segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Sponge city: novo parque de Curitiba, além de equipamento recreativo, vai ajudar a evitar enchentes

Uma grande macrodrenagem no Rio Atuba abre caminho para um parque linear que promete ser esponja, refúgio e praça — e renova o debate sobre urbanismo ecológico na cidade

Em duas que a chuva volta com força, há obras que aprendem a escutar o tempo. Na manhã de sexta-feira (24/10), o prefeito Eduardo Pimentel voltou ao canteiro no Santa Cândida para conferir uma das maiores intervenções de macrodrenagem recentes da cidade — uma obra que, quando concluída, não apenas desafogará ruas e casas, mas também entregará à população um parque. Um parque que respira e retém água: um verdadeiro parque-esponja.

Onde a cidade aprende a ser porosa

O projeto avança no vale do Rio Atuba — afluente do Iguaçu que historicamente sente o peso do crescimento urbano e das chuvas intensas. A primeira fase é técnica: duas bacias de contenção com capacidade para cerca de 150 mil metros cúbicos, estruturas pensadas para que a água seja recebida, ordenada e liberada com segurança. O resultado esperado é simples e radical ao mesmo tempo: menos enchente nas ruas e mais espaço público para as pessoas.

“Esse parque vai ter um papel muito importante na contenção das cheias e na preservação da natureza. Ao mesmo tempo, será um novo espaço de lazer para as pessoas, com áreas de esporte, convivência e muitas araucárias preservadas.” — Marilza Dias, secretária municipal do Meio Ambiente.

Parque linear: drenagem que vira praça

Depois da parte técnica, começa a transformação paisagística: um parque linear que dialogará com os grandes parques de Curitiba — Barigui e Tingui —, reunindo bosques nativos, corredores de araucárias preservadas, pista de caminhada, ciclovia, quadras esportivas, playgrounds e áreas de convivência. A ideia é integrar infraestrutura — canais, bacias e sistemas verdes — com usos cotidianos que estimulem o encontro e a cultura ao ar livre.

Cidadania que prende lixo — e solta esperança

Na visita, o prefeito conheceu a Ecobarreira idealizada por Diego Saldanha, ativista de Colombo: uma estrutura flutuante que já impediu que dezenas de toneladas de lixo seguissem rio abaixo. Foi uma imagem curta e contundente: a cidade juntando as mãos com quem cuida do rio todos os dias. “Com as ecobarreiras faço a minha parte como cidadão, e agora a Prefeitura está somando com uma obra que vai reduzir os alagamentos e ainda criar um espaço de lazer para todos”, disse Saldanha.

Um nome possível: lembrar quem ensinou o mundo a escutar a água

Na opinião do Sulpost: uma obra deste caráter pede um gesto simbólico. Nas rodas que discutem o projeto, surgiu a sugestão de batizar o novo parque em homenagem a Kongjian Yu — o arquiteto e paisagista chinês que popularizou a ideia das “cidades-esponja”. Yu, que tinha forte presença global no debate sobre infraestrutura verde, morreu recentemente em um acidente de avião no Brasil. Em Curitiba, a proposta ainda não é oficial; é, por ora, uma homenagem considerada por vozes da sociedade civil e de especialistas locais.

Chamar o parque pelo nome de quem ensinou o mundo a conviver com a água seria, ao mesmo tempo, tributo e lição: recordar que soluções urbanas para as chuvas não são tecnicismos frios, mas decisões éticas sobre quem e como vive na cidade. 

Outra opção seria também a prefeitura abrir um concurso, primeiro para a sugestão de possíveis nomes e depois para nomear o parque, de maneira democrática. A cidade ultimamente, devido a movimentos políticos extremistas, está precisando de mais exercícios de cidadania e democracia, afinal os parques públicos são construídos antes de tudo para serem espaços democráticos, que servem a todos e todas.

O impacto no dia a dia

Para moradores que já sofreram com alagamentos — quem vive no entorno sabe contar a história da última enchente como se fosse um trecho de memória —, o parque representa menos noites de angustia, menos prejuízo e mais oportunidades de lazer próximo de casa. Para os pais, significa trilhas seguras; para os corredores, um novo percurso; para a escola local, um laboratório de educação ambiental.

Orçamento e programa: a obra integra o programa PRO Curitiba e tem custo estimado em cerca de R$ 26 milhões. Mais do que uma obra de engenharia, é uma intervenção urbana que pretende redesenhar a relação da cidade com o seu principal recurso — a água.

Desafios — e oportunidades

Ainda há perguntas a responder: prazos de conclusão, como será a gestão do parque, que programas educativos serão oferecidos, e como a população participará das etapas finais de desenho paisagístico. Obras desta escala exigem diálogo constante entre governo, vizinhança e especialistas — inclusive para que a nomenclatura proposta seja legítima e compartilhada.

Este texto reúne a narrativa oficial com olhares da sociedade civil. A sugestão de nomeação do parque em memória a Kongjian Yu é tratada aqui como proposta simbólica — a Prefeitura não confirmou oficialmente a denominação no anúncio de obra.

  • Com informações da Prefeitura de Curitiba - PMC (liberação de imprensa sobre a obra),

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou?
Então contribua com qualquer valor
Use a chave PIX ou o QR Code abaixo
(Stresser Mídias Digitais - CNPJ: 49.755.235/0001-82)

Sulpost é um veículo de mídia independente e nossas publicações podem ser reproduzidas desde que citando a fonte com o link do site: https://sulpost.blogspot.com/. Sua contribuição é essencial para a continuidade do nosso trabalho.