quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Às vésperas de completar 80 anos Lula desafia o dólar e anuncia 4º mandato em meio a clima diplomático histórico

Presidente Lula exalta comércio sem dólar e prega coragem no século 21, em meio à expectativa de encontro com Trump e do seu 80º aniversário

Por Ronald Stresser | Sulpost

Preparativos da "festa de aniversário" de Lula e do presidente da Indonésia.
Foto: Reprodução/Felipe Frazão/Estadão

Em Jacarta, capital da Indonésia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva celebrou mais do que uma data simbólica. Em meio a bandeiras brasileiras e indonésias tremulando sob o calor úmido do Sudeste Asiático, Lula se prepara para comemorar os seus 80 anos de vida e anuncia, com a mesma energia dos tempos de sindicalista, que disputará um quarto mandato presidencial em 2026.

“Eu quero lhe dizer que vou completar 80 anos, mas pode ter certeza que estou com a mesma energia de quando tinha 30. E vou disputar um quarto mandato no Brasil”, afirmou Lula ao presidente indonésio Prabowo Subianto, durante um banquete oferecido no Palácio Merdeka, em Jacarta. O evento, que também celebrou o aniversário de 74 anos do anfitrião, reuniu autoridades dos dois países e empresários brasileiros, entre eles nomes da J&F, grupo dos irmãos Batista.

O banquete, decorado com flores tropicais e acompanhado por apresentações de danças típicas e música popular brasileira, simbolizou o novo momento da relação entre Brasil e Indonésia. Um telão exibia imagens do Cristo Redentor e monumentos de Jacarta, enquanto Lula presenteava o líder indonésio com uma camisa do Brasil número 8 — o mesmo número que usava quando jogava futebol amador. “É o número da sorte”, brincou.

Comércio sem dólar e coragem no século 21

Durante a visita, Lula voltou a defender a utilização de moedas locais nas relações comerciais, uma bandeira que vem se fortalecendo entre os países do BRICS. “Indonésia e Brasil não querem uma segunda Guerra Fria. Nós queremos comércio livre. E mais: precisamos mudar o modo como agimos comercialmente, para não ficarmos dependentes de ninguém”, afirmou.

O presidente criticou o protecionismo e reforçou sua defesa por um mundo multipolar e democrático nas relações econômicas. “O século 21 exige que tenhamos a coragem que não tivemos no século 20. Queremos multilateralismo e não unilateralismo. Democracia comercial, e não protecionismo.”

Os dois países assinaram acordos nas áreas de agricultura, energia, mineração, ciência e tecnologia. Lula ressaltou que o fluxo comercial entre Brasil e Indonésia — hoje na casa dos US$ 6 bilhões — ainda é pequeno diante do potencial das duas economias. “É pouco para a Indonésia, é pouco para o Brasil. Precisamos fazer um sacrifício maior para garantir que esse comércio cresça de acordo com o tamanho dos nossos povos”, disse.

Às vésperas de encontro com Trump

A viagem à Ásia deve marcar também um encontro histórico entre Lula e Donald Trump, que retorna à presidência dos Estados Unidos. Os dois líderes conversaram por telefone no início do mês e demonstraram interesse em se reunir presencialmente durante a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), na Malásia.

A reunião ocorre num momento de tensão econômica entre os países, após a Casa Branca impor uma tarifa de 50% a produtos brasileiros. Diplomatas apostam que a aproximação entre Lula e Trump pode abrir espaço para um novo ciclo de cooperação. Trump, porém, segue contrário à ideia de um comércio global menos dependente do dólar — tema que Lula fez questão de ressaltar em Jacarta.

Nos bastidores, o encontro é visto como mais do que um gesto diplomático: é uma tentativa de reposicionar o Brasil entre as potências que buscam equilíbrio entre soberania e integração, sem submissão. “Nós queremos ser livres. E a liberdade, meus amigos, também se conquista na economia”, concluiu Lula, sob aplausos discretos, mas marcantes.

80 anos, energia e legado

O evento em Jacarta selou mais do que uma aliança política. Selou um ciclo. Ao completar oito décadas de vida, Lula se mostrou disposto a continuar escrevendo a própria história — uma história marcada por reconstruções, quedas e renascimentos. “Meu mandato termina em 2026, mas ainda vamos nos encontrar muitas vezes”, disse a Prabowo, com um sorriso que misturava afeto e desafio.

De Jacarta, o presidente segue para Kuala Lumpur, onde participará da cúpula da ASEAN e lá, muito possivelmente, vai se encontrar com o presidente Donald J. Trump. Antes de embarcar, o presidente Lula deixou no ar uma frase que resume sua jornada: “O Brasil não é coadjuvante. O Brasil fala com o mundo de cabeça erguida.” E, ele está tendo sucesso, porque o mundo está vindo ao encontro do Brasil, ao contrário da era bolsonaro quando o nosso país quase se tornou uma pátria paria.

  • Com informações das agências internacionais.

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