O bloqueio que isolava o Riviera e parte da CIC chegou ao fim. A mobilização liderada por moradores, empresários e trabalhadores — com apoio de blog Sulpost — fez a Prefeitura de Curitiba recuar e reabrir o acesso interditado no Contorno Sul
Por Ronald Stresser — Curitiba, 23 de outubro de 2025
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| Acesso no km 108 da BR-277, entre a Rua Anselmo de Lima Filho e o Contorno Sul, foi reaberto após protestos de moradores e empresários da região do Riviera. Vitória da comunidade. |
Depois de dias de revolta e incerteza, os moradores e empresários da região do Riviera e da CIC tiveram uma conquista importante: o acesso que liga a Rua Anselmo de Lima Filho à BR-277, no km 108, foi reaberto pela Prefeitura de Curitiba na tarde desta sexta-feira (24).
A decisão ocorreu após um protesto que reuniu cerca de uma centena de pessoas — entre comerciantes, motoristas e moradores — que bloquearam parcialmente a rodovia para chamar atenção das autoridades.
O que aconteceu: O trecho havia sido fechado com um guard-rail, deixando dezenas de empresas e residências sem acesso. A Via Araucária, concessionária que administra a BR-277, afirmou que a responsabilidade era da Prefeitura de Curitiba. Já o município alegava seguir exigências da própria concessionária e do DNIT. No meio dessa disputa burocrática, quem pagava a conta era a população.
Quem denunciou: A situação foi trazida à redação do Sulpost pelo Nelsão da Força, liderança comunitária que enviou vídeos, imagens e relatos dos empresários, moradores e motoristas, diretamente do protesto. Segundo ele, a luta foi legítima e necessária para garantir o direito de ir e vir de todos os moradores e trabalhadores da região.
“O que nós temos que deixar claro é que além da comunidade do Riviera, que já está ali há muitos anos, nós temos também mais de 20 anos essa marginal, esse acesso que serve para dezenas de pequenas empresas. Do jeito que a concessionária está fazendo, eles vão ficar sem acesso, sem como os trabalhadores chegarem ou saírem das empresas. O que o pessoal está pedindo é simples: que antes da conclusão da obra oficial, seja criado um acesso intermediário para entrada e saída até que tudo fique pronto. Ali no meio tem mais de 60 pequenas empresas que dependem desse acesso.” — Nelsão da Força.
Fernanda Queiroz e Nelsão da Força conferem a reabertura no local
Na tarde desta quinta-feira, Nelsão da Força e a comunicadora Fernanda Queiroz estiveram pessoalmente no local para verificar a reabertura do acesso. Ambos acompanharam os trabalhadores e comerciantes que comemoraram a liberação após dias de incerteza e dificuldades.
“Eu sou Anderson Santos, trabalho aqui, tenho um pequeno comércio, sou morador do Riviera há 27 anos. Quando eles vieram e colocaram isso aqui, não notificaram ninguém, não fizeram nenhum tipo de memorando, nada. Simplesmente colocaram. E que bom que liberaram agora, porque esse acesso já vai beneficiar muito a todos nós”, relatou Edilson, um dos comerciantes locais.
Os relatos foram registrados neste vídeo que foi encaminhado à redação do Sulpost pelo companheiro Nelsão da Força. No material, moradores, empresários e sindicalistas reforçam o apelo para que as próximas intervenções sejam acompanhadas de diálogo com a comunidade, antes de qualquer decisão de fechamento ou desvio de tráfego.
Pressão e resultado
A mobilização ganhou força nas redes sociais e chamou a atenção da imprensa local. Caminhões chegaram a ser impedidos de passar, e um veículo da prefeitura foi parado no local em meio à indignação geral. A força do protesto e a união da comunidade fizeram efeito: no fim da tarde de sexta-feira (24), a Prefeitura de Curitiba determinou a reabertura do acesso no KM-108, restabelecendo o fluxo de veículos.
Nesta segunda-feira 27 de outubro o acesso além de aberto já estava totalmente operante, com asfalto e sinalização, mostrando não apenas a força da mobilização popular como também a boa vontade da Prefeitura de Curitiba em solver o impasse, fazendo logo a obra que em verdade seria de responsabilidade da concessionária.
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| O acesso reaberto pela prefeitura - Colaboração |
O impasse
Mesmo com a reabertura, segue a dúvida sobre quem é oficialmente o responsável pela gestão do trecho: Prefeitura de Curitiba, concessionária Via Araucária ou Prefeitura de Campo Largo. O local está na confluência entre os dois municípios, o que gera confusão de competências e atrasos nas decisões sobre infraestrutura e manutenção viária.
O Sulpost entrou em contato com a Via Araucária e a Prefeitura de Curitiba. A concessionária reafirmou que apenas fiscaliza a execução da obra, enquanto a Prefeitura confirmou que o fechamento foi temporário por motivos técnicos e que a liberação do acesso foi feita após vistoria e diálogo com a comunidade.
“Foi o povo que reabriu o caminho com a própria voz. A rua é mais do que asfalto — é o elo entre o trabalhador, o comércio e o direito de existir.” — reflexão enviada por um morador ao Sulpost.
O Sulpost continuará acompanhando o caso e cobrando das autoridades o planejamento urbano que respeite quem mora, trabalha e constrói o desenvolvimento local. A reabertura é um passo, mas o diálogo ainda precisa se consolidar como política pública.
Reportagem e edição: Ronald Stresser | Redação Sulpost. Denúncia, vídeos e informações enviados por Nelsão da Força e Fernanda Queiroz.



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