado. Em 2019, reabriu como Cine Passeio: salas batizadas em homenagem aos antigos cinemas de rua, espaços de formação, cafeteria e um terraço que pela primeira vez devolve ao Centro noites abertas de cinema para a cidade. 6

Por que o Cine Passeio é um modelo

O Cine Passeio reúne padrão técnico — projeção DCP, salas confortáveis, acessibilidade e políticas de formação — com uma decisão política forte: transformar um símbolo da ordem militar em um equipamento público de cultura. Mais que tecnologia, o que se vê ali é o cuidado com o pertencimento. A cidade ensina que espaços históricos podem ser devolvidos à população com dignidade e criatividade — e que o cinema de rua pode ser motor de memória e comunidade. 7

Serviço — o que você precisa saber

  • Endereço: Rua Riachuelo, 410 — Centro, Curitiba (CEP 80020-250). 8
  • Telefone / contato: (41) 3323-1979 · e-mail: viacontato@cinepasseio.org. 9
  • Horário do Terraço: sessões ao ar livre costumam ocorrer de quinta a domingo, geralmente às 19h — a programação específica é divulgada pelo Cine Passeio. A entrada para as sessões do terraço é gratuita; os ingressos são entregues 1h antes. 10
  • Ingressos para salas internas: bilheteria, totem ou pelo site/ingresso.com — preços: terça/quarta inteira R$16 (meia R$8); quinta a domingo inteira R$20 (meia R$10). 11
  • Coffeeterie: cafeteria no térreo com cafés, lanches e área de convivência. 12

Um convite

O Natal que o Cine Passeio propõe não é a imagem plástica do cartão postal: é o Natal suado, cheio de histórias, aquele que a gente conta rindo e que, na volta pra casa, vira memória. O terraço convida a cidade a rir dos seus perrengues e a se reconhecer ali — num abraço coletivo em volta da tela. Se sua família tem uma história de ceia que deu errado, leve-a consigo: o Cine Passeio já sabe acolher esses natais com carinho.

Gleisi Hoffmann acende o Paraná e recoloca direitos trabalhistas no centro da disputa por 2026

Em uma maratona de encontros com sindicatos, movimentos populares, educadores e lideranças políticas, Gleisi reorganizou a militância, fortaleceu o palanque de Lula e transformou a redução da jornada e o fim da escala 6×1 em pauta nacional

Por Ronald StresserSulpost ·

Ministra Gleisi (SRI) - Joédson Alves/Ag. Brasil
O Paraná respirou uma política que bate no peito: quente, prática e feita de gente. Não a política de gabinete, fria e distante, mas a que se move entre as fábricas, nas salas sindicais, nas escolas e nos blocos de rua. Em três dias de agenda intensa, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, percorreu espaços diversos e devolveu algo essencial à militância: o sentimento de que voz organizada transforma o curso dos acontecimentos.

As conversas partiram da UGT e passaram por sindicatos bancários, por atos culturais e por lançamentos de livros. Em cada parada, uma pauta emergia clara: trabalho digno. No centro — o fim da escala 6×1 e a redução da jornada para 40 horas semanais sem perda salarial — bandeiras que a ministra colocou como política de Estado, e não mero discurso eleitoral.

UGT: pesquisa, pressão e reconhecimento

A tarde começou com um diálogo franco com lideranças da UGT Paraná. Entre pedidos e relatos, Gleisi insistiu numa ideia que repete como fio condutor: as grandes mudanças não caem do céu — nascem da pressão organizada. “A isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil só aconteceu por causa da pressão organizada dos trabalhadores”, disse, olhando nos olhos dos sindicalistas.

O presidente da UGT, Manassés Oliveira, entregou à ministra a pesquisa da Paraná Pesquisas que mostra: 52% da população reconhece a importância dos sindicatos para a defesa de direitos. O número foi recebido como confirmação de um caminho — de que a organização sindical tem ressonância junto às famílias que acordam cedo para trabalhar.

Da UGT ao Sindicato dos Bancários: pluralidade, cultura e luta

A movimentação seguiu para o Sindicato dos Bancários de Curitiba, onde um ato ampliado reuniu movimentos sociais, setores da educação, lideranças do PT e partidos aliados. Foi ali, em meio a discursos técnicos e relatos pessoais, que a política se fez festa e firmeza: a bateria da Escola de Samba Rosa do Povo reafirmou que o tom do encontro era popular — e que política se constrói com corpo e memória.

