terça-feira, 28 de outubro de 2025

Força Aérea dos EUA faz imagens dentro do olho do furacão Melissa - veja o vídeo

O silêncio dentro do olho: a USAF atravessa o furacão Melissa enquanto a Jamaica se prepara para o pior

Por Ronald Stresser • 28 de outubro de 2025

Olho do furacão Melissa - USAF/Reprodução

A noite chegou cedo sobre a costa sul da Jamaica: nuvens grossas, vontade de rezar, malas empilhadas ao lado de berços, portas trancadas e, em alguns pontos, a voz mecânica de alto-falantes pedindo — mais uma vez — que quem pudesse saísse das áreas baixas imediatamente. Lá em cima, a força da ciência fez outra escolha: entrar. Uma aeronave da Força Aérea dos Estados Unidos — a famosa tripulação dos “Hurricane Hunters” — cruzou a parede de nuvens e pousou os olhos dentro do olho de Melissa, gravando imagens que condensam numa única cena a beleza e a selvageria do furacão.

Vídeo da missão (fonte: postagem original do usuário):

Veja o vídeo do voo dentro do olho do furacão (X/Twitter).

Movimento lento, ameaça longa

Melissa avança muito devagar — cerca de 4 km/h — e essa lentidão é uma sentença extra: quando um furacão se move assim, a chuva se prolonga, os rios sobem e os deslizamentos ganham tempo para acontecer. Essa característica transforma o evento de um impacto cortante em uma maratona de perigo para comunidades inteiras.

O registro em primeira pessoa da tempestade

As imagens registradas do interior do olho são quase parodoxais: num mesmo quadro, a tripulação mostra o céu surpreendentemente claro no centro, e, além dele, uma muralha de nuvens — a “eyewall” — composta por torres de tempestade que sobem como catedrais de vapor e vento. É o chamado “efeito estádio”: uma calmaria absorta cercada por uma violência concentrada. Esses filmes não existem para alimentar sensacionalismo; existem para informar previsões e salvar vidas.

O custo humano antes do impacto

Já nas preparações para a chegada de Melissa as autoridades jamaicanas confirmaram três mortes no país — vítimas ocorridas enquanto pessoas tentavam proteger casas e cortar árvores — e várias dezenas de feridos são relatados nas primeiras horas. Esses números lembram que, mesmo antes do vento principal, o risco mora nas ações feitas em desespero e na infraestrutura frágil.

Trajetória e alertas

O prognóstico divulgado pelos centros meteorológicos indica que Melissa deve atravessar a Jamaica e seguir em direção a Cuba, com passagem estimada para a manhã de quarta-feira, antes de seguir para as Bahamas e as Ilhas Turcas e Caicos. Autoridades regionais mantêm alertas de emergência e recomendam evacuações nas zonas costeiras mais vulneráveis. Em alguns trechos, as estimativas apontam para acumulados de chuva que podem superar um metro e ondas de tempestade que chegarão a vários metros — cenários que colocam hospitais, estradas e abrigos em risco.

Por que o voo dentro do olho é necessário

A missão da USAF tem um objetivo simples e urgente: coletar dados no campo — pressão, vento, estrutura vertical das nuvens — e transmitir informações em tempo real aos centros meteorológicos para refinamento de previsões e avisos. Em situações como esta, cada leitura dentro da tempestade pode alterar a rota prevista de alguém que ainda precisa sair de uma casa vulnerável. A ciência voadora reduz incertezas e ajuda a proteger rotas de fuga e operações de resgate.

A cena nas ruas: perda, resistência e espera

Em Kingston e em vilarejos costeiros, as histórias são pequenas e grandes: um vizinho que oferece abrigo, uma avó que guarda fotos dentro de uma sacola plástica, um centro comunitário que vira abrigo improvisado, e o som contínuo de geradores. A lentidão da tempestade amplia a espera, e a espera é um tipo de violência emocional — um desgaste que consome combustível, água e paciência. Ainda assim, é a resistência cotidiana — quem ajuda o outro a subir um móvel pesado, quem divide um cobertor — que será medida quando o vento baixar.

O que as imagens nos dizem sobre o futuro

As imagens dos “hurricane hunters” e o registro do que se passa dentro do olho não servem apenas para chocar; servem como testemunho de uma nova normalidade climática. Cientistas notam padrões que associam intensificação rápida de furacões a oceanos mais quentes e a movimentos lentos das tempestades — combinação que pode aumentar frequência e severidade de eventos assim no futuro. Ou seja: estamos vendo ciência e jornalismo a trabalho, mas também um aviso sobre o território que estamos deixando para quem virá depois.

  • Com informações da NDTV (imagens da USAF), The Guardian, Washington Post, ABC News, The Independent, Indian Express.

Apoie o Sulpost

WhatsApp (copie e cole): (41)99281-4340

Se você estiver na linha de impacto: obedeça às autoridades locais. Evacue se for orientado. Proteja documentos, alimentos e água, e mantenha dispositivos carregados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou?
Então contribua com qualquer valor
Use a chave PIX ou o QR Code abaixo
(Stresser Mídias Digitais - CNPJ: 49.755.235/0001-82)

Sulpost é um veículo de mídia independente e nossas publicações podem ser reproduzidas desde que citando a fonte com o link do site: https://sulpost.blogspot.com/. Sua contribuição é essencial para a continuidade do nosso trabalho.