Presenças como a do vereador Angelo Vanhoni e da superintendente Regional do Trabalho, Regina Cruz, marcaram a pluralidade do encontro. Em tom de escuta ampliada, Gleisi colocou o Paraná no mapa estratégico do governo: a construção de um palanque estadual, com Requião Filho (PDT) como pré-candidato ao governo, e a projeção de nomes para o Senado, como o do dirigente Enio Verri, são parte da articulação que visa consolidar o desempenho de Lula num estado onde o PT historicamente enfrenta resistência.

O fim da escala 6×1 como questão de dignidade

As federações — FECEP, Fetracoop, Fenarte, Vigilantes, Sigmuc e Sindacs — trouxeram projetos e demandas concretas. Entre elas, a que mais inflamou o debate: o fim da escala 6×1. Para trabalhadores e trabalhadoras que suportam ciclos extenuantes, a proposta não é técnica; é humana.

Gleisi não tratou a pauta com cautela retórica: afirmou que a redução da jornada e o fim da escala são parte de um projeto nacional de recuperação da vida cotidiana, de respeito às famílias e à saúde do trabalhador. Falou de política social com o tom de quem conhece a dor em que a falta de tempo se converte.

Ponta Grossa: cultura, memória e peso institucional

À noite, em Ponta Grossa, a ministra conferiu peso institucional ao lançamento do livro Melodia de Uvaranas, do ex-prefeito Péricles de Holleben Mello. No Cine-Teatro Ópera, o público mesclou artistas, acadêmicos, lideranças e moradores — e a presença de Gleisi transformou o lançamento em exemplo de como cultura e política se alimentam. O reitor Miguel Sanches Neto apresentou a obra; Gleisi, atenta, ouviu e conversou até o fim.

Preparando 2026 com urgência e afeto

No sábado, os diálogos continuam no Sindipetro: planejamento estratégico do PT, reuniões internas e a avaliação de que a visita devolveu ânimo à militância. Dirigentes locais repetem a mesma percepção: a passagem da ministra reorganizou prioridades e devolveu à luta um senso de missão compartilhada — pela defesa do trabalho digno, pela educação pública valorizada e pela cultura como tecido social.

A agenda política ganhou ainda mais contorno diante das declarações do senador Flávio Bolsonaro, que falou em um “preço” para desistir da candidatura. Gleisi reagiu com veemência: classificou a fala como chantagem e alertou que a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro seria uma afronta à democracia e ao Parlamento.

Um recado que é convite

O que ficou da passagem por Paraná não é apenas um calendário adiantado: é um recado que mistura convite e cobrança. Gleisi acelerou discussões, costurou alianças e deixou claro que 2026 já começou — não como data distante no horizonte, mas como processo imediato que exige organização, escuta e coragem.

A política que ela trouxe ao chão paranaense confirmou algo simples e profundo: quando a disputa se dá em torno de direitos — do trabalho, da educação, da cultura — a batalha não é por poder apenas; é por futuro.

Jornalista responsável: Ronald Stresser · Sulpost

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segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Ciclone extratropical deve causar tempestades e ventos fortes no Sul — Paraná e Santa Catarina estão em alerta

Tempestade de grande perigo coloca Curitiba e o Paraná em alerta — ciclone extratropical muda o tempo e pede cuidado coletivo no sul do país 

Por Ronald Stresser — 

Satélite Goes: 08/12/25 - 14h00 - Simepar 

A semana começou com o céu falando alto sobre o futuro próximo. Às 12h desta segunda-feira (8), o Instituto Nacional de Meteorologia — Inmet — acionou um alerta de grau "grande perigo" para boa parte da Região Sul, incluindo áreas do Paraná e a Região Metropolitana de Curitiba. O aviso é vigente até as 23h59 de terça-feira (9) e descreve possibilidade de chuvas intensas, ventos muito fortes e queda de granizo.

Em linguagem técnica, o comunicado aponta volumes de chuva que podem exceder 60 mm por hora ou ultrapassar 100 mm em 24 horas, além de rajadas com velocidade superior a 100 km/h. Para quem vive nas cidades, a mensagem se traduz em risco real: danos a edificações, cortes no fornecimento de energia, quedas de árvores, alagamentos e transtornos no transporte

O que mudou de verdade foi a atmosfera: depois de um fim de semana de calor intenso, um sistema de baixa pressão evolui agora para um ciclone extratropical, que vêm desestabilizando a região e ampliando a chance de tempestades. Simepar e Climatempo já alertaram para o aumento das instabilidades sobre o Paraná ao longo desta segunda e na sequência da semana. Esse sistema não só provoca chuvas intensas — ele também turbina rajadas de vento e favorece a formação de nuvens cumulonimbus, capazes de gerar raios, granizo e microexplosões. 

Como será o quadro nas próximas 72 horas

  • Segunda, 8/12 (hoje): instabilidades já avançam pelo Oeste e Sudoeste do estado; áreas com chuva forte a partir da tarde.
  • Terça, 9/12: chuva alcança todas as regiões do Paraná; tempestades fortes e irregulares, com risco de alagamentos e ventos em torno de 70 km/h em setores afetados.
  • Quarta, 10/12: o ciclone tende a avançar para alto-mar na altura do litoral gaúcho, mas suas consequências poderão trazer rajadas ainda mais intensas — entre 90 km/h e 120 km/h — em áreas costeiras e Leste do Paraná.

Especialistas chamam atenção: quando a pressão atmosférica cai rapidamente, as rajadas se intensificam e o potencial de eventos extremos aumenta. Em cenários assim, a ocorrência pontual de fenômenos raros, como tornados isolados, não pode ser descartada — ainda que sejam eventos localizados e de curta duração.

Regiões abrangidas pelo alerta

O alerta do Inmet alcança muitas áreas do Sul — incluindo a Região Metropolitana de Curitiba, o centro-sul e o norte do Paraná, além de áreas de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul — sinalizando um quadro amplo e severo em diferentes frentes. A lista completa de municípios e níveis de risco foi divulgada pelos órgãos meteorológicos (Inmet e Simepar).

Orientações práticas — faça agora

Em situações de risco, o tempo exige ações simples e objetivas. As orientações oficiais são diretas e podem prevenir perdas:

  • Desligue aparelhos elétricos e, se possível, o quadro geral de energia.
  • Proteja documentos e objetos de valor em sacos plásticos no alto de casa ou em local seco.
  • Não permaneça ao ar livre em caso de tempestade; procure abrigo seguro.
  • Não se abrigue sob árvores nem se aproxime de redes elétricas; mantenha distância de áreas alagadas e pontes inundadas.
  • Reforce telhados, retire do quintal objetos soltos que possam virar projéteis e evite deslocamentos desnecessários.

Em emergências, acione a Defesa Civil no 199 ou o Corpo de Bombeiros no 193. Para informações técnicas e atualizações constantes, acompanhe os comunicados do Inmet, Simepar e dos centros meteorológicos locais.

Uma cidade que se prepara

Há na meteorologia uma frieza técnica — mapas, cores, números — e há, também, a experiência concreta das pessoas que moram nas ruas, bairros e vilas. É desse entrelaçamento que nasce o cuidado coletivo: vizinhos que checam idosos, famílias que protegem animais, equipes que reforçam abrigos. Nas próximas 72 horas, Curitiba e o Paraná precisam desse gesto simples, mas poderoso: estar atento, preparado e solidário.

Curitiba entra na terceira semana do Natal 2025 com estreias, superproduções e programação lotada em toda a cidade

Entre luzes, concertos e a estreia inédita do Natal Disney, a cidade transforma parques, teatros e praças num grande encontro coletivo — e mostra o Natal como força cultural e econômica

Por Ronald Stresser  — 8 de dezembro de 2025

Curitiba abriu a terceira semana do seu Natal com a sensação viva de uma cidade que se decora para receber gente — e histórias. As luzes não são meros enfeites: são convites. Convites para as ruas, para os parques, para teatros e para os encontros que o fim de ano sempre traz. Este ano, com a chegada do Natal Disney — atração inédita no Brasil — o que se vê é uma combinação de tradição e novidade que tem lotado hotéis e ampliado a presença de visitantes de outros estados.

Mais do que números, o que se nota nas ruas é a intensidade dos afetos: corais com estudantes que dividem o palco com profissionais, espetáculos em patrimônios históricos e um circuito gratuito que coloca arte e música no caminho cotidiano das pessoas. É essa mistura — mercadoria e memória, comércio e celebração — que dá ao Natal de Curitiba um perfil único em 2025.

Estreias e destaques da semana

A prefeitura divulgou a série de estreias e eventos que marcam os próximos dias. Entre os destaques:

  • O Sonho do Papai Noel — superprodução que estreou no dia 9/12 no Jardim Botânico, com elenco de 60 artistas, projeções, figurinos e espetáculo de luzes; temporada até 23/12.
  • Drive-thru de Natal — circuito no Parque Náutico, atração para famílias em carros.
  • O Quebra-Nozes — balé nas Ruínas de São Francisco, integrando patrimônio e dança.
  • Natal de Bonecos — programação no Memorial de Curitiba voltada ao público infantil e familiar.
  • Patinação artística — apresentações na Rua Oswaldo Cruz.
  • Disney+ Open Air e o Parque Mágico do Disney Celebra — com visitação livre ao Parque Barigui e sessões de filmes ao ar livre.
  • Camerata Antiqua — concerto com Cantata & Oratório de Johann Heinrich Rolle, sob regência de Peter van Heyghen, com solistas renomados.
  • Últimas sessões no Palácio Avenida — mantendo a tradição que reúne multidões no Centro.

A programação oficial vai de 24 de novembro a 6 de janeiro, com apresentações até 23 de dezembro, e reúne eventos gratuitos e pagos, grandes produções e iniciativas comunitárias.

Hoje — segunda-feira, 8/12

A semana começa com uma agenda farta no Centro: às 19h30 estreia o Natal do Instituto de Educação, um espetáculo na fachada do colégio histórico que traz 24 estudantes ao coral junto a cantores profissionais — imagem emblemática de como o Natal tem sido também espaço de formação e participação.

Ainda no dia 8/12, na Praça Santos Andrade, acontecem dois espetáculos com potencial de atrair grande público: Abrace o Mundo (20h) e o musical A Inesquecível Fábrica de Emoções (21h), ambos emoldurados por prédios históricos que reforçam a sensação de festa coletiva.

A programação diurna inclui feiras de Natal, carrosséis, trenzinhos e a Casa do Papai Noel, ampliando as opções para famílias e visitantes de todas as idades.

Por que este Natal importa

Os efeitos do Natal vão muito além do brilho das lâmpadas: há impacto econômico real — hotéis com alta ocupação, comércio em ritmo acelerado e serviços turísticos em demanda — e também um ganho simbólico. Eventos que ocupam espaços públicos e patrimônios centrados em arte, música e participação fortalecem vínculos comunitários e tornam o Natal uma experiência compartilhada.

Ao mesmo tempo, a sobrecarga de público exige atenção: trânsito, logística e segurança serão desafios para a Prefeitura e para os organizadores. Para o visitante, a dica é planejar deslocamentos, comprar ingressos com antecedência para espetáculos pagos e aproveitar as inúmeras opções gratuitas espalhadas pela cidade.

Programação oficial (parcial) — desta segunda

  • 09h — Abertura das sessões Disney+ Open Air (Parque Barigui)
  • 09h — Carrossel e trenzinho do Natal Condor (Passeio Público)
  • 10h — Feira Especial de Natal (Praça Osório)
  • 10h — Feira Especial de Natal (Praça Santos Andrade)
  • 13h — Trenzinho elétrico (Praça Santos Andrade)
  • 14h — Carrossel (Parque Tanguá)
  • 17h — Casa do Papai Noel (Praça Santos Andrade)
  • 18h — Natal no Paço (Praça Generoso Marques)
  • 19h30 — Estreia do espetáculo do Instituto de Educação
  • 19h30 — Rua Iluminada da Família Moletta (Umbará)
  • 20h — Abrace o Mundo (UFPR)
  • 21h — A Inesquecível Fábrica de Emoções (Teatro Guaíra)

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